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Atividade Pós Médio

Profa: Renata Carvalho

O Empreendedorismo e a Responsabilidade Social: uma experiência

Por Marizélia Gomes Costa

Atualmente o setor empresarial e os seus diferentes segmentos enfrentam um espaço de


competitividade e concorrência pesada. O atendimento diferenciado aos clientes, o marketing,
a gestão dos colaboradores, o relacionamento estreito com os parceiros, são elementos que
fortalecem a continuidade e sobrevivência da empresa.

A qualidade dos serviços e produtos, sem dúvida é um fator determinante para a manutenção
do espaço conquistado, porém um grande diferencial no espaço mercadológico é o
empreendedorismo.

Segundo Drucker, o empreendedorismo pratica a visão mercadológica, a evolução e a


continuidade de sua marca no mercado, “trabalho específico do empreendedorismo numa
empresa de negócios é fazer os negócios de hoje serem capazes de fazer o futuro,
transformando-se em um negócio diferente. […] Empreendedorismo não é nem ciência, nem
arte. É uma prática.” (DRUCKER, 1974, p. 25). Neste contexto, a empresa empreendedora
elenca várias características específicas que fortalecem e impulsionam seu crescimento. O
empreendedorismo é visto muitas vezes como fator de risco, pois o empreendedor deve se
voltar para atitudes altruístas e arriscar, podendo perder ou ganhar maior lucratividade.

Empreendedorismo: à busca de oportunidades

O empreendedorismo é visto como promotor do desenvolvimento econômico e social de uma


empresa, país, comunidade, entre outros. Os fatores empreendedores são formulados ao se
identificar a demanda de oportunidades e utilizá-las tanto na busca de recursos financeiros,
quanto de recursos humanos e assim transformá-los em negócio lucrativo para o ambiente
corporativo. Buscar essas oportunidades é papel do empreendedor que possui características
como espírito criativo, pesquisador, altruísta, e outras. Segundo Dolabela (1999, p.61), “O
empreendedor é um trabalhador incansável. Como gosta do que faz, trabalha a noite, em finais
de semana. Mas ele tem consciência da qualidade que deve impor às suas tarefas, ou seja,
visa sempre os resultados, e não ao trabalho em si.”.

O empreendedorismo privado consiste no pensamento individualizado no qual a empresa visa


seu crescimento e lucro; produz bens e serviços com o foco no mercado; a medida de seu
desempenho é o lucro que obtém em suas vendas; e enfim visa satisfazer as necessidades dos
clientes e ampliar as potências de negócio. Na empresa, o empresário deve assumir a visão
empreendedora almejando novos caminhos para a venda de um produto ou serviço, assim
como soluções para os problemas que surgirem, observando a necessidade do cliente e o
crescimento de sua marca. Neste setor o empreendedorismo é voltado para o desenvolvimento
de competências e habilidades relacionadas à criação de projetos tecnológicos, científicos ou
empresariais que sejam executáveis e que aumente a lucratividade da empresa.

Dolabella (1999, p. 12) afirma que para empreender é reforçar o pensamento proativo,
afirmando-se em um comportamento que vise: “aprender a pensar e agir por conta própria, com
criatividade, liderança e visão de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado,
transformando esse ato também em prazer e emoção”.
Além dessas características supramencionadas, o empreendedor deve criar um perfil de
liderança (intuição, atitude de relação pessoal com as metas propostas, buscam nos riscos
oportunidades de grandes recompensas), mas, sobretudo, o líder deve se responsabilizar pelo
alcance das práticas inovadoras, dos métodos e procedimentos que empreendeu. Enfim, o
empreendedor é,

"[…] um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descobertas e propostas positivas


para si mesmo e para os outros. É alguém que prefere seguir caminhos não percorridos, que
define a partir do indefinido, acredita que seus atos podem gerar conseqüências. Em suma,
alguém que acredita que pode alterar o mundo. É protagonista e autor de si mesmo e,
principalmente, da comunidade em que vive". (DOLABELA, 2003, p. 24)

Empreendedorismo social

O empreendedorismo existe também no âmbito social, neste espaço ele tem por objetivo a
coletividade, a ampliação da sustentabilidade das organizações, o desenvolvimento do capital
social e das ações que promovam, desta forma, atividades que priorizem o fortalecimento da
comunidade, possibilitando o crescimento social e humano.

Neste sentido é importante enfatizar que o empreendedor social fomenta a ampliação do


capital social, que consiste nas relações de confiança e respeito trazidas nas ações,
programas, projetos e iniciativas que colaborem para que a comunidade territorial, cidade,
região ou mesmo país progridam de maneira sustentável. O empreendedor social percebe as
oportunidades e demandas sociais e a partir delas sugere avanços por meio de tecnologias
produtivas e sociais, aprimorando a articulação dos grupos de cidadãos e proporcionando a
participação da população em espaços públicos.

Os empreendedores (sociais), por alguma profunda razão de sua personalidade, sabem desde
pequenos que estão no mundo para promover mudanças fundamentais. Ao contrário dos
artistas ou estudantes, eles não se satisfazem em expressar ideias. Ao contrário de gestores
ou trabalhadores da área social, não se contentam em resolver problemas de um grupo de
pessoas em particular. Para serem efetivos, permanecem abertos aos sinais do ambiente em
que vivem e são obcecados com os detalhes da implementação de suas ideias. Desde muito
cedo em sua vida, eles se engajam num processo de autoconcebido de aprendizado,
preparando-se para os desafios que virão. Os empreendedores (sociais) têm em comum uma
profunda crença na sua capacidade de mudar a sociedade. São pessoas que sentem
intensamente que podem fazer a diferença; pessoas que, diante de um problema,
imediatamente pensam: “o que posso fazer, aqui e agora, para ajudar a resolver isso?”.
(DOLABELA, 2003, p. 107)

Em termos comparativos o empreendedorismo privado e empreendedorismo social se diferem


significativamente. O empreendedorismo social está pautado nas ações que desenvolvam o
coletivo; elabora bens e serviços voltados à comunidade; tem seu foco na solução para os
problemas sociais; mede seu desempenho pelo impacto social que produz; busca o resgate e a
promoção de pessoas em situação de risco social. As ações do empreendedor social têm início
após o diagnóstico de determinados problemas sociais locais os quais precisam da elaboração
de alternativas de enfrentamento. A elaboração das alternativas geralmente apresentam
características fundamentais como: inovação, possibilidade de realização, autogestão e
sustentabilidade, envolvimento de diferentes segmentos da sociedade e da população que
receberá a ação.

"[…] para os empreendedores sociais a riqueza é apenas um meio para um determinado fim.
Já para os empreendedores de negócio, a geração de riquezas é uma maneira de mensurar a
geração de valor […] em particular, as leis de mercado não fazem um bom trabalho na
valorização de melhorias sociais, bens públicos, prejuízos e benefícios para pessoas que não
podem pagar […]" (OLIVEIRA, 2003, p. 182)

É importante ressaltar que o empreendedor social não recebe formação na área de atuação,
seu trabalho não é reconhecido como profissão por não estar legalmente constituída e não
possuir conselho regulador ou código de ética legalizado. Nota-se que o empreendedor não é
uma organização social (instituição, fundação, etc.), não gera receitas através da venda se
seus produtos e serviços. Seu trabalho não acontece como o de um empresário que investirá
no campo social, o que se assemelha à responsabilidade social empresarial, que veremos a
seguir.
Com o crescimento do Terceiro setor o empreendedorismo social se apresenta no centro de
ações que priorizam o enfrentamento das problemáticas sociais, no estímulo à intervenção nas
situações de vulnerabilidade, assumindo o papel de mediador da cidadania ativa para o
crescimento da justiça social. Assim, o empreendedorismo social pode ser considerado como
um paradigma de intervenção social sob a ótica da relação e integração dos diferentes atores e
segmentos das comunidades; e um novo processo de gestão, agora no ambiente social.

Responsabilidade Social

A Responsabilidade Social surge na empresa que assume voluntariamente comportamentos e


ações que promovam o bem estar de seu usuário interno e externo. A prática voluntária não
pode ser confundida às ações impostas pelo Estado ou com incentivos fiscais, por exemplo. O
conceito visualiza os benefícios coletivos seja na comunidade interna – colaboradores e
stakeholders – ou comunidade externa – atores sociais, parceiros, meio ambiente, público local
e outros. O meio corporativo tem um papel importante na preservação do meio ambiente e na
qualidade de vida de seus colaboradores e território no qual está inserido. Porém, para que
esses benefícios se apresentem, as empresas devem adotar uma postura de responsáveis
socialmente e estarem vinculadas à visão, ao planejamento estratégico e à sustentabilidade.

O conceito de responsabilidade social não pode ser interpretado com assistência social,
caridade ou filantropia. O processo deve auxiliar na construção do crescimento
autossustentável que possibilita o aprendizado para a melhoria do ambiente em que se está
inserido não criando dependência ou vínculo com a empresa que proporciona esse
ensinamento.

Numa visão global, é desejável que a prática do socialmente responsável por uma empresa
esteja inserida em sua filosofia, na sua perspectiva e em seus objetivos empresariais. A adoção
dessa prática pode ser despertada pela convicção pessoal dos dirigentes ou por concepções
empresariais estratégicas como forma de atingir reais objetivos socialmente responsáveis ou
seus objetivos gerados pelos eventuais benefícios produzidos pela adoção da responsabilidade
social. (ORCHIS, YUNG e MORAES, 2002, p. 56)

Este conceito recebeu variantes ao longo do tempo, alguns termos são complementares,
redundantes ou mesmo se distinguem da definição dada, entre elas:

Responsabilidade Social Corporativa (RSC): é usado em textos que se referem a empresas de


grande porte com preocupações sociais voltadas ao ambiente dos negócios e seus
colaboradores;
Responsabilidade Social Empresarial (RSE): têm a visão muito próxima a RSC, porém envolve,
além de seus colaboradores, os stakeholders com o pensamento de proporcionar a eles uma
melhor qualidade de vida e bem estar. Na grande maioria das empresas que a adotam, a
mudança de comportamento e gestão envolvem transparência, ética e valores humanos com
seus parceiros.
Responsabilidade Social Ambiental (RSA): considerada a mais atual e abrangente, pois não
mostra apenas o comprometimento com as pessoas e os valores humanos envolvidos, mas
com relação ao meio ambiente. Esse olhar prioriza questões voltadas para o socioambiental,
em alguns casos o foco é tão intenso que as ações são elaboradas em detrimento de outras
sociais mais relevantes.
Responsabilidade Social é uma atividade favorável ao desenvolvimento sustentável, à
qualidade de vida no trabalho e na sociedade, ao respeito às minorias e aos mais
necessitados, à igualdade de oportunidades, à justiça comum e ao fomento da cidadania e
respeito aos princípios e valores éticos e orais.

A empresa que pratica a responsabilidade social ganha visibilidade e crescimento da imagem


como empresa cidadã, tornando-se menos propícia a sanções legais. Lima explica, “A
cidadania empresarial, entre outras coisas diz respeito a uma atitude proativa que as entidades
privadas devem adotar diante dos diversos problemas que a comunidade na qual se inserem
apresenta, agindo de forma transformadora e considerando-se como entes dotados de
responsabilidade cívica.” (2002, p. 106). A imagem de que a empresa que assume a
responsabilidade social busca apenas a prosperidade nos negócios; a ampliação da
credibilidade frente aos fornecedores, investidores e clientes; e por fim o reconhecimento da
sociedade em que está inserida, não deve ser os principais motivadores para que se
estabeleça a política da responsabilidade social dentro da empresa.

Toda empresa tem uma responsabilidade social. É seu dever pensar no bem-estar da
sociedade, e não apenas no lucro. A preocupação com o social passou a ser até uma questão
de sobrevivência. É uma forma de marketing… a responsabilidade social pode ser definida
como o dever da empresa de ajudar a sociedade a atingir seus objetivos. É uma maneira de a
empresa mostrar que não existe apenas para explorar recursos econômicos e humanos, mas
também para contribuir com o desenvolvimento social. É, em síntese, uma espécie de
prestação. (BENEDICTO, 1997, p. 76-77)

A empresa não deve vislumbrar na responsabilidade social apenas seus crescimentos


mercadológicos, mas fomentar verdadeiramente o fortalecimento da transformação social. É
importante compreender que no Brasil ainda encontramos a responsabilidade social em duas
perspectivas distintas:

Assistencialista ou paternalista (doadores e benfeitores): nesse caso o apoio da empresa


acontece em ações pontuais e sem compromisso com a sustentabilidade e o desenvolvimento
social;
Cidadã ou pró ativa (comprometida ou de resultado): nesse caso a empresa aparece como
voluntário na melhoria da comunidade, deixando de serem apenas doadoras, mas articuladoras
e promotoras sociais.
A cidadania empresarial propõe que a empresa assuma sua gestão com responsabilidade
social interna ou externa, ou seja, deve atender eficazmente seus colaboradores e se tornar
parceiro e corresponsável pelo desenvolvimento social comunitário. Nesse intuito, a empresa é
responsável socialmente por ouvir e auxiliar os diferentes interesses seja dos colaboradores,
dos parceiros, acionistas; como também, aos populares do entorno, aos consumidores, às
organizações da sociedade civil, entre outros. Para tanto, é necessário que os gestores
definam uma postura que norteie as ações socioambientalmente responsáveis atreladas à
missão da empresa, aos valores, à ética, entre outros. Para Rafael (1997, p. 3),

"Pode-se entender como ética da responsabilidade social a capacidade de avaliar


consequências, para a sociedade, de atos e decisões que tomamos visando a objetivos e
metas próprios de nossas organizações… não se pode fazer unicamente uma análise
estratégica dessa responsabilidade, quer dizer, não se quer garantir simplesmente a
sobrevivência das organizações. É necessária uma análise da responsabilidade, fundamentada
no sentido da justiça e defina como a capacidade de deliberar e decidir não só com base nos
interesses individuais, mas também do grupo".

Em relação à postura da empresa afirma Grajew (2000, p. 39), “Toda empresa é uma força
transformadora poderosa, é um elemento de criação, e exerce grande ascendência na
formação de ideias, de valores, nos impactos concretos na vida das pessoas, das
comunidades, da sociedade em geral.”.
Diferente do conceito que empreender, vem acompanhado das palavras lucros ou ganhos
financeiros, de maneira mais ampla, o termo pode se referir a qualquer iniciativa
empreendedora feita com o intuito de desenvolvimento para a sociedade avançando nas
causas sociais e ambientais. As empresas sociais, diferentes das OSC ou de empresas
comuns, utilizam mecanismos de mercado para, por meio da sua atividade principal, buscar
soluções desses problemas sociais.

O perfil do empreendedor social é de uma pessoa que contribui a provocar mudanças sociais,
com o intuito de buscar soluções para diversos problemas da comunidade, como por exemplo,
os problemas ambientais. Os empreendedores sociais são vistos como agentes reformadores e
revolucionários, pois o seu objetivo não é gerar lucros para melhorar sua própria vida
financeira, eles buscam melhorar o ambiente ao seu entorno com suas ações desenvolvidas
proporcionando qualidade de vida ao seu próximo.

Atividade

1) Com base no texto, explique com suas palavras, qual a importância de um


empreendedor agir com responsabilidade social?

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