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Manifestações

Culturais e Esportivas:
Esportes Coletivos
Estratégias de Ensino Aprendizagem do Futebol e Futsal

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Felipe de Pilla Varotti

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Estratégias de Ensino Aprendizagem
do Futebol e Futsal

• Introdução;
• O Futebol;
• A Preparação Física no Futebol;
• Posicionamento Tático;
• O Futsal.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender os conteúdos básicos e características do Futebol e do Futsal;
• Ser capaz de problematizar e aplicar as abordagens do processo ensino e aprendizagem
dessas modalidades esportivas.
UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Futebol e Futsal

Introdução
Sem dúvida, o futebol é a principal e mais disseminada modalidade esportiva de
nosso país. Está presente na brincadeira de milhares de crianças, no primeiro presente
de muitos pais a seus filhos e filhas, na conversa entre amigos nas mesas de bar, no con-
teúdo da informação nas mídias eletrônicas. Enfim, o futebol é, sim, uma das principais
paixões do nosso povo.

Como diria Guterman (2009), o futebol é um dos maiores fenômenos sociais deste
país, influenciando fatos e acontecimentos políticos e econômicos, capazes de explicar
determinadas histórias da própria natureza do nosso Brasil.

E toda essa representação influencia diretamente, e em várias perspectivas, o trabalho


de qualquer profissional de Educação Física, seja atuando diretamente com a formação es-
portiva dessa modalidade, seja atuando nos clubes de alto rendimento ou, ainda, utilizando
desse potencial social da modalidade para o desenvolvimento de projetos sociais.

E, como principal modalidade, coube a ele ser o precursor de várias outras, adapta-
das e criadas a partir de suas regras ou de suas estruturas de jogo, tais como o futsal,
futebol Society, futebol de areia e showbol, entre outras.

Nessa Unidade, apresentaremos os aspectos do futebol e do futsal. Abordaremos


suas principais características, a evolução das regras, os aspectos técnicos e os táticos
e, também, debateremos o papel fundamental dos treinadores e dos professores para o
aprendizado e o desenvolvimento dessas modalidades.

Para explorar e conhecer mais sobre a história do futebol no Brasil, recomendo a leitura do
livro O futebol explica o Brasil: uma história da maior expressão popular do país, de
Marcos Guterman.

O Futebol
Acredita-se que o futebol tenha surgido nas Instituições de Ensino inglesas, no início
do século XIX.
Nessa época, a Inglaterra vivenciava um processo de alteração de suas caracterís-
ticas sociais, com o avanço da Revolução Industrial, e as escolas viram nos esportes
uma oportunidade para desenvolver valores e atitudes positivas nos jovens estudantes.
Assim, o futebol passou a ser utilizado.
Elias e Dunning (1992) sinalizaram que existem relatos de algumas regras do futebol
sendo aprendidas por estudantes nessas Instituições, a partir de 1815.
Não demorou para que essa modalidade se popularizasse e ganhasse outros adeptos
na Europa e ao longo do mundo. Pouco tempo depois, o futebol chegaria ao nosso país.
Uma de suas origens remete a Charles Miller. O então estudante, no final do século XIX,

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retorna da Inglaterra após um período de estudos e traz consigo as regras e os materiais
necessários para a prática da modalidade (MICALISKI, 2020).
Em pouco tempo, o esporte já era o preferido dos trabalhadores das estradas de ferro e
dos operários que atuavam nas fábricas, no início do processo da Revolução Industrial em
nosso país. Por meio desses trabalhadores, essa modalidade foi se popularizando cada vez
mais, ganhando tanto os campos de várzea quanto os campos dos clubes de elite.
Alguns desses clubes cresceram em número de adeptos e torcedores, tornando-se
referências nas principais competições esportivas do país.
Assim, um século após sua chegada ao país, o futebol já era capaz de provocar influ-
ências sociais presentes no cotidiano de nossa população, herança essa que prevalece
até os dias atuais.

O vídeo da TV Brasil, intitulado De brincadeira à paixão nacional: veja a história do


futebol no Brasil, aborda sobre a origem do futebol no Brasil.
Disponível em: https://youtu.be/MBsOi6Q2Txs

A Evolução das Regras


Com o passar dos anos, o futebol foi evoluindo. Em 1863, foi fundada a
Football Association, a primeira entidade esportiva responsável por estabelecer
e padronizar algumas regras.
Já em 1886, é criada a International Football Association Board, reunindo
Associações de quatro países (Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales). A partir
daí, o futebol com regras passou a ser disseminado em todo o mundo (MICALISKI;
PONTES, 2020).
Em 1904, é fundada a FIFA, entidade máxima do futebol em nível internacional
e que regulamenta a modalidade atualmente. Desde então, existiram várias altera-
ções e adaptações de suas regras.
Veremos algumas das principais mudanças presentes até hoje, com base nas
informações apresentadas por Micaliski e Pontes (2020):
• Em 1866, foi autorizada a realização de passes para frente;
• Em 1871, foi autorizado que um jogador pudesse utilizar as mãos para impedir o
gol da equipe adversária e, assim, nasce a posição de goleiro;
• Em 1872, surge o escanteio, como forma de reposição da bola para a equipe adver-
sária, quando o defensor chutasse a bola para fora de sua própria linha de fundo;
• Em 1877, o tempo de jogo passa a ser de 90 minutos;
• Em 1882, é introduzido o arremesso lateral com as mãos;
• Em 1896, é fixada a quantidade de 11 jogadores para cada equipe;
• Em 1939, as equipes são obrigadas a utilizar uniformes com a numeração nas camisas;
• Em 1970, começam a serem aplicados os cartões vermelho e amarelo;

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• Em 1992, o goleiro é proibido de pegar a bola recuada pelos pés dos jogadores de
sua própria equipe;
• Em 1997, o goleiro só pode segurar a bola na mão por seis segundos

Como vemos, algumas das suas principais regras vêm sendo aplicadas por mais
de um século, o que faz com que o futebol seja reconhecido como uma das moda-
lidades mais tradicionalistas, ou seja, difíceis de sofrer alterações significativas.
A seguir, veremos as principais regras.

São 11 jogadores em cada equipe. O objetivo principal do jogo é conduzir a bola até
o lado do campo adversário e conseguir fazer com que ela ultrapasse a meta adversária,
efetuando, assim, um gol.

Vence o jogo a equipe que conseguir realizar a maior quantidade de gols dentro do
período regulamentar. Em partidas oficiais, o tempo de jogo é 90 minutos, composto
por dois períodos de 45 minutos cada.

As dimensões do campo de jogo podem variar entre 90m e 120m de comprimento


e entre 45m e 90m de largura. O campo é revestido por grama natural ou sintética
(permitido em algumas competições). Em cada extremidade do campo ficam as metas,
ou traves, como são popularmente chamadas, que possuem 2,44m de altura por 7,32m
de comprimento.

A figura a seguir representa um campo de futebol e suas dimensões.

Figura 1 – Campo de futebol


Fonte: Pixabay

A partida é regida por um trio de arbitragem, sendo um árbitro principal e dois auxi-
liares. Ao árbitro principal cabe a condução da partida, garantindo que todas as regras
serão aplicadas. Nos últimos anos, as competições oficiais adotaram, ainda, o uso de
árbitros de vídeo, conhecidos como VAR (sigla em inglês para Video Assistant Referee).

Entenda como funciona o Árbitro de vídeo. Disponível em: https://youtu.be/q8wM2G_Uzw8

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Os Fundamentos Técnicos
Assim como acontece em todos os esportes coletivos, cada jogador da equipe possui
extrema importância para o desenvolvimento das ações do jogo.
Tais ações individuais representam os fundamentos técnicos realizados durante
as partidas.
Veremos a seguir alguns dos principais fundamentos presentes no futebol.

Passe
Trata-se da ação de transferir a bola para outro companheiro da mesma equipe.
Trata-se de um fundamento utilizado como recurso para avançar o território adversário
ou, então, como forma de manter a posse de bola.
Existem várias formas de se realizar tal fundamento, mas, na maioria das vezes, o
passe é feito com a bola rasteira, ou seja, em contato direto com o solo.
Quando o passe deixa um companheiro em condições de finalizar e marcar o gol,
ele é chamado de assistência. Durante a dinâmica do jogo, este é o fundamento mais
utilizado pelos atletas de ambas as equipes. Por isso, o atleta que consegue realizá-lo
com qualidade, poderá obter maiores vantagens para sua equipe.

Drible
Ação realizada por um jogador, que está de posse de bola, para conseguir ultrapassar
a marcação de um determinado adversário. Existem vários tipos de drible, de acordo
com a habilidade exigida e a forma que o atleta o desenvolve.

Quanto maior essa habilidade, maior a vantagem que o atleta e, consequentemente,


sua equipe, podem ter sobre o seu adversário.

Em geral, este fundamento é utilizado como um recurso final para fugir da marcação
adversária e provocar uma situação favorável de ataque ou finalização.

Figura 2 – Drible
Fonte: Pixabay

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Chute
Situação em que a bola é golpeada pelo jogador, com um dos pés, em direção ao
gol ou meta adversária. Da mesma forma que o passe, o chute também pode ser reali-
zado de diferentes formas: com a parte interna do pé, de bico e de Trivela (três dedos),
entre outras.

Por ser uma ação utilizada em momentos de finalização, o chute é um fundamento


que exige precisão e controle motor, além de, na maioria das vezes, utilizar a força e a
velocidade como elementos para dificultar a defesa do goleiro adversário.

Domínio
Ação realizada pelo jogador, para receber a bola, amortecendo-a e conseguindo
mantê-la em sua posse. O domínio pode ser realizado com diversas partes do corpo e
em várias situações diferentes do jogo. Na maior parte das vezes, o jogador executa o
domínio, deixando a bola em boas condições para executar uma próxima ação, seja um
drible, um chute, um passe ou uma condução.

Condução
Ação realizada na qual o jogador se desloca por uma determinada região do campo,
mantendo a posse de bola. Na maior parte, para evitar que o adversário roube a bola, a
condução deve prever manter a bola sempre próxima ao corpo.

Cabeceio
Ação na qual o contato com a bola é feito com a cabeça. Pode ser defensiva ou ofen-
siva, conforme as situações de jogo. Também pode ser realizada de formas diferentes,
com o jogador parado, em deslocamento, com ou sem salto, com mergulho.

Ações do goleiro
Por ser o único jogador da equipe que pode utilizar as mãos, dentro de sua área, cabe
a este jogador possuir técnicas de defesa com as mãos, de diversas formas, para evitar
o gol da equipe adversária. Também é necessário o goleiro possuir uma boa técnica de
reposição de bola, seja com as mãos, seja com os pés, para que uma nova oportunidade
de jogada possa ser criada.

E, ainda, cabe ao goleiro conseguir utilizar os pés para passes ou mesmo dribles,
principalmente, em uma jogada na qual o adversário se aproxima. Todas essas habilida-
des fazem com que os goleiros tenham treinamentos especializados.

O ensino e o aprendizado das ações técnicas no futebol podem acontecer de diversas


maneiras. Atualmente, com o avanço da tecnologia e fácil acesso às imagens de jogos,
algumas técnicas podem ser aprendidas com mais facilidade.

É bem comum crianças e adolescentes assistirem um determinado lance na TV e na


sequência, querer reproduzir aquele lance. Também é grande a quantidade de vídeos
demonstrativos que explicam as etapas necessárias para a execução de um determina-
do fundamento.

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Por isso, cabe ao profissional propor treinamentos e aulas mais dinâmicas, nas quais
o aprendizado e a execução dos fundamentos se tornem algo mais motivante. Deve-se
ensinar não apenas a execução, mas também estimular a utilização dos fundamentos em
diversas situações de jogo.

Alguns aspectos poderão fazer grande diferença na capacidade de execução dos fun-
damentos técnicos. É necessário que o jogador desenvolva suas habilidades e capacidades
motoras, tais como a resistência, o equilíbrio, a coordenação, a força e, ainda, a flexibilidade.

Por isso, o treinamento dos fundamentos técnicos precisa estar vinculado ao treina-
mento da capacidade tática e física dos atletas. Não basta apenas conseguir executar
com perfeição um determinado movimento se o atleta apresentar dificuldade para saber
se posicionar em campo.

A Preparação Física no Futebol


A partir da Copa do Mundo do México, em 1970, a preparação física passou a ser
vista como um dos aspectos extremamente necessários para o desenvolvimento do jogo
de futebol.

Utilizando os recursos científicos, foi possível identificar as principais capacidades


físicas e o comportamento motor utilizado pelos atletas durante as partidas e, a partir
daí, a preparação física dos atletas vem ganhando cada vez mais destaque.

A seguir veremos as capacidades motoras mais utilizadas durante os jogos de futebol.

Resistência
Capacidade que permite ao atleta realizar esforços de longa duração, sem diminuir a
sua qualidade técnica e tática. A resistência está associada à função do jogador na equipe,
devendo, portanto, ser treinada com métodos que o aproximem mais das situações que
serão enfrentadas durante as partidas.

A resistência pode ser subdividida nos seguintes tipos:


• Resistência aeróbia: Capacidade que o atleta desenvolve para utilizar a via aeró-
bia. Durante a partida, o atleta realiza diferentes tipos de ações motoras. Em alguns
momentos, esse atleta corre pequenas distâncias em alta velocidade, mas, na maior
parte do tempo de jogo ele anda, trota ou até mesmo permanece parado. Por isso,
existe maior predominância do sistema aeróbio. Alguns estudos avaliaram o consu-
mo máximo de oxigênio (VO² máx.), para verificar a capacidade do organismo em
produzir energia. Em média, os atletas percorrem 11km por jogo, podendo variar
conforme a posição do jogador em campo e utiliza em média de 70% a 75% do seu
VO² máx. (HELOUL et al., 2018);
• Resistência anaeróbia lática: A participação do metabolismo anaeróbio lático
é bem pequena se comparada ao total de energia utilizada para uma partida de
futebol. Entretanto, essa capacidade é importante em momentos determinantes do
jogo, que exigem alta intensidade;

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Futebol e Futsal

• Resistência anaeróbia alática: Chutes, arrancadas, corridas intensas de curta dis-


tância, são exemplos de ações do jogo em que essa fonte de energia é utilizada;
• Força: Capacidade dos músculos suportarem cargas de trabalho de alta intensi-
dade, em curtos intervalos de tempo. No futebol, ela se manifesta por ações de
aceleração, freada repentina e nas arrancadas (força explosiva). A força pode se
manifestar também nos saltos, chutes a gol ou passes longos;
• Velocidade: Situações de jogo, como a marcação muito próxima, a diminuição dos
espaços pelo marcador, faz com que essa capacidade seja utilizada e essencial para
criar melhores condições para avançar até o território adversário. A velocidade,
portanto, pode ser definida como a capacidade de gerar uma rápida resposta a um
determinado estímulo;
• Flexibilidade: Capacidade auxiliar que permite realizar determinados movimentos
com melhor qualidade de execução. Além disso, também auxilia a evitar lesões e
um desgaste após grande quantidade de esforços;
• Coordenação: Fundamental no futebol, vez que exige uma série de movimentos,
principalmente, de membros inferiores, nas diversas ações do jogo, tais como o
passe, chute, corrida, dribles, condução.

Gonçalves e Franke (2019) apontou sete princípios que devem ser levados em consi-
deração para a prescrição do treinamento físico no futebol.

São eles:
• Individualidade biológica: Cada indivíduo tem as suas próprias características e
responde de maneiras diferentes a um determinado estímulo;
• Adaptação: Capacidade de o organismo responder a novos estímulos, sem com-
prometer e gerar estresse;
• Sobrecarga: Estímulo que provoca estresse ao organismo. É necessário que seja
realizada de forma progressiva;
• Continuidade: Os estímulos precisam ser aplicados por um período em que as
adaptações possam ser realizadas;
• Especificidade: As adaptações e as mudanças serão específicas de acordo com o
modo em que são aplicadas;
• Variabilidade: Para melhores resultados, é importante variar os estímulos, vez que
o organismo possui uma grande capacidade de se adaptar e alcançar um estado de
homeostase (equilíbrio);
• Reversibilidade: Se os estímulos forem cessados, haverá perda ou diminuição dos
benefícios alcançados. Por isso, é importante manter o programa de treinamento
sempre acontecendo.

No processo tópico falaremos sobre o desenvolvimento das ações táticas.

Posicionamento Tático
O futebol tem algumas posições bem determinadas, com funções e características
específicas em cada uma delas.

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Vamos analisar cada uma delas:
• Goleiro: Único jogador da equipe que pode segurar a bola com as mãos, dentro
de sua área. Sua principal função é defender sua meta e não permitir o gol da
equipe adversária. Tem a visão de todo o campo de jogo, o que faz com que seja
importante sua participação ativa durante a partida, orientando seus companheiros
a todo o momento;
• Zagueiros: Jogadores de defesa, posicionam-se próximos à sua própria meta. Nor-
malmente, os jogadores mais altos e mais fortes da equipe, vez que precisam prote-
ger sua meta. Com o avanço das estratégias táticas da equipe, o zagueiro tem sido
exigido para participar mais ativamente do jogo, ficando, em muitos momentos, com
a posse de bola e tendo que desenvolver fundamentos com alto grau de habilidade;
• Laterais: Também formam a linha defensiva, junto com os zagueiros. Entretanto,
atuam próximos às linhas laterais do campo. Dependendo da estratégia tática ado-
tada pela equipe, podem tanto auxiliar a defesa, quanto apoiar as ações ofensivas.
Por isso, é necessário que tenham capacidades físicas desenvolvidas como a resis-
tência e velocidade;
• Volantes: São meias defensivos. Jogam em frente aos zagueiros e têm função de
auxiliar a marcação no campo defensivo. Quando a equipe possui a posse de bola,
cabe aos volantes auxiliarem na transição da equipe do campo defensivo para o
ataque. Por isso, é importante que este atleta tenha características físicas de resistên-
cia e força, mas também que possua inteligência e visão de jogo, além de uma boa
execução de fundamentos técnicos como o passe e recepção;
• Meias: Considerados o cérebro, devido à sua capacidade de criação de jogadas.
Os meias possuem grande habilidade nas ações técnicas, mas também precisam
demonstrar grande inteligência e visão de jogo, para criar as condições ideais de
finalização ao ataque;
• Tacantes centrais: Jogam bem próximos à meta adversária e possuem a função de
finalizar. Suas características físicas podem influenciar seu desempenho, por isso,
em geral, possuem força física, coordenação e controle motor. Os fundamentos
mais utilizados são a recepção, o chute e o cabeceio;
• Pontas: São jogadores de ataque, mas que atuam mais pelas laterais do campo.
Possuem velocidade e grande habilidade no drible, para criar situações de finaliza-
ção para sua equipe.
Vale ressaltar, também, que o posicionamento dos jogadores dentro de campo de-
penderá da estratégia adotada pela equipe. Por isso, esse posicionamento poderá variar
e ser alterado em diversos momentos durante o jogo.
A essa forma de organização da equipe em campo damos o nome de sistema tático.
Ao longo dos anos, os sistemas foram sendo alterados. Para identificar um sistema táti-
co, utiliza-se a numeração apresentando a quantidade de jogadores que atuam em cada
parte do campo. Por exemplo, quando dizemos que uma equipe utiliza o sistema 4-4-2,
significa dizer que 4 jogadores estão no campo defensivo, 4 jogadores atuam no meio
campo e 2 jogadores no campo ofensivo.

Vejamos outro exemplo bastante utilizado nos tempos atuais.

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Futebol e Futsal

O sistema 4-3-2-1 utiliza 4 jogadores no campo de defesa, três jogadores no meio


campo defensivo, dois jogadores no meio ofensivo e um jogador no ataque.

A estratégia para adoção de um determinado sistema de jogo deve levar em consi-


deração as capacidades físicas e técnicas dos atletas daquela equipe. Por isso, cabe aos
treinadores conseguirem identificar as potencialidades dos jogadores de sua equipe e
prepará-los para ocupar um determinado posicionamento no campo de jogo.

E, para que isso ocorra, é necessário que os treinadores criem situações de treina-
mento mais próximas da realidade do jogo, nas quais seus atletas poderão resolver os
problemas defensivos e ofensivos de forma inteligente e eficaz.

O Futsal
Modalidade derivada do futebol, facilmente aplicada em diversos ambientes, princi-
palmente, em Escolas, Clubes e Projetos Sociais.

O futsal tem sua origem debatida por alguns especialistas e parte dos pesquisadores
atribui a sua origem ao Brasil. Há quem diga que ele nasceu de uma adaptação das “pe-
ladas” (BARROS; CORTEZ, 2006).

Outros afirmam que nasceu dentro da Associação Cristã de Moços em São Paulo, na
década de 1940 (SANTANA, 2004).

Já outra parte atribui sua origem às terras uruguaias, em 1934, por meio do profes-
sor Juan Carlos Ceriani (SANTANA, 2004).

Em 1971, foi fundada a Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), pri-


meira entidade internacional. Entretanto, no início, essa entidade era formada, em sua
maioria, por países da América do Sul.

Em 1989, vez que já estava sendo praticado por países de todos os continentes, o
futsal começou a ser administrado pela FIFA.

No Brasil, em 1979, foi criada a Confederação Brasileira de Futebol de Salão e, rapi-


damente, a modalidade passou a ser praticada em todos os estados.

Atualmente, há mais de 3.500 clubes filiados. O país é sem dúvida, uma das maiores
potências mundiais na modalidade. Reflexo disso são as conquistas que o país possui
em campeonatos mundiais. São 7 títulos mundiais, desde a primeira edição dessa com-
petição, realizada em 1982.

A Evolução das Regras


Desde a sua criação, a modalidade já passou por várias modificações em suas regras.

A seguir, apresentaremos algumas delas:


• Por muitos anos, os gols não puderam ser marcados dentro da área;
• As dimensões da quadra já foram de 24m de comprimento por 20m de largura;

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• As partidas tinham dois tempos de 20 minutos, mas o cronômetro era parado ape-
nas em situações especiais;
• As substituições já tiveram limite máximo de 7 jogadores, ampliando posteriormen-
te para 10 jogadores;
• Os cartões já foram amarelo (advertência), azul (desclassificação da partida com a
substituição do jogador) e vermelho (expulsão).

Todas as regras descritas já não se aplicam no jogo atualmente. Como percebemos, o


futsal é uma modalidade que anualmente prevê algumas alterações nas regras. O profis-
sional que atua nessa modalidade, precisa estar atento a essas mudanças e, anualmente,
buscar as informações necessárias para se manter sempre atualizado.

A seguir, veremos algumas das principais regras desenvolvidas na modalidade, de


acordo com o Livro Nacional de Regras da CBFS, de 2020:
• As dimensões da quadra de jogo: para jogos internacionais, a quadra deve ter no
mínimo 38m e no máximo 42m de comprimento, e possuir no mínimo 20m e no
máximo 25m de largura;
• A meta possui 3m de largura por 2m de altura;
• O jogo é disputado por, no máximo 5 jogadores, incluindo o goleiro, por equipe.
Em competições oficiais é permitido um número máximo de 9 jogadores reservas;
• As substituições são livres, ou seja, podem ser realizadas com a bola em jogo ou
quando está paralisado. Para isso, os atletas devem realizar a troca, necessaria-
mente, pela zona de substituição identificada em frente ao banco de reservas de sua
equipe. Não há limite de substituições;
• A partida é disputada em 2 tempos de 20 minutos, cronometrados. Ou seja, o
cronômetro é travado toda vez que a bola não estiver em jogo, como, por exemplo,
quando ela ultrapassa a linha lateral, a linha de fundo ou durante a marcação de
alguma infração. A marcação de tempo é feita de maneira regressiva;
• Existe um limite de 5 faltas coletivas por equipe em cada tempo de jogo. A partir
da sexta falta, a equipe sofre uma punição com direito a cobrança de tiro livre da
marca de 10m;
• Cobranças de laterais e escanteios devem ser realizadas com os pés;
• O árbitro poderá utilizar cartões de cores diferentes para punir os jogadores, sendo
amarelo (para casos de advertência) e vermelho (expulsão – para infrações mais
graves). No caso de receber um cartão vermelho, o jogador é expulso da quadra e a
equipe jogará com um jogador a menos durante os próximos dois minutos de jogo
ou até que sofra um gol.

Após essa situação, a equipe que sofreu a punição poderá completar novamente a
quantidade de 5 jogadores em quadra.

Os Fundamentos Técnicos do Futsal


Os fundamentos do futsal são, em geral, bem semelhantes aos do futebol. Obviamen-
te, as dimensões da quadra, o piso, o calçado utilizado pelos atletas e as dimensões e

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Futebol e Futsal

peso da bola são diferentes, o que cria condições diferentes para que esses fundamentos
sejam realizados.

Veremos alguns deles:

Passe
A dinâmica do jogo faz com que este seja o fundamento mais utilizado durante uma
partida. A constante movimentação dos atletas em quadra exige uma excelente execu-
ção deste fundamento. O passe, na maior parte das vezes, é realizado de forma rasteira,
com a parte interna do pé.

Em geral, o atleta utiliza três tipos de passe: lateralmente, na diagonal e passe


em profundidade.

Figura 3 – Tipos de passe no futsal – lateralmente, na diagonal e em profundidade

Recepção
Realizada para amortecer a vinda da bola, recebida após um passe ou mesmo quan-
do interceptada de uma ação da equipe adversária.

Como o futsal exige uma movimentação intensa e a maioria dos passes ocorre com a
bola rasteira, a recepção mais utilizada no futsal é o domínio da bola com a sola dos pés.

Figura 4
Fonte: Pixabay

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Drible
Ação realizada por um jogador, que está de posse de bola, para conseguir ultrapassar a
marcação de um determinado adversário. Pelo pouco espaço da quadra, os dribles costu-
mam ser curtos, ou seja, utilizando pouco espaço para conseguir ultrapassar o adversário.

Chute
O chute é feito de várias formas no futsal. Uma das maneiras bem comuns é o chute
com o bico do pé, ou com a parte interna.

Figura 5
Fonte: Pixabay

Condução
A condução, no futsal, geralmente, ocorre com a sola ou com a parte interna do pé.
O jogador vai passando o pé por cima da bola e vai a conduzindo pela quadra.

Cabeceio
A dinâmica do jogo do futsal não provoca tantas ações de cabeceio durante a partida,
se comparado ao futebol. Mas, da mesma forma, essa ação prevê o passe ou a finaliza-
ção usando a cabeça.

Ações do goleiro
O goleiro no futsal tem uma importância não somente defensiva. Além de proteger
o gol, o goleiro preferencialmente deve ter habilidades e conseguir realizar bem os fun-
damentos de passe e chute.

Devido à dinâmica do jogo, em alguns momentos, ter essa capacidade de desenvolver


os fundamentos técnicos, poderá criar oportunidades de gol e ligar contra-ataques para
sua equipe.

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Futebol e Futsal

O Posicionamento Tático no Futsal


O jogo de futsal apresenta alguns posicionamentos bem definidos, de acordo com a si-
tuação do jogo (ataque ou defesa). A seguir, veremos as posições exercidas pelos jogadores.
• Goleiro: Único da equipe que pode utilizar as mãos. Em vários momentos, pode
utilizar os pés e servir como um quinto jogador para ações ofensivas;
• Fixo: Jogador com características mais defensivas;
• Alas: Jogadores que atuam pelas laterais da quadra, exercendo funções defensivas
e ofensivas;
• Pivô: Jogador de ataque, com características mais ofensivas.

No futsal atual, é bem comum o rodízio de posicionamento dos jogadores em quadra,


movimentando-se o tempo todo e alternando posições. Como sistema de jogo, existem
algumas opções utilizadas pelas equipes, de acordo com a situação do jogo:
• Sistema 2 x 2: Um dos sistemas mais antigos, no qual dois jogadores se posicio-
nam na quadra de defesa e dois na quadra de ataque;
• Sistema 3 x 1: Sistema com ênfase maior na posição defensiva (com 3 jogadores)
e que aproveita as habilidades do pivô para criar as situações de ataque;
• Sistema 5 x 0: Como possibilidade de o goleiro sair jogando com os pés, alguns
treinadores utilizam essa opção para avançar todo o time e jogar com os cinco joga-
dores na quadra de ataque. Geralmente, esse tipo de sistema é adotado no decorrer
da partida, quando a equipe se encontra atrás do placar;
• Sistema 1 x 2 x 1: Sistema que prevê um jogador fixo na quadra defensiva, dois
jogadores mais dispostos na linha central da quadra e um pivô à frente para criar
as oportunidades de ataque.

Assim como em outras modalidades esportivas coletivas, é fundamental que os trei-


nadores que atuem com o futsal consigam desenvolver treinamentos que aprimorem as
capacidades técnicas e táticas dos atletas, provocando situações semelhantes àquelas
enfrentadas pelos atletas durante as partidas.

Em Síntese
Nesta Unidade, vimos um pouco sobre as características do futebol e do futsal. Ambas as
modalidades têm imenso campo de atuação para os profissionais de Educação Física, por
estarem diretamente relacionadas ao contexto esportivo de nosso país.
Em muitos clubes, projetos sociais, escolas de futsal e futebol, desde a iniciação esporti-
va até o alto rendimento, essas modalidades poderão se transformar em uma oportuni-
dade de acesso ao Mercado de Trabalho.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
O futebol explica o Brasil: uma história da maior expressão popular do país
GUTERMAN, M. O futebol explica o Brasil: uma história da maior expressão
popular do país. São Paulo: Contexto, 2009.
Jogos de Futsal: da aprendizagem ao treinamento
FONSECA, G. M. M; SILVA, M. A. Jogos de Futsal: da aprendizagem ao
treinamento. 2.ed. Caxias do Sul: Educs, 2011.

Vídeos
Ginga Brasileira – The soul of brazilian football – Nike 2006 World Cup Film Full
https://youtu.be/NqG41OfCVVs
“Brasil Football Club” – A história do futebol brasileiro [2014]
A história do futebol brasileiro. 2014. O vídeo produzido pela TV Câmara apre-
senta a história do futebol no Brasil e como ele se tornou símbolo de identidade
e paixão nacional.
https://youtu.be/mLtRmNtde8Y

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Futebol e Futsal

Referências
BARROS, L. F. N. P.; CORTEZ, J. A. A. Modalidades esportivas coletivas: O futsal.
In: DE ROSE JR., D. Modalidades esportivas coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006, p.138-146.

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