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Apresentação
O empreendedorismo social desponta nas últimas décadas do século XX, acompanhando as
mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorrem no Brasil e no mundo, principalmente após a
globalização. Dessa forma, as ações de empreendedorismo social, seja sob a forma comunitária ou a
partir de organizações sociais do terceiro setor, surgem para complementar a ação do Estado frente
às demandas sociais urgentes e que envolvam situações de risco, sempre partindo do princípio do
empoderamento local e da busca global por uma sociedade mais justa e sustentável.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer o conceito de empreendedorismo social, bem
como as principais características do empreendedor social. Aprenderá também sobre as
semelhanças entre as diversas ações de empreendimentos sociais existentes hoje na sociedade
brasileira.
Bons estudos.
Você, como professor, foi consultado pela comunidade para emitir sua opinião sobre como
poderiam mudar esse quadro. Dentro do conceito de empreendedorismo social, aponte ideias
socialmente empreendedoras que pudessem ser postas em prática nessa comunidade, enfatizando
os aspectos pedagógicos envolvidos.
Infográfico
O empreendedorismo social se origina do termo empreendedorismo, que, inicialmente, começou a
ser utilizado para se referir às pessoas que eram capazes de transformar suas ideias em
oportunidades de negócios lucrativos dentro do mercado. Trazendo esse pensamento para a
aplicação na esfera do social, temos o empreendedorismo social, que irá apresentar algumas
diferenças pontuais em relação ao empreendedorismo comercial, empresarial ou de negócios.
Neste Infográfico, você irá conhecer cinco das principais diferenças entre o empreendedorismo
empresarial ou de negócios e o empreendedorismo social.
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Conteúdo do livro
O empreendedorismo social emerge a partir das reconfigurações econômicas, políticas e culturais
contemporâneas, pois associa as ideias de cidadania, participação e economia solidária para a
promoção de ações empreendedoras que tenham como objetivo a transformação social de
determinado grupo de pessoas ou comunidades.
Leia o capítulo Empreendedorismo social, do livro Gestão de Organizações Educacionais, que trata
do conceito de empreendedorismo social, suas características e o perfil do empreendedor social,
assim como das ações de empreendedorismo social e as similaridades com o conceito de
empreendedorismo tradicional.
Boa leitura.
GESTÃO DE
ORGANIZAÇÕES
EDUCACIONAIS
Introdução
As ações do empreendedorismo social têm aumentado consideravel-
mente nas últimas décadas, associadas ao próprio crescimento do terceiro
setor e da consciência de cidadania que a sociedade vem desenvolvendo
na contemporaneidade. No contexto atual, frente à impossibilidade do
Estado de prover as múltiplas demandas sociais, em função da redução
de investimentos públicos nessas áreas, o empreendedorismo social
acabou sendo impulsionado, assumindo hoje grande importância no
contexto nacional e internacional.
Neste capítulo, você vai aprender o conceito de empreendedorismo
social e as suas principais características. Além disso, vai distinguir as várias
ações de empreendedorismo social que estão em prática na atualidade,
percebendo as suas diferenças e semelhanças.
2 Empreendedorismo social
O regime neoliberal é a racionalidade utilizada hoje pela maioria das nações capita-
listas do mundo. A sua lógica trabalha sobre a conversão de todas as organizações e
pessoas em empresas. Dessa forma, dentro dessa lógica, todos somos empresários
de nós mesmos.
Aquilo que faz: o empreendedor social não tem como foco a produção
de bens e serviços para serem postos à venda simplesmente, mas para
que essas operações possam solucionar os problemas sociais abrangidos
pelo seu trabalho.
Quem é atendido: os esforços dos empreendimentos sociais, ao contrá-
rio dos empreendimentos capitalistas ou de negócios, não são direciona-
dos para o mercado, mas sim para situações de alto risco social em que
a população se encontre. Esses segmentos populacionais normalmente
envolvem situações de exclusão social, pobreza e risco de vida.
1. dimensão psicossocial;
2. dimensão cultural;
3. dimensão econômica;
4. dimensão política;
5. dimensão ambiental;
6. dimensão regulatória/institucional.
6 Empreendedorismo social
Uma das formas de empreender um negócio social que tem sido amplamente utilizada
no Brasil é a constituição de cooperativas que busquem abranger algum aspecto da vida
social de uma comunidade, trazendo benefícios mútuos. Uma cooperativa é formada
pela associação de pessoas que possuem um objetivo comum e que aderem de forma
voluntária à finalidade das suas ações, de acordo com as suas necessidades, sejam elas
econômicas, sociais ou culturais. As cooperativas são reguladas pela Lei nº. 5.764, de
16 de dezembro de 1971; mais recentemente, as cooperativas de trabalho tiveram
atenção especial na sua regulação a partir da Lei nº. 12.690, de 19 de julho de 2012.
As características do
empreendedorismo social
Você já aprendeu que o empreendedorismo social se diferencia do empreen-
dedorismo comercial em alguns aspectos, como a finalidade da sua atuação
e o público a quem se destina. Você vai agora aprender um pouco mais sobre
as suas características (PARENTE et al., 2011):
Empreendedorismo social 7
maior conhecimento;
conscientização;
autoestima;
autossuficiência;
participação;
novas ideias e valores;
sentimento de conexão;
novo papel exercido pela população local — de mão de obra barata a
proprietária e gestora dos empreendimentos locais.
dos riscos de vida diversos, entre tantas outras como possíveis áreas a serem
gerenciadas pelas ações do empreendedorismo social.
A proatividade e a forma como procuram agir, por meio da mobilização
de equipes ou grupos sociais, também é um aspecto essencial do empreen-
dedorismo social. O seu princípio básico é ter atitude, não ficar esperando
que tais causas sociais sejam atendidas pelo Estado, mas sobretudo valer-
-se da cidadania e do engajamento da comunidade na busca por soluções
para os problemas enfrentados a partir da condução de ações organizadas
e empreendedoras.
Em relação às características do empreendedor social, Araújo (2006,
p. 70) acrescenta ainda que “[...] assim como o empreendedor privado, o
empreendedor social reúne características, tais como: capacidade de cor-
rer riscos, energia, tenacidade, criatividade, flexibilidade, habilidade para
conduzir situações, iniciativa, capacidade de aprendizagem, envolvimento,
originalidade, inovação, entre outras.” É importante perceber que o empre-
endedor social carrega consigo muitas das características do empreendedor
comercial, conforme cita a autora. Porém, o seu foco será diferenciado nas
finalidades para as quais canaliza tais características.
Uma das características do empreendedorismo social também é a ênfase
no desenvolvimento local da comunidade na qual serão postas em prática
as ações planejadas. Melo Neto e Fróes (2002, p. 42) comentam que esse
desenvolvimento local se viabiliza por meio de dois mecanismos:
Muitas das organizações que atuam no terceiro setor, no Brasil e no mundo, utilizam-se
das ideias do empreendedorismo social para executar as suas atividades. Uma vez
que o terceiro setor se constitui por organizações de natureza privada, que procuram
cumprir com as demandas públicas não atendidas pelo Estado, é necessário que os
voluntários possuam os atributos de empreendedores sociais para realizarem bem os
seus afazeres e produzirem os benefícios sociais à coletividade.
Você pode perceber que, embora ambas sejam entendidas como ações
de empreendedorismo social, elas possuem aspectos particulares que devem
ser considerados. Ao referir-se aos empreendimentos comunitários, Singer e
Souza (2000, p. 254) destacam que “[...] tais empreendimentos constituem a
base da economia solidária, cuja característica marcante é a autogestão. E o
seu modelo predominante é o trabalho cooperativado”.
É claro que, para haver uma ideia empreendedora e para que esta possa ser
institucionalizada, organizada e estruturada dentro de um formato eficiente
e que atenda aos objetivos da comunidade, transformando a sua condição
social a partir da participação dos seus membros, é necessário que haja um
suporte. Esse suporte e essa orientação também são possíveis com o trabalho
de organizações sociais que tenham como objetivo desenvolver o empreende-
dorismo social e as suas formas de gestão. Elas investem no capital humano
local e buscam ampliá-lo; como consequência, elevam também o capital social
existente nessas comunidades a fim de construir uma sociedade mais justa
e sustentável.
https://qrgo.page.link/BSK3
O conceito de tecnologia social pode ser entendido como os diversos “arranjos institu-
cionais definidos e implementados por associações, governos federal, estadual e local,
universidades, sindicatos, equipes gestoras dos programas e projetos de desenvolvi-
mento social numa comunidade e pelos próprios membros da comunidade” (MELO
NETO; FRÓES, 2002, p. 64). Veja no quadro a seguir algumas tecnologias sociais atuais.
16 Empreendedorismo social
Denominação Características
Para conhecer mais sobre as tecnologias sociais utilizadas nas ações de empreende-
dorismo social, acesse o artigo de Ladislau Dowbor, intitulado “Redes de Apoio ao
Empreendedorismo e Tecnologias Sociais”, no link a seguir.
https://qrgo.page.link/56y4
Nesta Dica do Professor, você conhecerá o conceito de capital social e a sua importância dentro
das ações do empreendedorismo social.
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Exercícios
1) Os anos de 1990, do século XX, foram marcados por grandes transformações nos âmbitos
político, econômico, social e cultural que afetaram todo o planeta, uma vez que, nesse
período, já se observava os processos intensos da globalização. Essas mudanças fizeram
emergir um novo conceito de empreendedorismo, predominantemente social. Considerando
que as diferenças entre empreendedorismo capitalista e social são frutos desse período,
assinale a alternativa que apresenta a correta relação entre o contexto e o surgimento do
empreendedorismo social.
D) Durante o processo de globalização houve uma expansão das ideologias de cunho socialista,
que promoveram o social e as suas ações empreendedoras sociais.
E) A dimensão cultural abrange os estudos da cultura ambiental local visando o uso sustentável
dos recursos naturais existentes na comunidade.
4) Para Melo Neto e Fróes (2002, p. 61), “somando-se o capital humano e o capital social
instalado em uma determinada localidade, temos o somatório de suas potencialidades”. Os
autores evidenciam que o empreendedorismo social será potencializado quando esses dois
conceitos aparecerem juntos, devido às suas características.
B) O capital humano existente na comunidade é um fator determinante das suas ações relativas
ao capital social.
C) O nível de capital humano de uma comunidade acaba por restringir as ações coletivas e
participativas típicas do capital social.
D) Comunidades que apresentam capital humano elevado não apresentam capital social, pois
nesta as questões sociais estão bem resolvidas.
E) Algumas comunidades podem apresentar alto nível de capital social, porém baixo grau de
capital humano, por isso precisam ser desenvolvidas em termos de qualificação.
5) Uma das habilidades imateriais que precisam ser desenvolvidas nas comunidades para que
as ações de empreendedorismo social sejam bem-sucedidas é a solidariedade e o altruísmo,
o que leva ao engajamento e à participação de todos nas várias demandas necessárias,
incluindo as econômicas, fazendo com que o modo de pensar e viver das pessoas dessas
comunidades se transforme. Singer (2002, p. 121) comenta, porém, que “(...) para que a
economia solidária se transforme de paliativo dos males do capitalismo em competidor do
mesmo, ela terá de alcançar níveis de eficiência na produção e distribuição de mercadorias
comparáveis aos da economia capitalista”.
A partir da citação e dos estudos da disciplina, marque a alternativa que apresenta uma
correta relação entre o conceito de economia solidária e o de empreendedorismo social.
C) A economia solidária serve como fundamento das ações empreendedoras sociais por
reproduzir as práticas cotidianas do capitalismo utilizadas em organizações empresariais.
D) A economia solidária trata dos níveis de envolvimento e produção de bens e renda das
comunidades a partir do empreendimento de negócios lucrativos e comerciais.
Na Prática, você irá conhecer os passos necessários para que a gestão comunitária de um
empreendedorismo social possa atingir seus objetivos com sucesso.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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