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Ética e Conduta

no Trabalho
SÉRIE FORMAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL

Caderno do Instrutor

Florianópolis
2011
FIESC - Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

Presidente
Alcantaro Corrêa

SESI - Serviço Social da Indústria

Superintendente
Hermes Tomedi

Diretora de Operações Sociais


Leocádia Maccagnan

S492e Serviço Social da Indústria/SC


Ética e conduta no trabalho/ Serviço Social da Indústria/SC. –
Florianópolis: SESI/SC, 2011.
Inclui Bibliografia, il., 94 p.
Série Formação Pessoal e Profissional. Caderno do Instrutor
ISBN
1. Ética. 2. Moral. 3. Cidadania. 4. Código de Ética I. Título.

CDU
17:331

Ficha Catalográfica elaborada por Roseli Maria Sackser - CRB 641/14R

Publicação: SESI/SC 2011

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida

ou transmitida por qualquer forma nem por qualquer meio, seja eletrônico, mecânico,

fotocopiado, gravado ou outro, sem a permissão expressa do SESI/SC.

2
Ética e Conduta
no Trabalho
SÉRIE FORMAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL

Caderno do Instrutor

3
Caro Instrutor,

Os cursos de Educação Continuada do SESI, que compõem a Série


Formação Pessoal e Profissional, têm o objetivo de atualizar os
estudantes acerca dos principais temas que influenciam a postura
deles no ambiente de trabalho.
São 14 os cursos que compõem a Série Formação Pessoal e
Profissional: Significado do Trabalho: Visão Sistêmica e Motivação;
Comunicação Interpessoal no Ambiente de Trabalho; Feedback:
Uma Oportunidade de Crescimento e Aprendizado; Relacionamento
Interpessoal: Eu e Meus Pares; Relacionamento Interpessoal: no
Ambiente de Trabalho; Ética e Conduta no Trabalho; Aprendendo
a Conviver e Respeitar as Diferenças; Capacidade de Empreender
e Inovar; Comprometimento e Foco em Resultados; Disciplina,
Organização e Planejamento; Etiqueta Profissional; Otimização
do Tempo; Nova Ortografia da Língua Portuguesa; Administre Seu
Dinheiro de Forma Consciente.
Diante das necessidades da Indústria de preparar os trabalhadores
para atender às novas exigências do mundo do trabalho, os cursos
dessa Série visam a mobilizar a aprendizagem e a aplicação prática
do conhecimento.
Para tanto, tais cursos foram estruturados em formato de oficinas.
São duas oficinas de duas horas cada, totalizando quatro horas de
atividades. O objetivo da oficina é potencializar a interação entre
o Instrutor, os estudantes e o conhecimento. O dinamismo das
oficinas é um convite para que os estudantes se percebam como
corresponsáveis e coparticipantes na adoção de uma postura proativa
no ambiente de trabalho. Isso porque as oficinas favorecem a reflexão
sobre as atitudes pessoais e profissionais a partir da interação com
os principais conceitos relacionados ao mundo do trabalho. Esse
objetivo será atingido à medida que você, Instrutor, exercer o seu
papel de mediador das atividades para possibilitar o diálogo e a
reflexão com e entre os estudantes.
Para o exercício do seu papel de mediador, você estará amparado
pelo Caderno do Instrutor, ora apresentado, cujo objetivo é orientar
a realização das oficinas e disponibilizar informações e conteúdos
para sustentar a sua argumentação nas atividades acerca das
competências a serem desenvolvidas pelos estudantes.
Em sala de aula, você contará com o apoio de slides em PowerPoint
contendo os principais tópicos do conteúdo a ser abordado e de
um jogo educativo desenvolvido exclusivamente para o curso. Os
estudantes, por sua vez, receberão, ao final da segunda oficina,
uma ficha com alguns dos principais tópicos abordados.

4
É importante ressaltar que cada um dos cursos que compõem a
Série Formação Pessoal e Profissional faz parte das soluções de
educação continuada que o SESI oferece à Indústria para promover
a aprendizagem do trabalhador ao longo da sua vida produtiva. São
cursos compactos, modulares e flexíveis. Eles inovam de diversas
formas: na estratégia de apresentação dos conteúdos, na realização
de dinâmicas, simulações e práticas diferenciadas e, acima de tudo,
na proposta de fornecer ao trabalhador um ambiente onde ele se
sinta valorizado e resgate a sua capacidade de aprender a aprender.
É exatamente esse o curso que está em suas mãos, sintetizado no
Caderno do Instrutor.
O Caderno está dividido em duas partes: na primeira, você
conhecerá um pouco mais sobre a abordagem metodológica do curso
e o seu o papel como Instrutor. Entrará em contato com os ícones que
serão utilizados em cada etapa e com os materiais disponibilizados.
A segunda parte do Caderno detalha cada uma das oficinas, os
conteúdos que devem ser aprofundados e os planos de aula.
O Caderno finaliza com a reprodução dos slides que você utilizará
para desenvolver as oficinas.
A utilização adequada dos recursos didáticos disponíveis,
entretanto, requer a sua participação ativa, a pesquisa permanente,
o planejamento consciente e o conhecimento efetivo do assunto
a ser tratado no curso. É a sua contribuição, Instrutor, com novos
exemplos, com seu conhecimento e experiência, que torna o processo
de ensino e aprendizagem mais dinâmico, uma história sem fim.

Bom trabalho!

5
Ética e Conduta no Trabalho

6
Sumário
PARTE I – Abordagem Metodológica..................................... 8

1. Referencial Teórico-metodológico...................................10
1.1 Oficinas..............................................................12
1.2 Momentos...........................................................13

2. O Papel do Instrutor....................................................15

3. Materiais Didáticos.....................................................16

4. Ícones.....................................................................20

PARTE II – Teoria e Prática.............................................. 22

1. Introdução...............................................................24

2. Objetivo..................................................................24

3. Conteúdo Programático................................................24

4. Oficina 1: O Que é Ética...............................................25


4.1 Plano de Aula.......................................................27
Momentos
Acolhendo / Alinhando........................................27

Construindo Conhecimentos.................................29

Sistematizando Conhecimentos.............................40

Avaliando o Conhecimento...................................45

4.2. Check list..........................................................48

5. Oficina 2: A Ética na Prática ..........................................49


5.1 Plano de Aula.......................................................51
Momentos
Acolhendo / Alinhando........................................51

Construindo Conhecimentos.................................53

Sistematizando Conhecimentos.............................63

Avaliando o Conhecimento...................................66

5.2 Check list...........................................................68

6. Referências..............................................................69

7. Anexos....................................................................71

7
Parte I

8
Abordagem Metodológica

Inteligente é quem outros conhece;


Sapiente é quem conhece a si mesmo.
(LAO-TSE)

9
Ética e Conduta no Trabalho

1. Referencial Teórico-metodológico
A aprendizagem
é um elemento
mediador entre A educação continuada é a que se dá ao longo da vida, aplica-se a todas
o ser humano e as pessoas, com motivações e objetivos dos mais diversos, tais como:
o mundo. Afeta o
desenvolvimento ampliar ou aperfeiçoar conhecimentos; aperfeiçoar formações ligadas à vida
do indivíduo e é por profissional; ampliar o senso ético e estético; desenvolver competências
ele afetada.
relacionadas à vida familiar e pessoal, etc. Ela pode ocorrer em diferentes
espaços, em várias modalidades e servindo-se de meios variados.
É preciso estar atento a esse entendimento de educação continuada
para perceber as oportunidades de aprendizado que os estudantes têm para
interagir com o conhecimento e com outras pessoas. Cada um aprende de
Na minha vida como forma diferente e na interação com o outro, em qualquer etapa da vida. A
instrutor, percebi que construção de novos conhecimentos é influenciada pela experiência de vida.
as pessoas aprendem Mas a aprendizagem é um processo contínuo e particular para cada pessoa.
de diferentes formas. Os cursos da Série Formação Pessoal e Profissional são uma dessas
No caso de adultos, oportunidades de aprendizado. Cada um dos cursos oferece um amplo
leque de possibilidades para que os estudantes percebam o que precisam
já trazem consigo
aprender.
uma bagagem que
O tempo é escasso e os objetivos são amplos. O formato de oficinas tem
é preciso respeitar
o objetivo de contribuir para que você, Instrutor, organize as atividades
– e compartilhar!
de cada encontro e aborde os aspectos mais importantes, conforme o
Antônio Jaylson Dupprat,
43, instrutor interesse da turma e os objetivos da própria aula.
Esse formato de curso favorece o diálogo e a participação ativa dos
estudantes na construção do conhecimento. O objetivo não é ensinar
conceitos prontos aos estudantes, nem a apresentação de definições
para serem reproduzidas por eles. Em um processo de construção, são
os próprios estudantes que formam seus conceitos ou atribuem novos
Esse tripé é
significados a eles.
conhecido
como “CHA” O processo de construção de novos conceitos ou de atribuição de
novos significados pode, também, servir de base para o desenvolvimento
de competências. Quando internalizado, o conceito transforma-se em
conhecimento, um dos vértices do tripé que constitui a competência.
Os outros dois vértices que constituem o tripé da competência são a
habilidade e a atitude.

Conhecimento Habilidade Atitude

Um conceito, quando internalizado, É a capacidade de colocar em prática É vontade de fazer, transformar a


transforma-se em conhecimento. os conhecimentos adquiridos. É o capacidade em ação. É o “saber
“saber fazer”. ser”.

10
A competência, no entanto, é maior do que a simples soma de cada
uma dessas partes. É um processo de sinergia. Você, Instrutor, pode Receita de
incentivar o estudante e estimulá-lo. Pode ajudá-lo a mobilizar seus musse de
maracujá
recursos, organizar-se e apropriar-se das novas informações. Mas cabe a
ele assumir ativamente a responsabilidade de engajar-se nas atividades Ingredientes
1 lata de leite
que serão desenvolvidas. condensado
É importante que você, Instrutor, saiba que os cursos de educação 1 lata de creme de leite
1 lata de suco de
continuada, desenvolvidos pelo SESI, têm por base uma matriz constituída maracujá
de 13 competências1 requeridas dos trabalhadores da Indústria face às
Modo de fazer
exigências do mercado de trabalho.
Muito embora as 13 competências estejam presentes em todos os cursos,
algumas competências estão em maior evidência que outras, haja vista
o tema abordado no curso.
O tempo de duração do curso, por sua vez, é um condicionante que
determina as possibilidades de interferência positiva nas competências.
Os cursos da Série Formação Pessoal e Profissional são de curta
duração e têm o objetivo de mobilizar os estudantes para a importância do
Bata tudo no
desenvolvimento das seguintes competências: ressignificar conhecimentos; liquidificador. Despeje
apropriar-se de novos conhecimentos; compreender fenômenos; enfrentar em uma forma e leve ao
congelador. Depois de três
situações-problemas; ser ético; e trabalhar em equipe. horas, está pronto!
As oficinas se constituem em oportunidades para que estudantes e É servir e se deliciar.

Instrutor interajam em prol do desenvolvimento dessas competências. Isto é sinergia: o


Considerando sua importância, na sequência, será detalhado o passo a resultado da soma de
cada ingrediente é bem
passo de uma oficina cujos momentos têm a finalidade de favorecer a maior do que cada um
construção de conceitos e a reflexão individual e coletiva dos estudantes individualmente. E,
depois de pronto, não
sobre a necessidade da adoção de uma atitude proativa na direção do seu dá mais para separar um
desenvolvimento pessoal e profissional. ingrediente do outro, pois
o musse se apropriou
de cada elemento e o
transformou.

Os cursos de
curta duração,
por exemplo,
têm potencial
para mobilizar
o estudante
para a importância
do desenvolvimento
de competências. Os
cursos de média e longa
duração têm potencial
para desenvolver ou
melhorar competências.

1 Competências: Ressignificar conhecimentos; Apropriar-se de novos conhecimentos; Ser capaz de comunicar e compreender
ideias orais e escritas; Apropriar-se das mudanças conceituais e da evolução tecnológica; Compreender fenômenos; Enfrentar
situações-problemas; Construir argumentação; Ser empreendedor; Ser socioambientalmente responsável; Trabalhar em equi-
pe; Avaliar e autoavaliar-se; Ser ético; Cuidar da saúde e da qualidade de vida (SESI/SC, 2010, p.17).

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Ética e Conduta no Trabalho

1.1 Oficinas
O conceito Mas, afinal, o que é uma oficina? De imediato, você deve visualizar um
de oficina
surgiu na Idade
ambiente de fazer, de agir. Um local onde se aprende fazendo de forma
Média, ao coletiva. A origem medieval da oficina se atualiza na estratégia pedagógica:
mesmo tempo
em que cresciam
sentir, pensar e agir se unem para intervir na realidade.
as associações de A oficina é um campo em comum para Instrutor e estudantes interagirem.
artesãos e especialistas
em determinados ofícios.
Nela ocorrem os jogos de vivência, reflexão e conceituação, os quais
instigam o estudante ao aprendizado, à sistematização dos conhecimentos
e à mudança de paradigmas.

Paradigma é
um modelo:
Sete Passos para uma Oficina de Sucesso2
engloba sua
visão de
1 Pratique o “aprender fazendo”: ajude os estudantes a colocarem em
mundo, sua
maneira de pensar prática os conteúdos vistos.
e agir em relação a
determinado assunto. É 2 Incentive a participação: a participação amplia os horizontes e auxilia
o padrão e a referência
na mudança de paradigmas.
pelos quais você pensa
e age.
3 Utilize perguntas: o ato de perguntar propicia a reflexão e a crítica; a
busca por respostas leva à apropriação do saber.

Sou fã incondicional 4 Focalize na interdisciplinaridade: conecte as várias experiências,


das oficinas. Uma informações e conhecimentos com o conteúdo que está sendo abordado,
para desenvolver uma postura integral e integrada do saber.
oficina apresenta
inúmeros benefícios: 5 Desenvolva uma tarefa em comum: estipule objetivos que envolvam
todos os estudantes e possibilitem o trabalho em equipe, tão importante
Propicia a construção
para a empregabilidade hoje em dia.
coletiva dos
conhecimentos; 6 Combine conhecimento, habilidades e atitudes: busque o desenvolvimento
global dos estudantes, para que o potencial de cada um se materialize
desenvolve as
em novas ações.
habilidades necessárias
para a realização de 7 Integre docência, teoria e prática: faça com que seu trabalho de reflexão,
pesquisa e teoria caminhe de mãos dadas com as práticas vivenciadas
trabalhos em grupo;
pelos estudantes.
facilita transpor a
teoria para a prática
e vice-versa; Com esses passos, você criará um ambiente favorável à aprendizagem,
incentiva a troca colocando em prática o “Cha”, que fomenta a competência: conhecimento
de experiências. + habilidade + atitude.
Zanina Geórgia, 47, instrutora
Cada oficina tem a duração de duas horas. Elas se desenvolvem de
maneira orgânica, possibilitando ao estudante construir seu conhecimento
de forma gradativa, relacionando sempre teoria e prática. Cada oficina
gira em torno de quatro momentos, que você verá a seguir.

2 Adaptado de Barros e Búrigo, 2005.

12
1.2 Momentos O início da oficina
Os quatro momentos propostos para o desenvolvimento das oficinas ajuda o estudante
foram organizados para facilitar o processo de construção do conhecimento, a desligar-se do
criando um clima favorável para o aprendizado e auxiliando o estudante ambiente de onde
a organizar e expandir suas experiências. está vindo para se
concentrar em um
novo espaço. É como
Acolhendo / Alinhando
uma porta que se
Na primeira oficina, essa etapa representa o
fecha, abrindo para
primeiro contato com o estudante. É o momento
um novo horizonte.
de lançar as bases que nortearão todos os trabalhos
das oficinas. É aqui que você, como mediador,
Por isso, utilizo
propiciará a formação de um clima construtivo e mobilizador. Também é dinâmicas de grupo,
o momento de criar o espírito de grupo e nivelar os conhecimentos. Já que sempre funcionam
na segunda oficina, esse momento visa a retomar os conteúdos abordados bem, com uma
anteriormente e motivar os estudantes para o que verão a seguir. duração máxima
de 20 minutos.
Lair Menezes, 32, instrutor
Construindo Conhecimentos
Após mobilizar os estudantes, despertando sua
curiosidade, você poderá introduzir os primeiros
conteúdos. Incentive os estudantes a relatarem suas
experiências e pensamentos sobre o assunto para que,
coletivamente, sejam construídos os novos saberes.
Cada pessoa tem suas próprias percepções, conhecimentos e experiências
de vida que, juntamente com as dos colegas, interagem e propiciam,
pela sinergia, o surgimento de um novo conceito. Você encontrará, neste
Caderno, os conteúdos que abordará com os estudantes. Aqui, eles se Costumo utilizar
encontram de forma detalhada e aprofundada. No momento da oficina, o PowerPoint para
tais conteúdos estarão de forma resumida, em tópicos, nos slides para
introduzir conteúdos.
exibição com PowerPoint e serão construídos com o apoio de jogos e
Mas ele é apenas um
dinâmicas. É importante que você leia atentamente o material antes da
ponto de partida.
aula, verificando se domina o assunto.
Não leio o que está
na tela, que funciona
apenas como apoio.
Vou entremeando
as explicações com
relatos, histórias,
perguntas aos
estudantes. Perguntar,
ouvir, estar atento
ao grupo permite
que os conteúdos
ganhem vida. Tudo
isso em 40 minutos.
Joyce A. Thag, 27, instrutora

13
Ética e Conduta no Trabalho

Cada momento tem sua Sistematizando Conhecimentos


importância específica. Com os conteúdos apresentados e discutidos, é
A hora de encerrar hora de propiciar ao grupo um momento de reflexão,
é uma oportunidade para que os estudantes possam realizar uma síntese de
única para reforçar tudo que viram e agregar novas informações. É nesse
instante que teoria e prática se alinham. Aproveite
a autoestima do
para esclarecer dúvidas e aprofundar aspectos de maior interesse para
estudante e incentivá-
o perfil dos estudantes. Duas atividades básicas são desenvolvidas nesta
lo a continuar o
etapa: organização dos conceitos e registro do conhecimento.
maravilhoso percurso
de descobertas de
novos conhecimentos.
Organizando! Registrando!
É gratificante ver o
brilho no olhar de As atividades são Esse momento
desenvolvidas é utilizado
cada um, o aperto
para ajudar o para que
de mão, o desejo de estudante a apropriar- o estudante
progredir. Vale cada se do conhecimento aproprie-se dos
abordado. São conhecimentos
segundo desses 15
utilizadas várias construídos durante
minutos finais. estratégias para a oficina. O registro
Zanina Geórgia, 47, instrutora que ele verbalize pode ser realizado
o que apreendeu empregando-se
e alinhe sua visão inúmeras abordagens:
com a do grupo. Ao de forma individual
final, o estudante ou em grupo, com
terá criado um mapa relato escrito,
mental que sintetiza oral, representação
o que foi visto. gráfica e outras.

Avaliando o Conhecimento
Aproximando-se do final da oficina, você terá a
oportunidade de propiciar que o próprio estudante
reflita sobre o impacto que o tema desenvolvido terá
em sua vida. É um momento gratificante, tanto para
você, Instrutor, quanto para o estudante e o grupo, pois ele representa
a valorização do tempo despendido na oficina. Realize o fechamento
das atividades e, na primeira oficina, lance as sementes para o próximo
encontro. Na segunda oficina, que finaliza o curso, distribua para os
estudantes as fichas que sintetizam o tema e enfatize a importância de
mais aprofundamento no assunto abordado, bem como a necessidade de
levarem para a prática diária tudo que viram durante as quatro horas
vivenciadas coletivamente.

Esses quatro momentos só se sustentam com a sua ativa participação


e mediação. Como otimizar seu desempenho é o que você verá a seguir.

14
2. O Papel do Instrutor
O papel do
Instrutor
Com todo esse material disponibilizado para o estudante, com a mediador é o
valorização da vivência prática, onde fica, afinal, o seu papel de Instrutor? de estimular
o aprendizado,
Pois bem, fica no ponto central do processo de aprendizagem! É verdade problematizando
que cada ser humano tem a capacidade de aprender, mas cada um aprende as colocações dos
estudantes e instigando-
de uma forma diferente, conforme seu histórico de vida, suas experiências, os a construírem seu
seu ambiente, seus interesses e habilidades, dentre outros fatores. Cabe próprio conhecimento.

a você, Instrutor, expandir esses horizontes, propiciando que o estudante


ultrapasse as fronteiras de seu ambiente social e familiar. Além disso, você
precisará contextualizar os conteúdos conforme o perfil da turma e o local
onde ocorre o curso. Lembre-se, também, que este curso tem o objetivo
É impossível,
de mobilizar os estudantes para a importância do desenvolvimento das em quatro
seguintes competências: horas, dar
conta de
todos os
• Ressignificar conhecimentos. desdobramentos
para um
• Apropriar-se de novos conhecimentos. determinado conteúdo.
• Compreender fenômenos. Você, Instrutor, com
sua sensibilidade, deve
• Enfrentar situações-problemas. perceber os assuntos mais
• Ser ético. próximos da realidade
dos estudantes, para
• Trabalhar em equipe. aprofundá-los.

Só você poderá adaptar os exemplos dados, enriquecer e ampliar as


vivências levando em conta tais competências. Esse é o seu papel como
mediador. Mas atenção, também, para contextualizar cada curso de acordo As oficinas foram
com a realidade do trabalho do estudante. Antes de preparar suas aulas, muito interessantes.
conheça de que empresas são esses estudantes, pesquise sobre a empresa Meu conhecimento,
e área de trabalho deles. Assim, terá mais facilidade para trazer exemplos minha experiência,
do dia a dia dos estudantes e aproximar a teoria da prática. meu trabalho
foram valorizados.
Os exemplos apresentados pelos estudantes, entretanto, devem ser Aprendi muito… E
sobre fatos, e não sobre pessoas ou a empresa. Tenha muita atenção sobre
ensinei também!
isso para evitar situações delicadas ou constrangedoras. Lembre-se: a
Jorge K. Lynch, 26,
sua mediação é fundamental para que os estudantes não se afastem do trabalhador
objetivo principal de cada curso.

Ao mesmo tempo em que o estudante cresce, você também é instigado


a desbravar novos territórios. Você assume um papel crítico, observa o
estudante, suas expectativas e necessidades, sua forma de viver e aprender
e, com isso, vai adequando as ferramentas disponibilizadas neste curso
para melhor instrumentalizá-lo. O material didático que você utiliza é
importante, mas nada substitui o seu papel mediador. O material didático
é apenas uma ferramenta de apoio pedagógico. Utilize-o com criatividade
e flexibilidade.

É assim que os estudantes se transformam em protagonistas de ações


transformadoras em seu ambiente de trabalho, em suas vidas e na vida
de suas comunidades.

15
Ética e Conduta no Trabalho

3. Materiais Didáticos

Os materiais didáticos desenvolvidos para as oficinas da Série Formação


Pessoal e Profissional têm o objetivo de contribuir com o processo
de ensino e aprendizagem. As oficinas contam com quatro materiais
principais: o Caderno do Instrutor, que você está lendo; a apresentação
em PowerPoint; o Jogo; e a Ficha do Estudante. Cada um possui suas
próprias características e especificidades.

Caderno do Instrutor
O Caderno do Instrutor possui duas partes. A primeira parte apresenta a
abordagem teórico-metodológica, o conceito de oficinas e como desenvolvê-
las com sucesso. Você também entra em contato com a estrutura dos
materiais que vai utilizar e com os ícones que facilitarão o seu trabalho.
A segunda parte traz detalhadamente cada oficina, seus objetivos, os
conteúdos a serem abordados, as dinâmicas e atividades recomendadas,
além de várias sugestões para facilitar a sua vida. Também apresenta
o Plano de Aula e os Anexos para que você localize rapidamente o que
deseja ou precisa fazer.

Objetivos

Recurso pedagógico

Tempo de duração

Material

Conteúdos

Pontos de destaques

16
Apresentação em PowerPoint
A apresentação em PowerPoint sintetiza, em tópicos, os conteúdos que
você verá neste Caderno. Mas os slides são bem mais do que um mero
resumo. Eles orientam atividades, apresentam desafios, frases motivadoras,
exemplos. No campo para anotações, você encontrará dicas para explorar
cada slide, aprofundar e ampliar o tema abordado, evitando, assim, a
simples leitura das telas. No final do Caderno, você encontrará impressa
a reprodução dos slides do PowerPoint e as respectivas observações para
cada tela.

O PowerPoint, como o próprio


nome o diz, pode ser power,
poderoso mesmo. Mas pode ser
poderoso para o bem ou para o
mal... Longos textos, leitura na
penumbra e pode apostar: os
estudantes vão dormir! Eu nunca
fico de costas para o grupo –
fico de costas para os slides. Na
minha frente, deixo abertos os
slides impressos, para não me
perder. E utilizo esse material
como bússola para percorrer
os caminhos do aprendizado.
Joyce A. Thag, 27, instrutora

17
Ética e Conduta no Trabalho

Jogo
Para dinamizar o trabalho pedagógico, foi criado um divertido jogo,
que envolve os participantes e propicia ao estudante refletir sobre os
conteúdos abordados, organizar e elaborar o conhecimento, bem como
colocar em prática as habilidades desenvolvidas. A função do jogo como
estratégia pedagógica permite envolver e mobilizar os estudantes, que
assim se apropriam do saber em um novo espaço.
A premiação do jogo ficará a critério do SESI local. Instrutor, converse
com seu superior imediato para defini-la.

18
Ficha
Ao final do curso, na segunda oficina, os estudantes receberão uma
ficha contendo mensagens, frases motivadoras, tópicos importantes. A
ficha faz uma costura dos elementos desenvolvidos nas quatro horas dos
dois encontros. Enfatize a importância desse material, que possibilita
ao estudante multiplicar e compartilhar seu conhecimento com outras
pessoas do seu convívio familiar, social e profissional.
Todos esses recursos são ilustrados por ícones que facilitam a sua
navegação e a sua trajetória entre as diferentes etapas.

19
Ética e Conduta no Trabalho

4. Ícones

Os ícones permitem que você localize rapidamente o que deseja


no caderno e no PowerPoint. Também reforçam a mensagem que se
deseja transmitir, de forma sintética, e organizam o material de maneira
coordenada e bem estruturada.

Pare e Pense!
Objetivo
Atividade a ser
Apresenta os objetivos que
desenvolvida pelo
devem ser alcançados ao
Instrutor e pelos
término daquele momento.
estudantes.

Recurso pedagógico
Tome nota
Apresenta o recurso
Informações
pedagógico indicado
importantes, que devem
para desenvolver aquele
ser valorizadas.
conteúdo ou momento.

Você sabia?
Tempo de duração
Curiosidades
Fornece o parâmetro do
relacionadas ao
tempo disponibilizado
conteúdo que está
para aquela atividade.
sendo visto.

Materiais
Conceito
Materiais necessários
Sintetiza um conceito
para desenvolver as
abordado.
atividades descritas.

Na prática
Fornece exemplos, dicas e Check list
recomendações de como os Resumo dos principais
conteúdos teóricos podem itens vistos na oficina.
ser aplicados no dia a dia.

20
Além desses ícones, os quatro momentos das oficinas também possuem
um símbolo indicador:

Acolhendo/
Alinhando

Construindo
Conhecimentos

Sistematizando
Conhecimentos

Organizando! Registrando!

Avaliando o
Conhecimento

E agora, vamos ao curso! Boa jornada.

21
Ética e Conduta no Trabalho

Parte II

22
Teoria e Prática

Os direitos do homem, por mais fundamentais


que sejam, são direitos históricos, ou seja,
nascidos em certas circunstâncias (…).
(BOBBIO, 1992, p. 5)

23
Ética e Conduta no Trabalho

1. Introdução
Paradigma é A ética – ou a falta de ética – é um tema presente no cotidiano de
um modelo qualquer trabalhador. Abre-se o jornal e lá estão as manchetes, falando
aceito e
adotado sobre a ética na política, na sociedade, na família. Às vezes, a palavra
como visão de não está explícita, mas se esconde sob o manto das críticas que apontam
mundo.
para o crescimento da corrupção, do assédio moral, dos crimes, da falta
de respeito ao outro e à natureza. Perceber e apontar a falta de ética
no outro é fácil. O desafio é trazer o conceito para a ação individual,
O nome “Lei
de Gérson” permanente, no ambiente de trabalho. A questão, complexa, envolve romper
popularizou- paradigmas como a famosa “Lei de Gérson”. Envolve um repensar sobre a
se para
representar própria vida e as posturas adotadas no trabalho, muitas vezes de maneira
a atitude de inconsciente e rotineira, incluindo aspectos como compreensão, tolerância,
tirar vantagem em
tudo, baseada em uma empenho, entusiasmo, firmeza, gratidão, honestidade, seriedade, sigilo,
campanha publicitária da solidariedade, flexibilidade, zelo e necessidade de consenso.
década de 1970 com o
jogador de futebol Gérson. A ética é um assunto vasto, que não pode ser esgotado em quatro
horas. Mas, durante as oficinas, você contribuirá para que os estudantes
enriqueçam seu repertório sobre o assunto, aprendendo de que forma a
O curso aborda vários prática da ética perpassa cada momento da vida e é fundamental para
assuntos relacionados construir uma sociedade mais justa e um ambiente de trabalho digno,
que propicie o crescimento profissional.
com ética: a diferença
Esses são os aspectos que você precisa considerar ao abordar os
entre ética e moral; o
conteúdos tratados no curso Ética e Conduta no Trabalho.
conceito de público e
privado; as matrizes 2. Objetivo
para a fama e o Seu principal objetivo é auxiliar o estudante a compreender que as
sucesso e como isso atitudes éticas são esperadas de todos os trabalhadores. Além disso, o
se relaciona com a trabalhador deverá perceber a importância da ética como um fator crítico
prática profissional. para o sucesso pessoal, profissional e organizacional.
Ao dominar esses
aspectos, é possível 3. Conteúdo Programático
contribuir para O conteúdo programático está dividido em duas oficinas:

o crescimento
pessoal, da empresa Oficina 1 Oficina 2
e da sociedade.
Jaylson Dupprat, 43, instrutor
O Que é Ética A Ética na Prática

• A distinção entre ética e • A ética no trabalho:


moral. reciprocidade, deveres,
atitudes éticas, falta de
• Valores, juízo de valor e
ética.
consciência moral.
• As considerações éticas hoje:
• Valores universais e ética.
diálogo e tolerância.
• O código de conduta ética
nas empresas.
• Ética e cidadania.

24
4. Oficina 1: O Que é Ética

25
Ética e Conduta no Trabalho

A primeira oficina é fundamental para criar


um clima propício ao desenvolvimento de cada
estudante, um campo para que as experiências
individuais se somem possibilitando a
construção de um saber mais amplo. Cada um
dos quatro momentos desta oficina possui seus
próprios objetivos, recursos e conteúdos. É o
que você verá a seguir, no Plano de Aula.

26
4.1 Plano de Aula
O Plano de Aula está dividido nos quatro momentos que estruturam as
oficinas. Para cada momento há uma indicação de objetivos, do recurso
pedagógico a ser utilizado, do tempo previsto para sua realização e do
conteúdo que você pode explorar com os estudantes.

Acolhendo / Alinhando

• Criar um clima favorável para o desenvolvimento das


atividades.
• Introduzir os vários elementos envolvidos nas tomadas
de decisão, incluindo as questões éticas.
• Propiciar uma reflexão sobre o que significa ética e
moral.

Dinâmica de grupo – “Abrigo Subterrâneo”

20 minutos

Cópias do texto “Abrigo Subterrâneo” (1 para cada


estudante e cópias extras para o trabalho em grupo), caneta
esferográfica (1 para cada estudante). O texto encontra-
se nos Anexos, para reprodução.

Desenvolvimento
1. Após dar as boas-vindas aos estudantes, siga o roteiro descrito a
seguir, utilizando suas próprias palavras e linguagem.

“Muito se ouve falar de ética, de moral. Parece fácil falar. O difícil


é colocar em prática! Uma coisa é a ética quando se pensa nos
outros. Outra, bem diferente, é a ética aplicada na própria vida!
Esta primeira atividade, muito interessante, vai permitir um melhor
entendimento sobre como as tomadas de decisão são baseadas
em diferentes necessidades, conceitos e pontos de vista. Também
permitirá que cada um conheça o colega um pouco mais. Eu vou
distribuir um texto, que leremos em conjunto. Depois, cada um
tomará suas decisões, baseadas nele.”

2. Distribua as cópias do texto e uma caneta para cada estudante e


prossiga, lendo o texto de forma dramática.

27
Ética e Conduta no Trabalho

Abrigo Subterrâneo3
“Atenção todos os moradores, estudantes e trabalhadores! Alerta total!
Acaba de ocorrer um vazamento na usina atômica que fornece energia para
a cidade. A nuvem tóxica alcançará, em poucas horas, todos os bairros.
Felizmente, existe um abrigo subterrâneo que pode salvar algumas vidas.
Foram sorteadas 12 pessoas, mas no abrigo só cabem sete. Você, com sua
capacidade de julgamento, inteligência e bom senso, pode escolher as seis
pessoas que vão acompanhá-lo. A relação dos sorteados está abaixo. Escolha
seis. Você só pode selecionar entre os que estão nessa relação.”
 Um violinista, com 40 anos de idade, viciado em drogas pesadas.
 Um advogado com 25 anos de idade.
 A mulher do advogado, com 24 anos de idade, que acaba de sair do
manicômio. Ambos preferem ficar juntos, no abrigo ou fora dele.
 Um sacerdote com 75 anos de idade.
 Uma prostituta com 34 anos de idade.
 Um ateu, com 20 anos de idade, autor de vários assassinatos.
 Uma universitária que fez voto de castidade.
 Um físico, com 28 anos de idade, que só aceita entrar no abrigo se puder
levar consigo sua arma.
 Um declamador fanático com 21 anos de idade.
 Uma menina de 12 anos de idade com baixo QI.
 Um homossexual com 47 anos de idade.
 Uma mulher que sofre de epilepsia.

3. Reforce que devem ser escolhidas rapidamente seis pessoas dessa


lista, pois a nuvem tóxica está se aproximando. Dê cinco minutos para
que os estudantes tomem suas decisões.
4. Após os cinco minutos, peça que os estudantes se organizem em grupos
de cinco ou seis pessoas. Distribua cópias extras da história e solicite que,
em consenso, selecionem novamente seis pessoas da lista para ficarem
Essa dinâmica no abrigo. Relembre que os escolhidos devem ser da lista.
provoca debates 5. Os estudantes terão dez minutos para a realização dessa nova tarefa.
acalorados, pois Percorra os grupos, incentivando os debates e a participação de todos,
insere no contexto questionando escolhas e motivando-os a pensar nos critérios que adotam
da oficina temas para tomar suas decisões.
presentes no dia a
Plenário: Após o consenso, chame cada grupo para expor suas escolhas
dia, mas raramente
e explicar como chegou a elas. Incentive o debate e explore as diferenças
explicitados. São
de escolhas entre os grupos.
preconceitos, a
convivência com as Comentário: Ressalte alguns pontos que serão abordados nesta oficina,
diferenças, a inclusão em especial aqueles relacionados com a diferença entre tomar uma
social, os valores e a decisão sozinho e tomar uma decisão em grupo. Enfatize alguns aspectos
ética que permeiam o da atividade, tais como a tomada de decisões pensando no curto prazo
mundo contemporâneo (o convívio em um ambiente fechado) e, também, de decisões visando
e que, aqui, vêm ao longo prazo (a sobrevivência da espécie). Faça a conexão entre esses
à tona. Mostrar dois aspectos e o ambiente de trabalho: pensar no aqui e agora, mas ter
como tudo isso faz em vista os resultados mais duradouros em função do bem coletivo.
parte da construção Auxilie os estudantes a construírem o conceito de que as decisões
imediatas afetam as decisões de longo prazo. Explique que as estratégias
ética permite
empregadas para tomar tais decisões serão vistas a seguir, pois são decisões
mobilizar mudanças
que envolvem a ética.
comportamentais.
Liza M. Hint, 27, instrutora 3 Adaptado de Militão e Militão (2006, p. 43).

28
Construindo Conhecimentos

Propiciar que os estudantes ampliem seus conhecimentos


e apropriem-se do saber relacionado com:
• A distinção entre ética e moral.
• Valores, juízo de valor e consciência moral.
• Valores universais e ética.

Exposição dialogada

40 minutos

PowerPoint Observe que o


conteúdo aqui
apresentado
oferece
subsídios para
Conteúdo estabelecer
um diálogo com
os estudantes. Leia
A distinção entre ética e moral atentamente o texto e
aprofunde-se no assunto
Com certeza, você ouve frequentemente estas duas palavras: ética e antes de conduzir a
moral. Elas estão presentes no dia a dia e são utilizadas como referência oficina.
quando alguém deseja comentar se uma ação ou um ponto de vista é
correto – ou não! Mas o que é mesmo ética? O que é moral? São sinônimos?
Pare um pouco e pense: quais situações você considera morais e quais Liste duas ou
três situações
considera imorais? E por quê?
que você
_______________________________________________________________ considera
imorais e duas
_______________________________________________________________
ou três que
_______________________________________________________________ considera morais.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

29
Ética e Conduta no Trabalho

Muitas situações são consideradas imorais porque são desonestas, ferem


a lei ou as crenças das pessoas – sejam aquelas provindas da religião ou
aquelas que se formaram na infância. Só que a lei muda, a religião muda,
as pessoas mudam. Então, quer dizer que a moral também muda?
Pense nas situações a seguir.

Trabalho escravo

Tortura

Nudez

Hoje, ninguém aceita o trabalho escravo, pois ele é considerado imoral.


E quanto à perseguição religiosa a quem pensa de forma diferente? Quantos
queimaram nas fogueiras por afirmarem que a Terra seria redonda? A forma
de se vestir reflete uma moralidade cultural e social. Mas isso é falta de
ética? É aqui que os conceitos começam a se diferenciar e apresentam
O conceito
de moral é
um forte impacto nas esferas profissional e pessoal.
considerado Pensar de forma diferente não significa, necessariamente, ser imoral ou
um conceito
elástico.
não ter ética. No entanto, existem preceitos que são aceitos pelo grupo
e que se transformam em consenso, facilitando a vida em sociedade.
Alguns se transformam em lei, outros não. Também é necessário levar em

30
conta o contexto, aquilo a que se costuma chamar atenuantes. Agir com
moralidade significa agir conforme os preceitos esperados pelo grupo social
no qual se está inserido. Outro detalhe significativo é que, na prática,
existe uma graduação com diferentes níveis de aceitação entre o que é
considerado uma afronta menor ou maior à moral vigente.
Não matar é considerado um preceito universal na sociedade
contemporânea, então quem mata, fere a moral vigente. Esse preceito
é tão aceito que seu não cumprimento se transformou em crime. Quem
mata será punido e preso. Será?
Agora, imagine o soldado que vai à guerra cumprindo seu dever. Matar
ou não matar? Como se percebe, aqui a situação é outra: nesse caso,
matar deixou de ser considerado imoral. É um ato em defesa da Pátria A moral é um
e deixa de ser julgado criminoso. Não viola nenhuma lei, ao contrário: a conjunto de
normas que
está cumprindo. são aceitas e
Perceba, portanto, que para a mesma norma – não matar – existem seguidas por
um determinado
diferentes abordagens morais. E isso é importante para o trabalho? É sim, grupo de pessoas.
pois a boa convivência com os colegas, e até mesmo as possibilidades de
progressão na carreira, dependem de você reconhecer quais são as regras
morais vigentes naquele ambiente, adaptando-se a elas.
Mas onde entra a ética? A ética entra como o conjunto de reflexões que
procura fundamentar a prática da moral. Veja o exemplo das profissões.
Muitas profissões, você sabe, possuem um Código de Ética, como é o caso O Juramento
da medicina e da advocacia. Se um profissional dessas áreas ferir o seu de Hipócrates,
considerado
Código de Ética, poderá ser expulso e perder o direito de exercer sua o Pai da
profissão. Ao analisar o Código de Ética dos médicos, você pode perceber Medicina,
possui mais de
algumas frases e palavras-chave. 2.400 anos. Até hoje
os médicos fazem esse
juramento, modernizado,
O Juramento de Hipócrates comprometendo-
se a utilizar seus
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e conhecimentos para o
entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. bem dos pacientes.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-
me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo
longe dos prazeres do amor com as mulheres ou com os homens livres
ou escravizados.
Aquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio
da sociedade eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar,
eu conservarei inteiramente secreto.

Perceba que três pontos se destacam no juramento: fazer o bem, não


E na sua
usar o poder para seduzir e manter o sigilo profissional. A ética aparece, profissão, esses
três pontos são
portanto, como um sistema que realiza uma reflexão sobre aquilo que é
valorizados?
correto e o que é incorreto, de forma mais universal e atemporal. Basta
ver que o Juramento de Hipócrates atravessou os milênios! Essa busca
do que é verdadeiro, aquilo que justifica e orienta as decisões morais,
faz parte da ética.
Ética é uma
Assim, ética, moral e direito são conceitos que se aproximam, mas não abordagem
se confundem, cada um respondendo a uma pergunta específica, mesmo filosófica e
crítica sobre as
que, na prática, sejam utilizados como sinônimos. decisões morais.

31
Ética e Conduta no Trabalho

Por que isso é O que o grupo


bom? considera bom?

ÉTICA MORAL

DIREITO

O que o Estado
considera correto?

Pare e Pense!
Analise as situações a seguir e decida se são éticas ou não, morais ou
imorais, se ferem o direito ou não.

SIM NÃO

Ética

Moral

É noite. As ruas estão vazias. Você olha, verifica


que não vem nenhum carro e acelera, não parando Legal
no farol vermelho, pois teme ser assaltado.
Esta situação é…

Tais decisões sobre ética, moralidade e legalidade são tomadas a


toda hora, continuamente. São tomadas porque você atribui um valor às
diferentes formas de ser e agir. Você pode aceitar que um colega grite
com você durante um jogo de futebol, mas provavelmente não admitirá
que ele aja assim no ambiente de trabalho. O grito, no jogo de futebol,
pode ser aceito como incentivo para uma melhor atuação: é justificado
pela ética, aceito pela moral vigente e não infringe nenhuma legislação.
Já no trabalho... A ética aponta melhores mecanismos para as relações no
ambiente profissional, a moral vigente não aceita mais que o diálogo seja
substituido pelos gritos e, pela legislação, isso pode até ser considerado
assédio moral, passível de pena.
é ética, pois a ação é justificada por um benefício maior.
R: Não é legal: infringe a lei; é moral: não coloca ninguém em risco e é aceita pela sociedade;

32
Veja outro exemplo em que você pode perceber a interferência dos
valores na forma como ocorrem as reações e os julgamentos, os quais,
por sua vez, vão interferir nos conceitos de moralidade: você pode aceitar
que seu filho quebre, sem querer, um objeto em casa, mas provavelmente
não aceitará que ele jogue uma pedra na janela e estilhace o vidro
propositadamente. O ato de aceitar ou não é derivado de um julgamento,
julgamento que você faz e que os outros também fazem em relação a
você, mesmo que de forma implícita.

Valores, juízo de valor e consciência moral


Como você pôde perceber, no centro desse sistema de ética, moral
e leis, está você, como cidadão livre, consciente, que pode tomar suas
próprias decisões. No entanto, lembre-se: você está no centro, mas
conectado com outras pessoas. É esse conjunto que faz a sociedade, que
faz a família, que faz o trabalho e a empresa onde você se insere. Assim,
embora livre para tomar suas próprias decisões, você sabe que arcará com
as consequências dos seus atos. Pense novamente no exemplo do carro.
Ao decidir infringir a lei, você tomou uma decisão, pesando os prós e os
contras e, consciente do risco de receber uma multa, optou pela ação que
considerou de maior valor ou com menos danos. A consciência revela-se É nesse sentido
como um fator decisivo, nesse caso. Ela é o fiel da balança, que analisa os que se diz que
o ser humano
fatos, faz previsões e mede as consequências, sempre em função daquilo com educação
que você sabe, que você já viveu ou aprendeu. é um ser mais
consciente e,
Todos os dias, ao acordar, você já começa a tomar decisões: levantar portanto, mais
da cama ou não. Escovar os dentes ou não. Ir trabalhar ou não. Empenhar- livre. É uma pessoa em
exercício da sua cidadania.
se ao máximo no trabalho ou não. Procurar relacionar-se melhor com os
colegas ou não. As pessoas podem pensar, intuitivamente, que são obrigadas
a tomar tais atitudes: levantar, escovar os dentes, trabalhar. Não são. O
que o cérebro faz, em um milionésimo de segundos, mais rápido do que
qualquer computador, é tomar uma decisão: – “Se eu não levantar agora,
vou me atrasar para o trabalho. Se eu me atrasar, vou prejudicar minha
equipe e a produção. Se eu não alcançar as metas, a longo prazo posso
perder o emprego. Se eu perder o emprego…” Bem, o resto do raciocínio
você mesmo pode imaginar! Esse pensamento complexo, que na leitura
demorou alguns minutos, é feito automaticamente, porque foi estabelecida
pela sociedade uma série de normas e regras que você segue ao pular da
cama e sair para trabalhar!

33
Ética e Conduta no Trabalho

Reflita sobre
o significado
de cada um
destes ditados
populares
e como se
relacionam com
ética, moral e direito.

Deus ajuda quem cedo madruga.

Aqui se faz, aqui se paga.

A ocasião faz o ladrão.

No caso de “Deus ajuda quem cedo madruga”, o ditado aponta para


uma regra moral vigente na sociedade: é preciso trabalhar muito para
obter o que se deseja. Pela legislação, significa que os bens devem ser
conquistados pelo trabalho (e não roubados, por exemplo). Finalmente,
a ética indica que essa é a conduta justa para o ser humano.
No caso de “Aqui se faz, aqui se paga”, também temos sintetizada a
ideia da moralidade, ou seja, de que cada um é responsável pelos seus
atos. Isso é endossado pela legislação, que pune os infratores. A ética
justifica tais condutas, enfatizando que o ser humano vive em sociedade e,
portanto, relaciona-se com aqueles com quem convive e, assim, necessita
responsabilizar-se perante eles.

34
Finalmente, percebemos que o ditado “A ocasião faz o ladrão” generaliza
a conduta amoral do ser humano dizendo que, quando este se vê frente a
uma tentação, não consegue resistir a ela. Em termos da legislação, isso
significa que o ser humano comete transgressões, tornando-se um ladrão.
A ética justifica tal conduta pelas próprias condições humanas, de quem
necessita da sociedade, de suas regras e de sua vigilância para adotar um
bom comportamento.
Só o fato de conhecer, ou seja, de ter consciência, não assegura que a
pessoa agirá dentro dos padrões morais. Para isso, ela necessita ter consciência
moral: conhecer as normas morais do seu grupo, do seu ambiente e, acima
de tudo, ter valores pessoais alinhados com os valores que constituem essa
moral. Caso contrário, haverá uma ruptura entre aquilo que é esperado
como conduta por parte daquela pessoa e sua forma de agir.

Blog do Antônio

Segunda-feira, 18 de outubro de 2010 Quem sou eu

Que mundo esse em que vivemos! Que mundo! Pois não é, minha gente, que hoje Antônio
abro o jornal e vejo lá, em letras garrafais, a notícia do dia: Desvendado mistério
do assalto ao banco.
Lembram? Aquele caso que ficou famoso, o sumiço do dinheiro do cofre forte,
ninguém conseguia descobrir como os ladrões tinham feito o serviço no final de
semana, sem deixar vestígios. Quer dizer, quase sem deixar vestígios, pois como
o delegado bem falou, sempre fica alguma pista. E não é que tinha ficado mesmo?
Pois agora pegaram os meliantes. Chama o ladrão! Pois o trabalho tinha sido armado
pelo próprio vigia do banco. Ai, ai, ai. Em quem vamos confiar? Está tudo perdido
mesmo, não tem mais moral, não tem mais consciência. Parece que ninguém mais
sabe o que é certo ou o que é errado. É cada um por si e o pior: parece que vale
tudo por dinheiro. Vale mesmo? Podem me chamar “das antigas”, mas ainda acredito
no “fio de bigode”. Minha palavra é uma só e o que eu prometo, eu cumpro. Se
eu não der o exemplo lá em casa e lá no trabalho, quem vai dar? E vou contar um
segredo: muita gente acha que sou um bobalhão, mas pode ter certeza que, à
noite, coloco cabeça no travesseiro e durmo de consciência tranquila. Fui!

Tags: assalto, ladrão, consciência

Antônio, no seu blog, toca em vários assuntos fundamentais, os quais


Tags são as
você está vendo aqui. Entre eles, a importância da consciência e do palavras-chave
próprio julgamento, dos valores pessoais, mesmo que sujeitos a críticas. que indicam o
assunto tratado
A partir da consciência e simultaneamente com ela, o ser humano agrega no blog (página
seu julgamento, embasado em valores pessoais e sociais. na Internet de
uma pessoa ou
empresa).

Consciência é
a capacidade
da mente de
se apropriar
da realidade
e perceber as
coisas, refletindo
sobre elas.

35
Ética e Conduta no Trabalho

Pare e Pense!
Quais são os seus valores pessoais? O que você mais valoriza? Existe
alguma coisa pela qual você daria a sua vida?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Perceba que os valores são pessoais, mas, ao mesmo tempo, existem


valores que são compartilhados pelos grupos. A tabela a seguir lista alguns
valores que circulam na sociedade de hoje. Dê uma nota para cada um
deles, de zero a dez, conforme você julgue tais valores menos ou mais
importantes.

VALOR NOTA

Honestidade
Fidelidade
Sucesso
Solidariedade
Faça essa
atividade com Igualdade
os estudantes!
Respeito
Riqueza
Autenticidade
Tolerância
Justiça

O valor é a importância que você dá a algo. Muitos conflitos surgem


porque os valores atribuídos por uma pessoa são diferentes daqueles
atribuídos por outra. Uma pessoa, por exemplo, pode dar muito valor
a datas especiais – aniversários, festividades religiosas, etc. Assim, se a
família ou os amigos esquecerem tais datas, ela se sentirá ofendida. Mas,
eventualmente, para um amigo dela, a espontaneidade de um abraço ou
Os casos
considerados
de uma lembrança fora de uma data institucional pode ter mais valor!
“na fronteira”, Está criado o conflito.
quando os
valores não são
No trabalho, é muito usual se perceber a insatisfação de uma equipe
bem definidos, quando os valores atribuídos a diferentes tarefas não são compartilhados
são aqueles que
provocam mais discussões
por todos. A sensação individual, nesses casos, é de que uma pessoa está
e conflitos, desagregando contribuindo mais ou trabalhando mais do que outras. Só que todos pensam
as equipes de trabalho.
exatamente da mesma forma!

36
Junto com o valor, vem o juízo: ao tomar consciência do valor de
determinadas ações, você, levando em conta sua moral, sua história e
seu conhecimento, faz um julgamento sobre aquela ação, sobre aquele
fato. Parece confuso? É um pouco, porque sempre que você lida com
esses assuntos de ética, moral, valor e comportamento existem tantas
variáveis que fica difícil esgotar o assunto. Além disso, como os conceitos
são elásticos, talvez você discorde de algumas colocações. Parabéns!
Você está exercendo sua consciência, seu julgamento, sua capacidade
de decidir o que é bom e o que é ruim.

Quebrar um copo é um fato. Você pode


julgar esse fato desagradável.

Quebrar um copo que carrega as


lembranças da família tem outro peso.
Você faz um julgamento de valor.

Nesse caso, o julgamento que você fez foi baseado em um valor pessoal.
No entanto, os valores pessoais fazem parte de um conjunto maior: os
valores universais.

Valores universais e ética


À medida que as sociedades foram-se estruturando e tornando-se mais
sofisticadas, os códigos de conduta também se tornaram complexos. As
empresas também desenvolvem seus códigos, seus valores. Esse assunto
será aprofundado na segunda oficina. Um código abrangente cobre os
aspectos considerados mais universais. É o caso, por exemplo, dos Dez
Mandamentos, que incluem, entre outras leis: “Não matarás”; “Não
roubarás”; “Não levantarás falso testemunho”.

37
Ética e Conduta no Trabalho

Essas são leis absolutas. Mas como serão tratadas as exceções, as


O Código de ocorrências diárias?
Hamurabi foi O Código de Hamurabi, por sua vez, é mais extenso: possui 282 leis,
encontrado,
em 1901, onde dentre as quais a famosa Lei de Talião: “olho por olho, dente por dente”.
hoje é o Irã. Na tentativa de cobrir toda e qualquer possível eventualidade que a
Possui 282 leis
escritas em pedra e sociedade constituída não aceita, cresce o número de leis.
deve ter sido elaborado Paralelamente, no entanto, as pessoas continuam em busca de valores e
(em escrita cuneiforme)
durante o reinado de referências universais que orientem suas ações e até mesmo a promulgação
Hamurabi (daí o seu das leis. Alguns conceitos tornaram-se referências universais: praticar
nome), aproximadamente
em 1.700 a.C. o bem, evitar o mal, respeitar a liberdade. Embora universais, não são
absolutos: o que é considerado “bem” em um local e época não o é em
outro local e época. E não precisa recuar muito no tempo!
A Constituição No início da Revolução Industrial, o trabalho infantojuvenil não era
Brasileira condenado. Aliás, o próprio conceito de adolescência não existia. Essa fase
possui 250
artigos. A da vida é uma “invenção” moderna. O termo “adolescente” surgiu no início
constituição do século XX. Após isso, deriva-se um série de questões morais: a partir de
americana possui
34 artigos. qual idade uma pessoa deve ser considerada responsável pelos seus atos?
Todo valor universal, no entanto, é sempre um valor construído pelo
ser humano. Ele não é inato, biológico: é cultural. Aparentemente, “não
roubar” é um valor universal. Ele é universal enquanto está associado à
Algumas ideia de propriedade privada. Nas sociedades em que não existe o conceito
questões para
refletir: Um
de propriedade privada, roubar assume outras características. É o que
adolescente ocorria com as tribos indígenas não aculturadas: para elas, colher alimentos
que comete um
crime grave deve
das plantações realizadas pelos colonos não representava roubo: estavam
ser julgado como apenas pegando o que ali se encontrava em abundância.
adulto? Qual é a idade
mínima para se casar sem
Um valor universal estabelecido na atualidade é a necessidade de
autorização dos pais? E negociar, conversar, dialogar. Usar a capacidade de convencer no lugar
para começar a trabalhar?
E para se aposentar?
da força. A fábula a seguir sintetiza esse valor.

João Vai Trabalhar4


João acordou cedinho, tomou rápido seu café e se pôs a caminho do
trabalho. Antes disso, olhou pela janela para conferir o tempo. Ainda
estava escuro, frio. João pegou seu casaco, abotoou firme e lá se foi.
Enquanto andava, o Sol e o Vento começaram a conversar.
— Eu sou o rei do universo, disse o Sol, todo prosa.
— Que bobagem! Eu, o Vento, é que mando e desmando na Natureza.
Derrubo árvores e casas, e nada detém meu caminho. Todos me temem
e fazem o que eu ordeno!
— Pois, então, façamos uma aposta! Vamos ver quem consegue fazer
aquele homem tirar primeiro o casaco!
O Vento logo se pôs em campo: soprou, uivou, torceu e retorceu
tentando arrancar com sua força o casaco do pobre João. Qual o quê!
Quanto mais soprava, mais João se encolhia e se agarrava ao seu velho
casaco. Então, foi a vez do Sol tentar. Chegou de mansinho, aos poucos
foi surgindo, sorridente e brincalhão. Seus raios esquentavam a alma
e o corpo de João, que respirou fundo, abriu um botão, depois outro
e mais outro… Finalmente, tirou o casaco, jogou-o sobre o ombro e
seguiu assobiando para o trabalho.

4 Fábula de Esopo adaptada poe Ethel Scliar Cabral.

38
E então? Que valor conquista vitórias na sua vida? A força ou a gentileza?
E como os outros o tratam? Com força ou com gentileza? Os fins justificam
os meios? Qual é a importância da competitividade e o significado da
vitória do ponto de vista da ética? Aprender a conviver com o valor dos
outros, mesmo que diferentes, tanto no ambiente de trabalho quanto na
vida pessoal, será assunto para a próxima oficina. Antes disso, é hora de
organizar os conhecimentos que você adquiriu até aqui.

39
Ética e Conduta no Trabalho

Sistematizando Conhecimentos

Este momento divide-se em duas etapas: Organizando! e


Registrando!

Organizando!

Propiciar que os estudantes transponham as informações e


os conteúdos abordados até este momento para a prática,
criando uma conexão com a realidade e expandindo o
saber.

Dinâmica de grupo – “Decálogo”

15 minutos

Folhas de papel A4 e canetas para os estudantes.

Desenvolvimento
1. Divida os estudantes em cinco grupos e distribua as folhas e as
canetas.
2. Explique que, após terem visto o significado de ética, moral e direito,
bem como o processo de realização dos julgamentos de valores, é hora
de criar um Código de Conduta inédito, pois o ambiente de trabalho e da
sociedade, hoje, é muito diferente daquele que existia no passado.
3. Peça, então, que escrevam os Dez Mandamentos no Trabalho em
sete minutos.

Plenário: Após os sete minutos, solicite que cada grupo apresente


seus mandamentos. A cada mandamento apresentado, pergunte se todos
concordam e, em caso positivo, escreva o mandamento na lousa ou no
flipchart. Se surgirem mais de dez mandamentos diferentes, pergunte
qual deve ser retirado da lista para dar lugar ao novo mandamento.

40
Comentário: Incentive os estudantes a justificarem as escolhas feitas.
Aponte os mandamentos que provocam concordância (universais) e aqueles
que suscitam polêmica. Faça a conexão com os conteúdos abordados
durante a oficina, salientando os aspectos que remetem às características
socioculturais, de faixa etária e a outras variáveis.

Pare e Pense!

Propiciar que as informações e os conteúdos abordados até


o momento sejam transpostos para a prática, criando uma
conexão com a realidade e expandindo o saber.

Dinâmica de grupo – “Manchete de Jornal”

15 minutos

Folha de papel pardo e canetas para cada grupo, jornal


recente.

Desenvolvimento
1. Divida os estudantes em grupos e distribua as canetas e o papel
Selecione
pardo. manchetes
2. Leia para eles as manchetes do jornal que você previamente separou que permitam
debater
e levou. questões
3. Peça, então, que cada grupo elabore a primeira página de um jornal, relacionadas com
o conceito de ética:
com suas manchetes, imaginando que vivem em uma cidade onde todos furtos, corrupções, uso de
os habitantes agem com ética. drogas nos esportes, etc.

Plenário: Após sete minutos, chame os grupos para que leiam as


manchetes por eles elaboradas. Incentive a reflexão sobre as diferentes
manchetes, salientando os aspectos relacionados com os conteúdos
abordados na oficina.

Comentário: Você pode comparar as manchetes elaboradas pelos


estudantes com aquelas que você leu em sala de aula. Geralmente, as
manchetes priorizam atitudes que ferem a ética e a moral. Outro detalhe
importante a ser salientado é que os fatos sempre são relatados do ponto
de vista de um determinado juizo de valor, pois o observador isento não
existe. Tais aspectos também estão presentes no ambiente de trabalho e
na conduta seguida pelos trabalhadores.
Esses são, exatamente, os conteúdos abordados nesta primeira oficina.
Parabéns!
É importante, agora, que você registre a sua opinião.

41
Ética e Conduta no Trabalho

Registrando!

Reforçar os principais pontos já abordados.

Dinâmica de grupo - “Associação”

15 minutos

5 folhas de papel pardo ou cartolina, canetas e fita


crepe.

Desenvolvimento
O registro das atividades pode ser realizado tanto com o uso da linguagem
escrita quanto com o uso da linguagem visual. Em todos os casos, ele é
fundamental para propiciar que a memória de longo prazo seja acionada,
permitindo que os conhecimentos adquiridos sejam apropriados com
consistência.
1. Divida a turma em cinco grupos.
2. Dê o seguinte comando, utilizando suas próprias palavras:

“Fizemos uma longa caminhada nesta oficina. E estamos chegando


ao seu final. Para registrar tudo o que vimos, vamos fazer uma
experiência muito interessante. Vocês vão escolher palavras que
representem o principal tema desta oficina: o que é ética. Escrevam
palavras que representem: atitudes éticas no trabalho; atitudes
antiéticas no trabalho; atitudes éticas com os amigos e com a família;
atitudes antiéticas com os amigos e com a família.
Escolham as palavras e façam um cartaz. Lembrem-se: as palavras
precisam representar o que a equipe pensa sobre o assunto. Ao
trabalho! Vocês têm sete minutos para esta tarefa.”

42
3. Distribua o material para os grupos confeccionarem os cartazes.

Faça você também esta


atividade e escreva aqui as
palavras que julgar mais
representativas para as
quatro situações descritas.

Atitudes éticas no trabalho Atitudes antiéticas no trabalho

Atitudes éticas com os amigos e a família Atitudes antiéticas com os amigos e a família

43
Ética e Conduta no Trabalho

Durante os sete minutos da atividade, percorra os grupos, incentivando


a participação de cada um, fazendo comentários de apoio, tais como:
“Que interessante! Muito bom! Por que vocês escolheram esta palavra?”

Plenário: Sinalize quando o tempo estiver se aproximando do final e


continue:

“Agora, cada grupo vai apresentar o resultado de seu trabalho para


todos.”

Chame cada grupo e propicie espaço para um debate sobre as escolhas


de cada um. Incentive as verbalizações, com perguntas e comentários
pontuais, tais como:

Lembre- O que esta palavra sintetiza? Por que vocês a associaram com essa
se de puxar situação? Muito bom! Interessante como, em alguns casos, as escolhas
uma salva de
palmas para
são parecidas e, em outros, totalmente diferentes.”
cada grupo
ao final das
apresentações. As Comentário: Os comentários dependem muito das palavras utilizadas,
palmas são um feedback mas ressalte os pontos verbalizados que identifiquem as associações
que ajuda a criar um clima
estimulante para a troca com:
de experiências. Ações positivas no trabalho: lealdade, amizade, coragem,
criatividade.
Ações negativas no trabalho: preguiça, falsidade, esperteza,
agressividade.

Geralmente, ações positivas são associadas com ética e moralidade no


trabalho, e ações negativas, com falta de ética e de moral. Outro fato
interessante é que fica difícil, no decorrer da dinâmica, diferenciar o que
é específico do ambiente de trabalho e o que é específico do ambiente
pessoal. Aproveite para enfatizar o quanto a moral deve ser um traço de
integridade, único, que deveria se apresentar da mesma forma tanto nos
ambientes públicos quanto nos privados.
Ao finalizar essa etapa, encaminhe o fechamento da oficina. Comente que
o tempo está acabando e que é interessante refletir sobre as transformações
ocorridas nessas duas horas.

44
Avaliando o Conhecimento

Propiciar que os estudantes reflitam sobre o tema e o


impacto dele em suas vidas.

Dinâmica de grupo – “Julgamento”

15 minutos

PowerPoint, cronômetro ou relógios e 1 cópia da imagem


“Nossa Praia”, que se encontra nos Anexos, para cada
estudante.

Desenvolvimento
Essa atividade tem o objetivo de facilitar a concientização, por parte
dos estudantes, de que o julgamento das ações pode ser justificado tanto
para o bem quanto para o mal e que um mesmo cenário permite várias
interpretações.
1. Divida os participantes em trios, sentados ou em pé, um de frente
para o outro. Caso a divisão não seja exata, faça uma ou duas quadras
para fechar os grupos.
2. Cada membro do trio escolhe um número: 1, 2 ou 3 (no caso de
Tome você
quadras, 4).
também sua
3. Dê o seguinte comando, utilizando suas próprias palavras: decisão antes
de ministrar a
oficina.
“Como cada um de vocês pôde perceber, tanto a ética quanto a
moral e o direito se alteram acompanhando as mudanças sociais
e as novas tecnologias. Vocês, agora, vão aplicar na prática tudo
o que foi visto hoje. O número 1 será o advogado de defesa. O
número 2, o advogado de acusação. Os números 3 e 4 serão os
juizes. Depois, vamos fazer outras rodadas. Para cada situação
apresentada, promovam um julgamento e decidam se a atitude foi
correta ou incorreta. Lembrem-se: aqui é um Tribunal de Pequenas
Causas, então as decisões precisam ser rápidas e irrecorríveis. Cada
advogado terá um minuto para defender seu ponto de vista.”

45
Ética e Conduta no Trabalho

Após as instruções, leia o primeiro caso.


Cronometre
um minuto
para cada “Carlos está super atrasado e cheio de tarefas para fazer. O pior: é
etapa e dê final de mês e ele possui várias contas para pagar. No aperto, não
o comando vacila: pede para seu pai, que já passou dos 60 anos, ‘quebrar o
para que cada
advogado assuma galho’ e pagar as contas no banco. Pelo menos, ele não enfrentará
seu papel. as filas imensas, pois tem prioridade de atendimento!”

4. Peça que os advogados de acusação argumentem, condenando a


atitude de Pedro. Depois de um minuto, solicite que os advogados de
defesa apresentem seus argumentos. Finalize, após um minuto, pedindo
que os juízes tomem suas decisões. Passe, então, para a segunda situação.
Lembre que, agora, quem desempenhou o papel de advogado de defesa
será advogado de acusação, e vice-versa.

“O telefone toca e a mulher de Maurício atende. Do outro lado


da linha, quem chama é o Magrão, um amigo que Maurício já não
aguenta mais, pois ele está passando por uma fase difícil e, quando
começa a falar, não para. De longe, Maurício acena para a mulher,
para que diga que ele não está.”

5. Cronometre de novo um minuto para cada advogado defender e


acusar o pedido de Maurício e, findo o tempo, peça que os juízes tomem
suas decisões. Passe, então, para a próxima situação. Agora, quem fez
o papel de juiz assumirá o papel de advogado de acusação; o advogado
de acusação será o advogado de defesa, e o advogado de defesa passará
a ser o juiz. No caso de grupo com dois juízes, cada um representará
um dos advogados e estes, por sua vez, serão os juízes. Relate, então, o
terceiro caso.

“Túlio está muito feliz com sua nova namorada. Alegre, resolve
comemorar a data de aniversário em que os dois se conheceram
com um jantar especial. E mais: decide comprar o CD com aquela
música que a namorada tanto adora. O CD ‘oficial’ era bem carinho,
mas ainda bem que existem as bancas no centro da cidade! Túlio
comprou o CD pirata e fez um cartão bacana. O som é igual, a
embalagem também. Quem vai reparar? ‘Vou fazer bonito!’, pensa
Túlio, e segue feliz para encontrar a namorada.”

6. Repita os comandos que você deu nas situações anteriores.

Plenário: Pergunte a cada grupo que decisão foi tomada para cada uma
das situações: “furar” a fila do banco com ajuda de um idoso; dizer uma
mentira; comprar um produto pirata. Peça que justifiquem as escolhas.

46
Comentário: Explore as diferentes opiniões ou unanimidades, caso
aconteçam. Ressalte a dificuldade de transpor aquilo que teoricamente
é correto para as ações cotidianas. Parabenize todos pela participação.
E parabéns também para você, que acaba de finalizar a primeira oficina!
Nela, você viu conteúdos importantes e descobriu que:

• Ética, moral e direito são três elos de uma corrente que permeia
a sociedade, o ambiente de trabalho e todas as relações.

• A moral varia conforme a época, a região e os grupos


sociais.

• A ética busca detectar valores universais que embasam a moral


existente na sociedade.

• A consciência permite que o homem livre tome suas decisões,


sabedor das consequências de seus atos. Isso vale para a vida
pessoal e profissional.

• A tomada de decisões implica julgamento de fatos e de


valores.

• Os códigos compartilhados por grupos ou pelo Estado facilitam


as relações, criando uma identidade integradora entre os
membros de grupos e de Estados.
Distribua cópias
• A relação entre desenvolvimento, miséria e moralidade não da fotografia
é direta. “Nossa Praia”
para os
estudantes,
pedindo que
eles as tragam no
Para a próxima oficina, imagine por que praias e parques brasileiros próximo encontro com
uma explicação do motivo
se encontram neste estado.
de tal situação ocorrer
na realidade brasileira. O
objetivo é propiciar que
os estudantes continuem
até a próxima oficina
pensando nos assuntos
abordados. Despeça-se,
enfatizando a data do
próximo encontro.

47
Ética e Conduta no Trabalho

4.2 Oficina 1

Check list

CARGA
MOMENTOS RECURSOS DIDÁTICOS MATERIAIS DE APOIO
HORÁRIA

Caderno do Instrutor;
cópias do texto “Abrigo
Dinâmica “Abrigo Subterrâneo” para cada
20min.
Subterrâneo” estudante e mais cópias
Acolhendo / extras para o trabalho
Alinhando em grupo, canetas.

Construindo Conceitos: Caderno do Instrutor;


O Que é Ética apresentação em 40min.
Exposição dialogada PowerPoint.
Construindo
Conhecimentos
Caderno do Instrutor;
Organizando!
papéis A4 e canetas;
Dinâmicas “Decálogo” e 30min.
papel pardo, jornal
“Manchete de Jornal”
recente.

Sistematizando 5 folhas de papel pardo


Registrando!
Conhecimentos ou cartolina, canetas e 15min.
Dinâmica “Associação”
fita crepe.

Caderno do Instrutor;
cronômetro ou relógio;
Avaliando! PowerPoint;
15min.
Dinâmica “Julgamento” cópias da imagem
Avaliando o “Nossa Praia” (uma
Conhecimento para cada estudante).

As escolhas morais processam-se de inúmeras


maneiras – com influências da família, do
matrimônio, da escola, dos meios de comunicação
em massa, etc. – o que acaba por mesclar
princípios e crenças inicialmente inconciliáveis.

(COSTA e DINIZ, 2001, p. 139)

48
5. Oficina 2: A Ética
na Prática

49
Ética e Conduta no Trabalho

Na primeira oficina, você abordou o conhecimento,


aprofundando-se nos conceitos sobre ética, moral
e direito. Na segunda oficina, verá como esses
conceitos apresentam um forte impacto na esfera
profissional, pois cada empresa possui, explícita ou
implicitamente, seu código com os procedimentos
que considera éticos e antiéticos, com os valores
que defende e respeita. É claro que tais regras não
podem ferir a Constituição, pois essa é soberana. Os
quatro momentos desta oficina foram organizados
para que esses conteúdos sejam abordados de forma
dinâmica. Vamos a eles, seguindo o Plano de Aula!

50
5.1 Plano de Aula
O Plano de Aula está dividido nos quatro momentos que estruturam as
oficinas. Para cada momento há uma indicação de objetivos, do recurso
pedagógico a ser utilizado, do tempo previsto para sua realização e do
conteúdo que você pode explorar com os estudantes.

Acolhendo / Alinhando

• Retomar os principais aspectos abordados na oficina


anterior.
• Introduzir os novos conteúdos que serão abordados:
a ética no trabalho, com seus direitos e deveres; a
importância do diálogo e da tolerância e o código de
conduta nas empresas.
• Propiciar uma reflexão sobre a relação entre ética e
cidadania.

Dinâmica de grupo – “A Ética Está no Ar”

15 minutos

1 balão para cada estudante, papéis, canetas.

Desenvolvimento Enfatize que


1. Siga o roteiro descrito a seguir, utilizando suas próprias palavras e a ética é
construída
linguagem, após dar as boas-vindas a todos. pelas decisões
individuais que
se integram no
“Que bom revê-los aqui! Então, pensaram sobre a fotografia das coletivo, no grupo.
nossas praias? Tenho certeza de que vocês estão trazendo várias
explicações sobre esse assunto. Daqui a pouco, vamos falar sobre
isso. Mas para antes, preparei mais uma atividade bem interessante
relacionada ao que veremos nesta segunda oficina. Quero que vocês
escrevam, nestes papéis, uma atitude que consideram ética e que
deve ser adotada no ambiente de trabalho. Depois, coloquem dentro
do balão e o encham, com cuidado, sem estourar.”

2. Distribua os papéis, espere que os estudantes escrevam, coloquem


nos balões e os encham.

51
Ética e Conduta no Trabalho

3. Continue, utilizando suas próprias palavras:


Alguns
estudantes
poderão “Agora, quero que todos fiquem caminhando, em círculo, jogando
dizer que é o balão para o alto, sem deixá-lo cair no chão. Quem eu tocar nas
impossível, costas deve sair do círculo e sentar-se. O balão continua na roda!
outros poderão
buscar saídas, Um colega deve assumir o outro balão. Nenhum balão deve ficar
como amarrar os balões. no chão!”
Seja qual for o caso, o
importante é enfatizar que
a atitude ética está nas 4. Espere os estudantes caminharem um pouco e vá tocando nas costas
mãos do grupo.
de cada um, até que todos estejam sentados. Pode ser que alguns ou todos
os balões estejam no chão. Comente que, para não deixar a ética ir para
o chão, é necessário agir: não se pode ficar parado.

Plenário: Peça que os estudantes comentem a dinâmica. Que dificuldade


sentiram para manter os balões no ar? Que atitudes escreveram em seus
balões? Espere que reflitam sobre a experiência e aprofunde o tema.

Comentário: Na sequência, sintetize os vários comentários, enfatizando


que as atitudes éticas só se mantêm na sociedade e no ambiente de
trabalho quando todos agem em conjunto, de comum acordo. Assim, a
importância individual é fundamental para a criação de tal conjunto de
valores éticos, mas ele só existe na ligação com o outro.

São essas atitudes e esses valores que serão aprofundados na segunda


oficina.

52
Construindo Conhecimentos

Propiciar que os estudantes ampliem seus conhecimentos


e apropriem-se do saber relacionado com:
• A ética no trabalho: reciprocidade, deveres, atitudes
éticas, falta de ética.
• As considerações éticas hoje: diálogo e tolerância.
• O código de conduta ética nas empresas.
• Ética e cidadania.

Exposição dialogada

40 minutos

PowerPoint Observe que o


conteúdo aqui
apresentado
oferece
subsídios para
Conteúdo estabelecer
um diálogo com
os estudantes. Leia
Recapitulando atentamente o texto e
aprofunde-se no assunto
Na oficina anterior, você viu importantes conceitos e pôde colocá-los antes de conduzir a
em prática de forma interativa. Viu como a ética, a moral e o direito oficina.

estão intimamente relacionados. Também exercitou sua capacidade de


realizar julgamentos de valor, analisando situações e desafios. Agora,
você vai aprofundar este aspecto: como aplicar tais conhecimentos na
prática profissional.
A imagem que finalizou a primeira oficina é emblemática: uma praia
poluída pelo lixo, lixo produzido pelo ser humano e que, atualmente,
ameaça os seres vivos do mar e os próprios mananciais que alimentam o
consumo humano de água.

53
Ética e Conduta no Trabalho

Pare e Pense!
Como isso ocorre? Por que ocorre? De quem é a responsabilidade? Como
tal desafio pode ser superado?

Existem muitas possibilidades de respostas para a análise dessa foto.


Dentre elas, destacam-se as seguintes:
• O povo não tem educação mesmo, joga todo o lixo no chão.
• Falta coleta regular do lixo.
Essa separação
entre o que • O governo não investe em saneamento básico: só faz promessas no
eu faço, sinto
período eleitoral e depois não as cumpre.
e penso
e o que as • Faltam lixeiras nas praias.
instituições que
• O problema não é tão sério assim. Depois vem a maré e leva tudo
me representam
realizam é bem visível na embora.
confusão entre o que é
• Esta foto foi manipulada, nunca vi uma praia desse jeito.
público e o que é privado.
As pessoas não urinam • É por isso que não vou à praia: só se pega bicho-do-pé, micoses e
nem cospem no chão de
outras doenças.
suas casas. No entanto,
muitas fazem isso nas vias E qual é a saída para reverter essa situação? É desenvolver uma
públicas. Como é público,
consciência de moralidade social. É comum as pessoas se referirem ao
pensam que não é de
ninguém... Enganam-se: o governo como uma entidade separada e alheia à população. Esquecem-se
bem público é o bem de
que o governo é o governo de todos; ele apenas representa a sociedade,
todos, deve ser cuidado
e preservado. Essa visão que é formada pela soma de cada cidadão, incluindo você. O mesmo ocorre
norteia tanto as ações em
na empresa: ela não existe como uma entidade abstrata. Ao contrário, é
relação ao que é público
quanto aquelas que se bem real e concreta, um organismo vivo do qual participam trabalhadores,
situam no âmbito do
diretores e todos que estão naquele espaço de convivência, não importa
espaço profissional.
o escalão, a idade ou o sexo.

54
A ética no trabalho
Você já viu que algumas profissões possuem seu Código de Ética. No
entanto, mesmo aquelas que não o possuem desenvolvem uma norma
interna compartilhada pelos trabalhadores. Às vezes, essa norma é escrita;
outras, é oral, passada nos discursos de confraternização de final de ano
ou durante as capacitações. Seja qual for a forma de transmissão, as
pessoas daquele grupo podem optar por respeitar tais normas ou não. É
bom lembrar que algumas normas internas das empresas também estão
presentes na legislação. Assim, as empresas estruturam um conjunto de
normas que representam aquilo que consideram ético ou não. Além disso, É o caso, por
exemplo, da
direitos e deveres são organizados como as duas faces de uma mesma proibição
moeda, que exige reciprocidade. do trabalho
escravo e do
Mas você deve estar pensando: a lei não garante que sou livre? Livre assédio moral ou
para ir e vir, livre para falar o que bem entender, livre para fazer o que sexual.

quero e desejo?
É verdade. O tema da liberdade é caro ao ser humano nos dias de hoje.
No entanto, todos esses direitos absolutos são restritos a cada minuto,
a cada hora.

Pare e Pense!

Você pode andar na contramão só para


exercer seu direito de ir e vir?

Você pode caluniar os outros só para


exercer seu direito de livre expressão?

55
Ética e Conduta no Trabalho

Observe as situações a seguir, referentes ao ambiente de trabalho:

Um
trabalhador
pode fumar,
deixar de usar
equipamentos
de segurança
ou comer
sujando máquinas e
equipamentos?
Pode-se alegar que o
indivíduo pode agir
como bem entende.
No entanto, tais ações Em todas essas situações, o trabalhador poderia alegar que estava
repercutem no grupo:
contaminam o ar que exercendo seus direitos. No entanto, o direito individual acaba quando
o outro respira; podem esbarra no direito maior, que é o direito coletivo. Os direitos coletivos,
provocar um acidente
e paralizar a produção; quando organizados em prol do bem comum, transformam-se em regras
podem estragar máquinas adotadas por empresas e trabalhadores e, muitas vezes, pela voz do
e equipamentos.
Pensando mais legislador.
amplamente, a adoção
de hábitos inseguros ou
não saudáveis significa Pare e Pense!
sobrecarga do sistema Que tal redigir, aqui, as normas que se espera que os trabalhadores
de saúde, mantido pelos
impostos de todos. cumpram e aquelas que se espera que as empresas também cumpram?

56
O trabalhador deve… A empresa deve…

Mas por que tais normas existem? Elas, com certeza, apontam para
algum benefício empresarial e social. Chegar no horário não é uma norma
meramente burocrática e vazia. Ela sinaliza o compromisso do trabalhador
com as metas de produção, com a integração com os colegas (que chegam
no horário), e assim por diante. O resultado do cumprimento de tal norma
é a coexistência pacífica no cenário de trabalho, permitindo crescimento
profissional. Perceba que você elaborou duas colunas de deveres: é uma
contrapartida. O dever, de um lado, transforma-se, no outro lado, em
benefício ou direito. Chegar no horário é um dever. Ao mesmo tempo, é um
direito da empresa ter trabalhadores que sejam responsáveis e cheguem
Faça essa
no horário. Reconhecer o valor de seus colaboradores é um dever da atividade com
empresa. Ao mesmo tempo, é um direito dos trabalhadores serem tratados os estudantes.
Divida a
com dignidade e respeito. Nessa via de mão dupla, só não há espaço para turma ao
estacionar e estagnar. É necessário seguir em frente, com o combustível meio, pedindo
que um lado dê
que alimenta as relações profissionais: diálogo e tolerância. exemplos de direitos dos
trabalhadores e o outro,
exemplos de direitos
As considerações éticas hoje: diálogo e tolerância das empresas. Alterne as
A existência do diálogo e da tolerância, assim como das liberdades, manifestações de cada
grupo até listar, pelo
não é um valor absoluto. Sim, existem comportamentos intoleráveis e em menos, cinco atitudes de
relação aos quais não cabe discussão. Ninguém deixará que um colega cada lado.

acenda um fósforo no depósito de gasolina. Ninguém permitirá que se


acenda o fósforo para, então, discutir e dialogar sobre o tema… Existem
padrões de comportamento: aqueles universais, que foram abordados na
primeira oficina, e que norteiam a sobrevivência da empresa no mercado e,
por consequência, dos postos de trabalho que ela oferece ao profissionais.
Algumas dessas normas empresariais são incorporadas na legislação, como
você já viu. Assédio moral e sexual, trabalho escravo e roubo, por exemplo,
são ações inaceitáveis e, portanto, penalizáveis.

57
Ética e Conduta no Trabalho

Só seguir as normas, no entanto, não é suficiente. Quer dizer que,


além de trabalhar, ser bom colega e manter a ética, ainda é preciso mais
alguma coisa?
Sim, além de tudo isso, é preciso mais um pouco para fazer a roda
da fortuna girar. É nesse momento que entram em cena outras atitudes
consideradas saudáveis e que compõem o perfil do trabalhador comprometido
com os valores da empresa na qual atua: proatividade, capacidade de
comunicar-se com eficiência, iniciativa e capacidade de tomar decisões.
Essa última, em particular, está diretamente relacionada com a ética e a
moral, pois inúmeras situações, no ambiente de trabalho, exigem tomadas
de decisão, as quais envolvem julgamento de valores. Situações-limite
são de fácil decisão (matar ou não matar, roubar ou não roubar). Outras,
no entanto, são mais sutis.

Pare e Pense!
O fim justifica os meios?
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A partir da sua reflexão, verifique como ela se aplica às seguintes


situações:

Promova esse
debate com
os estudantes.
Incentive a
discussão, Para ganhar
perguntando
se já vivenciaram uma partida
situações semelhantes às de futebol, um
expostas.
dos principais
jogadores do time
faz infiltrações
no joelho e toma
medicamentos
para aguentar
a dor.

58
Para obter um
emprego, o
candidato dá uma
“melhoradinha”
no seu currículo
e pede para um
amigo confirmar
as informações,
escrevendo
a carta de
recomendação.

O trabalhador
já está atrasado
e vê, de longe,
uma vaga que vai
liberar. Não tem
dúvidas: acelera
o seu carrinho,
que ainda aguenta
o tranco, e dá
uma fechada no
outro motorista,
embicando na
vaga. Sai olhando
firme para frente,
como quem não O conceito
quer nada. de Tolerância
Zero preconiza
que pequenos
delitos,
Você já vivenciou ou viu uma situação como essas? Nesse caso, você pequenas
foi o ator principal ou o coadjuvante? Qual foi o impacto dessas pequenas infrações, são
como ervas daninhas,
ocorrências? que, se não combatidas
O risco da conivência com as pequenas ações antiéticas cria um clima rapidamente, alastram-se.
O termo foi utilizado pela
de impunidade e de vale-tudo. Sabe-se, por exemplo, que para evitar a primeira vez em 1994,
sujeira no metrô, é necessário, continuamente, realizar a manutenção mas ficou famoso quando
o prefeito de Nova Iorque,
do ambiente. Caso contrário, o usuário sente-se livre para seguir o mau Rudy Giuliani, adotou a
exemplo e jogar a sujeira no chão! Por isso, ao pensar no seu trabalho, estratégia para combater
a criminalidade na
tenha como meta, sempre, a formação dos bons exemplos na prática. cidade. Os bons índices
Para fomentar a criação desse circuito de bons exemplos, as empresas obtidos, no entanto, foram
resultado de um conjunto
disseminam seus códigos de conduta. de ações, incluindo
programas de inserção
social, aquecimento da
O código de conduta ética nas empresas economia, capacitação
Assim como existem as tradições em uma família, que acabam gerando dos policias e, claro, a
Tolerância Zero.
verdadeiros códigos de conduta, assim como existem os códigos de

59
Ética e Conduta no Trabalho

associações, escolas e países (a constituição), as empresas também possuem


seus códigos de conduta. Eles podem-se materializar em um Guia para o
Colaborador, em um cartaz no qual se expressam a missão e os valores
da empresa, no Relatório Anual, sempre renovado e, acima de tudo, nos
procedimentos administrativos, de fabricação e relacionamento com
fornecedores, clientes, concorrentes e o público interno. A solidez dessa
cultura empresarial é que garante à empresa condições para enfrentar,
sem sucumbir, as turbulências de mercado, fatalidades inesperadas e
outras ocorrências. A empresa que mantém a transparência naquilo que faz
consegue, inclusive, retirar produtos do mercado sem afetar sua imagem
institucional. Alguns casos ficaram famosos.

Remédio para dor de cabeça: Em 1982, uma importante multinacional


enfrentou uma de suas piores crises. Sete pessoas morreram envenenadas
após consumirem comprimidos para dor de cabeça e febre (o produto foi
adulterado nas prateleiras). A empresa não negou o fato e, ancorada na
solidez de sua imagem, imediatamente comunicou o problema e recolheu
todos os produtos do mercado. Abriu um eficiente canal de comunicação
com a imprensa, indenizou as famílias e conseguiu sobreviver à crise.

Tênis: Uma importante multinacional fabricante de tênis, que terceiriza


a mão de obra, sofreu um forte boicote que a forçou a adotar uma postura
mais ética nas suas relações de trabalho, evitando o trabalho infantil e o
trabalho escravo. O boicote dos consumidores deu resultado, e a empresa
passou a fiscalizar a atuação de seus parceiros terceirizados, cujos códigos
de conduta devem se alinhar com o adotado pela multinacional.

Esses dois exemplos mostram que a ética da empresa, que aparece


em suas campanhas de propaganda, não pode se dissociar daquilo que
ela pratica nos processos produtivos. Aliás, muitas certificações só são
concedidas se, dentre as boas práticas da empresa, houver a economia
sustentável, o bom gerenciamento dos recursos e o tratamento de resíduos,
além do respeito aos trabalhadores e da garantia de seus direitos. É nesse
momento que se revela a importância do trabalhador, pois sua experiência
e postura contribuirão para criar um bom clima organizacional.
O clima organizacional, sem dúvida alguma, reflete-se em outras
perspectivas, incluindo as que envolvem o exercício da cidadania em
outras esferas, como as familiares e sociais.
Mas será mesmo que trabalho e sociedade estão relacionados?
O conceito
de cidadania
remonta à Ética e cidadania
Grécia Antiga. Pense bem: quanto tempo você passa envolvido com seu trabalho
Mas quem era
considerado diariamente? Além do trabalho propriamente dito, há que considerar o
cidadão naquela tempo extra dedicado ao aprimoramento de competências e habilidades,
época? Quem tinha seus
direitos garantidos era o aos relacionamentos com colegas nos horários de lazer e outras situações.
homem livre. Os escravos Boa parte das amizades e das referências sociais é construída no ambiente
e as mulheres não eram
considerados cidadãos. profissional. Por isso, os principais códigos de conduta e de cidadania
Até hoje, a liberdade está dedicam espaço ao tema “trabalho”, fundamental para as relações
associada à cidadania.
sociais. No entanto, assim como a moralidade é definida pelo contexto

60
da época, também o que é considerado cidadania alterou-se com o passar
do tempo.
E para você, quais são os direitos que fazem parte do conceito de
cidadania?
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Perceba que os valores descritos para definir cidadania devem estar


presentes em todos os ambientes: no estudo, no trabalho, na família,
com os amigos. Não é possível ser cidadão em uma hora e na outra, não.
Lembra a dinâmica que foi realizada no início do curso? Ela serve como Retome, com
os estudantes,
parâmetro para refletir sobre os aspectos que constituem a cidadania, a dinâmica
pois, mesmo sem ter utilizado tal palavra, boa parte dos critérios adotados do “Abrigo
Subterrâneo”
remete ao conceito de cidadão. e promova uma
Na vida moderna, os pilares da cidadania encontram-se na Declaração reflexão sobre o que
a turma considera como
dos Direitos Humanos, elaborada em 1948 pela ONU, após o término da aspectos essenciais da
2a Guerra Mundial. O Brasil assinou e se comprometeu a cumprir o que cidadania.
determina o documento.
A seguir, veja alguns artigos dessa declaração, de forma resumida.

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Artigo 1o Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade


e direitos.

Artigo 2o Os direitos e liberdades estabelecidos pela Declaração devem


ser usufruídos por todos.

Artigo 3o Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança


pessoal.

Artigo 4o Fica proibida a escravidão ou servidão.

Artigo 5o Ficam proibidas a tortura, o tratamento ou castigo cruel,


desumano e degradante.

No total, são 30 artigos. Embora, na primeira leitura, tudo pareça muito


claro, simples e direto, há margem para dúvidas na aplicação prática. O
Artigo 16, por exemplo, diz que todo homem ou mulher, maior de idade, tem
direito a contrair matrimônio e formar família. Não especifica, no entanto,
o que é “maior de idade”, algo que hoje está sendo muito discutido. A
partir de qual idade uma pessoa é responsável criminalmente?

61
Ética e Conduta no Trabalho

O debate sobre a Outra reflexão que lança luzes sobre esse assunto é o debate sobre
idade para maioridade as punições criminais que, geralmente, implicam a privação de direitos
é sempre acalorado. relacionados à cidadania: o preso perde o direito de ir e vir, perde o direito
Eu costumo dividir de votar, perde o direito à liberdade de expressão. Na prática, deixa de
a turma para que ser um cidadão pleno.
Todos esses conceitos, regras e normas, como você pôde perceber
apresente os prós e
durante o curso, não nascem com o ser humano, não são geneticamente
os contras de se ter
transmitidos. Eles são construídos continuamente nas relações de trabalho,
a maioridade aos 14,
nas relações sociais, nas relações familiares. São inventados, com
16, 18 e 21 anos. É
criatividade, para atender às demandas originadas pelas transformações
interessante perceber
econômicas e sociais. Por exemplo: a expansão da Internet exigiu a
como os limites organização de novas normas de relacionamento no ambiente virtual.
variam conforme Surgiu a netiqueta, ou seja, a etiqueta de como proceder digitalmente.
a situação: dirigir,
casar, ser julgado Pare e Pense!
criminalmente. Não Ser criativo, inventar, ter liberdade para transformar é outra característica
existe um consenso! fundamental do ser humano. E você? Qual invenção você considera a mais
Alex J. Asleing Jr., 35, instrutor importante dos últimos dois mil anos?
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Realize essa _______________________________________________________________
atividade com
os estudantes,
pedindo Essa pergunta foi realizada por John Brockman, na virada do milênio,
que eles
decidam qual a um grupo de cientistas, artistas, líderes, empresários e outras pessoas
foi a invenção mais representativas de diferentes segmentos sociais. As respostas foram
importante dos últimos
dois mil anos e depois reveladoras, variando da invenção da borracha (que permite ao ser
comente os resultados humano apagar seus erros) até a informática, passando pela televisão, o
obtidos por John
Brockman. conceito do zero, os tipos móveis (que permitiram a impressão de livros e
a popularização do conhecimento) e muitas outras. Alguns entrevistados
notaram que invenções fundamentais para o desenvolvimento da civilização
são anteriores a dois mil anos, tais como a invenção da metalurgia e da
escrita.
Para finalizar esses conteúdos, lembre-se que Brockman obteve uma
resposta original: a mais importante invenção do ser humano foi a ética,
pois é com ela que conseguimos viver em sociedade e nos diferenciamos
dos animais.

62
Sistematizando Conhecimentos

Este momento divide-se em duas etapas: Organizando! e


Registrando!

Organizando!

Propiciar que as informações e os conteúdos abordados até


este momento sejam transpostos para a prática, criando
uma conexão com a realidade e expandindo o saber.

Jogo da Ética

40 minutos

5 baralhos do Jogo da Ética.

Desenvolvimento
Você viu, até agora, vários conceitos importantes. Mas como eles se
relacionam com a prática? O Jogo da Ética foi elaborado para que os
participantes organizem os conteúdos abordados, de forma criativa e
dinâmica.
Instruções
1. Divida a turma em, no máximo, cinco grupos. Os grupos podem ter
de quatro a seis integrantes.
2. Distribua um baralho do Jogo da Ética para cada grupo.
3. Cada estudante deve formar pares de cartas (situação-problema +
resposta ao problema).

63
Ética e Conduta no Trabalho

4. Distribua todas as cartas de cada baralho entre cada grupo. Quem


tiver uma carta a mais ou a menos começa (ou cada grupo decide,
aleatoriamente, quem vai começar).
5. Após examinar as cartas que tem na mão, a pessoa que começa
dispensa uma, passando-a para o colega que está à sua esquerda. Este,
por sua vez, procede da mesma forma, dispensando uma carta para o
colega à esquerda. Quando o estudante consegue completar, na sua mão,
um conjunto de pares, baixa o jogo na mesa.
6. O grupo confere se os pares estão corretamente ordenados e continua
jogando até todos terem baixado as cartas.
7. Começa outra rodada.

Após 35 minutos, ou quando julgar conveniente, dê por encerrado o


jogo.

Plenário: Abra espaço para que os estudantes comentem a experiência


e verbalizem como se sentem.

Comentário: Finalize, comentando que o jogo foi uma oportunidade


para que todos pudessem rever e organizar os conteúdos vistos durante as
duas oficinas. Importante, também, é registrar aquilo que foi abordado.
É a próxima etapa.

Registrando!

Reforçar os principais pontos já abordados.

Dinâmica de grupo – “Sinal de Trânsito”

10 minutos

1 par de canetas vermelha e verde para cada dupla ou trio;


cópias das fichas de situação-problema que se encontram
nos Anexos.

64
Desenvolvimento
O registro das atividades pode ser realizado tanto com o uso da linguagem
escrita quanto com o uso da linguagem visual. Em todos os casos, ele é
fundamental para propiciar que a memória de longo prazo seja acionada,
permitindo que os conhecimentos adquiridos sejam apropriados com
consistência.
1. Divida a turma em duplas e trios, se for o caso.
2. Dê o seguinte comando, com suas próprias palavras:

“Fizemos uma longa caminhada nessas duas oficinas e estamos As situações


chegando ao seu final. Para registrar tudo o que vimos, vou distribuir propostas
devem
para vocês fichas ilustradas com situações que geralmente ocorrem propiciar
na vida profissional. Vocês devem decidir se as situações são éticas uma reflexão
ou antiéticas. Se forem éticas, façam um círculo com a cor verde. por parte dos
estudantes para que
Se forem antiéticas, façam um círculo com a cor vermelha. Vocês eles construam o conceito
têm cinco minutos para tomar suas decisões.” de ética endossado pelas
empresas nas quais
atuam. Verifique que tais
3. Distribua as fichas e as canetas para as duplas e trios. conceitos podem variar de
4. Durante os cinco minutos da atividade, percorra cada grupo, empresa para empresa.
Por exemplo: algumas
incentivando a participação de cada estudante e fazendo comentários empresas possuem
de apoio, tais como: “Que interessante! Muito bom! Estou gostando de horários de entrada
flexíveis, etc. Procure
ver”. aprofundar o debate, para
que não sejam dadas
respostas simples de sim
Plenário: Sinalize quando o tempo estiver se aproximando do final e ou não. Incentive que
continue: justifiquem as escolhas.
Banque o “advogado
do diabo” colocando
argumentos contrários
“Agora, cada dupla vai apresentar suas decisões para todos.” aos fornecidos pelos
estudantes. Acrescente
outros exemplos e solicite
Chame cada grupo e propicie espaço para comentários sobre as decisões que eles mesmos falem
tomadas. sobre situações similares.

Comentário: Enfatize como as tomadas de decisão são feitas sempre a


partir de critérios introjetados pela vivência de cada um. Esses critérios
podem ser revistos e aprimorados. Após a finalização dessa etapa,
encaminhe o fechamento do curso. Comente que o tempo está acabando
e que é interessante refletir sobre as transformações ocorridas nos dois
encontros.

65
Ética e Conduta no Trabalho

Avaliando o Conhecimento

Propiciar que os estudantes reflitam sobre o tema e o


impacto dele em suas vidas.

Diálogo

10 minutos

Desenvolvimento
Essa atividade tem o objetivo de ajudar os estudantes a se conscientizar da
importância da ética tanto na sua vida pessoal quanto na profissional.
1. Crie um clima favorável ao diálogo.
2. Incentive a participação dos estudantes com perguntas, como:
• Alguma coisa mudou em relação ao que você pensa sobre esse tema
após esta oficina? O quê?
• Em sua opinião, qual foi o conhecimento mais importante que você
construiu ou reafirmou nesta oficina?
3. Convide os estudantes para apresentarem oralmente suas impressões
sobre esse impacto.

Comentário: Realize o fechamento da oficina, fazendo uma conexão


entre os comentários e o que foi visto durante o curso. Aproveite para
enfatizar os principais pontos abordados:
• O que é ética, moral e direito.
• Os julgamentos de valor.
• A ética no ambiente profissional.
• A relação entre ética e cidadania.
Para encerrar os trabalhos, distribua as Fichas do Estudante.

66
Colecionando

Propiciar um ambiente mobilizador para o encerramento do


curso, com ênfase nos principais tópicos abordados.

Fichas colecionáveis

5 minutos

Distribua as fichas, enfatizando sua importância e incentivando os


estudantes a se tornarem agentes multiplicadores dos conhecimentos
construídos no percurso das duas oficinas.

Parabéns! Você acaba de finalizar o curso Ética e Conduta no Trabalho.


Nele, você viu conteúdos importantes e descobriu que:

• Ética, moral e direito representam visões de mundo,


normas e regras que facilitam e orientam a convivência em
sociedade.
• As empresas possuem suas próprias regras, que refletem seus
valores.
• Para determinar se uma atitude ou situação não fere a moral
vigente, o trabalhador aplica seu conjunto de valores.
• Os valores são construídos historicamente e variam de lugar
para lugar, de sociedade para sociedade.
• O diálogo e a convivência fazem parte do conjunto de regras
que compõe a ética profissional.
• O exercício da liberdade, como direito universal, possui limites
que precisam ser respeitados.

Com os conteúdos abordados, você tem os instrumentos para agir


com ética e inserir-se no mercado de trabalho como um profissional que
exerce sua cidadania plenamente. Sucesso! Foi ótimo compartilhar com
você esta caminhada. Bom trabalho!

67
Ética e Conduta no Trabalho

5.2. Oficina 2

Check list

CARGA
MOMENTOS RECURSOS DIDÁTICOS MATERIAIS DE APOIO
HORÁRIA

Caderno do Instrutor;
Dinâmica “A Ética Está
balões, papéis e canetas 15min.
no Ar”
Acolhendo / para cada estudante.
Alinhando

Construindo Conceitos: Caderno do Instrutor;


A Ética na Prática apresentação em 40min.
Exposição dialogada PowerPoint.
Construindo
Conhecimentos
Organizando! Caderno do Instrutor;
40min.
Jogo Jogo da Ética.
Caderno do Instrutor;
Registrando!
cópias das situações-
Dinâmica “Sinal de 10min.
Sistematizando problema, canetas verdes
Trânsito”
Conhecimentos e vermelhas.
Avaliando!
Caderno do Instrutor. 10min.
Diálogo

Avaliando o Colecionando! Fichas do Estudante. 5min.


Conhecimento

O valor não está em atos, mas na atitude;


não está no dizer ou no fazer, mas no Ser.

(LAO-Tse)

68
6. Referências

ALVES, J. A. Lindgren, TEUBNER; Gunther et al. Direito e cidadania na


pós-modernidade. Piracicaba: UNIMEP, 2001.
BARROS, Monize Ferreira; BÚRIGO, Silvana. Oficinas pedagógicas no
exercício da criatividade e educação permanente na velhice. Estudos
interdisciplinares sobre o envelhecimento, vol. 7, Porto Alegre, UFRGS,
2005. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/index.php/RevEnvelhecer/
article/view/4761>. Acesso em: 4 set. 2010.
BITTAR, Eduardo C. B. O direito na pós-modernidade. Rio de Janeiro:
Forense, 2005.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BROCKMAN, John (Org.). As maiores invenções dos últimos 2.000 anos.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
CABRAL, Ethel J. Scliar. Cidadania. Florianópolis: SENAI/SC, 2000.
________. Na fronteira da modernidade: uma análise das relações entre
biotecnologia e direitos humanos. 2006. Dissertação (Mestrado), Centro
de Ciências Socioeconômicas. UFSC, Florianópolis, 2006.
ESPADA, João Carlos. Direitos sociais de cidadania. Lisboa: Imprensa
Nacional, 1997.
ÉTICA. Wikipedia: a enciclopédia livre. Disponível em < http://www.
pt.wikipedia.org/wiki/Ética>. Acesso em: 8 out. 2010.
FELIPE, Sônia T. (Org.). Justiça como equidade: fundamentação e
interlocuções polêmicas (Kant, Rawls, Habermas). Florianópolis: Insular,
1997.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 13.ed. Rio de Janeiro: Graal,
1998.
FUKUYAMA, Francis. A grande ruptura: a natureza humana e a reconstrução
da ordem social. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
GARCIA, Maria. Limites da ciência: a dignidade da pessoa: a ética da
responsabilidade. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
GOLDIM, José Roberto. Ética, moral e direito. UFRGS. Disponível em:
<www.ufrgs.br/bioetica/eticmor.htm>. Acesso em: 7 out. 2010.
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras,
2000.
LYOTARD, François. Condição pós-moderna. Rio de Janeiro: José Olímpio,
2000.
MILITÃO, Albigenor; MILITÃO, Rose. S.O.S.: dinâmica de grupo. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 1999.
OFICINAS pedagógicas. Instituto Cuiabano de Educação. Disponível em:
<http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=164>. Acesso em: 15 set.
2010.

69
Ética e Conduta no Trabalho

ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos


Humanos. Disponível em: <http://www.portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_
intern/ddh_bib_inter_universal.htm>. Acesso em: 7 out. 2010.
PEREIRA, Potyara Amazoneide. Necessidades humanas: subsídios à critica
dos mínimos sociais. São Paulo: Cortez, 2000.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (Orgs.). História da cidadania.
São Paulo: Contexto, 2003.
PLATÃO. Político. In: Diálogos. (Coleção Os pensadores). São Paulo: Abril,
1972.
SÁ, Adísia (Coord.). Fundamentos científicos da comunicação. Petrópolis:
Vozes, 1973.
SESI/DN. Manual operacional de educação continuada. Brasília: SESI/
DN, 2010.
SESI/SC. Educação Continuada: manual de orientações técnicas e
administrativas. (Caderno Produto). Florianópolis: SESI/SC, 2010.
TSE, Lao. Tao Te King, 5.ed. São Paulo: Alvorada, 1985.
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo:
Martin Claret, 2004.

Os testemunhais constantes neste curso simbolizam a visão de trabalhadores e instrutores de diferentes


segmentos ao redor do mundo. Eles foram adaptados à realidade brasileira e os nomes são fictícios.

70
7. Anexos

71
Ética e Conduta no Trabalho

Oficina 1

72
Oficina 1 – Momento 1 - Dinâmica de grupo “Abrigo Subterrâneo”

Abrigo Subterrâneo

“Atenção todos os moradores, estudantes e trabalhadores! Alerta total! Acaba de ocorrer um vazamento na
usina atômica que fornece energia para a cidade. A nuvem tóxica alcançará em poucas horas todos os bairros.
Felizmente, existe um abrigo subterrâneo que pode salvar algumas vidas. Foram sorteadas 12 pessoas, mas no
abrigo só cabem sete. Você, com sua capacidade de julgamento, inteligência e bom senso, pode escolher as
seis pessoas que vão acompanhá-lo. A relação dos sorteados está abaixo. Escolha seis. Você só pode selecionar
entre os que estão nessa relação.”

 Um violinista, com 40 anos de idade, viciado em drogas pesadas.

 Um advogado com 25 anos de idade.

 A mulher do advogado, com 24 anos de idade, que acaba de sair do manicômio. Ambos preferem ficar juntos,
no abrigo ou fora dele.

 Um sacerdote com 75 anos de idade.

 Uma prostituta com 34 anos de idade.

 Um ateu, com 20 anos de idade, autor de vários assassinatos.

 Uma universitária que fez voto de castidade.

 Um físico, com 28 anos de idade, que só aceita entrar no abrigo se puder levar consigo sua arma.

 Um declamador fanático com 21 anos de idade.

 Uma menina de 12 anos de idade com baixo QI.

 Um homossexual com 47 anos de idade.

 Uma mulher que sofre de epilepsia.

(adaptado de Militão e Militão, 2006, p. 43)


Ética e Conduta no Trabalho

Como isso ocorre? Por que ocorre? De quem é a responsabilidade?


Como tal desafio pode ser superado?

74
Oficina 1 – Apresentação em PowerPoint

Durante a abertura do curso e desta oficina, aproveite


este slide para apresentar-se.
Diga seu nome. Resuma sua experiência.

Dê as boas-vindas a todos. Instigue a curiosidade dos


estudantes. Pergunte se já ouviram falar na “Lei de
Gérson”. Comente sobre esse episódio.

Aproveite para detalhar a metodologia que será


utilizada.
• Tempo de duração: 2 horas em cada oficina.
• Recursos: enfatize que serão feitos exercícios
práticos (dinâmicas), tudo para alinhar teoria e
prática.
Explique o que é uma oficina: o conceito de
participação, de aprender fazendo.
Faça o nexo com a próxima atividade, que é colocar em
prática o que será abordado.

75
Ética e Conduta no Trabalho

A orientação para o desenvolvimento da dinâmica


“Abrigo Subterrâneo” está no Caderno do Instrutor.
Leia-a atentamente e esteja preparado para coordená-
la. A dinâmica ajuda a criar um clima favorável para
o desenvolvimento das atividades e introduz os vários
elementos envolvidos nas tomadas de decisão, incluindo
as questões éticas. Aproveite para propiciar uma
reflexão sobre o que significa ética e moral.

Explicite os objetivos que devem ser alcançados ao final


do encontro.
Explique que muitos dos termos podem parecer
sinônimos, mas que as diferenças serão vistas no
decorrer da oficina.
Lembre-se de estudar todos os conteúdos e conceitos
apresentados aqui antes de iniciar a oficina.

Incentive os estudantes a colocarem suas opiniões sobre


o assunto e a citarem exemplos de notícias que leram e
que simbolizem o que julgam ser ético ou antiético; o
que pensam ser moral ou imoral. Promova uma reflexão
sobre as questões de temporalidade e regionalismo em
relação a tais conceitos.

Peça que os estudantes analisem as situações


apresentadas, aprofundando o debate sobre a
contextualização dos conceitos de moralidade.

76
Retome a dinâmica realizada no início da oficina e
promova uma reflexão sobre o importância de agir com
ética nos dias de hoje, mantendo a integridade dos
próprios valores ao mesmo tempo que os alinha com os
do ambiente onde vive e trabalha.

Avance na reflexão, questionando se o conceito de


moralidade é absoluto. Peça que os estudantes se
manifestem sobre a regra “É proibido matar” e suas
exceções. Relacione-a com a importância da postura
flexível para o cumprimento das regras existentes no
ambiente de trabalho. Pergunte aos estudantes por que
é importante conhecer tais regras.

Até esse momento, você abordou a questão da


moralidade. E onde entra a ética? Aprofunde a reflexão
sobre ética, conforme indicado no Caderno do Instrutor,
e, depois, relacione com a ética nas profissões. Leia um
trecho do Juramento de Hipócrates, que se encontra
no Caderno do Instrutor, na página 31. Destaque os três
pontos principais do juramento. Pergunte se acham tal
juramento válido até hoje - ele possui mais de 2.400
anos!

Explique como ética e moral se aproximam, mas não


são a mesma coisa, mesmo que na vida cotidiana os dois
termos sejam utilizados como sinônimos.

77
Ética e Conduta no Trabalho

Inclua, na equação, mais uma variável: o direito.


Explore o descompasso existente entre a legislação e as
normas morais vigentes - às vezes, a legislação caminha
mais devagar, outras, antecipa mudanças sociais.
Dê exemplos, tais como as questões relacionadas ao
trabalho infantil e ao trabalho escravo, ao assédio moral
e ao assédio sexual.

Dramatize a situação de um motorista dirigindo à noite


por ruas desertas e escuras e que resolve passar no
farol vermelho. Questione os estudantes se tal ação é
ética, moral e legal. Depois, compare com as respostas
corretas e explique os motivos: Não é legal: infringe a
lei; é moral: não coloca ninguém em risco e é aceita
pela sociedade; é ética, pois a ação é justificada por um
benefício maior.

Contextualize como uma mesma situação pode adquirir


diferentes contornos éticos e morais: um colega
gritando no jogo de futebol ou gritando no trabalho
não apresenta o mesmo significado. A intenção também
conta! Confira no Caderno do Instrutor como aprofundar
essa reflexão. Dê exemplos que demonstrem a
importância da intenção (quebrar alguma coisa, etc.).

Chame aleatoriamente um estudante e peça-lhe que


descreva o início do seu dia. Insista nos detalhes: sair
da cama, trocar de roupa, escovar os dentes, etc. Crie
uma situação bem humorada. Depois, indague se ele é
obrigado a fazer tudo isso ou não. Mostre que sempre
existe a liberdade de escolha, mas ela tem implicações.
Qual é a consequência de ficar na cama? Qual é a
consequência de não escovar os dentes?

78
Peça que os estudantes reflitam sobre os três ditados.
O que eles significam? Como se relacionam com ética,
moral e direito? Aprofunde a reflexão sobre esses
três ditados seguindo as sugestões que se encontram
no Caderno do Instrutor. Você pode solicitar que os
estudantes proponham outros ditados, para análise
em sala de aula. Lembre-se que os ditados revelam a
moralidade de uma época e de uma região e, como a
moral, não são absolutos.

Questione os estudantes: Quais são os seus valores


pessoais? O que vocês mais valorizam? Existe alguma
coisa pela qual vocês dariam a sua vida?
Peça que os estudantes deem uma nota de zero a
dez aos valores relacionados na tabela. Eles podem
acrescentar outros valores, se assim o desejarem.
Exemplifique como surgem os conflitos originados em
valores diferentes. Faça a conexão com o slide que vem
a seguir: o juízo de valor.

Exemplifique como existe o fato e o juízo de valor


sobre o fato: quebrar um copo é um fato. Quebrar um
copo que carrega as lembranças da família tem outro
peso, outro valor. Ao julgar o fato (copo quebrado),
você agrega valor a ele para tomar sua decisão sobre
a importância da situação. Faça uma conexão com os
valores da empresa, assunto que será aprofundado na
segunda oficina.

Pergunte se os estudantes já ouviram estas leis, que são


praticamente universais. Aprofunde o assunto, mostrando
que existem valores universais, como bem e mal. No
entanto, o conceito de “bem e mal”, “roubar e não
roubar” varia de época para época, de lugar para lugar.
Cite os mais antigos códigos, tais como o de Hamurabi
e a Lei Mosaica. Você pode contextualizar tais códigos
com os dados que se encontram no Caderno do Instrutor.
Relacione com a Constituição Brasileira e seus 250 artigos
e, finalmente, com os artigos de conduta das empresas
e com os valores hoje aceitos como universais. Procure
explorar os conhecimentos prévios dos estudantes,
desde os que são mais genéricos, tais como a conduta
apregoada pelas religiões e pela comunidade onde vivem,
até os mais específicos (ambiente de trabalho), que serão
aprofundados na próxima oficina.

79
Ética e Conduta no Trabalho

Conte de forma dramatizada, a história João Vai


Trabalhar, que se encontra no Caderno do Instrutor.
Promova uma reflexão sobre a importância do diálogo
e da flexibilidade como uma conduta ética esperada
no ambiente de trabalho nos dias de hoje. Tendo
como pano de fundo a história, você pode promover
uma reflexão, conforme o perfil e o interesse dos
estudantes, sobre outros aspectos relacionados a ela: a
questão da competitividade; os desafios do inesperado
a que o trabalhador pode estar sujeito no seu dia a
dia e como agir frente a eles; como se escolhem as
estratégias para se obter o que se deseja, etc.

Solicite que os estudantes relacionem os valores que


consideram importantes no ambiente de trabalho.
Sistematize tais valores na lousa ou no flipchart.

Agora, peça que os estudantes reflitam sobre os


valores que estão ausentes na prática profissional
em seu ambiente de trabalho. Deixe em aberto o
questionamento de como tal desafio poderá ser
superado, assunto que os estudantes verão na próxima
oficina.

Esta atividade propicia que os estudantes organizem os


conhecimentos vistos. Siga as orientações do Caderno
do Instrutor e discuta, com a turma, as regras criadas
que foram unânimes (e, portanto, “universais” para
aquele grupo) e as que trouxeram divergências.
Aprofunde, pedindo exemplos de aplicação prática das
regras propostas e confronte com eventuais exceções:
Como os estudantes resolveriam a quebra das regras?

80
Alinhe a dinâmica, o entendimento dos alunos e os
conteúdos abordados, esclarecendo eventuais dúvidas.

Divida os estudantes em grupos. Distribua folhas de


papel e canetas e siga as instruções do Caderno do
Instrutor. Selecione para leitura uma manchete de
jornal que permita refletir sobre os aspectos abordados
na oficina, tais como contravenções, suborno, desvios
de dinheiro, poluição, dopping nos esportes, etc. Após
a apresentação de cada grupo, promova uma reflexão
sobre o significado das “boas notícias” relacionadas com
a ética na vida e no trabalho.

É importante organizar os conhecimentos na forma de


um registro palpável, que pode ser verbal ou visual.
Siga as orientações do Caderno do Instrutor, propiciando
um clima criativo para que os estudantes possam
efetuar uma reflexão e estabelecer diferentes
simbologias para cada atitude explicitada.
Após a apresentação de cada grupo, sintetize e
organize as explicações, enfatizando os aspectos
mais importantes relacionados com a moral e a ética.
Encaminhe o fechamento dos trabalhos.

Siga as instruções que se encontram no Caderno do


Instrutor, lendo, com dramaticidade, as diferentes
situações. Debata, com os estudantes, as opções dos
grupos.

81
Ética e Conduta no Trabalho

Retome os principais pontos abordados e encaminhe o


fechamento da oficina.

Retome os principais pontos abordados e encaminhe o


fechamento da oficina.

Peça que os estudantes reflitam sobre por que algumas


praias são tão sujas e que tragam suas conclusões para o
próximo encontro. Distribua uma cópia da imagem para
cada estudante.

Agradeça e lembre a próxima data e o horário.

82
Oficina 2

83
Ética e Conduta no Trabalho

Oficina 2 - Momento 3 - Dinâmica “Sinal de Trânsito” - Situações-problemas:

Alô! Alô Barulho Estranho

Asdrubal já preencheu sua Tonico está para bater o


cota. Então, resolveu ligar ponto e ir embora quando
para a namorada pelo celular percebe que uma máquina, na
e marcar um encontro. Pensou outra seção, está fazendo um
que a conversa seria rápida, barulho estranho. Comunicar
mas ela começou a contar o que ou não o problema? Tonico
havia acontecido aquele dia e pensa, pensa e pensa mais
eles acabaram no maior bate- um pouco. Decide deixar para
papo. E agora? Essa situação é lá, ou vai perder o ônibus com
ética ou não? um problema que não é seu!
E agora? Essa situação é ética
ou não?

Amiga Leal

Marizilda é uma trabalhadora


dedicada. Também é uma
amiga prestativa, mas, hoje,
ela enfrenta um dilema.
Doralice, sua colega, que passa
por dificuldades financeiras,
tem levado para casa papel
higiênico da fábrica, pão do
refeitório, papel e caneta para
os filhos. Até azeite conseguiu
carregar! Marizilda resolve
contar para o supervisor. E
agora? Essa situação é ética
ou não?

84
Oficina 2 – Apresentação em PowerPoint

Durante a abertura da segunda etapa do curso,


aproveite para criar um clima favorável aos trabalhos
que se seguirão. Crie um clima de expectativa,
comentando que serão realizadas muitas atividades
diferentes.

Dê as boas-vindas e solicite que os estudantes expressem


como se sentiram após a primeira oficina e que novos
desafios enfrentaram no ambiente de trabalho.
Eles provavelmente estarão ansiosos para mostrar o
resultado da atividade da “Nossa Praia”, ou pode ser
que tenham esquecido totalmente o assunto… Aproveite
para dizer que logo comentará a atividade, porque ela
permite verificar alguns assuntos fundamentais. Mas
antes é importante introduzir os novos temas desta
oficina: Ética e Conduta no Trabalho.
Resgate os itens abordados na oficina anterior, incluindo
exemplos práticos para os conceitos teóricos.

Enfatize que os estudantes já aprenderam muito sobre


ética e moral, mas a competência só se estabelecerá
quando eles conseguirem desenvolver as habilidades
necessárias para praticar a ética em diferentes âmbitos.

85
Ética e Conduta no Trabalho

Distribua os balões para os estudantes e siga as instruções


que estão no Caderno do Instrutor. Após o final da
dinâmica, promova uma reflexão mostrando que as
atitudes éticas só se sustentam se todos participarem
ativamente para mantê-las: é a ação individual que,
somada à ação dos colegas, cria os valores que são
praticados na vida e no ambiente de trabalho. Os
estudantes poderão alegar que é impossível manter os
balões no ar, ou poderão encontrar saídas criativas para
isso - amarrar os balões, por exemplo; levar o balão para a
cadeira, etc. Comente as diferentes ações, relacionando-as
com o conteúdo do curso: as atitudes morais; as condutas
estão sempre relacionadas e ocorrem em grupo; não se
pode dissociar as pessoas daquilo que elas fazem, etc.

Explicite os objetivos que devem ser alcançados ao final


do encontro.
Esses objetivos somam-se aos explorados na primeira
oficina, para que cada um dos estudantes possa aplicar
no ambiente de trabalho a essência da ética profissional.

Peça que os alunos apresentem as ideias que tiveram.


Se forem muito similares, agregue novas interpretações,
fazendo perguntas instigantes, conforme exemplos
que se encontram no Caderno do Instrutor. A partir da
reflexão realizada, introduza o tema da ética como a
soma de várias pequenas ações individuais.

Dê exemplos práticos de ética e falta de ética


relacionados ao trabalho, em especial as situações que
são nítidas e punidas pela lei, como o trabalho escravo e
o trabalho infantil, que são também imorais. Encaminhe
a reflexão para as questões mais fronteiriças.

86
Questione os estudantes se, por causa do direito de ir e
vir, eles podem andar na contramão.

Questione os estudantes se, por causa do direito à


liberdade de expressão, eles podem caluniar outra
pessoa. Amplie a reflexão, com exemplos das revistas
de fofocas e matérias em jornais, posteriormente
comprovadas como falsas.

Dê e solicite exemplos sobre atitudes e ações que não


podem ser praticadas no ambiente social e de trabalho,
buscando promover uma reflexão sobre as razões de tais
posturas. Propicie uma reflexão sobre o impacto das
ações individuais no coletivo: um acidente de trabalho
sobrecarrega o sistema público de saúde, que é mantido
com o dinheiro de todos, através dos impostos. O mesmo
ocorre com quem fuma: além de poluir o ar dos não
fumantes, também representa um ônus social (menor
produtividade, problemas de saúde, etc.).

Peça que os estudantes verbalizem alguns direitos dos


trabalhadores e das empresas. Escreva-os na lousa ou
no flipchart. Incentive os estudantes a perceberem de
que forma um direito adquirido de um lado significa uma
restrição (ou direito perdido) do outro lado, que também
assume, assim, uma contraparte de deveres. Isso vale
tanto para o trabalhador quanto para a empresa. Para
que exista um equilíbrio, há necessidade de diálogo e
flexibilidade.

87
Ética e Conduta no Trabalho

Exemplifique situações de risco, em que não cabe


o debate. Você pode perguntar aos estudantes, por
exemplo, qual é a importância dos treinamentos
de combate a incêndios. Por que as ações devem
ser automatizadas? Quais são as atitudes e ações
consideradas saudáveis que o trabalhador deve praticar
para demonstrar que age com ética, em conformidade
com a legislação e com os padrões morais da empresa na
qual atua?

Descreva cada uma das situações, de forma dramática,


justificando os eventuais deslizes. Como os estudantes se
posicionam em relação aos fatos apontados?

Explique o significado do conceito de Tolerância Zero e


como foi aplicado em Nova Iorque. Pergunte o que os
estudantes pensam a esse respeito. Amplie a reflexão,
mostrando como é fácil aplicar a Tolerância Zero em
relação aos outros, mas bem mais difícil quando se trata
da própria pessoa, de familiares ou amigos. Volte aos
exemplos de furar a fila no banco; não reclamar do troco
errado (quando favorece a própria pessoa) ou desculpar
os próprios atrasos, mas não os do colega.

Compare o código de ética das empresas com outros


códigos existentes na sociedade. Dê exemplo de tais
códigos, mesmo que eles não sejam intitulados assim.
Fale sobre os códigos verbais, a missão e os valores.

88
Cite os exemplos do caso do remédio para dor de cabeça
e do fabricante de tênis, que demonstram a importância
de falar e agir de forma coerente. Aprofunde a reflexão
com as orientações que se encontram no Caderno do
Instrutor. Peça que os estudantes deem outros exemplos.
Você pode debater com a turma a importância dos
exemplos - bons e maus - dos líderes de opinião, artistas,
desportistas, etc., e como isso se reflete no dia a dia.

Peça que os estudantes falem sobre a carga horária.


Some, também, os deslocamentos. Lembre-os do tempo
que também dedicam fora do expediente, por exemplo,
falando sobre o que aconteceu no trabalho, de tarefas
a resolver, de situações inesperadas, etc. Solicite que
acrescentem o período de lazer que muitas vezes passam
com colegas de trabalho ou em comemorações. A partir
desta conscientização, explore o tema da interligação
entre o trabalho e a vida: os dois são indissociáveis.

Peça que os estudantes falem sobre o que entendem por


cidadania. Explore que o conceito de cidadania também
varia conforme o período histórico e a região, mostrando
o exemplo de cidadania na Grécia Antiga. Traga-o para
a atualidade, comentando sobre as políticas de inclusão
social.

Leia alguns dos artigos da Declaração Universal dos


Direitos Humanos, de forma resumida, e pergunte
se os estudantes concordam com eles. Depois, peça
que expliquem, por exemplo, o que significa “maior
de idade”. Aprofunde a reflexão sobre as questões de
contextualização relacionadas com a ética: os conceitos
e normas são inventados. A ética se pratica aqui e agora.
Faça a conexão com o próximo slide.

89
Ética e Conduta no Trabalho

Peça que os estudantes escrevam, em um papel, qual


foi a invenção mais importante dos últimos 2.000 anos.
Explique que essa pergunta, que se transformou em um
livro, foi feita a um grupo de cientistas, pesquisadores,
empresários, artistas e outros líderes. Depois, chame os
estudantes para que leiam as respostas dadas e compare-
as com as obtidas por John Brockman, o idealizador da
proposta. Termine este momento comentando que a ética
foi citada como uma das grandes invenções produzidas
pela humanidade.

Finalize reforçando a importância da ética como


sistema que define a identidade de um grupo e faz a
intermediação das relações interpessoais, e encaminhe
para o próximo momento.

Explique que o objetivo do jogo é organizar o


conhecimento construído nas oficinas.
Divida a turma em grupos de quatro a seis estudantes e
detalhe as regras do jogo, que se encontram no Caderno
do Instrutor e no próprio jogo. Ao final de 35 minutos,
aproximadamente, conforme o interesse dos estudantes,
encerre as atividades. Peça que manifestem como se
sentiram e o que acharam da atividade.

Explique a importância de organizar os conhecimentos na


forma de um registro palpável, que pode ser verbal ou
visual.
Neste caso, será misto (visual e escrito).
Divida os estudantes em duplas e trios e distribua as
situações-problema, com canetas verdes e vermelhas
para cada grupo. As situações permitem múltiplas
interpretações. Siga as instruções do Caderno do
Instrutor, estimulando um clima de reflexão e debate
sobre os temas abordados.

90
Solicite que os estudantes manifestem as conclusões a
que chegaram sobre as situações propostas.

Solicite que os estudantes manifestem as conclusões a


que chegaram sobre as situações propostas. Parabenize-
os pela participação e encaminhe o fechamento da
oficina e do curso.

Explique que a oficina está terminando e que é


importante avaliar o que foi realizado, para aprimorar
os conteúdos. Isso também é uma questão ética! Para
isso, será realizada uma atividade que valoriza o
diálogo. Pergunte aos estudantes como eles se sentem e
incentive-os a fazer comentários.

Finalize a oficina sintetizando os principais pontos


vistos durante o curso. Dê exemplos daqueles de maior
interesse para os estudantes.

91
Ética e Conduta no Trabalho

Após finalizar a síntese do curso, distribua a Ficha do


Estudante, enfatizando sua importância.

Parabenize e agradeça a participação de todos.

92
Coordenação Geral

Coordenadora de Educação do SESI/SC


Maria Tereza Paulo Hermes Cobra

Coordenadora do Centro de Tecnologia do Social do SESI/SC


Angélia Berndt

Equipe Técnica

Consultora do Centro de Tecnologia do Social do SESI/SC


Marta Maria Guerra Koch

Consultoras de Educação Continuada do SESI/SC


Itamara das Graças Hack
Laci Maria Sirtoli

Equipe de Produção

Complex Informática

Coordenação: Silvio Kotujansky e Hugo Rosenthal

Coordenação de conteúdo e redação: Ethel Scliar Cabral

Revisão: Abel da Silveira Viana e Helena Alves Gouveia

Designer gráfico: João Henrique Moço

Programação gráfica digital: Pedro Costa

Apoio pedagógico e de produção: Juliano de Souza

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