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Shirley Moreira Alves

EDUCAÇÃO E MOVIMENTO
CORPORAL

1ª Edição
Sobral/2017
Sumário
Palavra da Professora autora
Sobre a autora
Ambientação à disciplina
Trocando ideias com os autores
Problematizando

UNIDADE I: O CORPO: RELAÇÕES E SIGNIFICADOS HISTÓRICOS

O corpo: relações e interações na contemporaneidade


Práticas corporais ao longo da história
Métodos ginásticos europeus

UNIDADE II: CULTURA CORPORAL DO MOVIMENTO E CORPOREIDADE

Cultura e contexto histórico do movimento e corporeidade


Corporeidade infantil: brincando com o movimento
O Jogo no desenvolvimento infantil

UNIDADE III: MOVIMENTO E APRENDIZAGEM NA INFÂNCIA

O processo de aprendizagem motora durante a infância

Padrões motores fundamentais na infância


Desenvolvimento cognitivo

Explicando melhor com a pesquisa


Leitura obrigatória
Pesquisando na internet
Saiba mais
Vendo com os olhos de ver
Revisando
Autoavaliação
Bibliografia
Bibliografia da Web
Vídeo
Palavra da professora autora

Caro estudante, seja bem-vindo!

A temática que envolve o estudo do movimento corporal como


ferramenta pedagógica de desenvolvimento humano cognitivo e motor sempre
ocupou lugar de destaque entre os estudiosos e profissionais que estão direta
ou indiretamente ligados com a educação infantil. Atualmente, o tema tem sido
revisitado no intuito de subsidiar cientificamente e, sobretudo para dá norte e
suporte aos professores no decorrer de sua atuação profissional, haja vista que
o cenário prático de desenvolvimento da criança é cheio de situações muitas
vezes imprevisíveis, o que requer muito conhecimento e estudo por parte
desses profissionais.

Além disso, conhecer e se apropriar do assunto abre caminhos para que


um novo olhar seja lançado sobre as necessidades surgidas em sala de aula
ou durante as atividades propostas, fazendo com que os professores busquem
compartilhar com outros profissionais suas experiências e inquietações, pode
encurtar o caminho para soluções rápidas, mais inteligentes e eficazes para
cada demanda surgida.

Desejamos que ao dedicar-se sobre o tema em evidência você


estudante possa se identificar e motivar-se a estudar mais aprofundadamente,
uma vez que o estudo em questão poderá ser utilizado como ferramenta
primordial em suas atividades profissionais, tornando o ambiente de trabalho
mais interativo e a relação com os demais profissionais mais estreita, no intuito
de diminuir os problemas e aumentar as chances de solução.

A autora!
Sobre a autora

Shirley Moreira Alves é mestre em Ciências da Saúde,


pela Universidade Federal do Ceará-UFC (2016).
Especialista em Fisiologia do Exercício e Biomecânica do
Movimento, pela Faculdade Integrada do Ceará – FIC
Estácio de Sá – FIC (2006). Graduada em Educação
Física (licenciatura plena) pela Universidade Estadual Vale
do Acaraú - UVA/ Sobral - (2003). Atuou como professora
Coordenadora de Núcleo no Projeto Segundo Tempo no
SESC Sobral e Prefeitura Municipal de Sobral. Coordenadora de projetos
Esportivos Educacionais na Prefeitura Municipal de Meruoca - Sobral -CE.
Ambientação à disciplina

Caro estudante seja bem-vindo à disciplina de Educação e Movimento


Corporal. O estudo trata-se de uma disciplina que traz um rol de
conhecimentos básicos pertinentes à proposta central da temática (movimento
como ferramenta pedagógica), que os profissionais de diversas áreas
(Educação Física, Pedagogia, Psicomotricidade, dentre outras) necessitam
para uma formação mais integral.

Nesta disciplina, você irá compreender de que forma o corpo foi tratado
durante o percurso histórico da humanidade, suas atribuições e limites
impostos pelas sociedades sob o enfoque cultural, político e religioso. Também
será possível conhecer as práticas corporais que deram origem à Educação
Física nos moldes atuais enquanto disciplina do currículo pedagógico
trabalhado nas escolas brasileiras, passando pela Cultura Corporal do
Movimento e Corporeidade Infantil.

Além disso, esse construto traz informações importantes acerca do


desenvolvimento motor da criança à luz de teóricos como Jean Piaget, e
Gallahue e Ozmun, sem deixar de contemplar a aprendizagem e os aspectos
cognitivos.

Excelentes estudos!
Trocando ideia com os autores

Sugere-se a leitura da obra: Desenvolvimento Humano.


12ª Edição. Esse livro aborda as diferentes fases do
desenvolvimento, da formação de uma nova vida ao
inevitável momento da morte. Seguindo uma abordagem
cronológica, as autoras apresentam os aspectos do
desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial de forma
didática e ilustrada.

PAPALIA, Daine E.; FELDMAN, Huth Duskin. Desenvolvimento Humano. 12ª


Edição. São Paulo: AMGH, 2013.

Recomenda-se também a leitura da obra: Sentir, Pensar e


Agir: Corporeidade e Educação. Este livro é Dividido em
quatro capítulos, a autora estruturou sua exposição com
base nos tópicos: o corpo na vida cotidiana, a problemática
do homem e sua corporeidade no pensamento filosófico,
reflexões sobre o homem e a Educação e a Educação
Física.

GONÇALVES, Maria Augusta S. Sentir, Pensar e Agir: Corporeidade e


Educação. 11ª Edição. São Paulo: Papirus, 2013.

GUIA DE ESTUDO: Após a leitura das obras, escolha uma e produza um texto
abordando os pontos principais, destaque os pontos que venham contribuir
para a disciplina de Educação Física, em seguida compartilhe sua reflexão,
postando no ambiente virtual.
Problematizando

Durante sua vida profissional, você compreenderá por meio de diversas


situações que a Pedagogia e a Educação Física se apresentam como duas
áreas do conhecimento com grande interface. Um bom exemplo, diz respeito
ao desenvolvimento motor e cognitivo da criança, bem como a Cultura Corporal
do Movimento, que se constitui numa importante ferramenta educacional.

Bem, agora imagine que durante uma aula de atividade física no Ensino
Infantil, você perceba que dentre as crianças, existe uma que está sempre
isolada e dificilmente executa as atividades propostas por se sentir incapaz de
realizar algum tipo de movimento, e durante algumas observações, você
professor detectou um possível atraso no desenvolvimento motor ou cognitivo
dessa criança. O que você faria neste caso?

Caro estudante, lembre-se que cada criança possui características


psicomotoras peculiares, porém, em sua grande maioria se enquadram em
algum padrão de desenvolvimento motor.

Segundo Piaget (1976) a criança não pode antecipar estágios, ou seja,


se ela está no estágio sensório-motor evidentemente não pode adiantar o
estágio operatório-formal, logo deveria passar para o pré-operatório.

GUIA DE ESTUDO: Diante dessa teoria, produza um texto argumentativo


abordando o seguinte questionamento: Essa criança teria o seu processo de
aprendizagem afetado, se esse procedimento de antecipação de estágios
acontecesse? Compartilhe suas reflexões postando no ambiente virtual.
O CORPO: RELAÇÕES
E SIGNIFICADOS
HISTÓRICOS

1
CONHECIMENTOS

Compreender a importância do corpo como instrumento social, político e


religioso, os significados atribuídos ao corpo durante a história da humanidade,
as formas de controle sobre o corpo, e as práticas corporais que serviram de
base para a Educação Física enquanto proposta curricular.

HABILIDADES

Reconhecer as fases históricas e as diferentes atribuições dadas ao corpo.

ATITUDES

Domínio do conteúdo, postura ética, espírito de equipe, investigação da


temática em outras fontes de pesquisa demonstrando empenho, dedicação e
comportamento condizente com a sua prática profissional.
O corpo: relações e interações na contemporaneidade

Por ser o corpo uma instância polissêmica, ou seja, de múltiplas faces e


significados, formular um conceito que o defina pode ser tarefa
demasiadamente difícil, porém, também pode representar uma viagem infinda
acerca de inúmeras questões que permeiam a elaboração de seu
conhecimento, bem como as atribuições destinadas a ele ao longo do tempo.

A história do corpo se confunde com a história dos povos espalhados


pelo mundo, e cada civilização o constrói a partir de suas concepções e
vivências, criando, assim, padrões diversos que vão desde a beleza, passando
pela saúde até a sexualidade, e tais concepções se alojam em torno das
teorias que o explicam. O corpo e suas possibilidades de ação possuem
importante ligação com o ser humano, dado que este só existe por ser
animado. A ele são destinados diferentes valores que se opõem entre si, e com
outras questões sociais e individuais.

É importante destacar que o conhecer do próprio corpo não deve estar


limitado às partes anatômicas ou funcionamento biológico, está muito mais
envolvido com o que essas partes podem realizar do que com o que realmente
são, afastando qualquer tentativa de fragmentação do corpo. Para tanto, é
necessário compreender as características, mudanças e desenvolvimento que
ocorrem no corpo na ótica do movimento, conjuntamente com as questões que
rodeiam o intelecto, num cruzamento de informações que proporcione a
compreensão de sua multiplicidade.

Ao visitar o contexto histórico que envolve questões sobre corpo e suas


relações é possível encontrar um conjunto de significados que foram atribuídos
a ele e conforme cada época atendia aos pensamentos e necessidades das
civilizações. Na Grécia Antiga o corpo era referência de estética, era
amplamente trabalhado para seu aprimoramento e visto como instrumento de
glorificação. O corpo estava no centro dos interesses do Estado, sendo
valorizado por sua saúde, condição, capacidade atlética e fertilidade.
Contemplar o corpo nu era motivo de prazer, pois representava a saúde
e harmonia física que eram priorizados pelos gregos. Nessa época o corpo
agregava valor por sua capacidade performática, saúde e estética, num
conjunto dual entre corpo e mente rumo à perfeição. O corpo atlético (Figura 1)
era almejado por todos, e a disseminação por Hipócrates (pai da medicina) dá
ideia de que os exercícios físicos eram benéficos não só para os músculos e
sim para a saúde mental, motivando a existência da dualidade entre corpo e
mente. A figura a seguir relata o corpo atlético de um desportista (lançador de
disco) da Grécia antiga feita pelo escultor Míron.

Figura 1

Fonte: www.google.com.br

Nesse contexto, as questões acerca da sexualidade eram direcionadas


no sentido de que o indivíduo deveria ter controle sobre si, fazendo bom uso de
seu corpo. Porém, esta regra só se aplicava aos homens livres, excluindo-se os
escravos e as mulheres. Estas estavam restritas aos domínios de seus pais e
maridos, aos quais deviam obediência e fidelidade; e ambos (escravos e
mulheres) não podiam usufruir de permissões como a bigamia,
homossexualidade e andar com o corpo desnudo pelas ruas e ginásios, o que
na época era considerado privilégio. Nesse tempo não havia entendimento do
corpo sob a ótica do pudor, o corpo era objeto de admiração e combate criado
pelos deuses gregos, e por tudo que representava estava exposto para ser
admirado. Em contraste ao cenário grego, os romanos não colocavam seus
corpos à mostra, apesar de ter incorporado as formas de arte gregas.
Tendo como ponto de partida o quadro que remonta a ideia
renascentista de que o homem constrói a si próprio, é possível enxergá-lo
como foco do pensamento humano medieval, onde o humanismo, ou seja, a
valorização do homem e da natureza é fortemente retratada nas manifestações
culturais, na literatura e ciências como um todo, colocando o corpo da Idade
Média e o corpo do Renascentismo como processo contínuo não divergente, e
sim contínuo e cheio de diversidade. Porém, é preciso examinar cada período e
suas características particulares.

No desenrolar histórico o corpo ganha novas conotações. Na Idade


Média as concepções religiosas o colocam em trânsito entre a beleza estética
e o que é proibido, pecado, impuro. Essa configuração cristã expõe o corpo a
uma situação de repressão, mas também o coloca em estado de glorificação,
uma vez que o corpo de Cristo exprime todo o sofrimento demonstrado através
da dor física, que naquela época era extremamente valorizada. Nesse
contexto, fica evidente a importância do corpo e da alma como pilares da
humanidade, porém, separados entre si, com uma predominância da alma em
relação ao corpo, pois os prazeres não deveriam ser exaltados em detrimento
do bem estar da alma.

E assim se configurava o Cristianismo: o corpo não deveria ser


confundido com a mente, pois o corpo possuía íntima relação com a fé,
evidenciando uma clara separação entre corpo e alma. Os prazeres da carne
eram considerados secundários, sendo sobrepostos pelo bem da alma. O
sentimento de culpa ganha espaço no domínio corpo/mente e atitudes
extremas como: o autoflagelo, apedrejamentos, enforcamentos e execuções
em praça pública eram altamente incentivados sob o olhar da Igreja Católica.
Nesse período, fica evidente o controle do indivíduo social através de seu
corpo, pois as práticas religiosas eram um reforço da garantia de salvação, vida
eterna e amplamente difundidas pelas igrejas.

Dando continuidade a viagem histórica que dá conta do infinito mundo, a


partir das relações construídas com base no corpo, os registros mostram que a
Era Moderna foi marcada pelas descobertas biológicas em relação ao corpo,
revelando sua constituição anatômica e fisiológica numa perspectiva que
valorizava a saúde, já que nesse período algumas patologias como a lepra,
supostamente causada por exercícios excessivos, dietas inadequadas ou ainda
pelos ares fétidos de matérias em decomposição, e a peste negra figuravam
como determinantes dos altos índices de mortalidade na comunidade europeia.
Esse cenário colocava o corpo em segregação social incentivada pela igreja,
que pregava que a lepra se contraía através de atos sexuais impuros, a figura
(2) mostra um leproso tendo sua entrada na cidade barrada por um burguês
que está no portão principal.

Figura 2.

Fonte: http://www.ricardocosta.com

No Renascentismo o corpo desnudo ganha destaque nas expressões


artístico culturais como a pintura, por exemplo. Nesse momento histórico, as
atividades comerciais burguesas são difundidas e ganham espaço,
contrastando com a era medieval na qual eram extremamente limitadas,
originando, dessa forma, o Capitalismo.

Na contemporaneidade, numa tentativa de reunir as mais diversas


concepções sobre o corpo, o estudioso Michel Foucault traçou uma linha entre
o passado, que se ocupava da preocupação com o corpo bem alimentado, e o
século XII, onde o foco era a sexualidade e as práticas sexuais em torno do
corpo. Isto gerou uma necessidade de controle desse corpo diante do contexto
social, o que ocorreu a partir de regras e códigos muito bem representados
pelos dogmas religiosos. Portanto, o corpo era visto por Foucault como um
objeto social controlado sob normas e códigos, porém, com a incrível
capacidade de se opor ao controle social.

O corpo moderno passa a ser motivo de preocupação no panorama


controlado pelo processo de industrialização, nas necessidades higienistas de
uma sociedade sã moral e fisicamente. O corpo ganha liberdade em relação
aos dogmas da igreja e surgem novas teorias a sua volta, levando a crer na
capacidade de transformação desse corpo enquanto matéria. É na era
moderna que o individualismo e competitividade ganham espaço e o mundo
passa a ser explicado sob a ótica do fazer científico, colocando o corpo como
objeto de lucro. A partir do século XX, com advento de novas tecnologias, o
corpo passa a ser vislumbrado como produto e comercializado para atender as
demandas sociais de consumo. Daí surge à valorização extrema da aparência
e os padrões de beleza ditados pela sociedade e impostos pela mídia, além de
ser (o consumo) característica marcante do capitalismo.

Outro ponto a ser destacado é a relação narcisista na busca incessante


pela satisfação como o próprio corpo, uma vez que existem padrões pré-
determinados para o alcance de tal satisfação. Essa relação do corpo em
contato direto com o capitalismo, alimenta a comercialização da beleza física
colocando em questão as concepções individuais acerca do corpo belo, o que
leva o indivíduo a entrar em crise, uma vez que a grande maioria procura por
tratamentos de beleza, o uso de próteses, intervenções na área da biologia
molecular e engenharia genética, assim como as novas técnicas de cirurgias e
o uso de recursos químicos que têm feito do corpo objeto de experimentação e
melhoramento, alimentando a indústria da beleza e performance de forma
grandiosa.

O corpo pós-moderno é o retrato fiel da decomposição, divisão em


partes altamente definidas e especializadas contrastando com a visão medieval
de que o corpo era parte de uma composição dual entre o abstrato
representado pela alma, e o concreto definido pela matéria. Nos tempos
vigentes o corpo sofre essa múltipla divisão que o fraciona em partes
anatômicas consideradas potenciais para a comercialização.
Atualmente, o corpo é alvo de inúmeros estímulos que vão desde o
cuidado com a saúde, higiene, práticas de lazer, alimentação saudável,
exercícios físicos, até cuidados e cirurgias estéticas, dentre outros, colocando
em questão as atitudes individuais e o comportamento em sociedade. Apesar
de esses estímulos gerarem um estilo de vida saudável, em alguns casos
também coloca em evidência o uso do corpo como produto, o narcisismo, as
contradições das escolhas, a busca pelo poder e afirmação social, uma vez
que o corpo está para além das relações do indivíduo consigo mesmo.

Nesse momento, deixa-se de lado a visão do corpo máquina (de


Foucault) para se enaltecer o corpo como mercadoria, uma vez que um grande
volume de símbolos e significados foram construídos em torno das concepções
do que é o corpo e suas relações. Assim, a sociedade atual é imposta um
grande volume de restrições com relação ao corpo, que camuflado pelo apelo
da saúde é bombardeado pelas regras de beleza e estética, fortalecendo
produtos como métodos de treinamento físico, cosméticos, intervenções
cirúrgicas, dentre outros. Esse quadro afirma a constante preocupação com o
corpo na perspectiva do cuidado narcisista.

Contudo, há que se atentar para a subjetividade que rodeia o corpo, pois


nele se encontram os desejos, fantasias, os sentidos, a imaginação, a
realidade etc. Esse entrelace de sensações é composição de um grande
enovelamento real e irreal da humanidade ao longo da sua construção
histórica, que não pode ser preterida e nem tampouco negada. O corpo é
morada das necessidades vigentes das sociedades a partir de construções
temporais rebuscadas em épocas diferentes. Portanto, não é passivo de
conceito findo ou infundado, está em constante movimento e construção.

O corpo é espaço de ideias fluentes, experiências, linguagens e


significados formulados ao longo dos tempos e fortalecidos pelas relações
sociais no decorrer da história. Não obstante, o corpo é alvo prioritário das
questões que permeiam a educação em todo o mundo, e mais uma vez
passivo de controle, ainda que velado.
Nesse sentido, pode-se afirmar que a modernidade trouxe consigo um
discurso baseado na ciência, na civilização, no progresso e racionalidade no
intuito de promover uma nova instituição, capaz de carregar a responsabilidade
de instaurar uma nova ordem com base no reconhecimento do Estado, através
da industrialização, da competição, do fortalecimento e disputa das classes
sociais etc. Era o início da escolarização de grandes massas, pois nesse
momento ocorria a substituição da educação doméstica pela educação
seriada, graduada. Nesse lento processo de escolarização, pelo qual
passavam todas as civilizações no mundo, era possível identificar dois pilares
primordiais na tentativa de redimensionar o papel do corpo na escola: um
através do surgimento das ginásticas, dos trabalhos manuais, da higiene, dos
exercícios militares etc, e outro ancorado na eugenia com base no
fortalecimento da raça através de novos hábitos e valores afirmando a escola
como uma instituição aprimorada da família.

É fato que, no percurso histórico aqui apresentado, áreas do


conhecimento que tinham como foco primordial o corpo, como a Ginástica, por
exemplo, eram apresentadas como produto científico acabado, findo, se
opondo ao uso do corpo para fins que não fossem de interesse capitalista
como o lazer, expressões que retratassem a relação do homem com a
natureza e até mesmo as expressões de ócio. Nesse contexto, a escola se
configura como ponto de referência na tentativa de transpor novos desafios
trazidos pelas necessidades e valores dos tempos modernos, porém, sob a
ótica do poder e dominação política.

Assim surgiu a Educação Física, na perspectiva de responder às


questões que geravam preocupações como as práticas higienistas, a eugenia
da raça, os exercícios militares, a escola como extensão dos ensinamentos
familiares etc. É nesse processo educacional de ressignificação da educação e
da escola que se constrói novos olhares acerca do conhecimento e práticas
corporais.

Contudo, a escola é guardiã de uma série de instrumentos voltados para


o controle desse corpo, dando-o significado ideológico sob a perspectiva da
economia, poder, utilidade, moral e higiene. É na escola que o corpo é
disciplinado, ainda que de forma velada, para atender as demandas dos grupos
sociais dominantes, portanto, é possível dizer que o corpo é educado,
disciplinado, docilizado de forma especialmente sutil. Há relatos na literatura de
que nas escolas do século XVIII e XIX o corpo era trabalhado de forma rigorosa
através de regulamentos que controlavam de forma mecânica o movimento, o
comportamento corporal dos estudantes, a forma como se colocavam no
espaço e no tempo, deixando aprisionada a espontaneidade nos gestos e
atitudes.

É Indiscutível a tentativa constante de dominação do corpo por vias que


proporcionem sua domesticação, controle e contenção dentro do âmbito
escolar ao longo da história. Porém, não se pode negar que a escola possui
formas singulares de tratar, entender e reconhecer o corpo que perpassam
gerações e estão focadas nos interesses das civilizações espalhadas pelo
mundo. As relações geradas no espaço escolar são clarificadas nas mais
variadas formas de preparar as gerações e, por isso, o processo educacional
segue o ritmo ditado por cada época, onde os atores sociais determinam as
marcas de seu tempo.

Diante do exposto, é possível afirmar que a educação em si é uma


forma de incutir no indivíduo saberes, conhecimentos, valores e um conjunto de
regras que regem a coletividade e dão subsídio individual para as relações
estabelecidas entre o indivíduo e a sociedade, consigo próprio e com o mundo
que o cerca ao passo que a escola se afirma como instituição de estímulo da
práxis pedagógica para a sociedade na qual está imersa, e o corpo, por sua
vez, é a inter-relação de todos esses parâmetros.

É válido ressaltar que as ações educacionais procuram, continuamente,


dominar o corpo em prol de sua adequação aos costumes, regras e relações
sociais de domínio político vigente. Para tanto, no meio escolar, os
instrumentos de controle sociais devem atender ao domínio e regulação de
certas atitudes corporais por meio de tecnologias e políticas de ajuste social,
colocando o corpo sob obrigações e limitações. É um esforço que alimenta a
negação do corpo partindo do meio escolar para as relações em sociedade,
através de um conjunto de punições ensinado aos estudantes logo no início de
sua vida escolar. Esses traços de dominação podem ser identificados no
excesso da mente em relação ao corpo, como estudado anteriormente.

Diante desses aspectos, outro ponto a ser refletido é a relação corpo,


violência e escolarização, entendendo violência não somente a agressão física,
mas principalmente a intelectual. Como exemplo, podemos apontar o
compartilhar ou não de espaços dentro da escola por estudantes, professores e
demais profissionais atuantes no âmbito escolar. Se observarmos há uma
predominância dos estudantes mais fortes e mais velhos em espaços ditos
privilegiados dentro da escola, restando aos demais, estudantes considerados
menos populares ou “fracos”, apenas espaços que não ocupam o interesse dos
primeiros.

Além do exposto, momento como intervalos entre aulas passa a ser


cenário de dominação explícita na relação entre gêneros no que diz respeito
aos espaços de manifestação corporal como quadras, pátios, anfiteatros e
outros, configurando uma dominação dos meninos em detrimento das meninas,
além de se configurar a clássica separação: meninos de um lado e meninas de
outro. Esse cenário reflete sobre inúmeras questões como: a provocação dos
questionamentos, o papel da escola, dos professores e até mesmo os próprios
estudantes diante de práticas corporais.

Não poderíamos deixar de citar os castigos físicos, como ficar em pé e


de costas ou sentar-se isolado e de costas para a sala de aula, o uso de
palmatórias e outros, no hall da violência contra o corpo dentro da escola. No
Brasil, no século XIX, a intenção do alcance de corpos civilizados e de bons
costumes provocou consideráveis investimentos nesse processo. Os castigos
provocavam nos estudantes sentimento de culpa e humilhação e sustentavam
a disciplina e autoridade do professor sobre o estudante, assim como
fortaleciam a coerção, controle, domínio e disciplina dos corpos no meio
escolar.

Outro ponto importante a ser destacado são os castigos morais que


andavam lado a lado com os castigos físicos, limitando ainda mais os
estudantes no espaço escolar. Fica claro que houve um prejuízo, talvez
irreparável, na aplicação dos castigos, pois eram empregados em prol do
desenvolvimento da instrução, porém, geravam grande dificuldade de
aprendizado nos estudantes por se sentirem intelectualmente e moralmente
atingidos. A modernização da escola trouxe consigo o fim dos castigos como
ferramenta de formação do indivíduo dentro da escola. Pesquisas realizadas
por estudiosos apontaram que tal prática era desnecessária e até mesmo
prejudicial ao estudante.

Em meados do século XIX (1926-1935), a construção de modelos


pedagógicos como Escola Nova e Escola Ativa traziam uma nova visão e
perspectiva acerca do corpo dentro da escola, apontando o esporte como
conteúdo escolar e ferramenta cultural de formação. Esse processo colocou a
escola em transformação, onde a cultura moderna e efetiva deveria ser o foco,
por meio de comportamentos e condutas que fossem moralmente seguidos
pela sociedade como exemplo. A intenção era o incentivo de hábitos saudáveis
através da simbologia trazida pelo esporte ancorada na força, energia e vigor,
compilando uma série de movimentos que alinhavam o corpo ao progresso.

Dessa forma, por volta do final do século XIX, se estreitavam as relações


do esporte, conteúdo da Educação Física, na perspectiva lúdica com a escola,
disseminando, desse modo, cada vez mais a prática esportiva como conteúdo
educativo. Nesse ritmo, o esporte ganhou rapidamente espaço nas escolas, e
no início do século XX era considerado uma “febre”, por ser demasiadamente
praticado nos grandes centros do país.

Ao colocar-se no universo escolar como dispositivo de formação cultural,


o esporte passa a ser ferramenta disciplinar para transmitir conhecimento, não
só científico como também de senso comum; e formular e cativar condutas de
convivência em sociedade, apresentando-se como uma forma mais branda de
domínio sobre o corpo, porém não menos eficaz sob o ponto de vista da
supremacia política e econômica. Ao pensarmos em corpo sob o enfoque da
educação, é preciso levar em consideração todo o gestual e cuidados
dedicados a ele nas mais variadas práticas educativas.
Não obstante, o corpo permite que o indivíduo seja visto, já que seus
sentimentos, atitudes e pensamentos estão ligados através de uma teia
complexa que dá a dimensão da percepção corporal do homem. Através do
corpo é possível interagir e perceber o que se passa em seu entorno,
enveredando na multiplicidade do que é possível e impossível no campo real e
imaginário. Todas as influências sejam elas sociais, culturais, biológicas,
religiosas ou de poder, são forças que atuam diretamente sobre a estruturação
e construção cultural do corpo, perpassando gerações.

Práticas corporais ao longo da história

Diante do estudo realizado até o momento acerca dos diversos


momentos históricos de construção e ressignificação do corpo, é igualmente
importante compreender de que forma as práticas corporais sofreram
influência ou o influenciaram.

Práticas Corporais: são manifestações da cultura corporal de determinado


grupo que carregam significados atribuídos pelas pessoas, e que devem
contemplar as vivências lúdicas e de organização cultural.

Os conceitos que circundam o corpo ao longo da história, tais como de


higiene, beleza, força, ordem etc., possuem grande reflexo sobre as práticas
corporais, contribuindo para o seu surgimento ou desaparecimento. É bem
verdade que as formas de cuidado e educação do corpo refletem diretamente
na maneira pela qual é tratado e ocupa lugar na sociedade. Igualmente e
importantes são as práticas corporais, que por si só configuram-se como forma
de mediação entre o corpo e as representações simbólicas sociais vigentes.

O início do século XIX trouxe consigo modificações nas formas de


execução dos movimentos que compunham as práticas corporais,
influenciando assim no objetivo destas e na forma como a educação enxerga o
corpo, com intuito de criar parâmetros passíveis de medição e comparação. Em
outras palavras, a intenção da educação era sistematizar os movimentos, os
exercícios possíveis de serem realizados pelo corpo, sem perder o controle
sobre este, à luz da ciência.

Nesse sentido configuram-se novas formas de controle desse corpo,


através de regras, códigos e práticas reunidos em torno da busca pelo
movimento performático, ou seja, o que mais contava era a plasticidade do
movimento, sua amplitude, a perfeição do gesto. Isso levou a uma
sistematização dos movimentos e exercícios, aumentando a necessidade de
compreensão dos efeitos dos mesmos sobre o corpo, dando origem às ciências
que estudavam o corpo sob o ponto de vista da performance, do rendimento,
comparando, medindo e criando protocolos possíveis de reprodução em todo o
mundo.

Portanto, a nova visão de corpo se consolidava na necessidade de


mensurar sua força, velocidade, técnica, capacidades múltiplas e de que forma
poderia manter regularidade constante. Contudo, Sant’anna (2000) afirma que
nem sempre as relações estabelecidas entre o corpo e a técnica são
harmoniosas e funcionais, gerando em alguns momentos conflitos, tensões,
disputas e diferenças que podem passar despercebidas.

Nesse sentido, esclarecer e elucidar as contradições e diferenças em


prol da relação corporal coletiva tolerante e inclusiva é descontruir a ideia de
domínio do corpo e suas relações dentro da escola, uma vez que se deve
enaltecer os processos formativos que busquem a completude do indivíduo nas
suas relações sociais e individuais, rompendo com esse cenário de domínio do
corpo.

Métodos ginásticos europeus


Na Antiguidade, as formas de exercitação possuíam diferentes
características e ganharam diversas finalidades como a educação corporal,
eficiência fisiológica, terapêutica, estética, moral e militar (DARIDO e RANGEL,
2005). Nesse contexto, podemos apontar que a Ginástica é considerada uma
ferramenta importante da Cultura Corporal do Movimento que se construiu
ao longo dos tempos.
A propositura da Ginástica como prática corporal nos remete ao século
XIX, recorte do tempo no qual foi sistematizada e fomentada em toda a Europa
e posteriormente em todo o mundo. Esse momento histórico ficou conhecido
como Movimento Ginástico Europeu que, por conseguinte, originou os
Métodos Ginásticos, que surgem com intuito de sistematizar as diferentes
formas de se exercitar, dividindo-se em quatro escolas: Alemã, Sueca,
Francesa e Inglesa. Esse movimento influenciou a prática de exercícios sob o
enfoque educativo.

Escola Alemã

Nessa época (século XIX) a Alemanha estava sob constante ameaça de


guerra e a ginástica surge como uma alternativa de preparação para defender
a pátria. Havia um forte apelo ao espírito nacionalista em que homens e
mulheres deveriam ser fortes e saudáveis.

Voltada para fins pedagógicos, ou seja, responsável pela educação do


povo, a Escola de Ginástica Alemã possuía duas vertentes: a Ginástica
Pedagógica Moderna, também conhecida como a ginástica para jovens,
disseminada por Johann Christoph Friedrich Guts Muths, e a Ginástica Prática
Social que estava voltada para o sentimento nacionalista popular, e tinha como
principal líder, Friedrich Luwig Jahn, que aplicava os exercícios em prol da
unificação da pátria. Foi ele quem criou as barras paralelas e o cavalo,
aparelhos inspirados nas guerras da época, utilizados na Ginástica Artística. É
a partir desse método ginástico que nasce a Ginástica Olímpica que se
conhece nos dias atuais.

Jahn, considerado o “Pai da Ginástica”, se destacou por disseminar o


método entre a população dando um enfoque patriótico ao caráter militarista
marcante, cuja preocupação era a purificação da raça para o trabalho e
desenvolvimento da nação, a defesa da pátria nas guerras e a preservação da
raça através de uma maior preocupação com o corpo feminino, além de
defender que a ginástica deveria ser para todos. Ele defendia a premissa de
que o homem deveria ser forte, ou seja, “vive quem pode viver”.
A Escola de Ginástica Alemã chegou ao Brasil por volta da segunda
metade do século XIX através de imigrantes alemães que difundiram o hábito
de cultivar diferentes práticas corporais no território brasileiro a partir do Estado
do Rio Grande do Sul. Também era amplamente praticada por soldados da
Guarda Imperial, em sua maioria alemães que abandonaram o serviço militar
em seu país e ficaram no Brasil.

O método alemão, criticado por Rui Barbosa por não ser adequado para
fins pedagógico e sim apenas militar, foi consagrado como método oficial do
exército brasileiro a partir de 1860, até 1912, data em que o método francês
assume o seu lugar. Sobre este método francês, a discussão será mais
adiante.

Escola Sueca

Voltando a atenção agora para o Método de Ginástica Sueco (início do


sec. XIX) podemos observar que sua finalidade difere do método anteriormente
estudado, pois seu caráter militar era frágil, porém deveria gerar indivíduos
capazes de defender a pátria, dando enfoque principal à missão de
regeneração da raça através da extirpação dos vícios cultivados pela
sociedade (alcoolismo).

Esse método é caracterizado pela valorização da Ginástica no âmbito


escolar como relevante para a formação cidadã, ideia fomentada por Pehr
Henrick Ling. A Ginástica era apontada ainda como ferramenta que deveria ser
utilizada para fins médicos, militares, estéticos e ortopédicos, e era dividida em
quatro partes: Ginástica Pedagógica ou Educativa, voltada para a saúde e
desenvolvimento do indivíduo; Ginástica Militar, que mantinha as
características da ginástica pedagógica, porém com exercícios voltados para
preparar os indivíduos para as guerras; Ginástica Médica ou Ortopédica, que
objetivava eliminar os vícios posturais, e a Ginástica Estética, baseada na
pedagógica voltada para o cultivo do corpo belo e harmonioso.

Dentre as práticas corporais estavam exercícios livres (sem aparelhos),


saltos no cavalo, jogos ginásticos, patinação e esgrima. Esses exercícios eram
associados aos cantos entoados pelos homens que faziam parte do exército.
Outra prática corporal que surgiu nessa época inspirada na Ginástica Sueca
foram os exercícios calistênicos ou Calistenia, que corresponde a um conjunto
de exercícios ginásticos localizados voltados para fins pedagógicos, médicos e
corretivos, ou seja, tinha preocupação com a saúde física e mental da
população.

Escola Francesa

Esse método é o que você deve dispensar maior atenção, pois foi o de
maior importância e influência para a Educação Física no Brasil.

Baseada nas ideias de Friedrich Luwig Jahn e Johann Christoph


Friedrich Guts Muths estava muito além das metas militares e do caráter moral,
tinha preocupação direta com o desenvolvimento social e formação do homem
de maneira completa. Dentre os seus principais estudiosos estava Francisco de
Amóros, que inspirado pelas ideias de Pestalozzi rejeitava o empirismo e
exaltava a ciência para comprovar a importância dos exercícios para a saúde
da população.

O Método Francês, criado por Amóros, constituía-se por exercícios


educativos, jogos, flexionamentos, exercícios mímicos, saltos, lutas, remos,
ciclismo, desportos individuais e coletivos, dentre outros. Esse método foi
introduzido nas escolas brasileiras (1929), servindo de base para a Educação
Física Brasileira. Contudo, foi duramente criticado pela Associação Brasileira
de Educação (ABE) que entendia a implantação e obrigatoriedade de um
sistema estrangeiro de ginástica. Todavia, por ser um método estrangeiro, não
se enxergava o atendimento das necessidades perante a solução dos
problemas educacionais existentes, haja vista ter características específicas de
outra nação.

Outro método que figurou a Escola Francesa foi o Método Natural de


Georges Hébert, que era contra as formas de exercícios analíticos,
denominados ginásticos. A Ginástica Natural defendia o uso dos movimentos
da espécie humana para o completo desenvolvimento corporal, além de ser útil
para as atribuições da vida moderna como a falta de tempo e espaço
adequados para a prática de exercícios. Os exercícios deveriam ser
executados ao ar livre para promover maior adaptação corporal às
temperaturas, dentre os indicados estavam à marcha, a corrida, o salto, andar
em quatro apoios, levantar, escalar, arremessar e outros.

Escola Inglesa

A Escola Inglesa era voltada para os jogos e esportes guardando


estreita relação com as transformações socioeconômicas produzidas pela
Revolução Industrial na Inglaterra, indo na contramão das demais escolas que
estavam voltadas para o fortalecimento da pátria através da filosofia
nacionalista e se utilizavam de exercícios calistênicos, sem relação nenhuma
com o lúdico, voltados apenas para o caráter performático do esporte. Um dos
principais atores dessa época foi Thomas Arnold que fazia alusão ao esporte
como ferramenta educacional, valorizando o jogo limpo (“fair play”).

A Inglaterra foi pioneira ao difundir o esporte para a população industrial


e urbana do país, e ao difundir o esporte como ferramenta educacional,
educação através das regras, organização, técnicas, e condutas dos jogos e
esportes. Os exercícios eram generalizados e dividiam-se em: Exercícios
naturais e os Jogos, caracterizados pela execução de movimentos simples e
naturais, e posteriormente pela a execução dos jogos; Exercícios Formativos,
que visavam à formação e desenvolvimento harmonioso do indivíduo; e
Desportos Coletivos, que era uma espécie de complemento dos jogos
vivenciados anteriormente.

No Brasil o Método Ginástico Inglês passou a ser adotado nas escolas a


partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) em 1961. Na ocasião
houve um extenso debate acerca da educação brasileira e ficou determinada a
obrigatoriedade do ensino da Educação Física para o então ensino primário e
médio, fortalecendo dessa forma a prática esportiva nas escolas do país.

Calistenia

Apontada como precursora de inúmeros estilos de ginástica, a Calistenia


que significa beleza e força foi inspirada no Método Ginástico Sueco, e
corresponde a um conjunto de exercícios localizados com fins pedagógicos,
fisiológicos e corretivos.

Apesar de ter sido influenciada pela Escola Sueca de Ginástica, traz em


seu formato um instrumento inovador: a música. Durante a prática dos
exercícios ginásticos a música ou a marcação feita por tambores deveriam
estar presentes, no intuito de facilitar a socialização, evitar a monotonia durante
os treinos, bem como aumentar o entusiasmo na execução dos exercícios.
Dessa forma, os exercícios assumem uma característica mais lúdica e facilitam
a implementação de passos de dança e a utilização de implementos como a
bola, bastão e arco.

A Calistenia foi se firmando ao longo da história como um tipo de


atividade corporal voltada para fins estéticos e posturais através de exercícios
de aprimoramento da força e flexibilidade, aliando o ritmo marcado por palmas,
contagem, utilização de instrumentos percussivos ou ainda músicas aos
exercícios. Diante do exposto fica clara a grande contribuição dessa prática
corporal para a estruturação da Ginástica.
CULTURA CORPORAL
DO MOVIMENTO E
CORPOREIDADE

2
CONHECIMENTO
Compreender a importância da Cultura Corporal do Movimento e para a
construção da Corporeidade Infantil.

HABILIDADES
Reconhecer as práticas corporais que compõem a Cultura Corporal do
Movimento, e de que forma a ludicidade pode influenciar na construção da
Corporeidade infantil.

ATITUDES
Posicionar-se criticamente sobre a Cultura Corporal do Movimento e a
construção da Corporeidade infantil.
Cultura e contexto histórico do movimento e
corporeidade

A partir dos conceitos trabalhados no primeiro capítulo acerca do corpo e


das práticas corporais vivenciadas pelo homem durante a história das
civilizações espalhadas pelo mundo, você agora deve compreender como o
movimento e as diversas formas de culturas influenciaram e influenciam até
hoje na Corporeidade infantil e na Cultura Corporal do Movimento.

As primeiras civilizações compõem um marco histórico que vem dando


conta que o movimento humano teve início há pelo menos três ou quatro
bilhões de anos, quando ainda não havia linguagem falada, o homem ainda era
bípede e contava com a comunicação não verbal, que engloba todas as
manifestações comportamentais que não se traduzem em palavras e sim
através de gestos e expressões faciais, posturas, orientação do corpo na
relação espaço tempo, dentre outras, no intuito de expressar suas
necessidades. Ademais, o homem utilizava a capacidade de movimentar-se
para além da comunicação, pois andar, correr, saltar, lançar, nadar, defender-
se e atacar fazia parte das atividades que lhe conferiam sobrevivência.

O homem primitivo era nômade, porém, as primeiras civilizações


deixaram de lado essas características agrupando-se e fixando morada em
locais determinados. Para afastar os homens que ainda eram nômades esses
grupos utilizavam um conjunto de gestos, movimentos que traduziam seus
sentimentos e davam significado aos anseios coletivos. Tais ações podem ser
vislumbradas em atividades como o jogo de combate e a dança que traduzia os
acontecimentos marcantes como casamentos, funerais, colheitas, reverência
aos deuses etc. Esse cenário revela a intensa utilização do corpo para retratar
as expectativas e sentimentos de cada povo, podendo ainda ser observado
através da pintura corporal para as guerrilhas, da caça, comemorações, e da
expressão corporal coletiva dos sentimentos.

O contato direto com a natureza permitia ao homem uma


experimentação dinâmica de múltiplas atividades como subir em árvores, andar
sobre terrenos variados, transpor rios e obstáculos naturais, dentre outros.
Essa relação com o meio ambiente proporcionou uma troca harmônica e
ritmada de movimentos corporais. Contudo, a evolução racional do homem
gerou um campo de empatia de seu corpo e suas possíveis ações com o
mundo que o rodeava, dando maior significado às expressões corporais que
representavam sentimentos, ou seja, o movimento começa a tornar-se
importante para dar o tom das relações interpessoais, num processo de
formalização de gestos.

É preciso atentar para o fato de que apesar do progresso da


comunicação, a evolução do homem e das civilizações espalhadas pelo mundo
o colocou em posição de distância com a natureza, pois o processo de
industrialização, o advento das máquinas e tecnologias era, sem dúvida,
massificador. Esse cenário revela que o homem deixa de realizar inúmeras
atividades antes imprescindíveis e passa a ser menos sensível à utilização do
movimento como ferramenta inerente à vida. Portanto, a cultura corporal foi se
modificando ao longo da história do homem, conforme os movimentos das
civilizações espalhadas pelo mundo.

Antes de enveredarmos pelo tema Cultura Corporal do Movimento e


Corporeidade se faz necessário conceituar, na intenção de compreender e
analisar criticamente alguns termos que servirão de subsídio na sustentação da
importância do assunto abordado. Assim, podemos indagar inicialmente: o que
é cultura?

Sob o aspecto antropológico, cultura é a reunião de padrões


comportamentais, conhecimentos, crenças e hábitos (individuais, sociais e
religiosos) que permitem a identificação de um grupo social.

É notório que a conceituação do termo cultura expõe sua característica


polissêmica, ou seja, possui diferentes significados que juntos a constroem. A
cultura está intimamente ligada ao desenrolar histórico das sociedades,
correlacionando o fazer do homem com a comunidade a qual está inserido. Em
outras palavras, implica na transformação do contexto natural a partir das
formas de existência pelas quais os homens se relacionam com outros povos e
com a natureza. A cultura não pode ser apresentada como um conceito restrito
em si, pois apresenta a multiplicidade do mundo ao seu redor, colocando-se
como fenômeno que possui influência da educação, dos movimentos sociais,
da filosofia, literatura, da ciência, arte, etc.

Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam a cultura


e a educação do físico como dois pilares importantes para a construção do
conhecimento, sendo a segunda responsável pela compreensão do ser
humano na perspectiva da produção cultural (BRASIL, 1999). Na visão de
Daólio (2007) o termo cultura é imprescindível às ciências que estudam a
educação do físico, uma vez que as manifestações corporais humanas nascem
na construção cultural diversificada, onde os símbolos e significados possuem
grupos culturais determinados. É válido pontuar que a conectividade entre
cultura, corpo e movimento confere ao profissional responsável à missão de
ressignificação do movimento humano, uma vez que é área do conhecimento
voltada para a formação integral do indivíduo, destinada não só a exploração
científica do corpo como também ao estudo do movimento sob diversos
aspectos: histórico, educacional, fisiológico, político, religioso, etc.

Dessa forma, partindo do pressuposto de que as manifestações culturais


emanam das relações entre povos em uma dinâmica do fazer cultural com a
natureza que o cerca, é possível afirmar que a cultura corporal só há por existir
o movimento, e vice versa. Na tentativa de expor o conceito de cultura, pode-se
afirmar que esta é composta por tudo aquilo que é produzido pela ação
humana, portanto, é possível concluir que as práticas relacionadas ao
movimento, seus símbolos e significados, estão além dos aspectos biológicos
ou físicos e possuem conexão direta com a cultura.

Nesse contexto, a compreensão das práticas corporais como resultados


de diversas práticas coletivas a partir de potencialidades de cada indivíduo,
permite visualizar seus limites e possibilidades nos tempos atuais numa
perspectiva de superação da relação puramente funcional com o corpo. Nessa
direção, apresenta-se o processo de construção e ressignificação pedagógica
do movimento que se opõe à lógica funcional, entregando às ciências afins o
desafio de organizar, balizar, discutir e adequar os conteúdos que compõem a
Cultura Corporal do Movimento.

Cultura Corporal do Movimento é compreendida como o conjunto de


fenômenos ou manifestações corporais expressivas traduzidas pela habilidade
humana em produzir, reconstruir e ressignificar o conhecimento.

A ampla capacidade de movimento confere ao homem, em primeiro


plano, sua sobrevivência. Em adição, o movimento possui posição de destaque
no que concerne à aprendizagem, permitindo o domínio de si e do mundo
através do conhecimento e de processos cognitivos superiores, abstratos e
reflexivos, sem desconectar-se das percepções e ações motoras. Isso é
corporeidade. Sendo assim, a corporeidade não é um ponto finito, acabado,
concluído nas situações existenciais, mas sim um retrato das mais variadas
experiências vividas de forma continuada, numa troca que estabelece doação
do ser para o mundo e deste para o ser.

As possibilidades gestuais de sobrevivência construídas ao longo da


história da humanidade passaram por inúmeras transformações e influências
que, juntas, deram origem à Cultura Corporal do Movimento (jogos, esportes,
lutas, dança, ginásticas e outros), que, por sua vez, possui características que
traduzem a representação corporal lúdica de diversos povos. Essas atividades
corporais expressam e comunicam com influência da ludicidade, da estética, do
misticismo e conotação artística, revestidos de subjetividade e objetividade que
se findam em si próprios ou podem ser consumidos.

Essa linguagem, conhecida como cinética, representa as mensagens


recebidas durante as interações humanas, e se traduz através de movimentos
considerados universais dentro da cultura corporal, como por exemplo, as
representações faciais de dor, raiva, medo, fome, alegria, etc. Contudo, esse
arcabouço gestual é compreendido por seus receptores conforme suas
experiências sociais construídas e transformadas através dos tempos.

Foi à experimentação e interação com a natureza que permitiu ao


homem transformar diretamente a sua forma de existência natural, o que
resultou na construção da corporeidade ao longo dos tempos, tornando o
movimento corporal um universo de possibilidades para além das ações
mecânicas. Cabe destacar aqui o termo corporeidade que possui um caráter
dual, uma dimensão física e outra imaterial, diz respeito à qualidade corpórea,
encarnação ou corpo perceptivo em profunda relação com a subjetividade
arquitetada pela mente.

As inúmeras possibilidades de movimento humano sejam elas


pragmáticas (voltadas para o trabalho), religiosas (práticas mediativas), lúdicas
(esportivas ou populares) ou estéticas (artes cênicas e circenses), permitem a
compreensão do mundo ao redor sob a ótica do movimento. Assim, a
corporeidade, entendida como unidade tensional da relação corpo-mente, traz
auxílio na compreensão do movimento na perspectiva do pensar e agir
educacional. Na visão de Santin (1987) a corporeidade é campo onde o
homem se faz presente e se distancia dos demais animais, uma vez que todas
as suas ações, funções e vivências são perceptíveis na corporeidade, ensinada
e vivenciada na Educação Física.

Corporeidade se refere à inserção do corpo humano em um mundo


significativo, implica a relação dialética do corpo consigo mesmo, com outros
corpos e com objetos do seu mundo.

Esse conceito de corporeidade nos remete a ideia de que a


compreensão da linguagem corporal (movimento) deve ser primordialmente
objeto de estudo das ciências humanas, das relações sociais, das artes, da
filosofia, dos saberes e fazeres populares aliados à vertente biológica, uma vez
que o corpo humano é múltiplo.

Portanto, todas as formas de vivências corporais no âmbito da Educação


Física, que vão desde o brincar funcional dos bebês, passando pela exploração
de movimentos primordiais como andar, saltar, correr, dentre outros, até a
sistematização de gestos esportivos, atividades lúdicas, vivências terapêuticas,
etc, seja em sociedade ou individualmente, convergem para um entendimento
da Cultura Corporal do Movimento como um conjunto de atividades que
englobam o fazer artístico, cultural, intelectual e filosófico, que compõem a
linguagem corporal.

De forma conotativa, é possível comparar o movimento (linguagem


corporal) com a fala (linguagem verbal), onde os movimentos isolados
representam as letras ou palavras soltas sem sentido algum e fora de contexto,
e os movimentos sequenciados que são como frases completas que
expressam informações elaboradas do mundo em que se concretizam as
atitudes. Contudo, na contemporaneidade, a tentativa de ampliar o
reconhecimento do corpo como ferramenta puramente mecânica do movimento
para instrumento dotado de corporeidade, expõe também os limites impostos a
ele através de procedimentos e resultados generalizados que obrigam o corpo
a seguir um molde pré-determinado, como estudado anteriormente.

Mesmo diante dessas limitações, regras e formas diversas de controle


impostos ao corpo na tentativa de conduzir, prever e restringir o movimento, o
fato é que a Cultura Corporal do Movimento reúne a construção de gestos
motores que foram transformados conforme cada época e não se finda no hoje,
pois é processo contínuo de experimentação humana, de seus anseios e
pretensões. Se analisarmos a linguagem corporal na perspectiva da mímica,
entendida como elaboração de movimentos baseados em conteúdos e formas,
ficará clara a busca do homem por valores, o que nos remete às formas de
utilização do corpo em si.

Cabe destacar que as mímicas são o retrato do cotidiano e estão


carregadas de intenções e emoções, que podem ser traduzidas num breve
movimento mímico, e este pode comunicar muito mais coisas do que frases
elaboradas. Entretanto, os movimentos podem ser descritos e representados a
partir da compreensão dessa descrição, o que envolve atenção,
autoconhecimento e reconhecimento do corpo do outro, capacidade de
decodificar intenções, dentre outras habilidades.

Estudos realizados acerca do que se conhece como Zona da


Corporeidade aponta o conceito de “atitude” como ponto chave. Essa teoria,
denominada Análise de Movimento de Laban (LMA), reconhece que os fatores
como espaço, tempo, fluxo e peso estão presentes em todo e qualquer
movimento, e que a análise de tais fatores visa tornar perceptíveis as
mudanças na qualidade da ação em si ou a atitude daquele que se move.

Além disso, a análise do ato de mover-se a partir desses fatores não se


limita apenas aos parâmetros mecânicos regidos por ciências como a
Biomecânica, por exemplo, uma vez que a (LMA) se baseia na premissa de
que a atitude é algo interior, que nasce de dentro para fora, dando origem ao
movimento. Portanto, quando se faz uso da (LMA) para a compreensão do
movimento decodificado em gestos, posturas, posições, direções, tensões e
ritmos são possíveis perceber a exteriorização de sentimentos e ideias.

Com relação às atitudes proferidas pelo corpo durante ação motora


(movimento) pode-se dizer que possuem duas formas principais: uma que flui
do centro do corpo para as extremidades, e outra que nasce na periferia e
corre em direção ao centro. Essa organização atitudinal pode sofrer alterações
e ser interpretada como uma desorganização ou desarmonia do movimento em
si, porém, isto pode estar intimamente relacionado ao momento histórico ao
qual o executor da ação esteja inserido, pois os conjuntos de atitudes
executadas durante o movimento se dá conforme os movimentos sociais
vigentes de cada época.

Ao analisarmos a Cultura Corporal do Movimento com base nas


informações acerca de corporeidade e atitudes corporais, pode-se citar o
complexo conjunto de ações motoras determinadas pela teia que liga corpo e
mente durante a prática de uma atividade física proposta durante uma aula de
recreação no Ensino Infantil, por exemplo. Quando as crianças entram no
espaço destinado a essa atividade se deparam com uma série de situações
que determinarão cada movimento, seja ele individual ou coletivo.

As intenções de movimento formuladas durante a recepção dos


estímulos externos, que podem ser desde a verbalização das demais crianças
à movimentação estratégica dos professores para orientar a turma, levarão o
indivíduo a produzir movimentos complexos específicos durante a aula como
rolamentos, saltos e giros variados. Tais movimentos podem exigir de seu
executor atitudes que exprimam força, equilíbrio (estático e dinâmico),
agilidade, e por isso, exige de seus praticantes posturas e movimentos
coordenados em si e com os demais colegas, além de permitirem interpretação
significativa a partir do contexto ao qual estão inseridos, pois um movimento
que exige atitude de força pode exprimir competitividade, que muitas vezes não
é o foco da atividade proposta, exigindo do profissional responsável ajustes
imediatos.

Já quando se observa a prática de danças culturais que representam os


povos, fica claro que a intenção gestual é totalmente diferente daquela
observada em um jogo de futebol. Pode exprimir tristeza ou alegria,
dependendo do momento e situação que se deseja retratar. Alguns povos
dançam coletivamente, executando movimentos em forma de círculo para
reverenciar os deuses ou pedir aos céus que mandem abundância, ou chuva
para as lavouras. Além disso, as danças típicas regionais também podem
representar as guerrilhas travadas pelos povos na conquista de terras e poder.

Outros significados gestuais podem ser identificados durante a prática


das ginásticas contemporâneas, que possuem como uma de suas
características o apelo muito forte, por intermédio da mídia, ao corpo belo,
“perfeito”. Basta observar as formas de relações estabelecidas durante as
aulas e a maneira com que as pessoas cultivam comportamento narcisista.
Esse conjunto de gestos e atitudes demonstra a escravidão do corpo na busca
pela perfeição estética. Portanto, vislumbrar a corporeidade humana é
considerar as atitudes, relações, significados e utilidades do corpo através do
movimento, num processo de tradução gestual de tudo aquilo que importa para
um determinado grupo social conforme seu tempo.

Corporeidade infantil: brincando com o movimento


Desde o nascimento o ser humano entra em profunda interação com
tudo ao seu redor, passando por transformações ao mesmo tempo em que
também provoca inúmeras mudanças. Esse processo proporciona a formação
do indivíduo a partir das relações estabelecidas em sociedade, uma vez que o
corpo recebe múltiplos sentidos e significados ao longo da história da
humanidade. Atualmente, o contexto histórico está voltado para a valorização
do corpo sob diversos aspectos, despertando o interesse de estudiosos no que
diz respeito a sua inserção no âmbito escolar, uma vez que a educação faz
parte do processo de formação do homem.

A Educação envolve caminhos de formação do indivíduo que podem ser


observados na convivência familiar, social, profissional, nas organizações
governamentais e manifestações culturais.

Durante a Educação Infantil uma infinidade de informações é recebida, e


a compreensão do corpo a partir da corporeidade se torna primordial para o
desenvolvimento das crianças no processo de ensino-aprendizagem.
Rabinovich (2015) afirma que o corpo é o primeiro instrumento utilizado pela
criança quando estabelece uma relação com o mundo, pois entre linguagem
escrita e o mundo concreto existe a expressão corporal que, por sua vez,
facilita a aquisição de novos conhecimentos e substitui os demais símbolos de
comunicação.

As inúmeras experiências corporais vivenciadas pelas crianças no


âmbito escolar podem ser identificadas facilmente nas atividades cotidianas,
tornando possível o aprimoramento de sua corporeidade. Nesse sentido, o
corpo infantil é elemento chave no que diz respeito ao contato com a realidade
exterior, pois a criança só é capaz de realizar sínteses e análises,
representação do mundo a sua volta, e pensamento lógico a partir da vivência
concreta e prévia da ação corporal. Assim, o movimento é visto como facilitador
do processo de desenvolvimento cognitivo da criança, interligando-se com seu
aprimoramento motor e afetivo.

A experimentação ampla, seja motora ou afetiva, como o aguçar dos


sentidos, as reações ou falta delas, as intenções e gestos são ferramentas
importantes na construção da corporeidade, uma vez que esta deve estar
voltada para vida, proposta que se alinha com os objetivos da escola no que
diz respeito à Educação Infantil, onde a criança deve ser estimulada a ponto de
desenvolver suas capacidades e agir como sujeito que pensa, sente, age,
interage, se desenvolve, se adapta, se reconhece, reconhece o outro e
reconhece-se no outro.

A Corporeidade infantil é tratada no Coletivo de Autores (1992) no que


diz respeito à Cultura Corporal do Movimento como ferramenta importante
na compreensão de como a escola pode desenvolver as atividades corporais
de forma lúdica e prazerosa, contemplando a expressão corporal como forma
de comunicação no ato de brincar, através de temas como a dança, as lutas,
etc. Já o Referencial Curricular Nacional Infantil (RCNEI, 1998) que norteiam as
instituições que atendem crianças de 0 a 6 anos, indica que a linguagem
corporal na infância deve ser trabalhada através do contato físico com outras
crianças, pois dessa forma será capaz de perceber o mundo a sua volta e
comunicar-se por meio da linguagem corporal. Além disso, temas transversais
como raça, gênero, classe social dentre outros, podem ser contemplados
através da desconstrução das mais variadas formas de brincar.

Contudo, para muitos profissionais que trabalham nas escolas o papel


destas está longe de ser um local de disseminação de práticas corporais
carregadas de emoções e anseios. Em outras palavras, não seria papel da
escola, na visão restrita desses profissionais, proporcionar o desenvolvimento
da corporeidade infantil a partir de ferramentas pedagógicas. Na verdade, o
que ocorre frequentemente é a criação de normas e regras no intuito de
controlar as manifestações corporais das crianças, como por exemplo, a
restrição de espaços aos quais as crianças podem ter acesso, a imposição do
silêncio e movimentos considerados inadequados em sala de aula, a divisão do
tempo para as atividades, à forma como as crianças são postas em filas, as
penalidades aplicadas, dentre outros.

Igualmente controlador é o conjunto de regras impostas durante os jogos


e brincadeiras, que muitas vezes impedem a criatividade e visão diferenciada
da criança diante das situações vividas nesses momentos. Fica claro que há
uma tentativa constante de controle dos movimentos das crianças através da
normatização das manifestações corporais, impedindo a construção e
desenvolvimento da corporeidade. Por outro lado, muito embora haja o controle
constante do corpo infantil na perspectiva do movimento, há também a
liberdade experimentada pelas crianças durante as atividades dirigidas e nos
momentos de intervalo das aulas. É no recreio que as relações se estabelecem
de forma mais solta, livre de olhares controladores, pois, as crianças são, por
muitas vezes, impedida em seus movimentos.

No entanto, as aulas voltadas para a educação do físico devem


proporcionar momentos com atividades que priorizem a ludicidade de forma
orientada. Essas atividades carregam consigo valores educativos que
interferem diretamente no processo do desenvolvimento motor,
conscientização corporal e cultural. Tais abordagens pedagógicas ocupam
lugar de destaque quando comprometidas com a educação psicomotora da
criança, uma vez que estas dificilmente rejeitam as atividades físicas que
envolvem o brincar, que é tão valorizado nessa fase da vida. Segundo Le
Boulch (2007) a educação psicomotora na infância deve facilitar o confronto
com o meio escolar com a finalidade de oportunizar, por meio do jogo, ajustes
individuais e coletivos (em relação a outras crianças).

Desenvolvimento motor diz respeito ao processo contínuo de mudanças


estruturais que ocorrem em um indivíduo durante a vida provocada pela
interação entre as exigências da tarefa motora, aspectos biológicos e o meio
ambiente.

É necessário observar que o desejo de brincar ocupa grande espaço no


mundo infantil, pois a cada oportunidade as crianças tendem a transformar uma
situação escolar corriqueira, como uma aula em si, em brincadeiras
inimagináveis. O ato de brincar gera um estímulo na criança que a leva a
experimentar novas situações, que podem estar vinculadas ao seu cotidiano,
sua cultura e expectativas, proporcionando aquisição do saber. Isso pode ser
interpretado como um comportamento de resistência aos comandos (controle)
do professor em sala. Porém, a brincadeira possui significado para a criança,
colocando na maioria das vezes, outras atividades pedagógicas (ditado ou
leitura) como secundárias ou comparadas ao “fazer nada”.
Estudiosos como Piaget (1976) acreditam que o brincar é uma forma
inestimável de disponibilizar as possibilidades de movimentação, que podem
ter variados objetivos, inclusive conteúdos escolares. A experimentação do
movimento durante a brincadeira oportuniza a criança a percepção da
linguagem corporal e seus signos facilitando, dessa forma, a sua auto
formação, uma vez que o movimento é união de toda ação corporal dotada de
intenção, ou seja, é por meio do movimento dotado de objetividades e
subjetividades que se desenvolve a corporeidade infantil, e isso permite a
criança conhecer suas potencialidades, limites e dificuldades reais.

As crianças precisam experimentar o movimento de forma diversificada,


realizar ações que exijam imaginação e criatividade. As brincadeiras devem
estimulá-las a pular, correr, arrastar-se, transpor objetos, dar rodopios,
experimentar os apoios e suas trocas, balanceios, bem como movimentos de
puxar e empurrar, dentre inúmeros outros. Todavia, nos primeiros anos da
Educação Infantil ocorre uma valorização da mente em detrimento do corpo
evidenciado pelo seu controle, muitas vezes excessivo.

Em oposição, Barbosa (2011) em seus estudos indica que o corpo


representa para a criança um elo com a realidade. A ação corporal
experimentada previamente é o que vai proporcionar a ela a oportunidade de
analisar, sintetizar, representar mentalmente o mundo a sua volta, além de
torná-la capaz de realizar operações lógicas. A exploração do corpo por meio
do movimento influencia positivamente no desenvolvimento infantil.

Nessa direção, o desenvolvimento do esquema corporal durante a


infância permitirá à criança o conhecimento adequado de seu corpo, uma vez
que o esquema corporal é apontado como o ponto de partida para todo
conhecimento que a criança formula em relação ao mundo ao seu redor,
facilitando sua orientação no espaço e no tempo. Sobre esse assunto, Oliveira
(2002) esclarece que a organização do esquema corporal permite à criança o
conhecimento e consequente domínio de seu corpo, equilibrando a conexão
existente entre força muscular e coordenação motora durante o movimento.
Contudo, ocorre que mesmo nas atividades que envolvem ação motora
constante como na prática de esportes, essas atividades são disponibilizadas
para as crianças como se fossem comidas enlatadas, prontas a serem
servidas. Esse formato exclui a possibilidade de “vivência-ação”, em que a
criança pode ser ator efetivo na situação e receber as demandas geradas
naquele determinado momento, tornando-a apenas executora, ser passivo de
controle e regras ditados, onde seus movimentos são constantemente
adestrados.

É preciso atentar ainda para as mudanças sociais que atingem


diretamente os bens da Cultura Corporal do Movimento durante a infância
por meio das relações estabelecidas entre as famílias, a redução dos espaços
de lazer para as crianças, o tempo exíguo entre pais e filhos destinados à
brincadeira, e a concepção errônea de que brincar é algo ruim, ou apenas
infantil ou ainda desperdício de tempo. Outro ponto importante a ser destacado
é a disponibilização de atividades corporais no âmbito escolar que ampliem as
situações que oportunizem para as crianças a construção de conceitos por
meio da exploração do ambiente, dos objetos e variação nos momentos de
aprendizagem.

Nessa direção podemos destacar a utilização de alguns elementos que


certamente contribuirão para o desenvolvimento das capacidades, habilidades
e valências corporais na infância, tais como: conhecimento amplo das diversas
partes do corpo e sua relação com a mente na construção da corporeidade;
noção de espaço tempo (perto, longe, alto, baixo, etc), lateralidade (direita
esquerda); experimentação do andar, correr, saltar, girar, rolar, transportar,
engatinhar em ritmos variados; desenvolvimento da coordenação motora geral,
e do equilíbrio estático e dinâmico; e fortalecimento das relações interpessoais
através de atividades coletivas.

É válido ressaltar ainda que, nesse processo de desenvolvimento da


criança, o ato de brincar deve ser priorizado de acordo com suas
necessidades, pois cada fase exige das crianças determinadas atitudes e
soluções, compondo um leque variado de gestos, expressões, mímicas e
atitudes a serem empregadas conforme os estímulos recebidos e o ambiente
vivido. Ademais, o ato de brincar pode ser auxílio eficaz no engajamento social,
no processo de criação, exploração do mundo ao redor, no desenvolver da
confiança no outro, da capacidade de encontrar soluções para possíveis
conflitos etc.

Vygotsky (1994) aponta que os jogos e brincadeiras infantis


proporcionam à criança o desenvolvimento da capacidade de resolver conflitos
conforme as necessidades surgidas durante tais atividades, e, portanto, devem
ser considerados com seriedade, pois as regras por vezes desconsideradas
pelas crianças quando em contexto social, passam a ter valor durante as
brincadeiras e jogos.

O jogo no desenvolvimento infantil

A dimensão lúdica é essencial ao desenvolvimento humano, uma vez


que as atividades nessa perspectiva são observadas como primeiro plano na
vida de uma criança quando ela não está realizando tarefas que lhe conferem
sobrevivência. O brincar leva à criança a se deparar com situações que
colocam em confronto suas categorias físicas e fantasiosas, bem como os
objetos envolvidos nesse processo, o que torna o jogo uma atividade muito
prazerosa, pois jogar significa reproduzir situações cotidianas com base em
regras pré-estabelecidas.

O jogo proporciona uma assimilação a partir da reprodução e


funcionalidade importantes para o desenvolvimento do indivíduo (PIAGET,
1975). Do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo a utilização do jogo
como ferramenta de aprendizagem visa contribuir para que a criança possa
formular conhecimento e desenvolver e aprimorar suas habilidades e
competências. De acordo com o autor, existem três tipos de jogo e estão
associados diretamente com a fase de desenvolvimento da criança: jogo de
exercício, jogo simbólico e jogo com regras. Em um primeiro momento pode
ser confundido com as atividades sensório-motoras das crianças, porém
quando ações típicas de jogo se interiorizam, há também uma assimilação.

O jogo de exercício tem início no período pré-verbal e se estende até o


final do desenvolvimento da criança, é entendido como atividade lúdica,
representativo das ações infantis e do desenvolvimento da linguagem. Os jogos
de exercício proporcionam a repetição de uma dada sequência motora que
dará origem a um hábito. De acordo com Piaget (1975) essa categoria de jogo
se constitui na principal forma de aprendizagem da criança no primeiro ano de
vida, compondo uma base imprescindível para operações mentais futuras,
contribuindo ainda para a aquisição de conhecimento na escola, que pode se
dá por meio da repetição que, por sua vez, diminui significativamente com a
aquisição da linguagem, muito embora permaneça por toda a vida.

A partir do momento em que a criança consegue imaginar, ela deixa de


utilizar os jogos de exercício e passa a valer-se dos jogos simbólicos, que
estão ligados à ficção e imaginação, características não observáveis nos jogos
de exercício. O Jogo simbólico é observado a partir do momento em que a
criança entra no estágio pré-operatório (a partir de 2 anos de idade),
possibilitando a representação deformada dos conteúdos de sua vida, ou seja,
a criança passa a ter a capacidade de alterar a realidade conforme suas
necessidades, podendo representar e recriar situações. Em outros termos, é o
jogo do faz de conta, no qual a principal estrutura é o símbolo.

A partir dos setes anos de idade o simbolismo diminui dando lugar ao


jogo de regras. Este jogo se refere ao equilíbrio entre o eu e a vida social, ou
seja, surge da necessidade de convivência social, onde as regras são definidas
coletivamente para atender as necessidades do grupo em interação. Piaget
(1975) afirma que são jogos de combinações sensório-motoras (jogo de bola
de gude) ou de origem intelectual (jogos de tabuleiro: xadrez, dama) que
incitam a competição e são reguladas por um conjunto de códigos e regras
tradicionais ou pré-acordadas no instante do jogo.

O Jogo provoca na criança diversas inquietações, e ao passo que estas


são solucionadas contribuem de forma essencial para a formação de
construtos cognitivos mais complexos, onde as crianças são exigidas e levadas
a pensar, criar e agir de forma estratégica para resolver problemas. Em outras
palavras, o jogo permite à criança pensar, agir, interagir, compreender,
inventar, descobrir, construir e desconstruir conexões entre símbolos e seus
significados, ou seja, entre objetos e situações do meio ambiente. Portanto, o
jogo na infância é de suma importância, pois permitem que as crianças façam
interpretações afetivas, intelectuais e interpessoais do mundo ao seu redor.
MOVIMENTO E
APRENDIZAGEM NA
INFÂNCIA

3
CONHECIMENTO

Compreender de que forma o Movimento influencia no processo de


Aprendizagem infantil e Desenvolvimento Cognitivo.

HABILIDADES
Reconhecer as fases do Desenvolvimento Motor e os Padrões Fundamentais
do Movimento na infância.

ATITUDES
Desenvolver uma postura crítica em relação ao desenvolvimento motor e os
padrões fundamentais do movimento na infância.
O processo de aprendizagem motora durante a infância

Nesta unidade de estudo você terá a oportunidade de compreender


como se dá a relação do processo de aprendizagem através do movimento,
dando suporte aos estudantes de Pedagogia e Educação Física no que se
refere ao desenvolvimento motor da criança e a importância do movimento
como ferramenta pedagógica.

Embora o indivíduo possua a capacidade de se comunicar oralmente,


muitas vezes a linguagem corporal é utilizada em primeiro plano para receber e
transmitir informações, nesse sentido, Wallon (1979) indica que “o ato mental
se desenvolve no ato motor”, ou seja, pode-se afirmar que praticar o
movimento é muito importante no processo de aprendizagem, uma vez que
está intimamente ligada à capacidade do indivíduo em executar uma ação
motora que pode ser modificada.

Aprendizagem é uma mudança definitiva de comportamento, resultante da


interação do indivíduo com o meio, traduzida pela aquisição de novas
estratégias de resolução.

Movimento é compreendido como as mudanças físicas, psicológicas e


fisiológicas ocorridas durante a comunidade neural entre o sistema nervoso
central e periférico, através de respostas simples ou complexas cheias de
intencionalidade que geram ação motora.

As mudanças no movimento ocorrem em consequência da prática


sistematizada e regular do mesmo, sendo perceptível tanto na qualidade de
execução como na quantidade de repetição que, por sua vez, refletirão
diretamente na complexidade e intencionalidade do movimento.
Levando-se em consideração os diversos momentos históricos que
permeiam a Educação Física no Brasil, os quais atendiam às demandas do
militarismo, do modelo tecnicista, do esportivismo, da ciência, do higienismo,
da dicotomia estudante-atleta e processo seletivo excludente, é possível
observar uma clara modificação no projeto da escola com relação aos seus
objetivos, conceitos e propostas.

Contrariamente a essas propostas o modelo Interacionista-


Construtivista, que tem como concepção central o movimento como elemento
transversal, estabelece que para que a aprendizagem seja facilitada o
movimento pode ser utilizado como instrumento para trabalhar os conteúdos
ligados aos aspectos cognitivos, como por exemplo, a aprendizagem das
demais disciplinas do currículo (português, matemática, biologia etc.) de forma
interdisciplinar. Esse modelo pedagógico reforça a Cultura Corporal do
Movimento durante a infância, pois valoriza e enaltece questões ligadas às
produções culturais familiares e sociais, assim como as manifestações
populares de brincadeiras e jogos, e outras formas de expressão corporal.

Esse contexto coloca em evidência a necessidade de pensar o


movimento não só sob o olhar da Educação Física, mas buscar contribuições
em outras áreas do conhecimento, estabelecer um diálogo a fim de atender à
diversidade do mundo infantil. O tema Aprendizado Motor foi, e ainda é
explorado por diversos campos do saber. Até a década de 70, por exemplo, a
aprendizagem motora foi estudada pela Psicologia em duas de suas vertentes:
a Behaviorista, em que o comportamento motor é compreendido como reflexo
de hábitos, e a Cognitivista na qual a percepção, memória e cognição
interferem diretamente no comportamento motor.

Nessa mesma época a influência da teoria do processamento de


informações sobre a Aprendizagem Motora, também conhecida como Fase de
Abordagem Orientada ao Processo (AOP) trouxe algumas mudanças acerca
dos fatores que afetam a aprendizagem no que diz respeito aos mecanismos
de aquisição e aprimoramento das habilidades motoras. Essa abordagem
possui foco nos processamentos cerebrais que dão conta da interação estímulo
resposta.
Já no início dos anos 80 surgiu a Abordagem Ecológica ou Abordagem
dos Sistemas Dinâmicos em contraponto a (AOP), colocando em plano
secundário o sistema efetor e criticando a falta de substancialidades nas
respostas acerca da coordenação ou controle dos graus de liberdade durante a
execução do movimento. A Abordagem dos Sistemas Dinâmicos possui como
característica principal a ênfase ecológica, na assertiva de que o sistema efetor
é resultante da organização entre interação dinâmica do organismo e
características do meio ambiente, sendo ainda contrária ao pensamento
cognitivo psicológico de que as estruturas cerebrais como memória, programa
motor e esquema corporal são propostas definidas. Em outras palavras, a
(AOP) acredita que o sistema motor pode funcionar de forma autônoma, sem
recorrer a respostas cognitivas.

Sistema efetor é um conjunto de estruturas (gânglios, musculatura) que


fazem parte do sistema nervoso periférico e comunicam com o sistema
nervoso central.

Sob o ponto de vista psicomotor o movimento resulta de todas as


modificações físicas e de processos fisiológicos que ocorrem ao longo da vida
através de processos cognitivos no córtex cerebral, de atividades reflexas nos
centros cerebrais inferiores ou respostas do sistema nervoso central. Já o
campo cognitivo aponta o movimento como um resultado da relação entre
corpo e mente.

Com relação ao aspecto afetivo, o movimento pode ser observado


através das emoções e sentimentos empregados durante a ação motora.
Porém, o movimento enquanto conteúdo pedagógico ainda é tratado de forma
superficial ao ser abordado na Educação Infantil apenas como elemento
espontâneo. Assim, é necessário tratar de forma pedagógica o
desenvolvimento psicomotor da criança, considerando a visão biológica e
social como partes importantes desse processo.

A Educação Psicomotora (Psicomotricidade) não se limita apenas aos


conhecimentos escolares ou ainda ao simples aperfeiçoamento da motricidade
durante a infância, está, sobretudo, voltada para a formação global da criança,
suas relações sociais e organização de atividades humanas que contemplem a
criação e realização, ou seja, prioriza os aspectos motores, corporais, afetivos,
intelectuais e sociais (CARVALHO, 1996).

A motricidade infantil é contemplada a partir da experiência motora de


componentes como a coordenação, equilíbrio, e o esquema corporal, o que vai
permitir que a criança desenvolva suas habilidades motoras básicas, que
fornecerão a cada indivíduo a possibilidade de aquisição e controle das
capacidades motoras. Vale destacar que as capacidades motoras
compreendem traços gerais, estáveis e duradouros que, geralmente, não
podem ser modificados pela prática ou experiência do movimento, enquanto as
habilidades motoras possuem interferência da prática.

Motricidade refere-se à capacidade do ser humano de mover-se de forma


consciente e intencional, envolvendo memória, afetividade, raciocínio e etc.

Na Educação Física os movimentos mais trabalhados são aqueles


relacionados às habilidades motoras básicas, ou seja, aqueles que possuem
maior refinamento e complexidade motora e que são aprimorados pela
experimentação como, por exemplo, o ato de nadar, andar, correr, saltar,
dentre outros fatores como forma, velocidade, precisão, dispêndio mínimo de
energia e tempo que são determinantes para a realização de determinadas
tarefas que dependem do desenvolvimento das habilidades motoras,
caracterizadas pela execução voluntária de movimentos que possuem um
objetivo funcional ou ambiental, aprimoradas pela experiência.

Na medida em que se aprende a uma ou mais habilidades motoras,


ocorrerão modificações nas características do movimento, e o nível dessas
habilidades depende das experiências vividas em determinadas tarefas.
Contudo, o desenvolvimento motor da criança requer um ambiente que
proporcione situações problemas diferentes e possíveis soluções, aprimorando
cada movimento empregado nas tentativas, o que deve provocar modificações
importantes, tanto individuais como com relação ao meio em que a tarefa é
disponibilizada.
O comportamento motor de um indivíduo pode ser analisado durante o
processo de aprendizagem diante da seguinte divisão: Estágio1: Cognitivo,
no qual o indivíduo é considerado inexperiente e o movimento executado é
muito variável, descoordenado, não possui fluência. O indivíduo está buscando
descobrir como realizar a tarefa, suas principais características, como executá-
la, e claramente apresenta dificuldade de identificar estímulos que são
imprescindíveis para a execução motora levando ao erro; Estágio 2:
Associativo (intermediário), quando a cada tentativa elementos
desnecessários são excluídos da execução do movimento, reduzindo tempo e
energia empregados para tanto. Neste nível a atenção e o padrão motor são
mais apurados, o que leva à estabilização do movimento e diminuição da
ocorrência de erros; e Estágio 3: Autônomo (avançado), onde a ação motora
requisitada é realizada com o menor gasto energético e de tempo possível com
a máxima eficiência. Aqui se destacam o padrão motor constante e o mínimo
de atenção empregada para a execução motora.

A evolução do indivíduo, segundo o modelo apresentado, se dá através


da evolução dos processos responsáveis pelas mudanças comportamentais.
Apesar de ainda ser um mistério para a ciência, a localização do centro
neuronal é a responsável por elaborações cognitivas complexas. Estudos
apontam que esses processos são controlados por centros neuronais distintos
especializados em análises ou operações específicas, interferindo diretamente
na velocidade com que as modificações ocorrem no comportamento motor.

Pesquisadores renomados da área, que se apoiam na teoria dos


Sistemas Dinâmicos para explicar as mudanças no comportamento motor,
sugerem que a partir de capacidades pré-existentes é que o organismo adquire
e formata novos padrões de comportamento hábil, seguindo uma ordem de
aprendizagem que já existia anteriormente permitindo a passagem de um
estágio a outro. É fato que novos padrões passam a existir com a prática e
tendem a se estabilizar modificando o estado inicial do sistema de
comportamento motor.

Não se pode deixar de pontuar que o grau de liberdade dada para a


realização do movimento, bem como as alterações no ambiente ao qual o
indivíduo está inserido são pontos determinantes para identificar a direção e
magnitude das mudanças causadas nos organismos como um todo, pois as
alterações nos padrões provocam não apenas modificações motoras, uma vez
que os fatores que permeiam as capacidades de movimento estão interligados
por teia complexa conectada com o desenvolvimento afetivo e cognitivo.

Além disso, os níveis de desenvolvimento do movimento podem ser


classificados sob vários aspectos, dos quais se destacam os relacionados à
musculatura, ou seja, os movimentos dos grandes e pequenos grupamentos
musculares, que evolvem coordenação motora grossa e fina, respectivamente;
os aspectos temporais do movimento, que indicam relação entre uma
sequência motora específica realizada e o tempo gasto para tanto; os aspectos
ambientais, que dizem respeito ao controle do ambiente, a manutenção e
controle de fatores naturais (vento, sol, chuva, terreno etc.) que possam
interferir na ação; e por fim, o fator intencional do movimento, que abrange
tarefas nas quais a orientação espacial, corporal e equilíbrio são importantes.

Outra proposta de classificação dos níveis do movimento aponta para o


nível de desenvolvimento do próprio indivíduo, onde a fase reflexiva
corresponde aos movimentos involuntários, de reflexos primitivos, da infância
precoce, como a sucção, o deambular reflexivo e o erguer da cabeça dos
bebês; já os movimentos rudimentares são aqueles que envolvem as
habilidades motoras básicas da infância e do engatinhar; e a fase do
movimento especializado onde se desenvolvem habilidades motoras mais
complexas como girar, realizar rolamentos, saltar obstáculos, trocar de base
etc.

Deambular: vaguear ou passar; andar sem rumo certo.

Contudo, há que se leve em consideração as diferenças existentes entre


os indivíduos, uma vez que algumas pessoas podem apresentar habilidade
para uma determinada ação e para outra não, pois o desenvolvimento motor é
altamente específico. Movimentar-se nas aulas de Educação Física pode
significar para a criança a vivência de atividades com as mais variadas
exigências fisiológicas, motoras, cognitivas e afetivas, e isso é extremamente
satisfatório para o seu desenvolvimento motor. Porém, ao atingir certo padrão
motor, o aprimoramento dos movimentos com boa eficiência mecânica deve se
dar através de atividades que contemplem a multiplicidade de fatores como a
constância espacial, temporal e dinâmica das crianças.

Na fase pré-escolar, por exemplo, as crianças com faixa etária de dois a


sete anos de idade são alocadas em três fases pertencentes ao conjunto de
movimentos fundamentais denominadas:

Fase inicial (de 2 a 3 anos), na qual os movimentos corporais são restritos, e


pouco coordenados ritmicamente;

Fase elementar (de 4 a 5 anos), onde as crianças possuem maior controle e


coordenação rítmica dos movimentos considerados fundamentais;

Fase madura (de 6 a 7 anos), onde se destacam a eficiência motora, a


coordenação e performance controlada (GALLAHUE; OZMUN, 2003). Essas
etapas estão melhores representadas na figura a seguir:

Cabe frisar que todo indivíduo é dotado de capacidades motoras, porém,


o nível de desenvolvimento de cada uma delas é variável e determina o
potencial de aprendizagem e realização das habilidades motoras. A grande
maioria dos indivíduos executam movimentos de nível médio, e estes são
resultado da aprendizagem que, por sua vez, decorre de mudanças no
comportamento, sendo resultado da interação biológica com a experiência,
educação e treinamento. Nesse sentido, o movimento é indispensável ao
aprendizado, ou seja, o aprendizado motor depende principalmente do
movimento e das modificações que ocorrem neste em decorrência da prática e
experiência.
Fig. 3 Pirâmide do Desenvolvimento Motor

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd186/padroes-motores-fundamentais-de-movimento.htm

É preciso atentar para o fato de que a relação existente entre as


capacidades motoras e as habilidades é envolta da complexidade, uma vez
que uma determinada capacidade motora pode interferir diretamente em
modificar os estágios de aprendizagem de uma habilidade motora. Essa
conexão entre capacidade e habilidade motora requer uma hierarquia no que
diz respeito à aprendizagem, colocando os indivíduos em níveis diferentes.

O processo de aprendizagem motora durante a infância também envolve


atenção e necessita de informações (estímulos) que, fornecidas pelo ambiente
ou por um facilitador (professor, técnico), serão apreendidas para decodificação
e armazenamento possível na memória de longa duração, ou seja, primeiro o
indivíduo recebe um determinado estímulo externo que será levado ao depósito
sensorial de curta duração, sob a ação da atenção e passará a figurar a
memória de curta duração e retornar possíveis respostas.

A partir daí os estímulos podem, através da prática cognitiva e outros


processos, migrar para a memória de longa duração, que por sua vez faz
intercâmbio direto com a memória de curta duração e realiza a resposta ao
estímulo inicial. Isso explica porque somos capazes de realizar uma atividade
motora embora algum tempo não praticada. A atenção, ponto de variabilidade
entre concentração e vigilância compreendida como processo responsável por
selecionar, alertar, direcionar, deliberar e contemplar, é definida como um
mecanismo que possui a capacidade de fixar e processar informações.

Contudo, durante a execução de atividades paralelas, a atenção pode


sofrer variações dependendo da complexidade da tarefa realizada, das
instruções disponibilizadas, ou ainda do nível de habilidade do indivíduo.
Adicionalmente, alguns estudiosos colocam que a prática pode interferir
negativamente sobre o processo de atenção, uma vez que com a prática o
movimento tende a ser realizado com maior excelência sem a necessidade
exacerbada de emprego da atenção.

É válido expor que a falta de atenção pode representar um problema


para a aprendizagem motora em qualquer idade, porém, na infância (5 a 8
anos de idade) esse evento é considerado crítico, uma vez que esse período
do desenvolvimento da criança representa a fase na qual é aprimorada a
capacidade de atender e selecionar as informações ou estímulos externos
(meio ambiente). Porém, a atenção seletiva só passa a ser utilizada, de forma
espontânea, a partir dos onze anos de idade e se dá através de estágios,
sendo o primeiro denominado exclusivo, no qual as crianças de pouca idade e
bebês atendem apenas a um único estímulo por vez. Um exemplo clássico do
estágio exclusivo é a atenção demasiada que um bebê tem por um
determinado brinquedo (que emita sons, por exemplo) e ignora os demais
brinquedos disponíveis.

Crianças maiores, com idade suficiente para cursar o primeiro ano do


ensino fundamental, atingem o segundo estágio conhecido como inclusivo, pois
diversas informações advindas do meio ambiente podem interferir na atenção e
na capacidade da criança de selecionar as informações relevantes, podendo
atender aos vários estímulos simultaneamente, como por exemplo, em uma
aula de dança em que a criança se depara com o espelho, equipamentos
específicos, som, demais colegas e o professor, sendo atraída pelos inúmeros
estímulos prejudicando sua atenção aos comandos do professor.

Já os jovens adolescentes possuem a capacidade de selecionar as


informações mais importantes ao passo que contestam o que parece ser
irrelevante, configurando o que se conhece como estágio seletivo, no qual um
adolescente é capaz de realizar a entrega de um livro para uma determinada
pessoa dentro do espaço escolar sem se ater aos demais estímulos como uma
aula de música, o jogo de futsal na quadra, ou até mesmo o cheiro da comida
que vem da cozinha da escola. Entretanto, é possível que esse jovem tropece
em algum obstáculo físico durante o percurso.

No entanto, se a criança não for capaz de desenvolver estratégias que


permitam seletividade na atenção, podem chegar à adolescência com sérios
problemas de desempenho, uma vez que não obtiveram sucesso na seleção
dos estímulos proprioceptivos e exteroceptivos advindos do ambiente.
Dependendo da habilidade motora e o nível de aprendizagem em que a criança
se encontra, a atenção é mais ou menos empregada, fazendo com que seja
necessária uma sequência metodológica que contemple atividades de nível
simples ao mais complexo, sem deixar de considerar o conhecimento prévio da
criança em relação a atividade proposta.

Proprioceptivos: Que tem percepção ou sensibilidade da posição,


deslocamento, equilíbrio, peso e distribuição do próprio corpo e das suas
partes. Exteroceptivos: inerente ou pertencente a estímulos externos, como
luminosidade, cheiro, energia, contato etc., que agem sobre um organismo.

Dessa forma, a aprendizagem se constitui num processo individual,


único e contínuo que considera todos os estímulos recebidos e seus
significados, tornando-se ampla à medida que o indivíduo amadurece e
aprimora a qualidade do que aprendeu e seu grau de abstração.

Padrões motores fundamentais na infância

Na fase escolar diversos movimentos são exigidos das crianças durante


as aulas de Educação Física, recreação e a prática de esportes, como saltar,
correr, lançar, chutar, agarrar e outros. Esses movimentos podem ser
observados nos mais variados esportes como é o caso do atletismo, uma
modalidade esportiva conhecida por ser composta por movimentos que fazem
parte das habilidades motoras básicas, servindo de base para outros esporte e
práticas corporais, no futsal, esporte coletivo disputado com implemento da
bola, dentre outras modalidades.

A seguir apresentaremos alguns desses padrões motores à sequência


metodológica para o seu desenvolvimento.

Correr

De forma geral, a corrida é um movimento que deriva naturalmente do


andar, sendo composto por uma sequência de saltos pequenos de um pé para
outro numa determinada distância. Do ponto de vista biomecânico, o ato de
correr é composto por uma fase com apoio (apoio à frente e impulsão) e uma
fase aérea (balanço e recuperação), e os braços devem estar em movimento
coordenado com os membros inferiores.

Durante a corrida a criança que realiza a fase aérea de maneira muito


curta, o apoio com o pé totalmente em contato com o solo, e com os braços
mantidos em posição de guarda, são alocadas no nível 1 de aprendizagem. No
segundo nível, a fase aérea é melhor executada, sendo mais longa. Nesse
nível a corrida é menos saltada e os braços tendem a cruzar a linha média do
corpo. Já no nível seguinte a corrida é executada de forma mais veloz, os
braços se movimentam de forma oposta aos membros inferiores, o apoio é feito
apenas pela ponta do pé e a fase aérea é máxima.
Saltar

Atividade motora muito presente nas características do comportamento


motor infantil, que se dá pela impulsão do corpo à frente através de uma ação
coordenada entre membros superiores e inferiores, fase de voo e aterrissagem.
Saltar faz parte de diversas provas do atletismo como é o caso do salto em
distância, cuja análise permite a classificação da criança em três fases
conforme a execução dos movimentos.

Na primeira fase o salto se dá mais para cima do que para frente, os


braços são pouco utilizados e os pés perdem o contato com o solo de forma
isolada, não simultânea. A fase seguinte se caracteriza pela redução do salto
vertical e aumento do horizontal. Há utilização dos braços, porém ainda não se
estendem para trás durante a preparação para o salto. Já na fase três o ângulo
utilizado para o impulso é menor, e há extensão dos membros superiores e
inferiores. Na fase de preparação para o salto os braços se estendem ao nível
do ombro, para trás e para cima.

Chutar

O chute é basicamente o ato de bater na bola de forma a imprimir-lhe


propulsão. Nessa ação motora o desenvolvimento dos padrões de movimento é
dividido em quatro estágios nos quais as crianças apresentam comportamentos
diferentes.

No primeiro estágio o chute é realizado apenas com a ação efetiva do


membro inferior que irá golpear a bola, excluindo os demais segmentos
corporais. No segundo estágio uma maior potência é empregada no chute com
a nítida participação dos braços em oposição ao movimento principal (chute) e
leve oscilação da perna para trás e para cima. O próximo estágio dá conta de
uma extensão do quadril antes de realizar o chute e maior oscilação da perna
de chute, e ainda maior participação dos demais segmentos corporais. Por fim,
o quarto estágio se refere a uma flexão efetiva do quadril e joelho, ocorrendo
um maior ajuste dos membros superiores durante o chute.
Finalizando, podemos afirmar que o comportamento humano se traduz
através da construção histórias das múltiplas possibilidades que o corpo
carrega em si, numa relação complexa com o momento social ao qual está
inserido. Ademais, o construto motor humano depende dessa interação do
indivíduo com o meio e não é exclusividade das ciências biológicas, uma vez
que o desenvolvimento motor da criança reúne nuances que consideram sua
experiência prévia acerca dos estímulos recebidos e processados ao longo do
seu desenvolvimento global.

Desenvolvimento cognitivo
Como já estudado neste módulo, as crianças possuem intensa
movimentação desde que nascem e isso as tornará extremamente
competentes no que diz respeito ao controle do próprio corpo a partir de gestos
cheios de intencionalidade. Contudo, questionamentos como de que forma os
recém-nascidos solucionam problemas, ou quando ocorre o desenvolvimento
da memória, têm sido pauta constante entre os estudiosos do assunto.

Cognição diz respeito ao processo de aquisição do conhecimento através da


percepção, atenção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e
linguagem.

Na tentativa de esclarecer as questões acerca do tema, seis abordagens


são empregadas no estudo do desenvolvimento cognitivo:

Abordagem Behaviorista, interessada em compreender os mecanismos


básicos da aprendizagem;

Abordagem Psicométrica, que estuda as diferenças quantitativas


relacionadas à inteligência;

Abordagem do Processamento de Informação, empenhada em entender


como a informação é processada desde o momento em que é recebida até a
sua execução;
Abordagem da Neurociência Cognitiva busca compreender quais estruturas
do cérebro estão envolvidas no processo de cognição e como isso se dá;

Abordagem Sociocontextual, analisa aspectos ambientais da aprendizagem


no que diz respeito às relações estabelecidas;

Abordagem Piagentiana, voltada para o estudo de como a mente organiza


estruturalmente suas atividades e se adapta ao ambiente. Neste módulo
abordaremos apenas a visão do estudioso Jean Piaget.

A Teoria dos estágios cognitivos de Piaget estuda o desenvolvimento


cognitivo como um processo de interconexão entre a biologia e o ambiente.
Essa abordagem entende que a aquisição de estruturas cognitivas se dá
através do movimento, principalmente em bebês e crianças em fase pré-
escolar. Em outras palavras, a base de estudo de Piaget é a observação dos
comportamentos da criança durante seu desenvolvimento. O pesquisador
acredita que o desenvolvimento cognitivo ocorra através da organização,
adaptação e equilibração de forma interligada, e que sua maior parte
acontece na fase pré-motora onde a criança dirige suas ações a objetos e
situações externas, e ao passo que desenvolve a linguagem e a marcha,
aprimora a capacidade de representar mentalmente suas experiências prévias.

A organização corresponde à capacidade de gerar categorias, ou seja,


à medida que as crianças se desenvolvem aumentam sua capacidade de
desenvolver esquemas, que são estruturas cognitivas mais complexas que
constituirão operações futuras do pensamento. Como exemplo pode citar o
movimento de sucção do bebê, que é relativamente simples, mas, que evolui
para o movimento de sugar o peito, o dedo e o bico da mamadeira.

A adaptação é a capacidade que a criança possui de lidar com novas


informações a partir de experiências prévias, ou seja, aquilo que ela já
conhece. Quando uma criança passa a sugar um canudinho dentro de um copo
(nova informação), por exemplo, ela faz isso a partir das informações que ela já
tem acerca do ato de sugar o peito ou a mamadeira (experiência prévia). E a
equilibração é a tentativa de atingir o estado de equilíbrio constante. Em
outras palavras, quando a criança não consegue lidar com o novo a partir do
que ela já sabe entra em desequilíbrio, isso gera uma força motivacional em
busca do equilíbrio, que perdura por toda a vida.

A abordagem piagentiana está dividida em quatro estágios que vão


desde os primeiros momentos de vida do bebê até o final da infância. Esses
estágios do desenvolvimento cognitivo são qualitativamente distintos, nos quais
ocorrem momentos de desequilíbrio onde a mente da criança tende a pensar
de uma maneira nova, ou seja, aprende a pensar de forma diferente, gerando
adaptação necessária para sua evolução que vai desde a atividade sensório-
motora, passando pelo pensamento lógico até chegar ao pensamento abstrato.

As Fases do Desenvolvimento Cognitivo segundo Piaget são: sensório-


motora (de 0 a 2 anos), pré-operacional (de 2 a 7 anos), de operações
concretas (de 7 a 11 anos) e de operações formais (de 12 anos em diante).
Considerando a importância dada por Piaget ao primeiro período dos estágios
de desenvolvimento cognitivo, também conhecido como primeira infância (de 0
a 2 anos de idade), a fase sensório-motora oportunizará a criança a
estruturação de esquemas voltados para a identificação e permanência do
objeto, assim como noções de causalidade, espaço, e tempo. Isso ocorre
devido ao desenvolvimento da capacidade da criança em perceber objetos e
suas relações de causa e efeito, ou ações que pressupõem contato físico e
espacial (PIAGET, 1986). Adiante apresentamos essa fase mais
detalhadamente.

O período sensório-motor compreende seis sub estágios nos quais os


bebês desenvolvem a capacidade de pensar, lembrar e conhecer o mundo
físico (objetos e relações espaciais): 1) Uso de reflexos (de 0 a 1 mês,
aproximadamente); 2) reações circulares primárias (de 1 a 4 meses); 3)
Reações circulares secundárias (de 4 a 8 meses); 4) Coordenação de
esquemas secundários (de 8 a 12 meses); 5) Combinações circulares
terciárias (de 12 a 18 meses), e 6) Combinações mentais (de 18 meses a 2
anos).

Nos primeiros cinco sub estágios da fase pré-motora os bebês


aprendem a coordenar seus sentidos e a estruturar suas atividades conforme o
ambiente. No primeiro subestágio o bebê apresenta algum controle sobre
seus movimentos natos (movimento de sucção), mesmo que o estímulo não
seja dado; No segundo subestágio o bebê aprende a repetir sensações
corporais agradáveis de forma proposital, presta atenção em sons e combina
informações sensoriais diferentes como visão e audição, por exemplo. A
próxima evolução (terceiro subestágio) dá conta do repetir proposital de uma
ação na intenção de obter algum resultado para além de seu próprio corpo,
como emitir algum som para prender a atenção de outra pessoa que demonstre
ser amigável.

No quarto subestágio os bebês generalizam a partir de experiências


prévias para solucionar problemas (retirar brinquedos que estejam em seu
caminho). Neste estágio o comportamento está voltado para uma meta. O
quinto subestágio é marcado pela aquisição de novos comportamentos
através da experiência, há o desenvolvimento de comportamentos complexos
no intuito de atingir um objetivo. O sexto, e último, subestágio marca a
transição do período pré-operatório para a primeira infância, no qual a
capacidade de representação de objetos e ações na memória através de
símbolo (objetos, palavras, números) confere um grau de liberdade para a
criança a partir do segundo ano de idade, pois não precisam mais recorrer à
experiência imediata, uma vez que já sabem pensar e fingir.

Vale destacar que é no período sensório motor que os estímulos mais


diversos devem ser dados à criança, afim de que possa evoluir em seu
processo de desenvolvimento e aprendizagem. Devemos atentar para o fato de
que é nesse período que surgem novos conhecimentos e com eles as
inúmeras tentativas de solucionar os problemas, processo este importante para
o desenvolvimento cognitivo da criança.
Explicando melhor com a pesquisa
Caro estudante, indicamos a você à leitura do artigo: Bioquímica
Conceito. Neste artigo estudaremos a Bioquímica como ciência que analisa os
processos químicos observados dentro dos organismos vivos, tendo como
elemento central, as moléculas geralmente grandes e complexas.

Sugerimos também a leitura do artigo: A Química dos Alimentos:


carboidratos, lipídeos, proteínas, vitaminas e minerais. Neste artigo é abordado
uma séria de cadernos temáticos que foi criado com intuito de contribuir com os
professores e estudantes do ensino fundamental e médio, para a realização de
um ensino contextualizado, interdisciplinar e motivador.

GUIA DE ESTUDO: Ao ler esses artigos faça uma relação entre ambos, em
seguida produza um texto abordando a contribuição da bioquímica para a
educação corporal. Compartilhe suas reflexões postando no ambiente virtual.
Leitura obrigatória

Sugerimos a leitura da obra: Espaço do Movimento


na Educação Infantil: Formação e Experiência
Profissional. Essa obra traz uma gama de assuntos
que envolvem a linguagem corporal da criança no
ambiente escolar para o desenvolvimento do processo
de aprendizagem, de interesse para professores de
Educação Física que atuam nesta área, como também
para os professores chamados de “polivalentes” e
todos aqueles que trabalham com educação infantil.

RABINOVICH, Shelly B. Espaço do Movimento na Educação Infantil:


Formação e Experiência Profissional. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2015.

GUIA DE ESTUDO: Após a leitura da obra, faça uma resenha abordando a


contribuição da Educação Física para o desenvolvimento da aprendizagem da
criança.
Pesquisando na internet

Prezado estudante, você é convidado a buscar na Internet uma


investigação referente o assunto estudado nesta disciplina para ampliar seu
conhecimento.

Podemos observar que a Educação Infantil em nosso país é


negligenciada sob o ponto de vista da efetiva obrigatoriedade de oferta de
aulas que contemplem a educação do físico nessa fase escolar, reduzindo
sobremaneira a vivência lúdica de propostas motoras básicas, como por
exemplo, as práticas corporais da Cultura Corporal do Movimento. Contudo, um
trabalho importante tem sido realizado por profissionais da área de Pedagogia,
diminuindo assim o enorme prejuízo ao processo de desenvolvimento motor e
cognitivo da criança.

A partir deste contexto, pesquise sobre esse assunto na internet. Após a


pesquisa, elabore uma resposta contextualizada, à pergunta: Qual a
importância do movimento e da ludicidade no Desenvolvimento Motor e
Cognitivo da criança.

GUIA DE ESTUDO: Após sua pesquisa produza um texto relatando a


contribuição da interdisciplinaridade no processo de aprendizagem da criança.
Saiba mais

Sugerimos a você estudante, a entrevista: Educação e Movimento


Corporal. Nesta conversação é abordado que o movimento do corpo tem
caráter pedagógico, tanto pelo gesto em si quanto pelo que a ação representa.

Propomos também a leitura da entrevista: Educação pelo corpo. Neste


diálogo o especialista André Trindade fala sobre a importância de orientar os
jovens para a descoberta e consciência do corpo, movimentos e postura.

GUIA DE ESTUDO: Ao ler essas entrevistas faça um texto argumentativo


abordando a importância da educação e movimento corporal para o
desenvolvimento cognitivo dos jovens.
Vendo com os olhos de ver

Caro estudante, assista ao vídeo: Corpo e Movimento na Educação


Infantil. Neste vídeo o prof. Dr. Marcos Santoro explora, através de uma
linguagem bem acessível, questões ligadas a contribuição do movimento para
a educação corporal das crianças.

É igualmente importante que você veja ainda o vídeo: Brincar é


aprender! O vídeo esclarece a importância do brincar para o processo
educativo e formação afetiva, social, cognitiva e emocional da criança. Além
disso, coloca a relação que a criança estabelece entre o mundo real e o
imaginário durante a brincadeira.

GUIA DE ESTUDO: Ao ver esses vídeos faça uma correlação entre ambos,
produza uma resenha relatando a importância da ludicidade para o processo
de aprendizagem da criança.
Revisando

A história do corpo se confunde com a história dos povos espalhados


pelo mundo, e cada civilização o constrói a partir de suas concepções e
vivências, criando, assim, padrões diversos que vão desde a beleza, passando
pela saúde até a sexualidade, e tais concepções se alojam em torno das
teorias que o explicam. O corpo e suas possibilidades de ação possuem
importante ligação com o ser humano, dado que este só existe por ser
animado. À ele são destinados diferentes valores que se opõem entre si, e com
outras questões sociais e individuais.

Na Grécia Antiga o corpo era referência de estética, era amplamente


trabalhado para seu aprimoramento e visto como instrumento de glorificação. O
corpo estava no centro dos interesses do Estado, sendo valorizado por sua
saúde, condição, capacidade atlética e fertilidade. Na Idade Média as
concepções religiosas o colocam em trânsito entre a beleza estética e o que é
proibido, pecado, impuro. Essa configuração cristã expõe o corpo a uma
situação de repressão, mas também o coloca em estado de glorificação, uma
vez que o corpo de Cristo exprime todo o sofrimento demonstrado através da
dor física, que naquela época era extremamente valorizada.

A Era Moderna foi marcada pelas descobertas biológicas em relação ao


corpo, revelando sua constituição anatômica e fisiológica numa perspectiva que
valorizava a saúde, já que nesse período algumas patologias como a lepra,
supostamente causada por exercícios excessivos, dietas inadequadas ou ainda
pelos ares fétidos de matérias em decomposição, e a peste negra figuravam
como determinantes dos altos índices de mortalidade na comunidade europeia.

A modernidade trouxe consigo um discurso baseado na ciência, na


civilização, no progresso e racionalidade no intuito de promover uma nova
instituição, capaz de carregar a responsabilidade de instaurar uma nova ordem
com base no reconhecimento do Estado através da industrialização, da
competição, do fortalecimento e disputa das classes sociais e etc. Era o início
da escolarização de grandes massas, pois nesse momento ocorria a
substituição da educação doméstica pela educação seriada, graduada.

Nesse lento processo de escolarização, pelo qual passavam todas as


civilizações no mundo, era possível identificar dois pilares primordiais na
tentativa de redimencionar o papel do corpo na escola: um através do
surgimento das ginásticas, dos trabalhos manuais, da higiene, dos exercícios
militares e tec., e outro baseado na eugenia com base no fortalecimento da
raça através de novos hábitos e valores afirmando a escola como uma
instituição aprimorada da família.

Assim surgiu a Educação Física, na perspectiva de responder às


questões que geravam preocupações como as práticas higienistas, a eugenia
da raça, os exercícios militares, a escola como extensão dos ensinamentos
familiares e etc. É nesse processo educacional de ressignificação da educação
e da escola que se constrói novos olhares acerca do conhecimento e práticas
corporais.

O início do século XIX trouxe consigo modificações nas formas de


execução dos movimentos que compunham as práticas corporais,
influenciando assim no objetivo destas e na forma como a educação enxerga o
corpo, com intuito de criar parâmetros passíveis de medição e comparação. Em
outras palavras, a intenção da educação era sistematizar os movimentos, os
exercícios possíveis de serem realizados pelo corpo, sem perder o controle
sobre este, à luz da ciência.

As possibilidades gestuais de sobrevivência construídas ao longo da


história da humanidade passaram por inúmeras transformações e influências
que, juntas, deram origem à Cultura Corporal do Movimento (jogos, esportes,
lutas, dança, ginásticas e outros), que, por sua vez, possui características que
traduzem a representação corporal lúdica de diversos povos. Essas atividades
corporais expressam e comunicam com influência da ludicidade, da estética, do
misticismo e conotação artística, revestidos de subjetividade e objetividade que
se findam em si próprios ou podem ser consumidos. Ao analisarmos a Cultura
Corporal do Movimento com base nas informações acerca corporeidade e
atitudes corporais, podemos citar o complexo conjunto de ações motoras
determinadas pela teia que liga corpo-mente durante a prática de um esporte,
como por exemplo, o futebol.

A Corporeidade infantil é tratada no Coletivo de Autores (1992) no que


diz respeito a Cultura Corporal do Movimento como ferramenta importante
na compreensão de como a escola pode desenvolver as atividades corporais
de forma lúdica e prazerosa, contemplando a expressão corporal como forma
de comunicação no ato de brincar, através de temas como a dança, as lutas e
etc.
O ato de brincar gera um estímulo na criança que a leva a experimentar
novas situações, que podem estar vinculadas ao seu cotidiano, sua cultura e
expectativas, proporcionando aquisição do saber. Vygotsky (1994) aponta que
os jogos e brincadeiras infantis proporcionam à criança o desenvolvimento da
capacidade de resolver conflitos conforme a necessidades surgidas durante
tais atividades, e, portanto, devem ser considerados com seriedade, pois as
regras por vezes desconsideradas pelas crianças quando em contexto social,
passam a ter valor durante as brincadeiras e jogos.

Na fase escolar diversos movimentos são exigidos das crianças durante


as aulas de Educação Física, recreação e a prática de esportes, como saltar,
correr, lançar, chutar, agarrar e outros. Esses movimentos podem ser
observados nos mais variados esportes como é o caso do atletismo, uma
modalidade esportiva conhecida por ser composta por movimentos que fazem
parte das habilidades motoras básicas, servindo de base para outros esporte e
práticas corporais, no futsal, esporte coletivo disputado com implemento da
bola, dentre outras modalidades.
Autoavaliação

1. Dentro do contexto histórico quais atribuições eram dadas ao corpo na


Grécia Antiga?

2. De acordo com o texto, defina práticas corporais e cite quais delas nasceram
na Europa.

3. A partir da leitura do material, diferencie Cultura, Cultura Corporal do


Movimento e Corporeidade.

4. Defina Movimento e elenque quais as fases do Desenvolvimento Motor


pertencentes ao conjunto de movimentos fundamentais.

Atenção!!! Com esses questionamentos, esperamos que você possa refletir


sobre o que foi estudado, fazendo bom uso desse conteúdo no futuro durante
sua prática profissional.
Bibliografia

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