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FERTIRRIGAÇÃO

Prof. Dr. William Natale


e-mail: natale@fcav.unesp.br
Henrique Antunes de Souza
e-mail: henrique.antuness@yahoo.com.br
1 - Aspectos básicos da
Fertirrigação
 Introdução:
• Termo fertirrigação,
• Situação mundial:

• Israel (80% da superfície irrigada é com fertirrigação),


• Estados Unidos, maior superfície com fertirrigação (1
milhão de ha),
• Espanha segundo maior (450 mil ha),
• Países como: Austrália, África do Sul, Israel, Itália, Egito,
México e Índia superam os 100 mil há com uso da
fertirrigação.
• Distribuição mundial:

• Frutas e vinhas: 72%

• Hortaliças: 16%
• Outros cultivos: 14%

• Vantagens e desvantagens:

• Vantagens:
1. Reduz a flutuação da concentração de nutrientes
no solo na fase de crescimento;
2. Facilidade de adaptar a quantidade e concentração
de um nutriente específico de acordo com a
necessidade da cultura;
3. Possibilidade de emprego de água em solo de
baixa “qualidade”, solos pedregosos, muito
permeáveis ...
4. Possibilidade de aplicação de outros produtos
utilizando a infra-estrutura, como: fungicidas,
nematicidas, herbicidas...
5. Possibilidade de mesclar fertilizantes e/ou
fertilizantes líquidos com micronutrientes que são
difíceis de distribuir em todo o terreno;
6. Aplicação precisa de nutrientes de acordo com a
demanda do cultivo, evitando concentração excessiva
de fertilizante no solo e lixiviação;
7. Aplicação de água e fertilizantes em uma faixa
determinada de solo onde as raízes estão mais ativas,
aumentando a eficiência do fertilizante e diminuindo
seu impacto ambiental;
8. Redução do tráfego de máquinas no pomar;
9. Fácil automação da fertilização.
• Desvantagens:
1. Custo inicial da infra-estrutura;
2. Obstrução dos gotejadores;
3. Necessidade do manejo por pessoas especializadas;
4. Um mal manejo do sistema pode provocar:
acidificação, lavagem de nutrientes e/ou salinização
do solo.

As grandes vantagens do sistema de fertirrigação


compensam em muito os inconvenientes citados.
O custo inicial pode ser amortizado com o tempo, e a
obstrução dos gotejadores pode ser evitada seguindo
uma tecnologia de fertirrigação adequada.
Profissionais competentes podem ser formados mediante
cursos especializados e publicações que ilustrem as
dificuldades dos usuários.
 Programação da fertirrigação:

• Definição da fenologia da cultura,


Cuadro 1. Duración aproximada de estados
fenológicos en arándanos para la zona central de
Chile.
Fase Fenológica Variedad O´Neal Variedad Elliot
Duración Fechas Duración Fechas
(días) (días)
Floración 45 15 ago -1º oct 15 1º oct - 15oct
Crecimiento 45 1º oct -15 nov 60 15 oct - 15 dic
Fruto
Cosecha 30 15 nov - 15 dic 45 15 dic - 30 ene
Postcosecha 120 15 dic - 15 abr 75 30 ene - 15 abr
• Demanda nutricional da planta,
Cuadro 2. Exportación de N, P y K calculada en la fruta y en el
material de poda retirado del huerto en distintas especies
frutales.
Especie Exportación de N Exportación de P Exportación de K
(kg N/ t fruto) (kg P2O5/t fruto) (kg K2O/t fruto)
Uva vinífera 3.6 1.70 5.6
Uva de mesa 4.0 1.70 5.6
Kiwi 5.0 1,75 2.9
Manzano Granny Smith 2.1 0,50 2.2
Manzano patrón enano 1.5 0,50 1,9
Peral 2.2 0,65 2.0
Naranjo 2.7 0.60 4.2
Cerezo 6.4 1.70 5.0
Durazno 5.1 1,40 5.2
Damasco 4.6 4.50 4.3
Olivo 6.0 2.8 6.0
Nogal 4.5 3.0 6.5
Ciruelo 3.0 1.0 4.0
Palto 6.2 2.90 18.2
Arándano 4.7 0.8 5.2
Frambuesa 16.9 3.6 10.4
Cuadro 3.Demanda de N, P y K de algunos cultivos y hortalizas.
Especie Absorción (kg/ha) Variedad Plantas/ha Suelo Rendimiento Referencia
comerci
N P K
al
(ton/ha)

Tomate 393 59 520 VF M82-1-2 50.000 Arcilloso 160 Dafne(1984)


Industri
al
Tomate 450 65 710 F-144 Daniela 23.000 Arenoso 195 Bar-Yosef et al.
inverna (1992)
dero
Tomate 250 24 370 675 12.000 Arenoso 127 Bar-Yosef et al.
campo (1982)
Pepino 205 31 370 100.000 Arenoso 75 Bar-Yosef et al.
(1980)
Papas 170 26 190 Desiree Franco 57
Lechuga 110 22 250 Iceberg 100.000 Arenoso 45 Bar-Yosef & Sagiv
(1982)
Apio 150 36 225 Florida 90.000 Franco 65 Feigin et al.(1976)
Repollo 110 29 220 Kasomi 80.000 Franco 82 Sagiv et al.(1992)
Brócoli 200 26 165 Woltam 33.000 Franco 13 Feigin & Sagiv
(1971)
Maíz dulce 240 40 320 Jubilee 75.000 Franco 28 Sagiv et al.(1983)
Zanahoria 280 73 600 Buror 400.000 Franco 85 Sagiv et al.(1995)
Sandia 150 25 385 Galia 25.000 Arenoso 56 Sagiv et al.(1980)
• Aporte de nutrientes no solo e água, e eficiência do
uso de fertilizantes.
Cuadro 4. Niveles de reserva suficientes de nutrientes en el
suelo.
Nutriente Contenido suficiente en el suelo (0-30 cm)
(mg kg-1)
P Olsen 30
K intercambio 140
Mg intercambio 60
Ca intercambio 800
Azufre disponible 20
Hierro 2,5
Manganeso 1,0
Cobre 0,5
Zinc 0,5-1,0 (1)
Boro 0,5-1,0(1)

(1) Para cultivos sensibles.


Suelo Arenoso Suelo Arcilloso

Figura 1. Forma del bulbo húmedo en suelos de


diferentes texturas.
Cuadro 5. Porcentaje de eficiencia de uso de N,
P y K de acuerdo al sistema de riego empleado.
Sistema de riego Nitrógeno Fósforo Potasio

Surco 40-60 10-20 60-75

Aspersión, pivote 60-70 15-25 70-80

Goteo, microaspersión 75-85 25-35 80-90


2- Noções básicas de nutrição
mineral de plantas
 Introdução: os vegetais absorvem do
solo os elementos, necessários ou
não, para completar seu ciclo vital.
• O carbono e o oxigênio são provenientes do
gás carbônico, e o hidrogênio proveniente da
água.
• Os demais são os elementos minerais,
encontrados na planta e que são
classificados em 3 grupos.
• Elemento essencial, benéfico e tóxico.
• Elemento essencial: sem ele a planta
não completa seu ciclo vital.
Critérios:
• Pelo critério direto o elemento deve fazer parte de um
composto ou de uma reação crucial (enzimática ou não)
para o metabolismo, isto é, para a vida do vegetal.
• O critério indireto é satisfeito quando na ausência do
elemento a planta morre antes de completar o seu ciclo; o
elemento não pode ser substituído por nenhum outro e
finalmente o efeito não deve estar relacionado com o
melhoramento de condições físicas, químicas ou biológicas
desfavoráveis do meio.

Macronutirentes: N, P, K, Ca, Mg, S.

Micronutrientes: B, Cl, Co, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, Se, Zn.
• Elemento benéfico: sem o elemento a
planta vive e completa o seu ciclo vital.
Sua presença pode ajudar o crescimento e
aumentar a produção. A lista dos elementos
benéficos é a seguinte: Si e Na.

• Elemento tóxico: tanto os elementos


essenciais como benéficos podem ser tóxicos
aos vegetais, quando presentes em
concentração altas no meio.

Estando presente acima de uma


determinada concentração tem efeito
negativo sobre o crescimento do vegetal.
Os principais são: Cd, Cr, Pb, Hg e outros.
Tabela 1. Elementos essenciais, formas de absorção e
funções na planta
Nutriente Forma de absorção Função na planta
C, H, O, HCO3-, NO3-, NH4+, SO42- (solução do Constituintes de substâncias
N, S solo) orgânicas
N2, O2, CO2, SO2 (atmosfera)

P H2PO4- Reações de transferência de


B H3BO3 energia e movimento de
carbohidratos
K, Mg, Ca, Cl K+, Mg2+, Ca2+, Cl- Funções não específicas, ou
componentes específicos
de compostos orgânicos ou
manutenção do balanço
orgânico
Co, Cu, Fe, Mn, Co2+, Cu2+, Fe2+, Mn2+, MoO42- Transporte eletrônico e
Mo, Ni, Se, SeO 2-, SeO 2-, Ni2+, Zn2+, constituinte de enzima ou
3 4
Zn quelato ativador enzimático
• Exigência nutricional das
culturas,
• Marcha de absorção,
• Absorção,
• Transporte ou translocação,
• Redistribuição,
• Estado nutricional das
culturas:
1. Diagnose pelo sintoma visual.
2. Análise química para diagnóstico da
desordem nutricional.
Tabela 2. Eventos seqüenciais que causam o sintoma visível de
deficiência ou excesso de um elemento nos vegetais.

Evento Deficiência de Zn Excesso de Al

1 - Alteração molecular < AIA, Pectatos "errados"


> hidrólise de < fosforilação
proteínas < absorção de P, K, Ca, Mg

2 - Modificação Parede celular mais Paredes celulares mal


subcelular rígida, < proteína formadas, dificuldade de
divisão celular

3 - Alteração celular < número de células e Células menores e com 2


menores núcleos

4 - Modificação no Internódios mais Raízes curtas e grossas


tecido curtos Folhas deficientes em P, K,
SINTOMA VISIVEL Ca, Mg
Tabela 3- Sintomatologias gerais de carência e toxidez de
nutriente em culturas.
Parte da planta Sintoma Visual Elemento

Desordem nutricional
1- Folhas velhas e 1-1- Clorose 1-1-1- Uniforme N (S)*
maduras 1-1-2 - Internerval ou em Mg (Mn)
manchas
1-2 - Necrose 1-2-1 - Secamento da K
ponta e das margens
1-2-2 - Internerval Mg (Mn)
2- Folhas novas, 2-1 - Clorose 2-1-1 - Uniforme Fe (S)
lâminas e ápices 2-1-2 - Internerval Zn (Mn)
ou em manchas
2-2 - Necrose (clorose) Ca, B, Cu
2-3 - Deformação Mo (Zn, B)
Toxidez
1- Folhas velhas e 1-1 - Necrose 1-1-1 - Manchas Mn (B)
maduras 1-1-2 - Secamento da B, injúrias por sais de
ponta e das margens pulverização
1-2 - Clorose (necrose) Toxidez não específica
Figura 2. Curva teórica da relação entre o
crescimento ou a produção e os teores de
nutrientes em tecidos vegetais.
• Amostragem,
• Envio ao laboratório,
• Escolha do laboratório,
• Diagnóstico,
• DRIS (Diagnosis and
Recommendation Integrated
System), conhecido no Brasil pela
própria sigla em inglês (DRIS) ou
como Sistema Integrado de
Diagnose e Recomendação.
Tabela 4 - Concentrações de nutrientes em folhas de
tangerineiras 'Poncã'.
Nutriente Amostras(1) Teor normal
1 2 3 4
N g/kg 24,3 24,4 28,7 29,5 23,0
P g/kg 2,0 2,0 2,7 2,6 1,2
K g/kg 13,8 14,5 11,6 11,4 12,0
Ca g/kg 38,8 38,0 14,5 18,8 30,0
Mg g/kg 2,3 2,3 3,2 3,4 3,0
S g/kg 2,2 2,0 2,2 2,2 2,0
Fe mg/kg 96 81 74 60 50
Mn mg/kg 105 143 123 144 25
Cu mg/kg 199 124 158 27 5,0
Zn mg/kg 19 18 12 15 25
B mg/kg 21 23 6 12 36

(1) 1 - 3.a e 4.a folha de plantas com muito sintoma; 2 - 3.a e 4.a folha de plantas
com pouco sintoma; 3 - 1.a e 2.a folhas com clorose no ápice do limbo e 4 - 1.a e 2.a
folhas sem clorose no ápice do limbo. As amostras 3 e 4 eram das mesma planta.
3- Fertilizantes para fertirrigação
 Condições:
1. Sistema esteja adequadamente
dimensionado,
2. E que a água seja aplicada de forma
homogênea em toda a superfície
irrigada.
3. Sistemas mais eficientes:
•Gotejamento

•Microaspersão
Tabela 5. Diferenças entre os sistemas de irrigação com
relação à aplicação de água e fertilizantes

Características Aplicação localizada Aspersão Sulco


Uso da água maior eficiência menor eficiência menor eficiência

Freqüência de aplicação maior menor menor

Distribuição de água homogênea homogênea não homogênea

Distribuição próximo ao sist. varia ao longo do


área toda
do adubo radicular sulco

Variações climáticas menor limitação maior limitação maior limitação

Qualidade da água
Sais maior limitação menor limitação menor limitação
Impurezas da água e
maior limitação menor limitação menor limitação
fertilizantes
Sistema radicular restrito sem restrição sem restrição
 Solubilidade dos fertilizantes,
Tabela 6: Solubilidade de alguns fertilizantes.
FERTILIZANTE SOLUBILIDADE
(PARTES SOLUBILIZADAS EM
NITROGENADOS (N)
100 PARTES DE ÁGUA A

20º C)

Nitrato de Amônio 118


Nitrato de Cálcio 102
Sulfato de Amônio 71
Uréia 78
Nitrato de Sódio 73
Sol. Nitrogenadas ALTA
Uran ALTA
FOSFATADOS (P) SOLUBILIDADE
(PARTES SOLUBILIZADAS EM 100

PARTES DE ÁGUA A 20º C)

Superfosfato Simples 2
Superfosfato Triplo 4
Ácido Fosfórico 45,7
POTÁSSICOS (K) SOLUBILIDADE
(PARTES SOLUBILIZADAS EM 100

PARTES DE ÁGUA A 20º C)

Cloreto de Potássio 34
Sulfato de Potássio 11
N e P SOLUBILIDADE
(PARTES SOLUBILIZADAS EM 100

PARTES DE ÁGUA A 20º C)

MAP 23
MAP Purificado 37
DAP 40
N e K SOLUBILIDADE
(PARTES SOLUBILIZADAS EM 100

PARTES DE ÁGUA A 20º C)

Nitrato de Potássio 32
CONTENDO Ca e Mg SOLUBILIDADE
(PARTES SOLUBILIZADAS EM 100

PARTES DE ÁGUA A 20º C)

Cloreto de Cálcio pentahidratado 67


Sulfato de Magnésio 71
Gesso 0,241
CONTENDO MICRONUTRIENTES SOLUBILIDADE
(PARTES SOLUBILIZADAS EM 100

PARTES DE ÁGUA A 20º C)

Bórax 5
Sulfato de Cobre 22
Sulfato de Cobre Pentahidratado 24
Sulfato de Ferro 24
Sulfato Ferroso 33
Sulfato de Manganês 105
Sulfato de Zinco 75
Quelatos (Fe, Cu, Mn e Zn) EDTA, DTPA, ALTA
F e , Z n , C u e M n s u lfa to
S u lfa to d e m a g n é s io
C lo r e to d e p o tá s s io
S u lfa to d e p o tá s s io
N itr a to d e p o tá s s io

F o s fa to d e a m ô n io
S u lfa to d e A m ô n io
N itr a to d e a m ô n io

N itr a to d e c á lc io

Á c id o fo s fó ric o
Compatibilidade dos fertilizantes,

Á c id o n ítric o

Á c i ds ou l f ú r i c o
F e , Z n , C uq ue eMl ant o
U r é ia
Uréia
Nitrato de amônio
Sulfato de Amônio
Nitrato de cálcio
Nitrato de potássio
Cloreto de potássio
Sulfato de potássio
Fosfato de amônio
Fe, Zn, Cu e Mn sulfato
Fe, Zn, Cu e Mn quelato
Sulfato de magnésio
Ácido fosfórico
Ácido sulfúrico
Ácido nítrico

Incompatível
Solubilidade Reduzida
Compatível

Figura 3. Solubilidade de misturas de fertilizantes líquidos (algumas formulações são


incompatíveis em concentrações na solução estoque, devendo ser evitadas). (Fonte:
LANDIS et al. 1989).
 Efeito do fertilizante no pH da solução
Tabela 7: Efeito de diferentes concentrações de fertilizantes no
pH da solução (adaptado de Vivancos, 1992).

Fosf. de Nitrato de Sulf. de Nitrato de Nitrato de


Concentração em % MAP
uréia Potássio Potássio Magnésio Cálcio

1 4,51 (4,9)1 1,9 (2,7) 9,63 (7,0) 8,2 (7,1)

2,5 4,24 1,71 9,91 8,6

5 4,17 1,56 9,95 8,85 (5,5 - 7,0)

10 4,07 1,43 10,0 (6,0- 7,0)

15 4,03

1 – valor dentro do parênteses foram obtidos nos folhetos de divulgação da


empresa SQM.
 Salinidade e efeito salino dos fertilizantes
Tabela 8. Índice de salinidade de alguns adubos
(LORENZ & MAYNARD, 1988)

Adubos Índice global Índice parcial


Adubos nitrogenados
Nitrato de amônio (35,0%) 104,7 2,99
Sulfato de amônio (21,2%) 69,0 3,25
Nitrato de cálcio (11,9) 52,5 4,41
Cianamida cálcica (21,0%) 31,0 1,48
Nitrato de sódio (13,8%) 73,6 5,34
Nitrato de sódio (16,5%) 100,0 6,06
Fosfato monoamônico (12,2%) 29,9 2,45
Fosfato diamônico (21,2%) 34,3 1,61
Uréia (46,6%) 75,4 1,62
Adubos fosfatados
Fosfato monoamônico (61,7%) 29,9 0,49
Fosfato diamônico (53,8%) 34,3 0,64
Superfosfato simples (16,0%) 7,8 0,49
Superfosfato simples (18,0%) 7,8 0,43
Superfosfato simples (20,0%) 7,8 0,39
Superfosfato triplo (45,0%) 10,1 0,22
Adubos potássicos
Cloreto de potássio (60,0%) 116,3 1,94
Nitrato de potássio (44,0%) 73,6 1,58
Sulfato de potássio (54,0%) 46,1 0,85
Sulfato de potássio + Mg (21,9%) 43,2 1,97
Outros
Carbonato de cálcio (56,6%) 4,7 0,083
Calcário dolomítico (19,0%) 0,8 0,042
Gesso (32,6%) 8,1 0,247
 Efeito da salinidade nas plantas
Tabela 9. Tolerância relativa de algumas culturas hortícolas à
salinidade do solo (LORENZ & MAYNARD, 1988)
Limite máximo da Diminuição da
salinidade do solo sem produtividade acima
Cultura registro de perdas de do limite máximo da
produtividade salinidade (% por
(dS/m)* dSm-1)
Sensíveis

Cebola 1,2 16
Cenoura 1,0 14
Feijão 1,0 19
Morango 1,0 33
Moderadamente sensíveis
Aipo 1,8 6
Alface 1,3 13
Batata 1,7 12
Batata doce 1,5 11
Brócolos 2,8 9
Couve 1,8 10
Espinafre 2,0 8
Fava 1,6 10
Milho doce 1,7 12
Nabo 0,9 9
Pepino 2,5 13
Pimentão 1,5 14
Rabanete 1,2 13
Tomate 2,5 10
Moderadamente tolerantes
Abobrinha 4,7 9
Beterraba 4,0 9

*1 decisiemen por metro (dSm-1) = 1 mmho/cm =  640 mg de sal/l


 Algumas características dos fertilizantes:
• Fertilizantes nitrogenados: forma utilizada na
fertirrigação - amídica (R-NH2).
Segundo a forma química do nitrogênio pode-se separar os
fertilizantes nitrogenados em:

Nítricos: Nitrato de cálcio - Ca(NO3)2; Nitrato de potássio -


KNO3; Salitre potássico - KNO3; NaNO3 Salitre de sódio.

Amoniacais: Soluções nitrogenadas - NH3 NH4H2O; DAP -


(NH4)2HPO4; MAP - NH4H2PO4; Sulfato de amônio -
(NH4)2SO4

Nítricos-amoniacais: Nitrato de amônio - NO3NH4; Nitrocálcio


- NO3NH4 CaCO3 MgCO3

Amídico: Uréia - CO(NH2)2

Nítrico-amoniacal-amídico: Solução de URAN -


NO3NH4.CO(NH2)2
• Efeito no pH
Tabela 10. Características de acidez e basicidade de algumas
fontes nitrogenadas (Shaw, 1961).
Fertilizante Indice de acidez/basicidade
Uréia +71
Sulfato de amônio +110
Nitrato de amônio +62
Amônia anidra +147
MAP +60
DAP +88
Nitrocálcio +26
Uran Ácido
Nitrato de cálcio -20
Salitre do Chile/Potássico -29
Nitrato de potássio -115
+ Quantidade em kg de CaCO3 necessárias para neutralizar 100 kg do adubo
- Quantidade em kg de CaCO3 “adicionadas” pela aplicação de 100 kg do adubo
 Amônio
 Uréia
 Nitrato
 Perdas de nitrogênio

Tabela 11. Efeito do pH na volatilização de amônia.

pH do solo /água Potencial de N volatilizado


(%)
7,2 1
8,2 10
9,2 50
10,2 90
11,2 99
• Fertilizantes fosfatados

• No geral, a aplicação de fósforo através da irrigação por


gotejamento não tem sido recomendada.

• A maioria dos fertilizantes fosfatados tem criado


problemas de precipitação química ou física e,
consequentemente, causa entupimento nos sistemas de
irrigação.

• Se a água é ácida não há limitação para o uso do DAP,


porém, caso haja Ca e o pH for superior a 7 deve-se
utilizar o MAP, que tem efeito acidificante, o que leva a
um abaixamento do pH.

• Outra possibilidade é o uso do ácido fosfórico


concentrado.
• Fertilizantes potássicos
As fontes mais comuns de K são o cloreto, o nitrato
e o sulfato de potássio.

• Fertilizantes contendo cálcio,


magnésio e enxofre

• Fertilizantes contendo
micronutrientes

• Quantidade de fertilizantes a ser


aplicada
4- Fertirrigação em Frutíferas
 Bananeira:
•A banana é a principal fruta no comércio internacional e a mais
popular no mundo.

•Em termos de volume é a primeira fruta exportada, perdendo


apenas para as frutas cítricas em termos de valor, além de
representar segurança alimentar para muitos países em
desenvolvimento.

•A produção mundial total de banana é de aproximadamente 70


milhões de toneladas de fruta fresca (FAOSTAT, 2001).

•Cerca de 98% da produção mundial se dá em países em


desenvolvimento, sendo os países desenvolvidos o destino
habitual da exportação.
Tabela 18. Adubação em cobertura com N, P2O5 e K2O para
bananais irrigados, em função dos teores observados no solo.
Teores no solo Plantio Crescimento (dias) Produção

90 180 270 360


-------------------------- g/família --------------------------
Nitrogênio (N)
Não analisado 20 40 60 80 80 320
Fósforo (P2O5)
< 11 mg/dm3 120 - - - 120 100
11 – 20 mg/dm3 80 - - - 80 100

> 20 mg/dm3 40 - - - 40 100


Potássio (K2O)
< 0,12 cmolc/dm3 60 60 90 120 120 500

0,12 – 0,23 40 40 60 80 80 400


cmolc/dm3
> 0,23 cmolc/dm3 20 20 30 40 40 300
 Fertirrigação para citros:

•O Brasil tem participação superior a 80% no comércio internacional de


suco de laranja concentrado congelado, e também é líder mundial na
produção de laranjas.

Tabela 21 – Exportação total de nutrientes através dos


frutos de laranja Valência e Hamlin, respectivamente, em kg/t
para macronutrientes e em kg/ha para micronutrientes.
N P K Ca Mg Fe Mn Zn Cu Al

kg.t-1 kg.ha-1

1.5 0.2 1.6 0.5 0.1 0.48 0.15 0.19 0.046 0.131

1.2 0.2 1.5 0.4 0.1 0.13 0.13 0.21 0.034 0.130
Tabela 22. Faixa de teores adequados de nutrientes para a
cultura da laranja.

N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Mo Zn

g.kg-1 mg.kg-1

23- 1,2- 10- 35- 2,5- 2,0- 36- 4- 50- 35- 0,1- 25-
27 1,6 15 45 4,0 3,0 100 10 120 300 1,0 100
Em países como a Espanha ou Israel, onde a
fertirrigação em citros já é utilizada e pesquisada por
muitos anos, já se criaram:
• Padrões de crescimento de planta,
• Demanda e exportação de nutrientes,
• Teores de nutrientes na solução do solo e na planta,
• Eficiência de aproveitamento dos nutrientes pela
planta que, juntamente com uma condição de clima
bastante definida, permite uma recomendação de
adubação seguindo padrões pré-estabelecidos a partir
da pesquisa.
• Empresas com pomares de citros estimam uma necessidade
de adubação baseada numa primeira expectativa de
produtividade do talhão que é posteriormente confirmada a
partir de contagem de frutos derriçados de plantas
representativas daquele talhão.
• Deve-se lembrar, no entanto, que diferente de culturas
anuais, nas perenes tem-se que considerar que os frutos são
responsáveis por parte da demanda total da planta, e
portanto, a adubação deve ser tal que forneça nutrientes para
os frutos, mas também para a manutenção de outros órgãos
na planta (tronco, ramos, raízes e folhas velhas) e para
formação de brotações novas.
• No caso da fertirrigação é importante fazer a amostragem
de solo na região do bulbo molhado, procurando atingir tanto
a região próxima ao emissor como também na extremidade
do bulbo molhado, onde podem se concentrar os sais mais
solúveis.
 Fertirrigação do mamoeiro:

• O Brasil, com produção de 1,4 milhões de toneladas, que


representa cerca de 27% da oferta mundial, é considerado
individualmente, o maior produtor, seguido pela Nigéria
(12%), Índia (12%) e México (11%), situando-se entre os
principais países exportadores, especialmente para o
mercado europeu.
• Cultivos fertirrigados e altamente produtivos de mamão
no Brasil são exemplos concretos de que a fertirrigação
apresenta viabilidade técnica e econômica.
• Proporcionando os mesmos benefícios obtidos nos países
desenvolvidos, praticantes da agricultura de ponta.
• Há que se considerar ainda a importância da participação
da pesquisa científica na evolução contínua da
fertirrigação.
Tabela 23. Sugestão de concentrações máximas de nutrientes na
solução de fertirrigação em função do estádio de desenvolvimento do
mamoeiro.
Nutriente Idade do mamoeiro (mês após o plantio)

1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 9o 10o 11o 12o


e após
----------------------------------- Concentração da solução de fertilizante (mg L -1)1/ -----------------------------------

Nitrogênio (N) 35 60 100 135 175 205 225 231 237 240 240 240

Fósforo (P) 15 30 45 50 55 62 65 70 75 80 80 80

Potássio (K) 55 85 135 180 230 290 330 360 380 390 390 390

Cálcio (Ca) 15 30 45 70 90 105 115 125 135 135 135 135

Magnésio (Mg) 10 18 30 40 48 55 63 70 80 85 85 85

Enxofre (S) 10 25 35 45 50 55 60 65 70 70 70 70

Ferro (Fe) 0,3 0,5 0,9 1,5 2,0 2,5 2,8 3,1 3,3 3,4 3,5 3,5

Zinco (Zn) 0,2 0,4 0,7 1,1 1,5 1,9 2,2 2,4 2,5 2,5 2,5 2,5

Cobre (Cu) 0,1 0,2 0,3 0,5 0,7 0,9 1,0 1,1 1,2 1,2 1,2 1,2

Manganês (Mn) 0,2 0,3 0,6 1,2 1,7 2,1 2,4 2,5 2,6 2,6 2,6 2,6

Boro (B) 0,2 0,4 0,7 1,1 1,5 1,9 2,2 2,4 2,6 2,6 2,6 2,6

Molibdênio (Mo) 0,005 0,001 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,07 0,07 0,07
 Fertirrigação em maracujá:
• O maracujazeiro é uma frutífera bastante
cultivada no Brasil e de bom retorno econômico
para os produtores. Isto, associado à suas
características de sabor, e por ser o suco
consumido no mundo inteiro, levou à expansão
da área cultivada com a cultura.
• A elevação dos níveis de fertilidade do solo é
também muito importante para o
desenvolvimento e produção das plantas. Por
esta razão, nos últimos anos, a forma tradicional
de aplicação de fertilizantes no maracujazeiro
irrigado vem sendo substituída pela
fertirrigação.
• O sistema de irrigação mais adequado para o maracujazeiro,
e de ampla aceitação entre os produtores, tem sido o
gotejamento, que permite a aplicação de água e nutrientes
junto à região de maior concentração de raízes, permite o
controle da umidade, não molha a parte aérea das plantas, o
que reduz a incidência de doenças.

• Além do nível de fertilidade no solo, os fatores climáticos


afetam a absorção e a acumulação de nutrientes pelo
maracujazeiro. A máxima acumulação de nutrientes na parte
aérea das plantas ocorre com temperaturas diurna e noturna
em torno de 25ºC e 20ºC, respectivamente.
Figura 8. Detalhe da Figura 9. Detalhe da
distribuição de gotejadores em distribuição de gotejadores
forma de círculo em torno da em forma de semi círculo em
planta de maracujazeiro (Foto: torno da planta de
Valdemício F. de Sousa). maracujazeiro (Foto:
Valdemício F. de Sousa).
(a) (b)

Figura 10. Detalhe da distribuição de gotejadores em linha e ao


lado da planta de maracujazeiro (a) planta jovem (b) planta
adulta (Foto: Valdemício F. de Sousa e Eugênio F. Coêlho).
Tabela 24. Quantidades de nutrientes absorvidos
pelo maracujazeiro-amarelo.
Nutrientes Quantidade absorvida (kg ha-1)
Nitrogênio 205
Potássio 184
Cálcio 152
Enxofre 25
Fósforo 17
Magnésio 14
Manganês 2,81
Ferro 0,779
Zinco 0,317
Boro 0,296
Cobre 0,199
Tabela 25. Recomendação de adubação de
formação com nitrogênio (N) e potássio (K2O)
para o maracujazeiro-amarelo irrigado.
K trocável, mmolc dm-3

Época N 0-0,7 0,8-1,5 1,6-3,0 3,1-5,0 > 5,0


(dias após ----------------------------- kg ha -1 --------------------------------
plantio)
30 10 20 10 - - 0
60 20 30 20 10 - 0
90 30 40 30 20 10 0
120 40 60 40 30 20 0
Total 100 150 100 60 30 0
Tabela 26. Recomendação de adubação fosfatada de
formação para o maracujazeiro-amarelo irrigado, em
função da produtividade esperada e dos teores de
fósforo no solo.
Produtividade P no solo (resina), mg dm-3
esperada (t ha-1) 0-15 16-40 > 40

----------------------- kg de P2O5 ha-1 -----------------------


< 15 50 30 20
15 a 25 90 60 40
25 a 35 120 80 50
> 35 150 100 60
Tabela 27. Recomendação de Boro (B) e Zinco
(Zn) para o maracujazeiro-amarelo irrigado.
Elemento Teor no solo, Classes de Dose de
mg dm-3 fertilidade nutriente,
kg ha-1
B (água quente) < 0,20 Baixa 2
0,21 a 0,60 Média 1
> 0,60 Alta 0
Zn < 0,5 Baixa 6
0,6 a 1,2 Média 3
> 1,2 Alta 0
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• A fertirrigação é uma técnica muito efetiva para
fornecer água e melhorar a eficiência dos adubos.
• É uma técnica em expansão, devido as suas vantagens.
• Não é adequado aplicar programas gerais de
fertirrigação pois cada produtor tem sua particularidade.
• Deve-se aumentar as pesquisas relacionadas às
necessidades de água e nutrientes pelas culturas.
• É necessário formar mão-de-obra qualificada.

Mas, acima de tudo, são necessárias mais


pesquisas !

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