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Material Teórico
Teorias do Desenvolvimento Humano e Implicações Pedagógicas
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Renan de Almeida Sargiani
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Teorias do Desenvolvimento Humano e
Implicações Pedagógicas
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Esta Unidade tem por objetivo apresentar, distinguir e discutir as
principais contribuições de teóricos do Desenvolvimento Humano
para a Educação, com foco nas teorias de Jean Piaget, Lev Vygotsky
e Henri Wallon.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Teorias do Desenvolvimento Humano e Implicações Pedagógicas
Para saber mais sobre como a nossa visão a respeito da infância foi se modificando ao
Explor
longo da História leia: ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2.ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2006.
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É o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. É o sentir. Por
Aspecto afetivo-emocional exemplo: a sexualidade, os medos, as alegrias.
É a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras
Aspectos sociais pessoas. Por exemplo: socialização da criança.
Fonte: Adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (2009, p.99-100)
organizado por Kester Carrara, que apresenta seis abordagens diferentes em Psicologia da
Educação, com detalhamento mais amplo das teorias aqui discutidas.
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Uma última ressalva antes de passar para as Teorias é que todas elas são de
meados do século XX. Desde os anos 1980, as grandes Teorias explicativas
passaram a ceder lugar para microteorias que explicam fenômenos pontuais, ou
seja, ao invés de uma grande teoria sobre o desenvolvimento geral, a maior parte
das Teorias se dedica a explicar como as crianças aprendem a ler, a falar, a perceber
o mundo, a aprender Matemática etc.
São microteorias que são mais focais e, portanto, fornecem explicações mais
fáceis de serem testadas. As grandes Teorias, como vamos apresentar a seguir,
continuam servindo de pano de fundo para esses microteorias, sendo que muitas
coisas dessas propostas antigas já foram revistas e modificadas.
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Trocando ideias...Importante!
Conceber o desenvolvimento ao longo do ciclo vital implica entender que nós nos
desenvolvemos e aprendemos por toda a nossa vida. O que você imagina ser possível de
ser aprendido em cada uma dessas etapas descritas por Papalia, Olds & Feldman? Como
a Psicologia da Educação contribuiria para cada etapa?
Figura 1
Fonte:Wikimedia Commons
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Importante! Importante!
Adaptação é o termo utilizado por Piaget para descrever como uma criança lida com
novas informações que parecem conflitar com o que ela já sabe. A Adaptação envolve
duas etapas: 1) assimilação, que é receber informações e incorporá-las às estruturas
cognitivas existentes, e 2) acomodação, que é mudar nossas estruturas cognitivas
para incluir novo conhecimento. A equilibração – um esforço constante para manter
um balanço ou equilíbrio estável – determina a mudança da assimilação para a
acomodação. Quando as crianças não conseguem lidar com novas experiências dentro
de suas estruturas existentes, organizam novos padrões mentais que integram a nova
experiência, assim restaurando o equilíbrio. Um bebê que está acostumado a mamar no
seio ou na mamadeira e que começa a sugar o bico do canudo de uma caneca para bebês
está demonstrando assimilação – utilizando um esquema já existente para lidar com
um novo objeto ou com uma nova situação. Quando o bebê descobre que para beber de
canudo são necessários movimentos da língua e da boca um pouco diferentes daqueles
utilizados para sugar o seio ou a mamadeira, ele se ajusta pela modificação do esquema
anterior. Ele “acomoda” seu esquema de sugação para lidar com uma nova experiência:
a caneca. Assim, assimilação e acomodação operam juntas para produzir equilíbrio e
crescimento cognitivo (PAPALIA; OLDS & FELDMAN, 2010; p.76)
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Nas brincadeiras, as regras não são bem aceitas, pois a criança está envolta em
um egocentrismo acentuado, ao final desse período, as regras já são entendidas
como necessárias. Com o domínio ampliado do mundo, a criança adquire outros
interesses, surgindo uma escala de valores internos, que balizarão suas ações.
A criança chega ao final desse período com a maturação neurofisiológica completa,
permitindo o desenvolvimento de várias habilidades, incluindo coordenação motora
fina, conseguindo pegar objetos com a ponta do dedo. Por essa razão, a habilidade
da escrita é um exemplo de habilidade que pode ser adquirida nesse momento do
desenvolvimento, culminando com a idade escolar.
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
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Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
Suas relações sociais mudam, passando por uma fase de interiorização que se
configura aparentemente como antissocial, afastando-se da família e não aceitando
conselhos dos adultos, mas o alvo de sua reflexão é a sociedade. Posteriormente,
atinge o equilíbrio entre pensamento e realidade; é quando compreende a
importância da reflexão para a sua ação sobre o mundo real.
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Esse processo culmina em um equilíbrio entre o real e as ideais dos indivíduos,
isto é, de revolucionário no plano das ideais, ele torna-se transformador, no plano
da ação. Na idade adulta, não surge nenhuma nova estrutura mental, apenas ocorre
um aumento gradual do aspecto cognitivo em profundidade e melhor compreensão
da realidade, influenciado por conteúdos afetivo-emocionais e definindo sua forma
de estar no mundo.
Figura 5
Fontes: iStock/Getty Images
Saiba mais sobre a Teoria de Piaget e suas contribuições para a Educação assistindo ao vídeo
Explor
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o homem e o mundo, que seriam os instrumentos, os signos e todos os elementos
do ambiente, carregados de significado cultural e construídos nas relações humanas.
Importante! Importante!
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Ele caracterizou essa evolução intelectual em duas funções: a primeira, com cuja
qual já nascemos, é a Função Psicológica Elementar, que são os reflexos e a atenção
involuntária, presentes em todas as crianças e nos animais mais desenvolvidos.
A partir do aprendizado cultural, parte dessas funções básicas transforma-se em
Função Psicológica Superior, como a consciência, o planejamento e a deliberação,
características exclusivas do adulto.
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Notamos que o desenvolvimento proximal tem por determinante aquilo que a
criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com o auxílio de alguém mais
experiente, como, por exemplo, quando uma criança já sabe somar e é desafiada a
fazer uma multiplicação simples. Desenvolvimento proximal é o espaço que separa a
pessoa de um desenvolvimento que está próximo a ser alcançado. É a distância entre
o desenvolvimento real e o potencial, que está próximo, mas ainda não foi atingido.
Vygotsky e o Professor
Vygotsky atribuiu grande importância ao papel do professor. Na Escola, o
professor funciona como o impulsionador do desenvolvimento cognitivo da criança.
Saiba mais sobre a teoria de Vygotsky e suas contribuições para a Educação assistindo ao
Explor
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Wallon teve vida intensa; na primeira Guerra Mundial, atuou como médico,
quando pesquisou as relações entre os fenômenos neurológicos e psicológicos nos
feridos de Guerra. Na Segunda Guerra Mundial, foi perseguido pelos nazistas e
viveu na clandestinidade por cause de seu ativismo político.
Wallon indica que a relação ensino aprendizagem apenas pode ser analisada
como uma unidade, pois são lados de uma mesma moeda, na qual a relação
professor aluno é um fator determinante.
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o seu tempo lhe oferece. A ação educativa do professor deve ser fundamentada pelo
conhecimento da natureza e do desenvolvimento da criança, observação sistemática
da capacidade e das necessidades de seus alunos. E, ainda, ter um olhar para a
dimensão afetiva da relação ensino aprendizagem, com base na Psicologia Infantil.
Suas ideias e escritos nos levam a pensar que o professor, ao realizar suas
funções cotidianas na Escola, demonstra inúmeros saberes que são temporais
e plurais. Esses saberes são construídos em um tempo e espaço determinados
social e culturalmente, diante de sua formação profissional. Ou seja está em jogo,
também, a visão de mundo do professor, suas concepções, crenças e valores.
Sobre a formação do professor, além dos conhecimentos relativos à criança, ainda
demanda-se o estudo do meio, ou dos meios, em que ela se desenvolve.
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Os estágios não são estanques, não cessam quando o outro estágio surge;
apenas há predominância de um sobre o outro, numa relação dialética, ou seja,
são contraditórias e complementares entre si.
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Estágio do personalismo (de 3 a 6 anos) – Nesse estágio, aparece outro tipo
de diferenciação, além da diferenciação entre o Eu e o Mundo, a criança começa
a diferenciar o Eu e o Outro. É a fase que desponta singularidade humana, de se
descobrir diferente das outras crianças e do adulto
Estágio categorial: (de 6 a 11 anos) – Neste estágio, acentua-se a diferenciação entre
o eu e o outro. Com ele, aparecem as condições mais estáveis para a exploração abstra-
ta do mundo externo e concreto, mediante atividades de agrupamento, classificação,
categorização em vários níveis de abstração, até chegar ao pensamento categorial.
Estágio puberdade e adolescência (de 11 anos em diante) – Nesse estágio, irá
aparecer a exploração de si mesmo, na busca de uma identidade autônoma, mediante
atividades de autoafirmação e de questionamentos. A necessidade do apoio dos
pares, com a formação de turmas ou grupos de interesse, para se fortalecer e se
contrapor aos valores do mundo dos adultos com quem convive. Esses valores que,
a princípio, eram contrários à sua forma de pensar e agir, paulatinamente, por meio
das determinações históricas e culturais, vão sendo incorporadas ao adolescente,
impulsionando-o para a vida adulta, possibilitando escolhas mais assertivas para os
diferentes desafios que a vida nos impõe.
Saiba mais sobre a Teoria de Wallon e suas contribuições para a Educação assistindo ao vídeo
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Ele propôs que esses conflitos ocorriam em uma sequência invariável de fases
do desenvolvimento psicossexual, baseadas na maturação (por isso mais biológicas
do que interacionistas), em que o prazer muda de uma zona corporal para outra.
Assim, cada zona é responsável pelo nome de cada fase.
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A teoria de Eriskon sustentou-se melhor do que a de Freud, principalmente
por sua ênfase nas influências sociais e culturais e no desenvolvimento depois da
adolescência (PAPALIA; OLDS & FELDMAN, 2006).
Além disso, existe o exossistema, que são os ambientes nos quais a pessoa
em desenvolvimento não se encontra presente, mas cujas relações que neles
existem afetam seu desenvolvimento (por exemplo, as Leis, decisões da escolinha,
programas do governo, relações dos pais no trabalho).
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Por fim, ele discute o cronossistema, indicando a dimensão do tempo que afeta
todos os sistemas.
Ao concluir esta Unidade, nós ressaltamos que, longe de esgotar a temática, nosso
intuito aqui foi apresentar e diferenciar as principais teorias do desenvolvimento
que contribuem de diferentes maneiras para os processos educativos.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Jean Piaget, o biólogo que colocou a aprendizagem no microscópio
https://goo.gl/Hya8k9
O sujeito epistêmico de Piaget
https://goo.gl/VDsSRu
Esquemas de ação de Piaget
https://goo.gl/zE5mpx
Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social
https://goo.gl/qk4glg
Vygotsky e o conceito de zona de desenvolvimento proximal
https://goo.gl/lreeoL
Lev Vygotsky e o Sociointeracionismo
https://goo.gl/3EdBd1
O conceito de afetividade de Henri Wallon
https://goo.gl/clMb68
Henri Wallon e o conceito de emoção
https://goo.gl/FnAqab
Henri Wallon e o conceito de sincretismo
https://goo.gl/tDMLzg
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Referências
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2.ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2006.
DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Psicologia na Educação. 2.ed. São Paulo: Cortez, 1994.
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