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Psicologia da Percepção e da Atenção

Psicologia Cognitiva

 Pressupostos – A perspetiva do processamento da informação e o conceito de


representação

Psicologia da Percepção e da Atenção – introduz os pressupostos fundamentais da


Psicologia Cognitiva + Métodos de estudo da Psicologia Cognitiva

Psicologia Cognitiva – abordagem p/ra compreender a cognição humana por meio do


estudo do comportamento (definição + ampla – estudo da atividade+estrutura do
cérebro). Estudo de como as pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam
acerca de determinada informação.

Psicólogo Cognitivo – estuda c/mo as pessoas percebem várias formas, pq recordem


alguns factos mas esquecem outros ou c/mo aprendem a linguagem.

 Antecedentes
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Primórdios da Psicologia – Estruturalismo (W. Wundt (1832-1920) – análise de
experiências sensoriais através da introspecção) VS Funcionalismo (W. James (1842-
1910) – foco nos processos de pensamento).

Associacionismo – Acontecimentos ou ideias podem associar-se uns aos outros na


mente e ocasionar aprendizagem. Ebbinghaus (1850-1909) – estudou os seus próprios
processos mentais. Thorndike (1874-1949) – lei do efeito.

Behaviorismo – Thorndike, Pavlov, Watson, Skinner: foco no comportamento


observável (e mensurável) e nos estímulos exteriores. Rejeição do estudo da mente. O
behaviorismo afirma que a consciência não é nem definitiva nem conceito utilizável.
Os behavioristas começaram a formulação do problema de psicologia pondo de lado
todas as concepções medievais. Certos behavioristas rejeitam o behaviorismo radical
(ex:. Tolman (1886-1959) e os mapas mentais dos ratos; A. Bandura (1977) e a teoria
da aprendizagem por observação).

Psicologia da Gestalt – compreensão dos fenómenos c/mo totalidades organizadas;


interesse por acontecimentos mentais não observáveis (K. Koffka (1886-1941);
W.Kohler (1887-1967); M.Wertheimer (1880-1943)).

 Pressupostos
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Existem processos mediacionais (cognitivos) entre o estímulo e a resposta.

A mente processa ativamente a informação que nos chega através dos sentidos (tato,
visão, audição, etc).

Os processos cognitivos existem e podem ser estudados cientificamente.

Os processos cognitivos podem ser inferidos a partir do comportamento observável.

Os seres humanos podem ser vistos como sistemas de processamento de dados.

A abordagem do processamento de informação tem dominado a Psicologia


Cognitiva desde a década de 1960 e 1970.

 Pressupostos – Abordagem do processamento da informação

Analogia entre o processamento cognitivo humano e o processamento de informação


do computador – ambos codificam e armazenam informação e dão origem a outputs.

A info disponibilizada pelo ambiente (estímulos) é processada por diferentes sistemas


de processamento (ex:. atenção, percepção, memória).

A info analisada sistematicamente numa sequência de passos ao longo dos quais a info
que entra no sistema (input) é processada e transformada de modo a gerar uma
resposta (output).

Propõe compreender os processos mentais decompondo-os, fazendo descrições


abstratas e funcionais, e representando-os frequentemente em fluxogramas.
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Processamento base-topo (bottom-up processing) – diretamente afetado pelo
estímulo (input).

Processamento serial – os processos envolvidos ocorrem um de cada vez e o processo


em curso completa-se antes de dar lugar ao processo seguinte.

Processamento topo-base (top-down processing) – influenciado pelas expectativas e


conhecimentos do indivíduo.

Processamento paralelo – mais do que um processo ocorre em simultâneo.

Processamento em cascata – tipo particular de processamento paralelo em que há


sobreposição de diferentes etapas (ex:. a última etapa inicia-se antes de terminada a
anterior).

 Pressupostos – Representação mental

Não funcionamos com a realidade tal e qual ela é mas sim c/ as representações
mentais que a partir dela construímos: “Símbolo cognitivo interno que representa
aspetos da realidade externa”, ou um processo mental que faz uso de símbolos.

Os processos cognitivos (re)constroem representações mentais e assim damos sentido


à realidade.

Exemplos: Representações baseadas na percepção ou representações baseadas no


significado, traços de memória, palavras no “léxico mental”, conceitos, imagens
mentais, redes neuronais.

 Outras abordagens da cognição humana

Neuropsicologia cognitiva – estudo de pacientes c/ lesões cerebrais p/ra compreender


a cognição humana normal.

Neurociências cognitivas – utiliza evidências quer comportamentais quer do cérebro


para compreender a cognição humana.
Ciência cognitiva computacional – desenvolvimento de modelos computacionais que
simulam/imitam o processamento humano na realização de uma determinada tarefa,
p/ra levar mais longe a compreensão da cognição humana.

Psicologia Cognitiva
Pontos Fortes Limitações
1ª abordagem sistemática à compreensão A maior parte das tarefas cognitivas é
da cognição humana complexa e envolve muitos processos
diferentes
Fonte da maior parte das teorias e das Os dados comportamentais
tarefas usadas pelas outras abordagens proporcionam evidências indiretas dos
processos internos
Muito flexível e pode aplicar-se a Por vezes as teorias são vagas e difíceis
qualquer aspeto da cognição de testar empiricamente
Tem produzido e replicado inúmeras e Os resultados por vezes não se
importantes descobertas generalizam por causa de especificidades
dos paradigmas
Tem influenciado bastante a psicologia Falta um quadro teórico integrador
social, clínica e do desenvolvimento
 Abordagens metodológicas no estudo dos processos cognitivos

Objetivos da investigação

Descrever e/ou explicar fenómenos cognitivos específicos (ex: reconhecimento de


faces).

Desenvolvimento de hipóteses “se a nossa teoria é correta, sempre que X ocorre,


então Y vai ser o resultado”.

Teste de Hipóteses: Método experimental (sobretudo); análise estatística dos dados.

Abordagens metodológicas no estudo dos processos cognitivos

Método experimental

Frequentemente em contexto laboratorial

O experimentador controla vários aspetos da situação experimental

Variáveis Independentes (X) – aspetos da investigação que são manipuladas


pelo experimentador, e que se hipotetiza terem influência no desempenho cognitivo
em estudo. (Ex: características da situação; características da tarefa; características dos
participantes)

Variáveis Dependentes (Y) – correspondem ao desempenho do participante


c/mo possível resultado ou efeito da(s) variável(is) independente(s). (Ex: medidas de
exatidão, tempo de resposta/reação)
Variáveis Intervenientes – aspetos que são mantidos constantes p/ra controlar
o seu possível efeito na variável dependente.

Confounding Variables – podem influenciar a variável dependente mas não


foram controladas (devem vir a sê-lo, tanto quanto possível, em estudos futuros).

Além do controlo experimental das variáveis independentes, a inferência causal é


possibilitada por:

Amostra representativa e aleatória da população

Atribuição aleatória dos participantes a diferentes condições experimentais (ex:


grupo experimental e grupo de controlo) – se a diferença de desempenho entre o
grupo experimental e o grupo de controlo é estatisticamente significativa, pode inferir-
se, com alguma confiança, que há uma relação de causalidade tal que variável
independente causa variável dependente.

Investigação psicobiológica (neurociência cognitiva)

Estuda a relação entre o desempenho cognitivo e as atividades e estruturas cerebrais.

Postmortem; Registos/Imagens de estruturas e da atividade do cérebro em


indivíduos que mostram algum défice cognitivo; Registos/Imagens acerca dos
processos cerebrais durante o desempenho normal de uma atividade cognitiva; EEG,
potenciais relacionados c/ eventos; Tomografia por emissão de positrões; Imagiologia
por ressonância magnética (MRI e fMRI).

Autorrelato

O indivíduo proporciona info sobre os seus próprios processos cognitivos (em curso ou
por via da recordação).

Maior fidelidade quando produzido durante o próprio processamento cognitivo em


estudo (ex: protocolo verbal, pedindo ao sujeito que descreva em voz alta os seus
processos cognitivos à medida que realiza uma tarefa).

Vantagem de proporcionar o acesso ao ponto de vida do indivíduo.

Não proporciona info sobre fenómenos fora do funcionamento consciente.

Quando obtidos de memória, pode haver discrepância entre o que se recorda e os


processos cognitivos que efetivamente ocorreram.

A recolha de dados durante a realização de uma tarefa pode interferir e perturbar a


própria atividade cognitiva que pretende estudar.

Estudo de caso
Estudo aprofundado dos processos cognitivos de um individuo, a partir do qual se
retiram conclusões gerais sobre o comportamento.

Possibilitam o estudo de problemáticas difíceis de simular (inclusive por questões


éticas) ou que ocorrem raramente.

Elevada validade ecológica do caso, acesso a info muito completa sobre o indivíduo e
que poderia não ser acessível por outros métodos.

Pouca representatividade relativamente à população e fracas possibilidades de


generalização.

Ex: caso de Phineas Gage, em 1848

Observação naturalista

Estudo detalhado do desempenho cognitivo em situações do dia a dia e contextos não


laboratoriais.

Riqueza da info contextual sobre o processamento cognitivo.

Estes métodos são preciosos p/ra o estudo de problemáticas difíceis de simular (até
por questões de éticas) ou que ocorrem raramente.

Não admite controlo experimental ou outro tipo de controlo.

Possível influência da presença do observador no processamento cognitivo que


pretende observar.

Simulação computacional e inteligência artificial

Simulação de computador – os computadores são programados para imitar


determinada função ou processo cognitivo humano (ex: reconhecimento de padrões).

Inteligência artificial – tentativas para fazer computadores/robôs apresentarem


desempenho cognitivo inteligente (semelhante ou não à atividade cognitiva humana).

Possibilita que se explorem inúmeras possibilidades modelando processos cognitivos e


facilita a verificação de hipóteses.

Limitações impostas pelo próprio hardware e software, e dificuldades em simular


plenamente o funcionamento cognitivo humano.

Ex: teoria de D. Marr (1982) sobre a percepção visual baseou-se em simulação


computacional.

Abordagens metodológicas no estudo dos processos cognitivos


Número crescente de investigação envolve duas ou mais abordagens metodológicas,
pela sua complementariedade.

Ciência Cognitiva – área transdisciplinar que usa ideias e métodos da psicologia


cognitiva, psicobiologia, inteligência artificial, filosofia, linguística, antropologia. Estuda
c/mo é que os humanos adquirem e usam o conhecimento.

Percepção
 Sensação e Percepção

“As sensações são experiências conscientes simples geradas pela estimulação de um


órgão dos sentidos, como o olho: a consciência do brilho do flash de uma câmara, ou
da acidez de um limão, ou da nitidez de uma picada de agulha são todas sensações. As
percepções são experiências complexas e significativas de objetos e eventos. As
sensações são imediatas e automáticas, ao passo que as percepções podem levar
algum tempo para atingir um estado estável e podem exigir esforço. ”

Sensação e Percepção são dois processos separados mas intimamente relacionados.


Sensação: resulta do input sobre o Percepção: conjunto de processos através
mundo físico obtido pelos nossos dos quais reconhecemos, organizamos e
receptores sensoriais. damos sentido às sensações que
recebemos dos estímulos ambientais.
Os sentidos são a base fisiológica da percepção.
Receptores Sensoriais

Neurónios especializados que respondem a tipos específicos de estímulos (luz, som,


etc): quando um estímulo é detetado por um recetor sensorial, ocorre a sensação.

As células recetoras localizadas nos órgãos dos sentidos enviam mensagens ao sistema
nervoso central.

Transdução

Processo pelo qual os receptores sensoriais convertem a energia ambiental (ex: luz,
som) em sinais neuronais elétricos.

A informação viaja ao longo do sistema nervoso através de sinais elétricos (impulsos


nervosos) que passam de uma célula p/ra outra(s).

Os impulsos nervosos viajam dos dendritos e do corpo celular de uma célula ao longo
do axónio e até aos terminais dos axónios.

Os terminais do axónio conectam-se com os dentritos da(s) célula(s) seguinte(s) nas


sinapses: quando o impulso atinge uma sinapse, ocorre a libertação de um
neurotransmissor químico que afeta o estado elétrico do neurónio seguinte:
neurotransmissores excitatórios (ex: acetilcolina); neurotransmissores inibitórios (ex:
ácido gama-aminobutírico).

Psícofísica

Disciplina científica que estuda as relações entre as sensações subjetivas e os estímulos


físicos.

Limiar sensorial absoluto

Quantidade mínima de energia do estímulo que deve estar presente para que o
estímulo seja detetado 50% do tempo (ex: quão fraca pode ser ma luz de modo a que,
ainda assim, seja detetada metade do tempo). Natureza probabilística dos limiares
sensoriais.

Just noticeable difference (JND) / Diferença mínima detectável

Quão diferente deve ser um estímulo de outro para que a diferença entre eles seja
detetável (varia, dependendo da intensidade dos estímulos) (ex: E. H. Weber, 1834, e
suas experiências sobre deteção de diferenças no peso).

Diferentes modalidades sensoriais

As sensações evocadas pela luz são qualitativamente diferentes das evocadas pelo
som, toque, ou cheiro: não são confundíveis.

Cinco modalidades sensoriais? Audição, Paladar, Olfato, Visão, Tato.

Outras, relacionadas com a consciência sensorial do corpo? Nociceção (dor), Sentido


Vestibular (equilíbrio), Proprioceção (sentido da posição do corpo), Sentido de
movimento do corpo (kinestesia), Interocepção.

 Bases fisiológicas da percepção visual

Estruturas principais do olho

Retina; Coroide; Esclera; Nervo Ótico; Cristalino; Córnea; Pupila; Humor Aquoso; Irís.

Retina

3 camadas células.

Fotorrecetores – Bastonetes + Cones

Bastonetes: ~120 milhões; visão noturna e visão escotópica.

Cones: ~5 milhões; visão diurna, visão fototópica, visão a cores, visão mais nítida; 3
tipos de cones: azul (sensível a luz de comprimentos de onda curtos); amarelo-verde
(sensível a luz de comprimento de onda médio); laranja-vermelho (sensível a luz de
comprimentos de onda longos).

2 tipos de células ganglionares (~1 milhão): Magno (10%, Y) + Parvo (80%, X)

Magno (Y) Parvo (X)


Representação (do total) 10% 80%
Corpos celulares e axónios Maiores Menores
Velocidade 40 m/s 20 m/s
Respostas neurais Irregular Continuamente
Campo receptivo Maior Menor
Sensibilidade ao contraste Elevado Inferior
Sensível a Grandes Objetos Cores
Sensível a Movimento Padrões estáticos
Trajetória dos sinais visuais

Os sinais que chegam ao córtex visual esquerdo vêm dos lados esquerdos das duas
retinas, e os sinais que chegam ao córtex visual direito vêm dos lados direitos das duas
retinas.

Assim, a metade direita do campo visual é tratada no córtex visual esquerdo e a


metade esquerda no córtex visual direito.

Campo receptivo:

Região da retina na qual a luz influencia a atividade de um determinado neurónio.


Pode referir-se também ao espaço visual, já que este está mapeado diretamente na
superfície da retina.

À medida que um estímulo se desloca no espaço visual, são diferentes as células que
lhe respondem.

Retinotipia:

Existe um mapeamento entre as células fotorrecetoras da retina e pontos da superfície


do córtex visual, numa correspondência ponto a ponto.

Inibição lateral:

A atividade de um neurónio causa a redução da atividade de um neurónio vizinho.

Assim se aumenta o contraste nas bordas dos objetos, facilitando a identificação dos
limites entre objetos.

Sistema retina-geniculado-estriado

Dois circuitos levam info distinta do olho ao cérebro, que o cérebro combina e
relaciona: Circuito Magnocelular (ou magnoparietal ou dorsal – “onde” e “como”:
processamento da localização e do movimento) e Circuito Parvocelular (ou
parvotemporal ou ventral – “o quê”: processamento da forma e da cor, e
reconhecimento de objetos).

Organização hierárquica, mas muitas interações entre as diferentes áreas visuais e


circuitos recorrentes e sobrepostos.

Características Circuito Magnocelular (M) Circuito Parvocelular (P)


Fotorrecetores na retina Bastonetes (sobretudo) Cones (sobretudo)
Tipo de célula no nervo Magno ou células M Parvo ou células P
ótico
Destino final no cérebro Lobo parietal Lobo temporal
Sensibilidade ao Muito sensível Insensível
movimento e tremeluzir
Capacidade para o detalhe Bom a perceber detalhe Bom a perceber detalhe
grosseiro fino
Capacidade para detetar Sensível a objetos com Sensível a objetos de alto
contraste fraco contraste contraste
Efeito do desfocado Relativamente insensível Muito afetado pelo
ao enevoado desfocado
Área do campo visual a Visão periférica Visão central
que é mais sensível
Persistência da resposta a Neurónios respondem Resposta dos neurónios
um estímulo brevemente ao iniciar e ao persiste enquanto o
terminar de um estímulo estímulo dura
Capacidade para Incapaz de discriminar Bom a discriminar cores
discriminar cores cores
Zeki: especialização e processamento paralelo

V1 e V2 – 1OS estádios do processamento visual (cor e forma)


V3 e V4 – forma (especialmente de objetos em movimento)
V4 – cor e orientação das linhas
V5 – movimento (MT e MST, humanos)

Então, como temos uma experiência única do mundo visual?

Integração de informação é contínua e ocorre desde as primeiras fases do


processamento. Processamento top-down recorrente (especialmente na percepção
consciente). Hipótese da integração por sincronia: os detetores das diferentes
características de um objeto ativam-se em simultâneo (experiência consciente). Este é
um assunto ainda em aberto.

 Percepção da cor e percepção da profundidade

Percepção da cor
Possibilita que um objeto se destaque no seu ambiente e facilita a sua
identificação.

Ajuda a reconhecer e categorizar objetos (ex: identificar frutos maduros).

Ajuda a processar rapidamente aspetos do input visual que violam as expectativas


do observador (ex: uma mancha castanha na fruta).

3 qualidades associadas à cor: tom ou tonalidade, brilho, saturação.

Teoria Tricromática

3 tipos de fotorrecetores que têm fotopigmentos diferentemente sensíveis à luz


(cones): azul (sensível a luz de comprimentos de onda curtos); amarelo-verde
(sensível a luz de comprimento de onda médio); laranja-vermelho (sensível a luz de
comprimento de onda longos).

A maioria dos estímulos ativa mais do que um tipo de cone: a cor que percebemos
resulta dos seus níveis de estimulação relativos.

Na penumbra, a visão depende sobretudo dos bastonetes: vemos em tons de


cinzento.

Dicromacia: défice na visão a cores associada à falta de um dos tipos de cones (ex:
c/ dicromacia vermelho-verde, as pessoas vêem muito menos cores).

Limitações: não explica o que ocorre depois da ativação dos cones; não explica pós-
imagens negativas – percepção ilusória da cor complementar à que acabou de ser
fixada (verde é a cor complementar do vermelho e o azul é complementar do
amarelo).

Teoria do processo oponente

A visão a cores baseia-se num sistema de cores opostas: 3 canais oponentes


(vermelho-verde; azul-amarelo; acromático).

Podemos perceber um matiz com base em duas cores (ex: cor de laranja), mas só
podemos detetar uma das cores opostas de cada vez: um membro do par de cores
suprime a outra cor.

Vantagem adaptativa: codificação dos estímulos relativamente à cor que maximiza


representações independentes das cores.

Evidências científicas: explica pós-imagens negativas e défices observados na


dicromacia; existência de células cuja resposta evidencia propriedades oponentes;
impossibilidade de ver simultaneamente azul e amarelo ou vermelho e verde.
Teoria do processo dual

Sinais dos 3 tipos de cones são enviados para as células oponentes.

3 canais: acromático; azul-amarelo; vermelho-verde.

Muito apoio experimental – e muitas limitações também. Limitações – muitas


interações complexas entre os canais (ex: cones de ondas curtas/azul podem estar
ativados mesmo quando se esperaria que só o canal vermelho-verde estivesse);
variação interindividual na proporção dos 3 tipos de cones parece não ter grande
influência a percepção da cor; a disposição dos 3 tipos de cone no olho é em boa parte
aleatória; pouca investigação diretamente sobre a relação entre dados
neurofisiológicos e a experiência psicológica da cor.

Constância da cor

Tendência de um objeto ser percebido como tendo a mesma cor em condições de


visualização muito diversas.

Visão a cores não depende somente dos comprimentos de onda da luz refletidos pelos
objetos (caso contrário a cor dos objetos mudaria muito e a capacidade para
reconhecer objetos rapidamente e com correção diminuiria).

Em condições naturais, as fontes de iluminação são múltiplas e diversas e mudam


frequentemente (ex: ao longo do dia).

Iluminação mútua: a luz refletida a partir da superfície de um objeto incide na


superfície de um segundo objeto.

Adaptação cromática: a sensibilidade visual de um observador a um determinado


iluminante diminui com o tempo.

Contribuição de vários fatores: rácios de excitação dos cones são relativamente


invariantes mesmo quando as condições de iluminação se alteram; conhecimento da
cor dos objetos (fatores top-down); a constância da cor é elevada quando o iluminante
(a fonte de luz que incide sobre o objeto) é processado com exatidão.

Limites da investigação: a investigação focou-se sobretudo na percepção em contextos


visuais artificiais; falta uma teoria que articule o contributo dos vários fatores; não se
sabe porque é que a constância da cor depende tanto das instruções especificas dadas
aos observadores (ex: questões sobre a similaridade objetiva ou subjetiva do ponto de
vista do observador); desconhece-se o porquê das muitas diferenças interindividuais.

Percepção da profundidade
Da imagem bidimensional da retina à percepção tridimensional do mundo. A
percepção da profundidade baseia-se em diversas pistas, visuais e outras (ex: sonoras),
frequentemente ambíguas ou em conflito.

Pistas monoculares (pistas pictóricas)

Perspetiva linear; familiaridade com o tamanho; interposição; gradientes de textura;


desfocado (grandes distâncias; focado, no ponto de fixação); Paralaxe de movimento
(ex: olhando pela janela de comboio em movimento, objetos distantes parecem
mover-se no mesmo sentido, e os próximos no sentido oposto).

Pistas binoculares

Disparidade binocular – estereopsia (capacidade para ver o mundo


tridimensionalmente).

Percepção da profundidade estereoscópica requer: ambos os olhos alinhados e


funcionais; controlo sobre os músculos dos olhos e a convergência das imagens para o
alinhamento; combinação inicial das imagens retinais; integração da info de
disparidade.

Ambliopia – condição em que um olho envia um input inadequado para o córtex visual
(“olho preguiçoso”). Diminuição da acuidade visual uni ou bilateralmente, sem
anomalia estrutural do olho.

Pistas oculomotoras

Baseadas na percepção das contrações musculares em redor dos olhos: vergência (os
olhos voltam-se para dentro para focer objetos mais próximos) e acomodação
(variação na potência ótica produzida pelo espessamento da lente do olho quando é
focado um objeto próximo).

Limitações: informam sobre a distância de um único objeto de cada vez; menos


valiosas quando objeto está mais distante do observador; info proporcionada não é
muito rigorosa.

Combinação das pistas

Duas estratégias: adição ou seleção.

Em geral, a investigação sugere que: as pessoas usam a abordagem aditiva (as pessoas
usam a info de todas as postas disponíveis mas dão mais peso às mais fiáveis – que
mudam menos); quando os conflitos entre as pistas são fortes as pessoas usam
somente uma pista; a percepção de profundidade aproxima-se do ótimo.

Limitações da teoria e investigação: reduzida validade ecológica dos estudos em


laboratório (em geral, com menos pistas e maior conflito entre elas do que nas
situações reais, mostram resultados menos que ótimos; sugerem que há um
processamento separado das diferentes pistas antes de serem combinadas – em
ambiente natural provavelmente o processamento é mais global; modelos do
observador ideal diferem na sua definição de desempenho “ideal” e de combinação
“ótima” das pistas).

Constância do tamanho:

Tendência de um objeto a parecer do mesmo tamanho, independentemente do seu


tamanho na imagem retinal.

Hipótese de invariância tamanho-distância – o tamanho percebido é proporcional à


distância percebida.

Importância da memória (familiaridade) do tamanho do objeto e da info perceptual


acerca da distância.

Limites da investigação: são conhecidos poucos fatores a influenciar a percepção do


tamanho para além da percepção da profundidade; alguma literatura mais recente
sugere a independência entre a percepção do tamanho e a percepção da distância.

 Teoria da percepção

Percepção direta

A info proporcionada pelos recetores sensoriais é suficiente para perceber os objetos


(não requer processos cognitivos superiores nem outros).

A percepção é muito mais que a identificação e reconhecimento de objetos: serve a


função possibilitar uma resposta rápida ao ambiente (abordagem ecológica).

Os usos potenciais dos objetos (affordances) são percebidos diretamente


(intuitivamente): indicam possibilidades para a ação e não dependem de outro
processamento pelo sistema cognitivo.

Relação estreita entre percepção e ação.

Teorias base-topo (bottom-up) e topo-base (top-down)

Teorias bottom-up: o processamento inicia-se c/ as sensações e as características de


nível mais básico dos estímulos visuais.

Teorias top-down: focadas em processos cognitivos de nível superior, como


conhecimentos e expectativas prévios que influenciam a percepção. Só depois
consideram o percurso até aos dados sensoriais.

Teorias base-topo (bottom-up)


Teoria dos moldes (template theories) – reconhece-se um padrão ao compará-lo c/ o
conjunto de moldes (templates) armazenados na mente e escolher aquela combinação
na perfeição c/ o que observamos (só uma combinação perfeita) (ex: reconhecimento
de impressões digitais por máquinas; leitura de códigos de barras). Limitações – Como
criar e gerir uma tão grande quantidade, variedade e especificidade de templates na
memória?

Teorias de protótipos – comparação c/ protótipos; protótipo – uma espécie de padrão


médio de uma classe de objetos ou padrões relacionados, que inclui as características
mais típicas (ou mais frequentes) dessa classe. Não exige um emparelhamento preciso
para todos os padrões dos quais o protótipo é modelo. Algumas evidências apoiam.

Teoria das características (feature theories) – comparação de características parciais


de um padrão visual c/ características armazenadas na memória (em vez de
emparelhar o padrão completo com um molde ou protótipo). Padrão – um conjunto de
características ou atributos parcelares. Vantagem desta abordagem: As mesmas
características visuais que variam em tamanho, orienção e outros detalhes podem ser
reconhecidos como parte do mesmo padrão ou de outros padrões. Reconhecimento de
padrões bidimensionais.

O processamento de características parciais seguido do processamento mais global c/


integração das diferentes características.

Características globais (aquelas que dão a forma total) vs locais (escala micro ou
detalhe em um determinado padrão).

Efeito da precedência global – maior rapidez a identificar as características globais


(letra grande) e a identificar as características locais (letras pequenas) que são
consistentes c/ a global (letra grande).

Verificou-se mais recentemente:

Efeito da precedência local – quando letras pequenas estão muito espaçadas.

Teoria da integração das características – 1º estádio, pré atentivo (uma cena visual é
analisada inicialmente por grupos especializados de recetores que respondem
seletivamente a diferentes características (cor, forma, orientação, movimento, etc) e
mapeiam essas características em diferentes áreas do cérebro. Processamento
paralelo, não consciente); 2º estádio, atenção focada (as características individuais de
um objeto são combinadas para perceber o objeto inteiro (processamento serial).
Atenção focal proporciona a cola que une as características. Os objetos assim
compostos continuam a ser assim percepcionados e memorizados).

Teorias de características (feature theories) – técnicas de registo da atividade de


células singulares em animais (ex: experiências de Hubel e Wisel). As respostas de
neurónios específicos pode ser relevante para a identificação de características
específicas de um objeto (ex: os bordos ou limites ou contorno). Processamento em
paralelo (ex: circuitos “what” e “where/how” no cérebro).

 Processos de organização perceptiva

Teoria da Gestalt

Leis do agrupamento de características:

Lei da similaridade

Lei de Pragnanz ou Lei da Boa forma

Lei da Proximidade

Lei da continuidade

Lei do fechamento

Lei da região comum

Segmentação figura-fundo:

Considera-se que a figura: tem uma determinada forma (mas não o fundo); apresenta-
se à frente do fundo; a linha que separa a figura do fundo pertence à figura.

Aspetos que, em geral, facilitam a identificação como figura: regiões convexas,


pequenas, circundadas e simétricas.

Vantagens Limitações
Focam aspetos centrais da percepção Pouca importância dada à experiência e à aprendizagem.
visual (ex agrupamento perceptivo,
segmentação figura-fundo).
Quase todas as leis de agrupamento (e a Proporcionam descrições mas não explicações.
segmentação figura-fundo) têm recebido As suas conclusões baseiam-se em desenhos bidimensionais
validação empírica (figuras artificiais e e que focam uma única lei, mas ignoram cenas naturais e a
cenas naturais). sua maior complexidade (ex oclusão de objetos)
Perspetivas atuais reforçam que a busca Não descobriram todos os princípios da organização
da organização mais simples possível pode perceptiva (ex: principio da acentuação) nem toda a
bem ser central para a percepção visual. complexidade do agrupamento perceptivo.
Abordagem inflexível: não perceberam que o agrupamento
percertivo e a segregação figura-fundo dependem de
interações complexas entre processos básicos
(possivelmente inatos) e experiência passada.
 Reconhecimento de objetos

Modelo da percepção-ação
Dois sistemas visuais com funções diferentes mas que interagem: sistema de visão
para a percepção (“o quê”), que funciona para identificar e reconhecer objetos ou
cenários e se baseia no circuito ventral; sistema de visão para a ação (“como”), que
funciona para a ação visualmente guiada (ex: agarrar objetos) e se baseia no circuito
dorsal.

Sistema Ventral Sistema Dorsal


Visão para a percepção Visão para a ação
Codificação alocêntrica (centrada no Codificação egocêntrica (centrada no
objeto; codificação da localização dos corpo; codificação relativa ao próprio
objetos uns em relação aos outros) corpo do observador)
Representações duradouras Representações de curta duração
Geralmente leva à percepção consciente Não dá lugar à percepção consciente
Processamento lento Processamento mais rápido
Input sobretudo da fóvea Input sobretudo de outras áreas da retina
Evidências:

Pacientes com lesões cerebrais (ex: reconhecimento de objetos relativamente intacto


em pessoas c/ lesões no circuito dorsal).

Ataxia ótica: dificuldade em realizar movimentos guiados pela visão, embora o


reconhecimento de objetos esteja relativamente intacto.

Agnosia de formas visuais: dificuldade na percepção de formas mas a capacidade para


realizar ações guiadas pela visão está relativamente intacta.

Ilusões visuais: não são tão claramente experienciadas quando o sistema da percepção
para a ação é envolvido (ex: apontar rapidamente) para além da visão para a
percepção (ex: estimativas do comprimento).

Frequência espacial

O processamento visual envolvido no reconhecimento de objetos normalmente


procede de um processamento inicial grosseiro para um processamento fino ou
detalhado.

Baixa frequência espacial Alta frequência espacial


Neurónios do córtex visual primário que captam Neurónios do córtex visual primário que captam
info grosseira na imagem visual muitos detalhes na imagem visual
Frequentemente relacionada c/ o movimento e/ou Frequentemente relacionada c/ a cor, forma e
localização espacial outros aspetos do reconhecimento de objetos
Transmitida para áreas cerebrais de ordem Transmitida através do sistema parvocelular
superior através do sistema magnocelular usando usando o fluxo visual ventral
o circuito visual dorsal
Rápida Lenta
Percepção consciente baseia-se sobretudo em infos integradas de baixa e alta
frequência espacial.

A utilização de infos de baixa e alta frequência espacial no processamento visual é


flexível e influenciada pelas exigências da tarefa.

Abordagem computacional de David Marr

O reconhecimento de objetos envolve vários estádios e representações (descrições)


cada vez mais detalhadas sobre o ambiente visual: esboço original (descrição
bidimensional das principais diferenças na intensidade da luz no input visual, incluindo
infos sobre bordas e contornos); esboço 2 1/2-D (descrição da profundidade e da
orientação das superfícies visíveis, usando infos de sombras, textura, movimento e
disparidade binocular. Como o anterior, é centrado no observador ou dependente do
ponto de vista – ou seja, é influenciado pelo ângulo a partir do qual o observador vê o
objeto ou o ambiente); representação do modelo 3-D (descrição tridimensional das
formas dos objetos e das suas posições relativas; é independente do ponto de vista do
observador, e portanto, é invariante quanto ao ponto de vista).

Pontos fortes:

Combina ideias da neurofisiologia, anatomia e computação visual. Assinala a grande


complexidade do reconhecimento de objetos. Distinção entre representações
dependentes do ponto de vista e invariantes c/ o ponto de vista estimulou muita
investigação.

Reconhecimento invariante c/ o ponto de vista – igualmente rápido e fácil


independentemente do ângulo de observação.

Reconhecimento dependente do ponto de vista ou centrado no observador – mais


rápido e fácil quando o objeto é visto de determinado ângulo.

Limitações:

Foca-se demasiado em processos bottom-up. Assume que a percepção visual é


objetiva (quando nem sempre é). Muitos processos que propõe são muito complexos
do ponto de vista computacional.

Teoria do reocnhecimento por componentes

Os objetos são formados a partir de formas básicas ou componentes.

Propriedades não acidentais: invariantes dos diferentes pontos de vista (ex bordas
retilíneas ou curvas). O reconhecimento do objeto é invariante relativamente ao ponto
de vista (isto é, os objetos podem ser reconhecidos c/ a mesma facilidade de todos os
pontos de vista possíveis). A percepção só é dificultada em condições de visibilidade
não ótimas e que não permitam identificar bem os geões (iões geométricos).

Teorias top-down

“Tradicionalmente, tem sido considerado que o reconhecimento de objetos visuais é


mediado por um fluxo hierárquico de baixo para cima que processa uma imagem
analisando sistematicamente os seus elementos individuais e retransmitindo essas
informações para as áreas seguintes até que a forma geral e a identidade sejam
determinadas”.

Propõe-se também um processamento de sentido inverso, do topo para a base:


quando processos da base para o topo (bottom-up) não proporcionam informação
suficiente (ex: informação visual muito degradada, estímulos são mostrados por tempo
muito curto); percepção visual consciente requer processamento recorrente das áreas
superiores para as inferiores do cérebro.

Ex: experiências de Goolkasian e Woodberry.

A interpretação de figuras ambíguas é enviezada pelas figuras que são apresentadas


antes e que são relevantes para essa interpretação.

Crítica – os processos top-down, influenciam não a percepção, mas sim outros


processos cognitivos (enviezamento da resposta, atenção, memória).

Afinal: atenção, percepção e memória não estão claramente separados antes


interagem dinamicamente. Muitas evidências da influência direta do processamento
top-down na percepção, tanto quanto da influência dos estímulos visuais.

Córtex obrtifrontal (parte do córtex pré-frontal – processamento top-down) usa a


informação do contexto para gerar hipóteses interpretativas e resolver a competição
entre hipóteses.

Abordagem interactiva-iterativa

Complexidade das interações entre o processamento bottom-up e top-down.

Dois processos top-down que influenciam o reconhecimento – desenvolve hipóteses


(acerca da identidade possível antes mesmo do contato c/ o estimulo visual – ou em
intereção c/ ele); dirige a sua atenção (para partes do objeto que maximizam, c/ maior
probabilidade, a info necessária para estabelecer a identidade do objeto).

O processamento top-down pode influenciar o reconhecimento de objetos mesmo


antes do estímulo visual ser apresentado.

Reconhecimento de faces e processamento holística


Processamento que envolve a integração de info de toda a área do rosto em
simultâneo (em paralelo). Mais rápido do que processamento de características
separadas. Mais fidedigno (ex: características mudam muito enquanto estímulos
visuais, ex: forma da boca).

Evidências:

Efeito de inversão: faces mais difíceis de identificar se apresentadas “de pés para o ar”
(efeito muito menor para outros objetos);

Efeito todo-partes: alterando uma característica da face (ex: boca) várias outras
regiões do rosto parecem estar também diferentes, ou é mais fácil reconhecer uma
parte do rosto quando integrada no rosto.

Efeito das faces compósitas: é difícil ignorar a parte de baixo de uma face quando o
objetivo é reconhecer a parte de cima, por exemplo.

Efeito Thatcher: um rosto parece bizarro se os olhos e a boca forem rodados em 180
graus – mas não no rosto invertido.

Ocorre mesmo em crianças muito novas.

Integração perceptual muito forte de todo o rosto em que: o rosto forma uma gestalt –
a aparência do todo é mais do que a soma das partes (ex: alterar a aparência de uma
região facial pode afetar de forma impressionante a percepção de outras regiões da
face e de todo o rosto); todos os aspetos/infos faciais estão incluídos (ex: forma e cor
das características, e distâncias entre as características ou microcaracterísticas mais
prováveis); todas as regiões da face são percebidas simultaneamente.

Prosopagnosia(cegueira para faces): condição em que há uma deficiência grave no


reconhecimento de rostos, mas muito menos no reconhecimento de objetos.
Prosopagnosia adquirida (ex: após lesão cerebral); Prosopagnosia do desenvolvimento
(deficiências no desenvolvimento dos mecanismo de reconhecimento facial).

 Processamento de faces e o cérebro

Área fusiforme da face (no córtex temporal ventral); Mas: Outras regiões do cérebro
são também ativadas durante a percepção de faces; a área fusiforme também é
ativada durante o processamento de outros objetos.

Reconhecimento de faces e reconhecimento dos outros objetos – reconhecimento


visual de objetos inter e intra-categorias

(1) Hipótese do mecanismo comum, mas: reconhecimento de faces é mais


exigente, em parte, porque requer a distinção entre membros semelhantes de
uma mesma categoria (ex: têm todas dois olhos, nariz, boca) – reconhecimento
intra categorias; reconhecimento de objeto envolve, em geral, a identificação
da categoria relevante (ex: gato, carro) – reconhecimento intercategorias.

Deteção, categorização e identificação de objetos

3 tarefas de reconhecimento: deteção (julgamento do observador acerca da presença


de um objeto); categorização (‘é um cão?’ – discriminação intercategorias:
reconhecimento da categoria básica a que o objeto pertence); e identificação (‘é um
serra da estrela?’ – discriminação intracategorias: reconhecimento da categoria
subordinada do objeto).

Ordem decrescente de velocidade de processamento e sensibilidade/detalhe crescente.

(2) Hipótese da especialização: temos maior experiência (e especialização) no


reconhecimento de rostos do que na maioria dos outros objetos.

O cérebro e os mecanismo supostamente específicos das faces estão também


envolvidos no processamento e reconhecimento de outros objetos em que nos
tenhamos especializado. Especialização – processamento holístico.

Predições, que têm recebido algum apoio da investigação: o processamento holístico


ou configural não é exclusivo das faces, mas pode encontrar-se para qualquer objeto
de especialização (ex: estudos sobre o reconhecimento de pássaros ou carros por
especialistas); a área fusiforme da face deve ser altamente ativada quando os
observadores reconhecem os membros de qualquer categoria para a qual possuem
especialização; se o processamento de rostos e de objetos de especialização envolver
processos semelhantes, o processamento de objetos de especialização deve interferir
no processamento de rostos.

E o processamento de faces não tão familiares?

PROCESSAMENTO DE FACES EM ESTÁDIOS, SERIAL – Modelo de Bruce e Young (1986):

Algumas evidências:

Maior facilidade em reconhecer faces familiares do que não familiares.

Os processamentos da identidade facial e da expressão facial envolvem diferentes


trajetórias (não completamente).

Obtém-se informação pessoal (ex: profissão) acerca de uma pessoa antes de recordar
o seu nome.

São propostos vários estádios: diferentes dificuldades no processamento de faces


podem estar associadas a estádios específicos (e problemas em regiões distintas do
cérebro. Ex: primeiros estádios surgirem afetados na prosopagnosia apercetiva).

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