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da Educação Física
Material Teórico
Educação Física e Esporte: Desenvolvimento do Campo Acadêmico
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Educação Física e Esporte:
Desenvolvimento do Campo Acadêmico
• Introdução
• Críticas à Ginástica
• Ascensão do Esporte
• Esporte e Educação Física
• A Educação Física e o Teorizar Cientificista
• Crise de Identidade da Educação Física:
Questões Epistemológicas
• Formação Profissional em Educação Física:
Formação Acadêmico-Científica
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o desenvolvimento do campo científico-acadêmico da
Educação Física e sua relação com o esporte. Identificar as circuns-
tâncias e refletir sobre a crise de identidade da década de 1980.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Educação Física e Esporte: Desenvolvimento do Campo Acadêmico
Contextualização
Nesta Unidade, estudaremos a Educação Física e o desenvolvimento do seu
campo científico-acadêmico. Veremos que esse desenvolvimento está em estreita
relação com o esporte, fenômeno que ganhou importância para além das
competições esportivas em todo o mundo.
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Introdução
O caminho percorrido até aqui mostra a Educação Física/Ginástica se justificando
na sociedade capitalista pelo discurso científico. Essa ginástica se caracteriza como
exercícios físicos sistematizados que ganharam forma dentro das famosas Escolas
de Ginástica.
Para entender esse processo, analisaremos os motivos que fizeram com que a
ginástica fosse preterida pelo esporte.
Críticas à Ginástica
Como vimos anteriormente, a ginástica conseguiu argumentos suficientes para
ser recomendada à população em geral e, com isso, entrar nas escolas. Os métodos
ginásticos mostram toda uma estruturação dos exercícios físicos com o propósito de
desenvolver o físico e a moral. Toda sua rigidez casou com as instituições militares
que tanto a propagaram.
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Repare que essas ideias da Escola Nova não vão de encontro ao modelo peda-
gógico que vinha sendo absorvido pela Educação Física de caráter militar. O que se
via então era uma discrepância entre o nível de abordagem da Escola Nova, com
maior visão de totalidade de homem, perante ao desenvolvimento da Educação
Física, que se restringia a ver o homem sob o ponto vista anátomo-biológico.
Dessa maneira, a influência do Movimento Escola Nova no Brasil fez com que
alguns intelectuais repensassem o modelo educacional brasileiro e, com isso, a
Educação Física, que se utilizava dos métodos ginásticos, acabou sendo criticada.
Na obra de Betti (1991, p. 95), existem alguns trechos que podemos identificar
a crítica aos modelos ginásticos:
Fazer com que um adolescente, cujos interesses são muitos variados,
permaneça por seis a nove minutos imóvel, sem falar, de determinar-lhe
que mova primeiro os braços, depois as pernas, a seguir o tronco e assim
por diante, parece-nos não ser uma forma lá muito atraente de trabalho
físico (MARINHO, s.d).
Porém, não podemos achar que somente o Movimento Escola Nova abalou as
estruturas dos modelos ginásticos no Brasil e sua forma de ensino. Concomitante-
mente com esse processo, o mundo estava assistindo ao crescimento do fenômeno
esportivo, esse sim com grande influência na Educação Física.
Ascensão do Esporte
O esporte surge como prática institucionalizada no século XIX nas escolas
inglesas no contexto de Revolução Industrial. O Esporte Moderno surge a partir da
modificação de jogos populares e sua prática consegue se espalhar para o mundo
inteiro, formando uma cultura esportiva.
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Então, o fenômeno esportivo passa a ser muito mais do que disputas entre
equipes e atletas e começa a carregar um forte componente político. Com o
desenvolvimento dos meios de comunicação, principalmente após a 2ª Guerra
Mundial, o esporte consegue atingir um número de pessoas ainda maior no mundo
inteiro e se torna um grande aliado para difundir os ideais esportivos e o sucesso
das nações nas competições esportivas.
A ideia de nação poderosa constituída por cidadãos fortes e saudáveis fez com
que os estados totalitários utilizassem o esporte como veículo publicitário de seus
regimes políticos.
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Se recordarmos que o período da Guerra Fria foi um período de disputas
estratégicas e conflitos indiretos entre EUA e URSS de ordem política, militar,
tecnológica, econômica, social e ideológica, podemos perceber o quanto o esporte
foi decisivo para tentar mostrar a superioridade de uma nação perante a outra.
Entretanto, o uso político do esporte também foi uma estratégia do plano político
da ditadura militar brasileira. Foi um projeto intelectual e político de associar a
imagem do Brasil e do homem brasileiro às vitórias da seleção de futebol nas Copas
do Mundo.
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A preocupação com o rendimento esportivo gerou um documento que foi citado
Betti (1991, p. 97):
A observação do desempenho das equipes representativas nacionais, em
todos os setores desportivos, tem indicado uma evidente ineficiência no
que se refere à condição física [...] Além disso, é sensível na atualidade
que a pesquisa do treinamento desportivo, com suas implicações e novos
conceitos, está influenciando preponderantemente a evolução de todos os
setores da Educação Física (Brasil, MEC, DEF, 1968, p. 7).
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No final dos anos de 1970, são fundados o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) e
Explor
o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS). São
exemplos de duas entidades científicas de grande nome dentro da Educação Física.
Lembre-se que quando falávamos do período dos métodos ginásticos, tratávamos de uma
Explor
formação que era militarizada e os médicos higienistas eram os que ditavam a importância da
prática de exercícios físicos. Ou seja, não havia um agente formado genuinamente na Educação
Física. Agora, com a teorização científica da área, aquele agente formado na Educação Física
começa a ter autoridade científica para teorizar sobre a performance esportiva.
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Crise de Identidade da Educação Física:
Questões Epistemológicas
Do ponto de vista científico, a Educação Física procurou se estabelecer
enquanto campo acadêmico ao longo do século XX. Veja a forma como a área
foi se estabelecendo primeiramente com os modelos ginásticos e depois com sua
esportivização pelo prisma da ciência. Ou seja, pelo discurso científico, a Educação
Física se estabeleceu como uma prática de intervenção na realidade social.
Entretanto, como já foi dito, o teorizar cientificista não se dava por conhecimentos
da Educação Física, mas foi por conta das já descritas ciências-mãe. Então, qual a
identidade epistemológica da Educação Física, é uma ciência ou não?
De acordo com Tesser (1994), Epistemologia significa discurso sobre a ciência. É o estudo
Explor
crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências. É a teoria do
conhecimento. Sua tarefa principal é a reconstrução racional do conhecimento científico:
conhecer, analisa, todo o processo gnosiológico da ciência do ponto de vista lógico,
linguístico, sociológico, interdisciplinar, político, filosófico e histórico.
Como esclarece Bracht (1999), identidade epistemológica significa a forma própria com que
cada disciplina científica interroga e explica a realidade, o que é determinado pelo tipo de
problema que levanta, pelos métodos de investigação e pela linguagem que desenvolveu
e utiliza.
Sobre a crise de identidade da área sobre essa última questão, tema central desta
unidade, é preciso algumas elucidações.
Assim, no final dos anos 1970 e 1980 a Educação Física percebeu influência
predominante da área biológica (Ciências Biológicas) e que havia uma ausência de
um estatuto epistemológico-científico próprio.
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Importante entender que a Educação Física brasileira a qual nos referimos aqui
está dentro de um contexto sociopolítico mais amplo, ou seja, o que acontece na
Educação Física tem relação com a história do Brasil.
Para Medina (1986), a Educação Física precisa superar a ideia de ser ela uma
disciplina exclusivamente prática, sem maiores necessidades de reflexões que
questionem o valor de suas atividades para a formação integral da mulher e do
homem brasileiros.
Foi então que, no que se refere ao plano científico, na tentativa de superar a crise
de identidade, levantou-se a hipótese de que isso só iria acontecer quando houvesse
a sua afirmação enquanto Ciência. Porém, como alerta Bracht (1999), a Educação
Física não apresenta características necessárias para condicioná-la a ser vista como
ciência; estando mais para um campo de aplicação do conhecimento produzido em
outras áreas, do que um campo específico de produção do conhecimento. Afinal, ela
está colonizada epistemologicamente (dependência de outras disciplinas científicas):
[...] essas pesquisas têm sua identidade epistemológica ancorada nas
ciências-mãe e não na EF, ou seja, a EF não é capaz de oferecer/fornecer
uma identidade epistemológica própria a essas pesquisas. A pesquisa
em fisiologia do exercício não é ciência da EF e, sim, ciência fisiológica,
assim como história do esporte não é Ciência do Esporte e, sim, ciência
histórica (BRACHT, 1999, p. 32).
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Segundo o autor, a própria definição do objeto de estudo da Educação Física
é problemática, pois o movimento humano por si só não é um objeto científico.
Objeto científico é algo construído a partir de uma determinada abordagem
metodológica. E como nos mostra Lüdorf (2002), a Educação Física apresenta
abordagens empírico-analíticas, fenomenológico-hermenêutica e crítico-dialéticas
quando foram levantadas as teses e dissertações na década de 1990.
Com o quadro desenhado, era distante para a Educação Física ganhar um status
acadêmico, pois até sua formação não o legitimava. Também depõe contra a área
o fato da Educação Física, mesmo nos seus cursos de formação, contemplar muito
do saber prático, o saber fazer, na ginástica e no esporte.
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Conhecimento Filosófico
Humanística Conhecimento do Ser Humano
Educação Física
(SABERES)
Conhecimento da Sociedade Licenciatura em
Educação Física
Bacharelado em
Aprofundamento de Conhecimento Educação Física
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Agora a área têm duas formações, em Licenciatura e em Bacharelado em
Educação Física. Mas por que a criação de outro curso? Uma das justificativas foi a
adequação necessária ao mercado de trabalho.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Hitler usou as Olimpíadas para fazer Propaganda do Nazismo em 1936
Veja uma reportagem sobre os Jogos Olímpicos de 1936 como um exemplo da pro-
pagando ideológica do nazismo
https://goo.gl/79YVCP
Futebol e Regimes Militares no Brasil e Argentina
https://goo.gl/Es1qg1
Futebol e Política: Copa do Mundo e Eleições
https://goo.gl/l8LfME
Leitura
RBCE - Revista Brasileira de Ciências do Esporte
BRACHT, V. Educação Física e Ciência: cenas de um casamento (in)feliz. Rev. Bras.
Ciênc. Esporte, Campinas, v.22, n.1, p.53-63, set. 2000.
https://goo.gl/5ELsp2
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Referências
BRASIL. Resolução n.º 3, de 16 de junho de 1987. Diário Oficial n.172,
Brasília, 1987.
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