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Empreendedorismo Social

Adm. Raulino Pedro Gonçalves


“O know how da gente é transformar miserável em pobre1”. Palavras da Dra. Vera
Cordeiro, ao explicar, rapidamente, o trabalho que desenvolve a frente à Associação
Saúde Criança desde 1991, da qual é a idealizadora. “Podemos criar um mundo no qual
o único lugar em que alguém conseguiria ver a pobreza seria num Museu da Pobreza”
(YUNUS, 2010, p. 7).
Se as frases acima lhe incomodaram ou lhe trouxeram algum desconforto, este capítulo
do livro foi escrito para você. Se você pretende empreender criando um negócio, mas
não tem ideia de como seria este negócio, este capítulo foi escrito para você também. E,
se você não tem intenção de empreender, mas acredita que é possível viver em um
mundo equânime e justo, este capítulo pode lhe despertar para fazer a diferença e deixar
uma marca positiva.
Nós não estamos aqui para curtir a vida como se alguém tivesse criado o mundo
e tivéssemos sido convidados, não somos convidados aqui, somos os criadores
de nossas próprias vidas, nosso próprio mundo. Mas antes de criar o nosso
mundo devemos imaginar que tipo de mundo nós queremos?2 (YUNUS, 2012).

Para concluir esta reflexão inicial pense sobre um questionamento bastante provocativo
feito por Mário Sérgio Cortella: “se você não existisse, que falta faria?3”. Esta pergunta
está na capa do livro intitulado o que a vida me ensinou. Segundo Cortella (2013), todos
nós partiremos deste mundo e só há um jeito de ficar, se fizermos falta.

O que é o empreendedorismo social


Antes de se fechar a questão sobre o que vem a ser o empreendedorismo social e ousar
apresentar um conceito, cabe trazer à discussão o que já se tem de conceitos elaborados
por diferentes autores e instituições. O intuito é enriquecer a discussão e, quem sabe,
trazer um pouco mais de luz ao debate. Talvez, ao final seja possível demonstrar uma
visão convergente e apresentar um conceito. Oliveira (2008, p. 83) diz que “atualmente,
o empreendedorismo social se apresenta com um conceito em desenvolvimento, mas
com características teóricas, metodológicas e estratégias próprias, [...]”.
Durante a fase de pesquisa foram encontrados muitos termos associados ao
empreendedorismo social. Estes termos, por vezes, podem auxiliar na compreensão do
que é o empreendedorismo social. Porém, em certos casos percebeu-se que diferentes

1 Extraído do documentário Quem se importa (2012)


2 Ibidem
3 Pergunta colocada na capa do livro.
autores ao procurar conceituar o empreendedorismo social (fenômeno, processo ou
movimento em prol de causas sociais) acabam trazendo conceitos sobre o
empreendedor social, isto é, trazem uma definição do sujeito que empreende em prol de
causas sociais, para explicar o fenômeno do empreendedorismo social. Em diversas
bibliografias pesquisadas, diferentes autores, ao explicarem o que é o
empreendedorismo social, acabam apresentando um conceito relacionado ao
empreendimento ou a definição do sujeito que empreende socialmente, ao invés de
apresentar um conceito para o empreendedorismo social, propriamente dito. Isto é,
trazem uma definição da pessoa jurídica (empreendimento) ou do empreendedor social
(o ser humano) para explicar o fenômeno (empreendedorismo social). A título de
exemplo, segue um trecho retirado de uma das obras pesquisadas. “O termo
empreendedorismo social foi cunhado no início da década de oitenta por Bill Drayton,
o criador da Ashoka Foundation (Light, 2009) para caracterizar ‘indivíduos com
soluções inovadoras para os problemas sociais mais relevantes da sociedade’ (Ashoka,
2010)” (BIGNETTI, 2011, P. 9-10, grifo nosso).
Segundo Bornstein (2006, p. 15) “o termo ‘empreendedor social’ se popularizou em anos
recentes”. Diz o autor (op. cit., p. 353) “por exemplo, em buscas Lexis-Nexis pelo termo
‘empreendedor social’ produziu seis ocorrências em 1991 e 433 em 2001”. Além disso,
em função da existência de diferentes formas de se empreender socialmente, que
surgiram ao longo das últimas décadas, há diversas terminologias para enquadrar as
entidades que atuam neste meio (empreendedorismo social). Assim, primeiramente são
listados os alguns dos diferentes termos encontrados.
Quadro 1 – Terminologia encontrada para os empreendimentos sociais
Idioma Português Idioma Inglês
Empresa Social Social Enterprise
Negócio Social Social Business
Negócio Inclusivo Inclusive Business
Negócio de Impacto Social Social Business Impact
Fonte: Elaborado pelo autor

A lista apresentada no quadro 1 acima não tem a pretensão de esgotar os termos


existentes, pois pode haver outros termos recém-criados ou existentes em países com
idiomas que não foram objetos da pesquisa. A lista elaborada tem, apenas, o intuito de
demonstrar como, realmente, trata-se de um conceito em construção, pois há várias
denominações para os empreendimentos sociais. Sendo assim, percebe-se que os
termos surgem com a intensão de rotular as diferentes instituições que atuam em
diferentes contextos. Porém, todas estas instituições são integrantes do deste
movimento ou fenômeno, denominado de empreendedorismo social.
A diversidade de nomenclaturas e conceitos ao redor do tema pode ser explicada
principalmente pela variedade de realidades em que estes empreendimentos
sociais se formam, dados os contextos econômicos, sociais e políticos de cada
região. Ademais, como o tema origina de diversos segmentos da sociedade,
surgem também concepções particulares ligadas à visão de cada setor sobre o
conceito. O fenômeno começou com a disseminação do termo empreendedor
social nos Estados Unidos e atividades de geração de renda em organizações
da sociedade civil, entretanto, hoje apresenta maior complexidade e uma
variedade de atores envolvidos, como corporações, ONGs, governos,
consumidores, investidores, entre outros (YOUNG, 2008 apud TISCOSKI,
ROSOLEN e COMINI, 2013, p. 2).

A seguir são apresentados os conceitos de diferentes autores e entidades que promovem


o empreendedorismo social para os termos inclusos no quadro 1. Um dos termos
encontrados com frequência é empresa social. Os autores Tiscoski, Rosolen e Comini,
(2013) informam que o termo empresa social tem maior aceitação nos Estados Unidos
da América e na Europa. A variação nas definições entre estas duas regiões se dá,
principalmente, pelas características das organizações que surgiram nestas regiões. O
Quadro 2, abaixo, apresenta definições para o termo empresa social, segundo alguns
pesquisadores.
Quadro 2 – Definições sobre Empresa Social
Empresas sociais podem ser definidas como empresas de duplo propósito e que adequam metas de
lucro com objetivos sociais (híbridas), ou organizações sem fins lucrativos empenhadas em
desenvolver atividades comerciais que ofereçam suporte a execução de sua missão (organizações
com fins sociais) (KERLIN 2006).
[...] as empresas sociais se aproximam de uma orientação de mercado, como uma maneira de manter
sua atividade social e tornarem-se menos dependentes de doações e subvenções e mais de
honorários e contratos (DEES, 1998).
[...] empresa social como organizações sociais, que são as empresas que executam atividades
comerciais, com o objetivo de arrecadar fundos para financiar uma atividade social (GALERA;
BORZAGA, 2009).
[...]a maioria das empresas sociais é fundada pela sociedade civil com o objetivo de promover serviços
de interesse coletivo, oferecendo suporte a grupos com alto risco de exclusão social. Desta forma,
para a empresa social europeia, a produção de bens e serviços está intimamente ligada à sua missão.
Ou seja, se o objetivo é desenvolver serviços sociais, a atividade econômica é a entrega de tais
serviços (DEFOURNY; NYSSENS, 2010)
[...] empresas sociais são definidas como organizações objetivam explicitamente beneficiar a
comunidade, criadas por um grupo de cidadãos e onde o retorno do investimento feito pelos
investidores é sujeito a limites. Desta maneira elas valorizam sua independência e a diminuição de
riscos econômicos relacionados às atividades socioeconômicas (EMES, 2012)
Fonte: Tiscoski, Rosolen e Comini, (2013, p.3-4)

Antes de seguir adiante apresentando os conceitos para outras terminologias usuais


para se referir aos empreendimentos sociais, cabe, trazer à discussão a visão de um dos
precursores deste modelo de empreendimento que busca a redução dos impactos
negativos, quer seja, social ou ambiental. Muhammad Yunus é natural de
Chittagong/Bangladesh, é Doutor em Economia e, nos anos 1970, foi o idealizador do
sistema de crédito chamado de microcrédito. Em 2006 recebeu o Prêmio Nobel da Paz
pelo trabalho realizado junto às populações em estado de pobreza e extrema pobreza.
Segundo Yunus (2008) a estrutura do capitalismo não está completa, sendo necessário
introduzir um novo tipo de empresa que leve em conta a natureza multidimensional dos
seres humanos. Este novo tipo de empresa seria diferente das Empresas que
Maximizam os Lucros (EMLs). Esta nova empresa, a qual Yunus chama de empresa
social4, surge da iniciativa de empreendedores que fundarão empresas sociais que
busquem metas sociais específicas. Para Yunus (2008, p. 36) a empresa social é
diferente de outras iniciativas que buscam oferecer valor social, pois “a empresa social
não é uma instituição de caridade”.
Hoje em dia, no mundo todo, há muitas organizações que concentram seus
esforços na criação de benefícios sociais. A maioria não recupera os custos
totais. As organizações sem fins lucrativos e as não-governamentais contam
com doações, subvenções de fundações de apoio governamental para
implementar seus programas. Grande parte de seus administradores são
pessoas dedicadas, que fazem um trabalho louvável. Contudo, como esses
administradores não recuperam os custos operacionais do negócio, eles são
forçados a dedicar parte de seu tempo e energia – às vezes uma parte
significativa – para conseguir dinheiro (YUNUS, 2008, p. 36).

Ressalta Yunus (2008, p. 37) que “um projeto com objetivos sociais que cobra um preço
ou uma taxa por seus produtos ou serviços, mas que não consegue pagar seus custos
completamente, não se qualifica como empresa social”. Para Yunus (2008, p. 37):
quando um projeto com objetivos sociais supera a força gravitacional da
dependência financeira, está pronto para o voo espacial. Um projeto desse tipo
é autossustentável e desfruta de potencial quase ilimitado de crescimento e
expansão. E, à medida que a empresa social cresce, crescem também os
benefícios que ela oferece à sociedade.

Ao chamar de “projeto com objetivos sociais” acredita-se que o autor se refira ao período
inicial em que o empreendimento social não alcançou o seu ponto de equilíbrio e
depende de apoio financeiro captado na forma de subsídios. A partir do momento que
as receitas geradas satisfazem todos os gastos incorridos na operação do
empreendimento e, por vezes, passa a gerar lucro, Yunus chama de empresa social.
Sendo assim, percebe-se que há a possibilidade de empreender socialmente, num
primeiro momento por meio de um projeto que ofereça benefícios sociais e,
posteriormente, quando atingir a maturidade financeira e gerar receita suficiente para a
sua autossuficiência, o projeto passe a ser uma empresa social.
Afirma Yunus (2008, p. 35) que “[...] precisamos de um novo tipo de empresa que não
tenha como objetivo apenas o lucro – uma empresa que seja totalmente dedicada à
solução de problemas sociais e ambientais”. No quadro 3 são apresentadas as
características que permitem reconhecer o que é uma empresa social.

4 Em 2010 Muhammad Yunus lançou um novo livro onde chama estas empresas de negócios sociais.
Quadro 3 – Características de uma empresa social
• Não maximizam o lucro.
• Não visam ganhos pessoais limitados.
• Buscam metas sociais específicas.
• Não ignoram a natureza multidimensional dos seres humanos.
• Dedicada à resolução de problemas sociais e ambientais.
• Possuem objetivos diferentes das EMLs (Empresa que Maximizam os Lucros).
• Possui uma estrutura organizacional basicamente igual as EMLs.
• Emprega seus funcionários.
• Cria bens e serviços e fornece-os aos clientes a um preço compatível com o seu propósito.
• Cria benefícios sociais para as pessoas cuja a vida ela afeta.
• A empresa pode obter lucro, mas os investidores não retiram o lucro da empresa.
• Os investidores podem fazer retirada de lucro equivalente à recuperação do valor investido,
originalmente.
• A empresa é movida por uma causa.
• Atua como agente de mudanças no mundo.
• Não é uma instituição de caridade.
• Tem de recuperar todas as suas despesas ao mesmo tempo que alcança seus objetivos sociais.
• Deve ser administrada de modo diferente de uma instituição de caridade.
• Não são organizações sem fins lucrativos.
• Não são organizações não-governamentais.
• É administrada segundo os mesmos princípios administrativos das EMLs.
• A empresa deve cobrar um preço ou uma taxa pelos produtos ou serviços que oferece.
• Os produtos ou serviços devem gerar receita e entregar benefícios aos pobres ou a sociedade
como um todo.
• É projetada e dirigida como um empreendimento, com produtos, serviços, clientes, mercados,
despesas e receita.
• O princípio da maximização do lucro é substituído pelo princípio do benefício social.
Fonte: Yunus (2008, p.35-37)

Percebe-se no quadro 3 que há uma variedade de características que permitem distinguir


o que é uma empresa social dos demais tipos de instituições, que sejam, empresas com
fins lucrativos ou empreendimentos sem fins lucrativos e até mesmo das organizações
não-governamentais.
Dando continuidade à discussão e a apresentação de conceitos das diferentes
nomenclaturas encontradas, são apresentados a seguir conceitos que se aproximam do
que já foi tratado anteriormente sob o prisma de “empresa social”.
O termo negócio social aparece em 2010 quando Muhammad Yunus publica o livro
intitulado: criando um negócio social. Yunus tenta com esta nova publicação criar uma
denominação para os negócios criados por ele e tenta diferencia-los, por meio de
características próprias, dos demais empreendimentos sociais existentes. Em 2013, no
documento Negócios Sociais – diretrizes estratégicas para a atuação do sistema Sebrae
no mercado de negócios sociais, o Sebrae diz:
negócio social existe para buscar solução a uma questão social/ambiental ou
pela ampliação de um impacto social/ambiental já produzido. A novidade é que
esta solução é desenvolvida considerando a viabilidade econômica da
intervenção, com base em estratégias e modelos de negócios. Significa dizer
que: são soluções de negócios para problemas socioambientais (SEBRAE,
2013, p. 5, grifo nosso).
Dando continuidade ao que é um negócio social, para o Sebrae (2013) são negócios que
buscam causar um impacto socioambiental positivo que é oriundo do próprio core
business do empreendimento e que a sua atividade principal deve oferecer benefícios
diretos às pessoas que estão nas classes C, D e E. Enquanto um negócio social, devem
demonstrar viabilidade econômica e ter preocupação social e ambiental, pois ambas
preocupações possuem a mesma importância e devem fazer parte do negócio.
Neste mesmo documento o Sebrae (2013, p. 2) informa que “este documento encontra-
se em constante atualização, consulte a versão atualizada em
www.sebrae.com.br/negociossociais”. Ao acessar o endereço eletrônico citado
percebeu-se que, atualmente, o Sebrae usa a expressão negócios de impacto social, ao
que no ano de 2013 chamava de negócios sociais. Ao conceituar, o Sebrae (2016, grifo
nosso) diz que
entende negócios de impacto social como iniciativas financeiramente
sustentáveis, geridas por pequenos negócios, com viés econômico e caráter
social e/ou ambiental, que contribuam para transformar a realidade de
populações menos favorecidas e fomentem o desenvolvimento da economia
nacional5.

Para o Sebrae (2016, grifo nosso) o negócio de impacto social deve


causar um impacto positivo em uma comunidade, ampliando as perspectivas de
pessoas marginalizadas pela sociedade, aliada à possibilidade de gerar renda
compartilhada e autonomia financeira para os indivíduos de classe baixa. Esses
são os objetivos dos negócios de impacto social.

Note que o Sebrae passou a adotar outra nomenclatura para se referir aos
empreendimentos sociais. Muito provavelmente, considerando que a Yunus Negócios
Sociais (YNS) tem uma visão bastante particular do que é um negócio social, ela (YNS)
deve ter feito alguma intervenção junto ao Sebrae com o intuído de preservar a sua visão
particular do que deve ser um negócio social. Sendo assim, Para o Sebrae (2016, grifo
nosso)
um negócio social não pode ser uma organização do terceiro setor,
comumente chamada de ONG, que deseja gerar renda para sua
sustentabilidade sem considerar esta atividade como uma estratégia de
negócio que gere resultados financeiros que possam ser distribuídos a
seus proprietários/acionistas.

Percebe-se que há convergência e divergência entre o que é aceitável e o que não é


aceitável para o Sebrae e para Muhammad Yunus. O ponto convergente diz respeito às
organizações do terceiro setor. Ambos entendem que as organizações do terceiro setor
não são negócios sociais. Porém, o ponto divergente é a distribuição de resultados. Para

5 Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/sebraeaz/o-que-sao-negocios-de-


impacto-social,1f4d9e5d32055410VgnVCM1000003b74010aRCRD> – Acessado em: 28/abril/2017.
o Sr. Yunus é imprescindível a não distribuição de lucros pelos negócios sociais. No
entendimento do Sr. Yunus a distribuição de lucros (resultados) aos
proprietários/acionistas não é aceitável. Já o Sebrae entende que os resultados
financeiros podem ser distribuídos aos proprietários/acionistas.
As diferentes formas de empreendimento e de entendimento levaram o Sebrae a mudar
a forma com se refere aos empreendimentos sociais. Acredita-se que é justificável por
parte do Sebrae a adoção do termo negócios de impacto social. O Sebrae é uma
instituição pública e não pode discriminar nenhuma iniciativa empresarial, pois a sua
missão institucional é: “promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos
pequenos negócios e fomentar o empreendedorismo, para fortalecer a economia
nacional6” (SEBRAE, 2012, p. 16). Fazendo ressalva apenas a algumas inciativas sociais
que segundo o Sebrae (2016) não podem ser consideradas como negócios de impacto
social, tais como:
[...] uma empresa de grande porte que está instalada em uma comunidade de
baixa renda e que oferece seus produtos para a população local, não é
considerada um negócio social;
[...] empresas que mantêm sua estrutura tradicional e se utilizam da mão de obra
barata de pequenos empreendedores, como costureiras e produtores rurais,
para oferecer um produto mais competitivo no mercado, sob ótica de preço e
viés da "sustentabilidade", quando não atentam para as formas de precarização
das relações de trabalho; e
[...] não pode ser uma organização do terceiro setor, comumente chamada de
ONG, que deseja gerar renda para sua sustentabilidade sem considerar esta
atividade como uma estratégia de negócio que gere resultados financeiros que
possam ser distribuídos a seus proprietários/acionistas.

Muhammad Yunus apresenta em seu livro “criando um negócio social” 7 princípios


idealizados que explicam as principais características do um negócio social do Tipo 1,
pois Para Muhammad Yunus há 2 tipos de negócios sociais.
• O objetivo do negócio será superação da pobreza ou de um ou mais
problemas em áreas como educação, saúde, acesso à tecnologia e meio
ambiente etc. que ameaçam as pessoas e a sociedade – não a maximização
dos lucros;
• A empresa alcançará a sustentabilidade econômica e financeira;
• Os investidores recebem de volta somente o valor investido. Nenhum
dividendo é pago além do dinheiro investido;
• Quando o montante do investimento é recuperado, o lucro fica com empresa
para cobrir expansões e melhorias;
• A empresa será ambientalmente consciente;
• A força de trabalho recebe salários de mercado e desfruta condições de
trabalho melhores que as usuais; e
• Faça com alegria! (YUNUS, 2010, p. 20-21)

6Disponível em:
<https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Direcionamento%20Estrategico%202022.
pdf> - Acessado em: 07/maio/2017
Dando continuidade a apresentação dos conceitos, tem-se a seguir o quadro 4 que
apresenta as características de um negócio social. Tais características foram retiradas
do livro criando um negócio social escrito por Muhammad Yunus e publicado em 2010.
Cabe relembrar que em seu livro um mundo sem pobreza, lançado em 2008, Yunus
denominava os empreendimentos sociais de empresas sociais. E, agora em 2010,
chama de negócios sociais.
Quadro 4 – Características de negócios sociais
• Se baseia no altruísmo das pessoas.
• Dedicado à solução de problemas sociais, econômicos e ambientais.
• Tudo é para o benefício dos outros e nada é para os proprietários, exceto o prazer de servir à
humanidade.
• Objetivo do investidor é dar ajuda a outros sem obter qualquer ganho financeiro pessoal.
• Tem que ser autossustentável (gerar renda para cobrir as despesas; parte do excedente
econômico é investido na expansão e outra parte é mantida como reserva).
• Não envolve perdas e não paga dividendos.
• Dedicada à realização de um objetivo social.
• Tem como objetivo acabar com um problema social.
• Dedica-se a uma causa social.
• A ideia de lucros pessoais está ausente do negócio.
• O proprietário pode recuperar, depois de certo tempo, apenas o montante investido.
• Tem como propósito mudar o mundo.
• Deve produzir mudanças significativas na vida das pessoas.
• A decisão de investimento não se baseia no lucro potencial.
• A decisão de investir se baseia na causa social.
• Dá a todas as pessoas a oportunidade de participar da criação do tipo de mundo que todos
queremos ser.
• Seu objetivo é resolver um problema social.
• Utiliza métodos de negócios, inclusive a criação e venda de produtos e serviços.
• Tem receitas e despesas equilibradas, sem perdas e sem dividendos.
• Os proprietários são investidores que reinvestem os lucros na expansão e melhoria do negócio.
• Tem fins lucrativos.
• Conta com investidores e proprietários.
• A noção de vantagem financeira pessoal não tem lugar no mundo do negócio social.
• Trata seus beneficiários com dignidade pessoal e lhes confere mais autonomia.
• Possuir uma atividade socialmente benéfica.
• Dedicado a mudar a situação econômica e social dos pobres.
• Dedicada a criar alguma melhoria social no mundo.
• Dedica 100% de seus recursos para tornar o mundo um lugar melhor.
• Destina-se, exclusivamente, a fornecer benefícios sociais.
• De forma alguma gera lucros para nenhum investidor.
• Sua atenção concentra-se, exclusivamente, na causa social à qual se dedica.
• Exclui a busca do lucro ou o pagamento de dividendos aos proprietários.
Fonte: Yunus (2010, p. 1-31)

Nota-se que no quadro 4 que há uma variedade de proposições para que um


empreendimento social possa ser rotulado como um negócio social.
Ao longo das páginas iniciais do livro (criando um negócio social) Muhammad Yunus
explica a sua visão do que chama de negócio social. A razão pela qual optou-se em não
trazer, incialmente, um conceito foi em função de ser algo bastante amplo para ser
sintetizado em poucas palavras. Sendo assim, elencou-se no quadro 4 as características
de um negócio social. Mas, em certos momentos, o Sr. Yunus apresenta algumas frases
que podem ser adotadas como conceitos. Assim, o quadro 5 apresenta as definições
encontradas no livro publicado em 2010.
Quadro 5 – Definições de Negócio Social segundo Muhammad Yunus
Definições
“[...] O negócio social pode ser descrito com ‘uma empresa que não envolve perdas e não paga
dividendos’, inteiramente dedicada à realização de um objetivo social”. (YUNUS, 2010, p. 10)
“Podemos pensar um negócio social com um empreendimento desinteressado cujo objetivo é acabar
com um problema social”. (YUNUS, 2010, p. 10)
“[...] o negócio social é um tipo muito específico de negócio – uma empresa sem perdas e sem
dividendos que tem um objetivo social”. (YUNUS, 2010, p. 22)
“Um negócio social destina-se exclusivamente a fornecer benefícios sociais. Não pensa, de forma
alguma, em gerar lucros para nenhum investidor. Desse modo, o negócio torna-se muito poderoso e
sua atenção concentra-se exclusivamente na causa à qual se dedica”. (YUNUS, 2010, p. 29)
“Mas quero, muito explicitamente, definir negócio social como o que exclui a busca do lucro ou o
pagamento de dividendos aos proprietários”. (YUNUS, 2010, p. 33, grifo do autor)
Fonte: Yunus (2010, p. 10-33)

Percebe-se claramente a ênfase dada por Yunus à questão da distribuição de


lucros/dividendos aos proprietários/sócios/investidores, sendo isto algo inaceitável.
A Yunus Negócios Sociais Brasil (YNSB) apresenta em seu site um esquema bem
interessante para demonstrar a sua visão dos Negócios Sociais. A Figura 1, a seguir,
retrata de modo comparativo 3 tipos de entidades: ONGs, Negócios Sociais e Negócios
Tradicionais.
Figura 1 – Comparativo entre ONGs, Negócios Tradicionais e Negócios Sociais

Fonte: YNSB (2017)


Neste esquema há a representação de 3 formas de empreender que são relacionadas
com objetivos e meios de empreender. Demonstrando que os Negócios Sociais se
apropriam dos objetivos de um e os meios do outro e, configurado assim, um terceiro
tipo de entidade. Isto é, uma entidade híbrida que congrega objetivos e meios de
entidades já existentes para maximizar o potencial de cada uma das outras em prol da
solução de problemas sociais. De modo bem simples a Figura 1 demonstra que os
Negócios Sociais possuem o objetivo das ONGs e da filantropia, sintetizado na
maximização do impacto social, mas conta com os meios dos negócios tradicionais para
cumprir com a sua missão. Sendo os meios, ser um negócio autossustentável.
Ainda no âmbito dos Negócios Sociais, para a YNSB – Yunus Negócios Sociais Brasil7
(2017):
Negócios Sociais são empresas que têm a única missão de solucionar um
problema social, são autossustentáveis financeiramente e não distribuem
dividendos. É uma empresa na qual o investidor recupera seu investimento
inicial, mas o lucro gerado é reinvestido na própria empresa para ampliação do
impacto social. O sucesso do negócio não é medido pelo total de lucro gerado
em um determinado período, mas sim pelo impacto criado para as pessoas ou
para o meio ambiente. Unem o dinamismo do business tradicional com a
consciência da filantropia.

Faz, neste momento, uma pausa para uma breve reflexão sobre a complexidade e por
vezes a confusão que existe ao se buscar quais expressões existem no âmbito dos
empreendimentos sociais, os respectivos significados e quem utiliza qual forma de se
expressar. Conforme já apresentado, o Sebrae, entre 2013 e 2016, passou a adotar outra
terminologia, deixando de se usar o termo Negócios Sociais e adotando o termo
Negócios Sociais Inclusivos. Com a Artemisia, parece que não foi diferente.
Atualmente, no site da Artemisia, ao apresentar a nova Artemisia, há a seguinte
afirmação: “a nova plataforma foi desenvolvida para inspirar talentos, educar líderes,
gestores e empreendedores, engajar empresas e acelerar startups, sempre com o foco
de mobilizar pessoas e organizações para trabalharem na geração de negócios de
impacto social (Artemisia, 2013, grifo nosso). E inclusive na sua missão “Inspirar,
capacitar e potencializar talentos e empreendedores para a geração de negócios de
impacto social” (Artemisia, 2013 – grifo nosso) a entidade novamente usa a
nomenclatura negócios de impacto social.
Nas palavras de Naigeborin em 2010, segundo a Artemisia ([20??] apud Naigeborin,
2010, p. 2) os negócios sociais são “iniciativas economicamente rentáveis que através
da sua atividade principal brindam soluções para problemas sociais e/ou ambientais,
utilizando mecanismos de mercado”. Para a Artemisia (2013) os negócios de impacto
social “são empresas que oferecem, de forma intencional, soluções escaláveis para
problemas sociais da população de baixa renda”. É nítido que a Artemisia, a partir de

7 https://www.yunusnegociossociais.com/o-que-so-negcios-sociais (apesar de aparentar estar errado, o


complemento do endereço eletrônico é: o-que-so-negcios-sociais).
2013, também passou a adotar uma outra terminologia para se referir aos
empreendimentos sociais. Segundo Féres e Souza (2014, p. 4) “a fim de distinguir o
conceito proposto inicialmente por Yunus do conceito utilizado hoje, a Artemisia passou
a utilizar a nomenclatura ‘negócios de impacto social’, para evitar qualquer tipo de
equívoco no que diz respeito a questão da distribuição ou não de dividendos”. A
Artemisia complementa seu conceito para negócio de impacto social apresentando as
suas características8.
• Foco na baixa renda: são desenhados de acordo com as necessidades e
características da população de baixa renda;
• Intencionalidade: possuem missão explícita de causar impacto social e são
geridos por empreendedores éticos e responsáveis;
• Potencial de escala: podem ampliar seu alcance por meio da expansão do
próprio negócio; de sua replicação em outras regiões por outros atores; ou
pela disseminação de elementos inerentes ao negócio por outros
empreendedores, organizações e políticas públicas;
• Rentabilidade: possuem um modelo robusto que garante a rentabilidade e
não depende de doações ou subsídios;
• Impacto social relacionado à atividade principal: o produto ou serviço
oferecido diretamente gera impacto social, ou seja, não se trata de um projeto
ou iniciativa separada do negócio, e sim de sua atividade principal; e
• Distribuição ou não de dividendos: um negócio pode ou não distribuir
dividendos a acionistas, não sendo, porém, esse, um critério para definir
negócios de impacto social (ARTEMISIA, 2013).

Naigeborin (2010, p. 3) credita à Ashoka a definição para Negócios Sociais como:


“negócio que utiliza mecanismos de mercado para brindar maiores benefícios a setores
da sociedade que hoje estão excluídos. O negócio social é um meio e não um fim em si
mesmo”. Em nossa pesquisa, não foi encontrado o uso do termo Negócios Sociais pela
Ashoka. A Ashoka, em seu site e no livro Empreendimentos sociais sustentáveis
publicado em 2001 em parceria com a McKinsey&Company só utiliza os termos
Empreendedorismo social e empreendedor social. Esta divergência, atualmente, só
reforça e demonstra como o tema (empreendedorismo social) tem se desenvolvido e
passa por ajustes. Além de demonstrar que esta profusão de terminologias e conceitos
existentes leva as diferentes instituições à busca de um “encaixe” mais adequado,
comsiderando o que lhes parece mais apropriado. O que, por vezes, leva a criação de
novas nomenclaturas.
O PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, citado no documento
de Naigeborin (2010) fez parceria com o Sebrae no Edital Chamada de Casos Incluir
20179 e, na introdução, chama de Negócios Inclusivos e Sociais e logo em seguida

8 http://artemisia.org.br/conteudo/negocios/nosso-conceito.aspx
9 http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/articles/2017/01/30/aberta-inscri-es-para-a-
chamada-de-casos-iniciativa-incluir-2017/
menciona Negócios Inclusivos e/ou Sociais. No documento elaborado por Viviane
Naigeborin ela credita ao PNUD a expressão Negócios Inclusivos. Sendo possível
interpretar como uma definição o que consta na seção 2.2 Público-Alvo, ao definir quais
entidades são elegíveis ao edital, para o PNUD (2017, p. 3) os Negócios Inclusivos são
modelos de negócios: “comprometidos com o desenvolvimento de soluções capazes de
gerar impacto social positivo para a sociedade e também de oferecer oportunidades de
inclusão socioeconômica para cidadãs e cidadãos de menor renda”. Sendo diferente do
que traz Naigeborin (2010, p. 3) “negócios que envolvem os pobres no processo de
desenvolvimento econômico no âmbito da demanda, como clientes e consumidores e,
no âmbito da oferta, como empregados, produtores e donos de negócio em vários pontos
da cadeia de valor” creditado ao PNUD. Isto tudo só demonstra que surgem novos
termos e, consequentemente, novas definições a medida que novos atores passam a se
envolver com o empreendedorismo social.
A profusão de nomenclaturas e definições ajuda e, ao mesmo tempo, atrapalha. Ajuda
ao demonstrar que há diferentes formas de empreendimentos envolvidos nas causas
sociais e que o empreendedorismo social é multifacetado. Atrapalha, quando o que se
quer é algo mais objetivo e se faz uma leitura superficial buscando uma simplificação da
causa social. Isto, com certeza não se obtém ao se aprofundar no estudo do
empreendedorismo social.
O quadro 5 traz outras nomenclaturas e definições encontradas. Estas nomenclaturas
estão devidamente associadas às definições e às entidades que as adotam.
Quadro 5 – Outras nomenclaturas e definições
Nomenclatura Definição Autor
São modelos de negócios “comprometidos com o
desenvolvimento de soluções capazes de gerar impacto
Negócios Inclusivos
social positivo para a sociedade e também de oferecer PNUD (2017, p. 3)
(e sociais)
oportunidades de inclusão socioeconômica para cidadãs
e cidadãos de menor renda”.
São “iniciativas financeiramente sustentáveis, geridas por
pequenos negócios, com viés econômico e caráter social
Negócios de e/ou ambiental, que contribuam para transformar a
Sebrae (2016)
Impacto Social realidade de populações menos favorecidas e fomentem
o desenvolvimento da economia nacional”.

Fonte: Elaborado pelo autor

Além das nomenclaturas já apresentadas ao longo do capítulo e complementadas com


as do Quadro 5 ainda encontramos: negócios na base da pirâmide (Business of the
Pyramid); negócios do bem, apenas para citar mais algumas.
Dando continuidade à busca pela compreensão do tema, o conteúdo que segue, passa
pelas definições para as diferentes denominações encontradas sobre o empreendedor
social, e, por fim, são apresentadas as definições encontradas para empreendedorismo
social.
Para Dess (1998) deve-se compreender o fenômeno do empreendedorismo social sobre
a tradição de teoria e pesquisa sobre o empreendedor. “Empreendedores sociais são
uma espécie no gênero empreendedor. São empreendedores com uma missão social.
No entanto, por causa desta missão, eles enfrentam alguns desafios distintivos e
qualquer definição deve refletir isso”. Na busca desta compreensão inicialmente são
apresentadas definições elaboradas por diversas entidades que atuam na promoção do
empreendedorismo social.
O quadro 6, a seguir, apresenta as definições de diversas entidades envolvidas com o
empreendedorismo social para explicar o que é ou quem é o empreendedor social.
Quadro 6 – Definições para empreendedor social
Autor Definição
“Empreendedores Sociais [são] pessoas com ideias criativas e inovadoras
Ashoka Brasil
capazes de provocar transformações com amplo impacto social”10.
“Os empreendedores sociais são pessoas visionárias, criativas, pragmáticos
[sic] e com capacidade para promover mudanças sociais significativas e
Ashoka EUA
sistêmicas. São indivíduos que apontam tendências e apresentam soluções
inovadoras para problemas sociais e ambientais”. (ALVES, 2012, p. 15)
“É alguém que trabalha de uma forma empreendedora, para um benefício
School for Social público ou social, em vez de ter por objetivo a maximização do lucro. Os
Entrepreneurship empreendedores sociais podem trabalhar em negócios éticos, organizações
(Reino Unido) públicas ou privadas, em voluntários ou no setor comunitário”. (ALVES,
2012, p. 14)
Canadian Center “Um empreendedor social é inovador, e possui características dos
for Social empresários tradicionais como a visão, a criatividade e a determinação, as
Entrepreneurship quais aplicam e focam na inovação social. São líderes que trabalham em
(Canadá) todos os tipos de organizações”. (ALVES, 2012, p. 14)
“Os empreendedores sociais são agentes de mudança da sociedade
mediante: i) a criação de ideias conducentes à resolução de problemas
Schwab sociais, pela combinação de práticas e conhecimentos de inovação, criando
Foundation for assim novos procedimentos e serviços; ii) o estabelecimento de parcerias e
Social meios de autossustentabilidade dos projetos; iii) a transformação das
Entrepreneurship comunidades através de associações estratégicas; iv) a utilização de
(Suíça) abordagens baseadas no mercado para resolução dos problemas sociais; v)
a identificação de novos mercados e oportunidades para financiar uma
missão social”. (ALVES, 2012, p. 14)
“Empreendedores sociais são executivos do setor de negócios sem fins
lucrativos que prestam maior atenção às forças do mercado sem perder de
Institute for Social
vista a sua missão social, e são orientados por um duplo propósito:
Entrepreneurs
empreender programas que funcionem e que estejam disponíveis para as
(EUA)
pessoas, tornando-as menos dependentes do governo e da caridade”.
(ALVES, 2012, p. 14-15)
Fonte: Elaborado pelo autor

Além das definições de entidades que promovem o empreendedorismo social há


diversos pesquisadores e acadêmicos que pesquisam o fenômeno. Martin e Osberg
(2007 apud Capelo 2014, p.69) dizem que

10 Retirado do site da Ashoka (www.ashoka.org.br) - Acessado em: 22/05/2017


[...] o empreendedor social é uma espécie no gênero empreendedor, cujo foco
central é a missão social e que age através do e conhecimento e busca
implacável de novas oportunidades, e engajamento em um processo de contínua
inovação, adaptação e aprendizado que sirvam a essa missão.
Para Dees (1998, apud Dornelas; Timmons e Spinelli, 2010, p. 161)
Os empreendedores sociais desempenham o papel de agentes de mudança no
setor social por (1) adotarem uma missão para criar e manter o valor social (não
apenas o valor privado); (2) reconhecerem e buscarem implacavelmente novas
oportunidades para cumprir essa missão; (3) se engajarem em um processo de
contínua inovação, adaptação e aprendizagem; (4) agirem de modo ousado sem
serem limitados pelos recursos que têm em mãos no momento; e (5) exibirem
uma elevada responsabilidade para com o público atendido e pelos resultados
gerados.

Ao iniciar a apresentação do tema, em seu livro “como mudar o mundo –


empreendedores sociais e o poder das novas idéias [sic]” Bornstein (2006, p. 15) diz que
o objetivo do livro é “chamar a atenção para papel de um tipo particular de ator que
impulsiona a mudança social. Os empreendedores sociais têm um profundo efeito sobre
a sociedade, embora a sua função corretiva continue pouco compreendida e valorizada”.
Para Bornstein (2006, p. 156, grifo do autor)
contudo a maior parte da atenção se concentra em como aplicar técnicas
comerciais e administrativas para se alcançar fins sociais – por exemplo, como
iniciativas não-lucrativas podem operar iniciativas de fins lucrativos para gerar
recursos. Embora esta seja uma importante tendência, este livro vê os
empreendedores sociais de modo diferente, os encara como forças
transformadoras: gente com novas idéias [sic] para enfrentar grandes
problemas, incansáveis em busca de seus ideais, homens e mulheres que não
aceitam um ‘não’ como resposta e que não desistirão até disseminarem as suas
idéias [sic] o mais amplamente possível.

O conteúdo até agora apresentado serve para: auxiliar na compreensão do que é o


empreendedorismo social sem buscar explica-lo apoiado nos conceitos já apresentados;
e compreender que o fenômeno – empreendedorismo social que será apresentado agora
– é algo diferente de empreendimento social (nas suas mais diferentes formas) e de
empreendedor social (a pessoa que empreende). Faz-se esta ressalva em função de
termos encontrado em vários momentos a tentativa, feita por vários autores, de explicar
o empreendedorismo social, que acabava apresentando uma definição de um
empreendimento ou da pessoa que cria um empreendimento social. Cabe, portanto,
lembrar que o empreendimento e a pessoa são entidades concretas, tangíveis e o
empreendedorismo é algo não concreto. Isto é, é algo abstrato, intangível. Não por acaso
possui o prefixo “ismo” (empreendedor + ismo). Segundo o Dicionário online Priberam
(2017) ismo é “sufixo formador de substantivos abstratos (ex.: alcoolismo, liberalismo)”.
Portanto, não há como tentar explicar algo que é abstrato com conceitos de algo que é
concreto.
Mas afinal, o que é o empreendedorismo social? Para Bornstein (2006, p. 17)
[...] o empreendedorismo social é um fenômeno global e os mais criativos
solucionadores de problemas do mundo não estão concentrados nos EUA e no
Canadá. No mundo todo, as pessoas enfrentam problemas semelhantes:
sistemas de ensino e saúde inadequados, ameaças ambientais, descrédito em
instituições políticas, pobreza instituída, altas taxas de criminalidade e daí por
diante.

Alves (2012, p. 13) diz que


existe uma linha de fronteira muito tênue que divide os conceitos de
empreendedorismo social, voluntariado, caridade, sendo que por vezes estes
conceitos se cruzam e coexistem. Contudo existe algo comum a todos os
conceitos: a consciencialização da necessidade de solucionar ou minimizar um
problema social pela criação valor social.

Dornelas, Timmons e Spinelli (2010, p. 160-161) dizem que “o empreendedorismo social


pode ainda ser definido como a utilização de princípios do empreendedorismo para criar
um valor social economicamente sustentável”.
Para Dees (1998), em função do termo empreendedorismo social ter se popularizado
nas últimas décadas, ele acaba tendo significado diferente para pessoas diferentes e isto
pode causar confusão. Há pessoas que o associam exclusivamente às organizações
sem fins lucrativos que começam com fins lucrativos ou empreendimentos voltados a
geração de renda. Outros usam o termo para descrever qualquer pessoa que inicia uma
organização sem fins lucrativos e, ainda, o associam a empresários que incorporam a
responsabilidade social em seus negócios. O quadro 7 apresenta mais conceitos sobre
empreendedorismo social.
Quadro 7 – Definições sobre empreendedorismo social
Autor Definição
[O empreendedorismo social é] um processo que envolve o uso e a
Johanna Mair e Ignasi
combinação inovadores de recursos para buscar oportunidades para
Marti (2006)
catalisar mudanças sociais e/ou atender a necessidades sociais.
James Austin, Howard A inovadora atividade social de criação de valor pode ocorrer dentro ou em
Stevenson e Jane diferentes setores sem fins lucrativos, empresariais ou do governo.
Wei-Skilllern (2006)
Um processo que inclui a identificação de um problema social específico e
uma solução específica (ou conjunto de soluções) para resolvê-lo; a
Jeffrey Robinson avaliação do impacto social, do modelo de negócio e da sustentabilidade do
(2006) empreendimento; e a criação de uma entidade social com fins lucrativos,
voltadas para uma missão ou uma entidade sem fins lucrativos que busque
resultados duplos (ou triplos).
O empreendedorismo social é (1) sobre a aplicação de abordagens práticas,
inovadoras e sustentáveis para beneficiar a sociedade em geral, com ênfase
The Schwab
nos marginalizados e nos pobres; (2) um termo que capta uma abordagem
Fundation for Social
única para os problemas econômicos e sociais – uma abordagem que
Entrepreneurship
transcende setores e disciplinas; (3) enraizada em certos valores e
processos que são comuns a todos os empreendedores sociais.
Fonte: Dornelas; Timmons e Spinelli (2010, P. 161)
Dornelas, Timmons e Spinelli (2010) afirmam que diferentes pessoas darão diferentes
respostas ao se solicitar uma definição para empreendedorismo social, porém haverá
padrões e semelhanças identificáveis nas definições apresentadas. Há quem apontará
a identificação de oportunidades, outros falarão sobre criar uma mudança social
sistêmica, e haverá ainda outros que falarão sobre o desenvolvimento de soluções
sustentáveis para os problemas sociais, além de gerar retornos econômicos e sociais.
Para Dornelas, Timmons e Spinelli (2010, p. 160) o empreendedorismo social possui um
tema comum: “seu método e sua execução são empreendedores no pensamento e na
ação, enquanto sua missão e sua finalidade são movidas pela necessidade e pelo
benefício sociais [sic]”.

Dornelas, Timmons e Spinelli (2010, p. 159) dizem “que o empreendedorismo social é


uma coisa boa, mas, em estudos aprofundados, fica muito evidente que o
empreendedorismo social é um fenômeno complexo e difícil de definir. Isso leva a uma
percepção dos limites nebulosos”. Segundo os autores (op. cit. 159-160) “alguns veem
o empreendedorismo social apenas como uma forma de empreendedorismo nos setores
sem fins lucrativos”. E finalizam afirmando que “o empreendedorismo social engloba
empreendimentos lucrativos e sem fins lucrativos” (DORNELAS; TIMMONS e SPINELLI,
2010, p. 160).
Dees (1998) afirma que
além de empreendimentos inovadores sem fins lucrativos, o empreendedorismo
social pode incluir empreendimentos comerciais de propósito social, como
bancos de desenvolvimento comunitário com fins lucrativos e organizações
híbridas que misturam elementos sem fins lucrativos e com fins lucrativos, como
abrigos para pessoas sem-teto que começam treinando-os e os emprega
posteriormente.

Segundo Stamp ([20--] Apud Dornelas, Timmons e Spinelli (2010, p. 161 “todas as
empresas precisam de investimentos; todas as empresas exigem retorno. A questão
social é quem paga e qual é o horizonte de retorno. A decisão é uma decisão de valor
social”. Portanto,
o resultado do empreendedorismo social não é diferente, mas ajuda a esclarecer
o conceito de valor. Especificamente, o valor social deriva de atividades
empreendedoras que buscam resolver problemas relacionados a pessoas e
problemas relacionados ao planeta – independentemente de orientação para o
lucro. Em outras palavras, o empreendedorismo social busca soluções criativas
e valiosas para questões como educação, pobreza, saúde, aquecimento global,
escassez global de água e energia. (DORNELAS; TIMMONS e SPINELLI, 2010,
p. 161)

Tiscoski, Rosolen e Comini (2013, p. 3) concluem que


o conceito de empreendedorismo social está pautado na criação de valor social
e na introdução de inovações de metodologia, serviços ou produtos, as quais
gerariam uma transformação social. A inserção da dimensão econômica e da
lógica de mercado abriu novas possibilidades para atuação das organizações
que até então contemplavam uma única dimensão (social ou econômica).
A tipologia dos empreendimentos sociais
Além das diferentes nomenclaturas já apresentadas, tais como: empresas sociais;
negócios sociais; negócios de impacto social, por exemplo, há também polêmica em
relação ao lucro gerado por estes diferentes tipos de empreendimentos. Há diferentes
correntes de pensamento quando se discute a destinação dos lucros gerados pelos
empreendimentos sociais. Até aqui já foi possível perceber que existem organizações
com e sem fins lucrativos, porém, não é a questão do lucro propriamente dita que traz
controvérsia. Afinal, toda e qualquer organização para conseguir ampliar a sua atuação
e oferecer mais produtos e/ou serviços à sociedade, precisa obter lucro. Então, onde
está o problema? O problema está na destinação do lucro. Para o SEBRAE (2013, p. 6)
uma questão que é polêmica [...] é a distribuição ou não de lucro, onde existem
duas correntes, uma liderada por Muhammad que cita que os lucros só podem
ser reinvestidos na empresa destinados a melhoria e expansão. Outra corrente
é defendida por Stuart Hart e Michael Chu, citam que a comunidade empresarial
não aceita a ideia de criar negócios sem lucro.

Dornelas; Timmons e Spinelli (2010, p. 161) dizem que


uma visão única e definitiva do empreendedorismo social não é necessariamente
importante. O mais importante é entender os principais fatores de diferenciação
entre empreendedorismo social e empreendedorismo tradicional, ao mesmo
tempo que se percebe que não existe apenas um tipo de empreendedorismo
social.

Para Elkington e Elkington (2008 apud Borges, 2008) os empreendimentos da dimensão


social são divididos em 3 grupos:
• os empreendimentos totalmente sem fins lucrativos (que atuam em mercados
em que é praticamente impossível tornar-se autossustentável);
• os negócios híbridos (que funcionam com doações, mas são capazes de
gerar alguma receita); e
• aqueles que colhem resultados financeiros e têm, em muitos aspectos,
funcionamento semelhante ao das empresas tradicionais.

Defourny e Nyssens (2006) afirmam que o conceito de empreendimentos sociais é


também utilizado ressaltar o lado inovador, assim como os riscos de certos tipos de
projetos. Para os autores (op. cit.) o conceito inclui um espectro que congrega uma ampla
quantidade de organizações, abrangendo negócios com fins lucrativos e organizações
sem fins lucrativos.
Numa tentativa de demonstrar a distinção entre os empreendimentos com fins lucrativos,
os negócios híbridos e os empreendimentos sem fins lucrativos, Dornelas; Timmons e
Spinelli (2010) apresentam a tipologia dos empreendimentos proposta em 2008 por
Neck, Brusch e Alien. A figura 2 a seguir faz um cruzamento da missão do
empreendimento com o principal impacto gerado e nos apresentam 4 diferentes tipos de
empreendimentos.
Figura 2 – Tipologia dos empreendimentos

Fonte: Neck; Brush e Alien (2008 Apud Dornelas; Timmons e Spinelli, 2010, p. 161)

Explicam Dornelas; Timmons e Spinelli (2010) que a área acinzentada da Figura 9.2
representa o território dos empreendimentos sociais. Afirmando que “a principal
diferença entre o empreendedorismo tradicional e o empreendedorismo social é a
missão pretendida. Os empreendedores sociais desenvolvem empreendimentos com a
missão de resolver um problema social premente” (DORNELAS; TIMMONS e SPINELLI,
2010, p. 161).
Na visão de Dornelas; Timmons e Spinelli (2010, p. 162)
para agravar a confusão sobre o empreendedorismo social existe uma ideia
preconcebida de que todo o empreendedorismo em curso nos setores sociais é
reservado às organizações sem fins lucrativos. [...]. Além disso, nem todas as
organizações sem fins lucrativos são empreendedoras. É por isso que o termo
“organizações sem fins lucrativos empreendedoras” é utilizado [...].

Para Dornelas; Timmons e Spinelli (2010, p. 161) as organizações sem fins lucrativos
empreendedoras podem ser divididas em 2 tipos:
• o primeiro tipo utiliza atividades de receita recebida, uma forma de capital de
risco, para gerar a totalidade ou parte da receita total. Em muitos aspectos,
as organizações sem fins lucrativos empreendedoras aplicam princípios do
empreendedorismo para gerar receita para sustentar suas organizações
voltadas para uma missão; e
• o segundo tipo tem foco no crescimento e na sustentabilidade econômica.
Essa organização sem fins lucrativos empreendedora pode incorporar o
investimento externo, sob a forma de filantropia de risco, para escalonar de
forma significativa a organização para gerar um impacto maior em direção à
mudança social sistêmica.

Dornelas; Timmons e Spinelli (2010, p. 163) afirmam que se “empreendimento social


pode receber capital de risco de valor agregado ou investimento de anjos, uma
organização sem fins lucrativos empreendedora pode receber financiamento da
filantropia de risco, que é diferente de subvenções ou doações”. Concluindo que “a
filantropia de risco é uma mistura de assistência financeira com um alto nível de
engajamento profissional por parte do financiador” (DORNELAS; TIMMONS e SPINELLI
(2010, p. 163). Para os autores (op. cit., p. 164) “na verdade, provavelmente existem
mais modalidades híbridas de empreendimentos sociais e organizações sem fins
lucrativos empreendedoras combinadas”.
Para Defourny e Nyssens (2006, p. 3) “O crescente reconhecimento do terceiro setor na
Europa, associado a um maior interesse na dinâmica empreendedora não convencional,
a qual vem afetando os atuais desafios, levou à emergência de um novo conceito para
‘empreendimento social’”.
Entretanto, o empreendimento social nos EUA continua como um conceito muito
amplo e vago, referindo-se primeiramente a atividades orientadas para o
mercado, servindo a objetivos sociais. Assim, os empreendimentos sociais são
vistos como uma resposta inovadora para o problema de financiamento das
organizações não governamentais, as quais enfrentam problemas crescentes
para solicitarem doações do setor privado, assim como subvenções vindas dos
órgãos governamentais e das fundações. (DEFOURNY e NYSSENS, 2006, p. 3)

É nítido pela diversidade de nomenclaturas apresentadas para definir os diferentes


empreendimentos sociais, pelos diferentes conceitos sobre o que é o empreendedorismo
social e pelas tipologias brevemente discutidas que é praticamente impossível ter-se
uma definição única para o que é o empreendedorismo social. É mais fácil demonstrar
as suas diferentes faces para a compreensão do que ele representa, pois percebe-se
que ele sofre influência do próprio meio que ocupa, pois diferentes atores buscam criar
as suas próprias definições. Diferentes atores defendem as suas próprias ideias o que
contribui para a não convergência em prol de consenso de conceitos e definições. É bem
provável que em função da dinâmica que o empreendedorismo social opera este
consenso não venha a ser alcançado, mas quem sabe, num futuro não tão longe estas
fronteiras estejam melhor definidas.

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