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Os Fundamentos da Teoria da História e a História da Educação Física
Revisão Textual:
Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti
Os Fundamentos da Teoria da História
e a História da Educação Física
• O que é História?
• As Raízes da Educação Física brasileira
OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Compreender a História e a história da Educação Física como pro-
cesso dialético e não como uma sucessão de fatos.
··Compreender as raízes da Educação Física brasileira.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Os Fundamentos da Teoria da História e a História da Educação Física
Contextualização
Veja a tirinha abaixo: a situação nela retratada lhe parece familiar?
Explor
https://goo.gl/LIFKLY
Você ainda deve estar se perguntando: o que essa história em quadrinhos tem a ver
com o estudo que se inicia nesta unidade? Diria que tem tudo a ver. Vamos analisar?
https://goo.gl/5vFjwg
A pergunta que devemos fazer é: quando a Educação Física passou a ter essas repre-
sentações? Existem outras representações sociais para a Educação Física? Será que
estudar a história da Educação Física nos ajuda a compreender essas representações?
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O gráfico abaixo representa o que devemos considerar quando pensamos a
história da Educação Física:
Contexto
histórico,
político e
econômico
Discurso
oficial do Contexto
poder público cultural
e privado Educação
Física
Ação/
intervenção Representações
dos sujeitos sociais
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O que é História?
Iniciaremos agora o estudo sobre história da Educação Física, mas antes
precisamos nos perguntar: O que é História? Para quem é a História? Para que
serve a História?
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como acontecimento presente. Se a História tem por objeto de estudo o passado,
este só pode ser alcançado por meio de discursos, da leitura e da elaboração de
textos, do trabalho de interpretação. Nas palavras do autor, “o mundo ou o passado
sempre nos chegam como narrativas e que não podemos sair dessas narrativas para
verificar se correspondem ao mundo ou ao passado reais, pois elas constituem a
‘realidade’” (idem, p. 28).
Que o historiador Heródoto, que viveu aproximadamente entre 485 e 425 a. C., e
também é conhecido como pai da História, em sua obra já apresentava um conceito
de História em que apontava que a “observação” e o “ouvir dizer” são fontes essenciais
das leituras historiográficas. Para saber mais sobre Heródoto acesse:
https://goo.gl/MtaEtZ
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Parece-me que até aqui conseguimos responder a uma das três perguntas feitas
no início da leitura, qual seja, “o que é História?”. Vamos nos ater agora à segunda
pergunta, “para quem é a História?”.
Ideologia (fr. idéologie) 1. Termo que se origina dos filósofos franceses do final do século
Explor
XVIII, conhecidos como “ideólogos” (*Destutt de Tracy, *Cabanis, dentre outros), para os
quais significava o estudo da origem e da formação das ideias. Posteriormente, em um
sentido mais amplo, passou a significar um conjunto de ideias, princípios e valores que
refletem uma determinada visão de mundo, orientando uma forma de ação, sobretudo uma
prática política. Ex.: ideologia fascista, ideologia de esquerda, a ideologia dos românticos
etc. (JAPIASSÚ e MARCONDES, 2001, p. 99).
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Fonte: veja.abril.com.br Fonte: cartacapital.com.br
Sendo assim, podemos entender que quando a História é contada ela pode
revelar diferentes interesses, ou seja, ela pode se apresentar como uma história
em que o conflito e a angústia estejam ausentes, como uma história que leve à
passividade, como uma história que expresse um vigoroso individualismo, como
uma história que ofereça estratégias para uma revolução, ou ainda como uma
história que forneça base para uma contra revolução.
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Estamos caminhando então para dar resposta à ultima pergunta feita: para que
serve a História?
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A geração futura terá maiores possibilidades de interpretar os fatos ocorridos em
nosso presente que poderá fazer uso de informações e de elementos relacionados
a determinados fatos históricos que, atualmente, não temos conhecimento, porque
ele ainda não surgiu como efeito no presente. Da mesma forma, podemos olhar
o passado e interpretá-lo com mais riqueza, porque possuímos um número de
informações sobre esse passado maior do que aqueles que lá viveram.
Adaptado de lesavoirperdudesanciens.com
Por isso essa variabilidade da imagem do passado, por isso a ideia de que a História
está viva, porque acontece diariamente e não está petrificada no passado. Por isso
a ideia de que a História está sempre inacabada e subordinada a reinterpretações,
como um processo e não como uma imagem definitivamente acabada.
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Positivismo é uma corrente filosófica que surge na França do século XIX e se expande para
Explor
a Europa, a partir da metade do século XIX e início do século XX, período em que também
chega ao Brasil. Os principais representantes da ciência positivista são Augusto Comte e
John Stuart Mill. Para Comte, o conhecimento científico teria de ser baseado na observação
dos fatos e nas relações entre eles. A denominação positivo: útil, certo, preciso, relativo e
real, descreveria as qualidades do conhecimento a ser produzido. Caberia ao conhecimento
científico então, reconhecer a ordem da natureza e utilizá-la em benefício do homem, em
contraposição às explicações metafísicas e abstratas. Para Comte o conhecimento científico
é a única forma de conhecimento verdadeiro.
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Explor
De acordo com o Dicionário Básico de Filosofia (JAPIASSU e MARCONDES, 2001, p.153):
Positivismo (fr. positivisme) I. Sistema filosófico formulado por Augusto *Comte, tendo como
núcleo sua teoria dos três *estados, segundo a qual o espírito humano, ou seja. a sociedade,
a cultura, passa por três etapas: a teológica, a metafísica e a positiva. As chamadas ciências
positivas surgem apenas quando a humanidade atinge a terceira etapa, sua maioridade,
rompendo com as anteriores. Para Comte, as ciências se ordenaram hierarquicamente
da seguinte forma: matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia; cada
uma tomando por base a anterior e atingindo um nível mais elevado de complexidade. A
finalidade última do sistema é política: organizar a sociedade cientificamente com base nos
princípios estabelecidos pelas ciências positivas.
2. Em um sentido mais amplo, um tanto vago, o termo “positivismo” designa várias doutrinas
filosóficas do séc. XIX, como as de Stuart *Mill, *Spencer, *Mach e outros, que se caracterizam
pela valorização de um método empirista e quantitativo, pela defesa da experiência sensível
como fonte principal do conhecimento, pela hostilidade em relação ao *idealismo, e pela
consideração das ciências empírico-formais como paradigmas de cientificidade e modelos
para as demais ciências. Contemporaneamente muitas doutrinas filosóficas e científicas são
consideradas “positivistas” por possuírem algumas dessas características, tendo este termo
adquirido uma conotação negativa nesta aplicação.
3. Positivismo lógico: o mesmo que *fisicalismo.
Positivo (lat. positivos) 1. Que existe, que é real, palpável, concreto, fatual.
2. Segundo *Comte, “todas as línguas ocidentais estão de acordo em conceder ao termo
positivo e a seus derivados os dois atributos de realidade e de utilidade, cuja combinação
por si só é suficiente para definir o verdadeiro espírito filosófico, que no fundo é apenas o
bom senso generalizado e sistematizado” (Discurso sobre o conjunto do positivismo).
3. Existente de fato, estabelecido, instituído. Ex.: direito positivo, religião positiva. Oposto a natural.
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Esse tipo de análise resultou na explicação das desigualdades sociais como sendo
desigualdades biológicas e assim, portanto, desigualdades naturais que permitem
pensar o Homem por meio de uma dicotomia que separa seu corpo de sua razão.
O desenvolvimento e a complexificação dessa sociedade, das leis da economia, da
exploração desenfreada do capital em relação ao trabalho, exigiam novas formas
de pensar a sociedade, a natureza e as relações entre os Homens.
Para saber mais sobre o assunto ler o capítulo I do livro Educação Física: raízes europeias
Explor
e Brasil (2001).
Neste período é que surge a Educação Física, como área profissional necessária
para a construção desse novo Homem. A importância do vigor físico para o
trabalho em uma sociedade regida pelas leis do capital começa a ser percebido pela
classe que está no poder. O corpo dos indivíduos, portanto, passa a ser o foco das
preocupações dessa classe, que passa a investir naquele que representa um forte
instrumento de produção e que, dessa forma, contribui de forma significativa para
o avanço e o acúmulo do capital.
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Porém, esse investimento é feito de forma que adestre e discipline o corpo, para
que desde cedo incorporem sua função na sociedade que é a de produção e de
reprodução do capital. Aos sujeitos não era permitido ir além de uma compreensão
de que dependiam de um corpo saudável para a manutenção de sua sobrevivência,
alienando o próprio Homem de suas ações e do papel que representa, enquanto
sujeito que pertence a uma determinada sociedade.
Esse tipo de relação reforça a visão dicotomizada de Homem (copo x mente) que
carregamos até hoje, pois no sistema capitalista, os seres humanos são tratados
enquanto corpos produtivos, sendo que a estes corpos não está vinculada a sua
subjetividade, a sua consciência.
As leis biológicas aprisionam o homem ao seu organismo, percebem as
suas necessidades apenas como necessidades orgânicas e biológicas,
“esquecendo-se” de que, embora algumas necessidades sejam dessa ordem,
elas são satisfeitas socialmente. (SOARES, 2001, p. 16)
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UNIDADE Os Fundamentos da Teoria da História e a História da Educação Física
O teórico inglês, Francis Galton, nascido em 1822, cria uma teoria, a eugenia, que
considera ser possível realizar o aperfeiçoamento da raça pelo nascimento. Os estudos
de Galton contribuíram com outras teorias raciais surgidas nesse período (séc. XIX),
alimentando, inclusive, as teorias nazistas e fascistas.
Assista ao documentário Homo Sapiens 1900, para saber mais sobre as teorias raciais
e eugênicas.
https://www.youtu.be/TPSjjElIIZM
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Se é por meio do corpo biológico, físico, que a sociedade burguesa investirá na
transformação da sociedade do século XIX, a Educação Física se apresenta como
um valioso remédio para curar qualquer “patologia social”, pois é a ferramenta
principal de construção do corpo saudável.
Uma das principais formas de se preparar esses corpos pela Educação Física
foram os métodos ginásticos europeus, que garantiam o melhor rendimento
do corpo, bem como seu adestramento social. Um corpo saudável obediente,
disciplinado e dócil. Os modelos ginásticos visavam instrumentalizar e mecanizar os
gestos, realizando uma educação do corpo, a educação do “físico”, criando novos
hábitos não só de saúde, mas também novos hábitos morais.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Uma Cidade sem Passado
Filme: Uma Cidade sem Passado (1990), de Michael Verhoeven, para reflexão sobre
o método na pesquisa histórica.
https://youtu.be/kKiykbMCtRM
Tempos Modernos
Filme: Tempos Modernos (1936), de Charles Chaplin, para reflexão sobre o modelo
capitalista de produção e a exploração do trabalhador.
https://youtu.be/CozWvOb3A6E
Escolarizando o Mundo – O Último Fardo do Homem Branco
Documentário: Escolarizando o Mundo – O Último Fardo do Homem Branco,
para refletir sobre o modelo de educação ocidental e como, ao longo dos últimos
séculos, a educação serviu para a colonização e a homogeneização cultural.
https://youtu.be/6t_HN95-Urs
Leitura
Notas sobre a Educação no Corpo
Artigo: SOARES, C. L. Notas sobre a Educação no Corpo. Educ. rev., Curitiba, n.16,
p.43-60, Dezembro de 2000.
https://goo.gl/CyOG2s
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UNIDADE Os Fundamentos da Teoria da História e a História da Educação Física
Referências
ALBUQUERQUE, D. M. História: a arte de inventar o passado. In: Cadernos de
História, UFRN, v. 2, n. 1, jan. 1995.
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