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EXTENSÃO DE NIASSA Fique em casa

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I. UNIDADE : INTRODUÇÃO A DIDÁCTICA DE BIOLOGIA

Um professor, mediador, de conhecimentos em Ciências Naturais precisa ser um profissional


competente, reflexivo e gostar do seu trabalho. Segundo Paulo Freire ter morosidade pelos seus
alunos. Ter autoridade sem ser autoritário. Saber desenvolver e analisar as práticas educativas e
pedagógicas, propondo actividades com o propósito de reflectir e problematizar sobre os
conteúdos propostos, e que este professor se auto-avalie constantemente para ter condições de
saber onde falhou e como vai planejar melhor.
Procurar alternativas, rever os conteúdos, fazer ajustes para que o ensino-aprendizagem, esta
reciprocidade, aconteça todos os dias e a sala de aula se torne um ponto de encontro na troca de
conhecimentos.

1.1 Conceito de didáctica


Didáctica é um ramo da ciência pedagógica que tem como objectivo de ensinar métodos e
técnicas que possibilitam a aprendizagem do aluno por parte do professor ou instrutor. É uma
disciplina prática ainda que tenha como base as teorias pedagógicas que analisam os métodos
mais convenientes a aplicar-se.
A didáctica geral estuda todos os princípios que são comuns entre todos os tipos de
ensino e para qualquer tipo de aluno.

A didáctica especial, por outro lado, analisa as problemáticas específicas do ensino


que cada disciplina pode apresentar, assim como possíveis meios para resolvê-los.

1.2 DILEMAS DE EDUCAÇÃO


1.2.1 Dilema de Planificação
é preciso organizar o processo de ensino-aprendizagem planificando todas as actividades
inerentes a este.
Os dois grandes males que debilitam o ensino e restringem o seu rendimento são a rotina sem
inspiração nem objectivos e a improvisação dispersiva, confusa e sem ordem dos conteúdos
(Muller, 2005).

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1.2.3.Dilema da Consideração do aluno


O professor deve conhecer os seus alunos, de forma que possa chamá-los pelos nomes, e não
pelos atributos que muitas vezes resultam da situação momentânea em que estes se encontram.
Isso pode ser considerado por parte do aluno como um “insulto”, fugindo totalmente das regras
disciplinares de um educador. Muitas vezes os alunos não são considerados como sujeitos mas
sim como objectos (Muller,2005).

1.2.4.Dilema de Consideração de métodos didácticos


Existe vários métodos para atingir um certo objectivo. Mas, não existe um só método que tenha
dado o mesmo resultado com todos os alunos.
O ensino torna-se mais eficaz quando o professor conhece a natureza das diferenças entre os
diferentes alunos.
Quanto mais passivos e bem disciplinados forem os alunos, mais felizes são alguns professores
(Muller, 2005).

1.3.IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE BIOLOGIA NO P.E.A

Aulas obrigatórias – são aquelas em que existe a obrigação de, o aluno assistir (participação
obrigatória)
Aulas semi-obrigatórias facultativas – o aluno pode escolher as disciplinas em que quer fazer
parte mas, depois de escolher há obrigação de participar.
Aulas facultativas – o aluno escolhe as disciplinas que pode ou não assistir

1.3.1.Âmbitos da Educação e Formação


Alguns âmbitos da Cultura geral:
Ciências Naturais – transmitem conhecimentos sobre os fenómenos da natureza e a sua utilização
pelo homem. Neste âmbito encontramos a disciplina de Biologia, Química e Física
Ciências sociais – Transmitem conhecimentos sobre as relações sociais entre os homens.
Educação física e desportos – contribuem para a força e saúde do homem.
Línguas – dão a possibilidade de comunicação e interacção entre os homens.
A disciplina de biologia tem uma posição específica tanto no ensino básico como no ensino
secundário.

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Na 8ª classe começa o ensino de Biologia como disciplina.


As aulas de Biologia como parte do PEA dependem do tipo de educação e formação e do âmbito
da cultura geral em que se enquadram.
A aprendizagem se processa através de dois movimentos simultâneos e integrados, mas de
sentido contrário: a Assimilação e a acomodação.

Pela ASSIMILAÇÃO o organismo explora o ambiente , toma parte dele, transformando-o e


incorporando-o a si. Tal como uma ameba assimila uma partícula de alimento ou um coelho
assimila um repolho, a mente também assimila o mundo exterior, através de um processo de
percepção, de interpretação, de assimilação à sua própria estrutura.

Pela ACOMODAÇÃO o organismo transforma sua própria estruturas para adequar-se à natureza
dos objectos que serão aprendidos.

1.4.NECESSIDADES DE INCLUIR CIÊNCIAS NATURAIS NO ENSINO


O propósito mais geral do Ensino das Ciências deverá ser : incentivar a emergência de uma
cidadania esclarecida, capaz de usar os recursos intelectuais da ciência para criar um ambiente
favorável ao desenvolvimento do Homem como ser Humano.
Indivíduo ,Perspectivas a considerar no ensino das ciências, Sociedade, Ensino das ciências e
Ciência
I- Dar resposta às necessidades das ciências
II- Considerar as necessidades do indivíduo, contribuindo assim para o melhoramento da vida.
III- Desenvolver capacidades necessárias para a orientação na sociedade.

UNIDADE II
2.1.FUNÇÕES DAS AULAS DE BIOLOGIA
2.1.1. Definição do conceito FUNÇÃO
FUNÇÃO : é uma relação que faz corresponder uma variável, (por exemplo x), univocamente a
uma outra função(Y) dependente da primeira. F(X)=y
Parte-1-----Parte2------parte3------parte4 = sistema
-Cada parte contribui para todo o sistema

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- Existência de interligações entre partes


EX: Educação e formação nas aulas de Biologia, Química, Matemática, Física, etc.
Neste sistema clarifica-se que cada disciplina contribui no sistema de educação e formação
Para a determinação dos parâmetros há a considerar :
- Por -se a questão de contributo de cada parte para todo o sistema.
EX: O que é que a Biologia pode fazer para o sistema de Educação?
-Nítida separação de cada parte em relação as outras
Ex: O que é que a Biologia pode e que as outras ciências não podem fazer.
- Uma função dá orientações para a determinação de objectivos

2.1.2.CRITÉRIOS PARA A DETERMINAÇÃO DAS FUNÇÕES


Condições específicas das aulas obrigatórias ( meios didácticos, local, tempo etc.…)
Funções de outras disciplinas
Funções das aulas semi- obrigatório- facultativas
Funções das aulas obrigatórias de Biologia
Funções aulas facultativa
Funções da educação e formação
Nível de desenvolvimento dos alunos

2.1.3.FUNÇÕES PRINCIPAIS DAS AULAS DE BIOLOGIA


2.1.3.1.FUNÇÕES PRINCIPAIS DAS AULAS OBRIGATÓRIAS DE BIOLOGIA

I- Contribuição para a formação duma concepção geral


II- Contribuição para a compreensão dos problemas característicos da espécie humana
III- Contribuição para a compreensão do facto de a produção é base essencial para a satisfação
das necessidades matérias do Homem.
IV- Contribuição para a formação contínua.

2.1.3.2.FUNÇÕES PRINCIPAIS DAS AULAS SEMI- OBRIGATÓRIAS E


FACULTATIVAS DE BIOLOGIA
As primeiras 4 funções (I, II, III e IV)
V- Contribuição para consolidação, aprofundamento e utilização dos conhecimentos,
capacidades, habilidades , atitudes ou convicções já adquiridos da cultura geral
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VI- Contribuição para a extensão da cultura geral

2.1.3.3 FUNÇÕES ESPECIAIS


A-FUNÇÃO DE INDICAÇÃO
- O aluno já tem um determinado interesse de participação nas aulas.
B-FUNÇÃO DE CATALIZAÇÃO
Aceleração de aquisição de conhecimentos, capacidades, habilidades e de certas qualidades de
consciência e do comportamento.
C-FUNÇÃO DE ORIENTAÇÃO
As aulas semi-obrigatórias ou facultativas podem acompanhar (auxiliar) os alunos na procura das
suas próprias posições.
D -FUNÇÃO DE INTEGRAÇÃO
Os conhecimentos, capacidades, habilidades e atitudes adquiridos nas aulas obrigatórias podem
ser integradas nas aulas semi-obrigatórias.
E-FUNÇÃO DE ACTIVAÇÃO
Activar os alunos na aquisição de novos conhecimentos, capacidades, habilidades e atitudes.

2.2.OBJECTIVOS DAS AULAS DE BIOLOGIA

Constata-se tanto no passado como hoje, que há uma necessidade de que na nossa vida
quotidiana tenha um sentido claro do que se quer e se deseja alcançar para o futuro. O tempo
urge. Nessa direcção, estabelecer objectivos é uma condição para alcançarmos aquilo que se
almeja. Eles servem como uma bússola orientadora dos nossos passos e caminhos para chegar
onde se pretende. Isto é óbvio, e cada vez mais a vivência vai dizendo como é importante tê-los
traçados. Eles estão presentes em nosso dia-a-dia. E em um processo educacional não podíamos
fugir a regra.

O professor assume muita importância na formulação dos objectivos como diz MARTINS
(1999), “o verdadeiro educador possui objectivos bem delineados que direccionam sua acção
educativa a partir da dimensão político-social”. Já, MOLLULO (2008), expressa: “o professor é
de extrema importância, pois por trás de cada acção, se situa o arranjo ideológico do professor, e
com isso, suas intervenções passam a ser carregadas de uma pessoalidade, que deve ser
autocompreendida e direccionada para os objectivos que se deseja atingir no desenvolvimento

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dos alunos dentro de sala de aula”. Fica clara a importância do professor na formulação dos
objectivos, pois é responsável pela condução, desenvolvimento e execução do processo de ensino
aprendizagem
Nos métodos de aprendizagens de carácter participativo e centrados sobre os alunos, os
professores definem o programa na base daquilo que consideram que o aluno deve aprender para
ser capaz de, uma vez graduado, vir a desempenhar correctamente as tarefas que lhe são
devidas.
Vários estudiosos do assunto tratam os objectivos por diferentes ópticas epistemes. São eles:
LIBANÊO (2005), NERECI (1999), MARTINS (1998), PARREIRAS (2008), CASTANHO
(1989), ALVAREZ (1965), MORANDI (2002), BORDENAVE (2004), PILETTI (2005),
TURRA (2000), BLOOM (1963), MAGER (1972), TEIXEIRA (2008) entre outros.
Nesse sentido diz LIBÂNEO (2004): “os objectivos de ensino são importantes no
desenvolvimento do trabalho docente, pois o fato de que a prática educativa é socialmente
determinada, respondendo às exigências e expectativas dos grupos e classes sociais existentes na
sociedade, cujos propósitos são antagónicos em relação ao tipo de homem a educar e às tarefas
que este deve desempenhar nas diversas esferas da vida prática.

MAGER, citado por Martins, afirmou , com uma certa dose de Humor, que:
“Se não soubermos para onde queremos ir, corremos o risco de nos encontramos em
qualquer outro lugar sem sequer nos darmos conta disso”

Objectivo é a transformação das orientações estratégicas (funções, finalidades) em resultados


pré concebidos e concreto - operacionalizados.
As orientações estratégicas referidas estão relacionadas com as funções e finalidades educativas.
Resultados pré concebidos refere-se aos objectivos concebidos antes das aulas.
Concreto operacionalizados pela possibilidade de se comparar os objectivos planificados e
operacionalizados
N.B: Antes de dar a aula, na planificação do professor têm que constar objectivos resultado pré-
concebido.
A avaliação dos objectivos pré-concebidos pelo professor é feita por exercitação = objectiva
operacionalizada.

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2.2.2.Classificação dos objectivos


Existem numerosas taxonomias, um pouco arbitrariamente dispostas em três categorias, que
correspondem aos três grandes aspectos do comportamento humano: o domínio cognitivo,
psicomotor e afectivo.
Os objectivos são classificados em dois grupos:

2.2.2.1.Segundo a taxonomia de Möller (critério de projecção)

Objectivos gerais – projecção de um ou vários anos escolares.


Objectivos específicos – projecção de unidades didácticas ou varias aulas
Objectivos mais específicos – projecção de uma aula ou fases da aula

OS OBETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

Os objectivos gerais são objectivos chamados de mediatos, por que só se consegue alcançá-los
em longo prazo. O ensino tem carácter mais amplo e essa amplitude se dá pela natureza do
conteúdo a dominar e o tempo necessário para o completo aprendizado. Sempre são formulados
visando o que se espera que seja aprendido ao término de um conteúdo ou de uma unidade
didáctica programática.
Os objectivos específicos são chamados de objectivos em curto prazo por que permitem ao
término de cada aula ou assunto identificar se foi alcançado o que foi estipulado para ser
aprendido. É acompanhado passo a passo aquele objectivo formulado e assim conseguir o que o
objectivo geral do curso prever em sua visão holística e globalizante. Os objectivos do curso por
sua vez são os resultantes alcançados em todas as aulas ministradas pelo professor durante aquele
ano ou meses.
Os objectivos específicos são próprios de uma aula. Chamados também de imediatos porque são
muito pontuais em relação aos conteúdos trabalhados aula por aula. Estes devem envolver acções
comportamentais, que demonstrem claramente que o aluno aprendeu o conhecimento que se
pretendeu construir.
Os objectivos também são classificados com relação aos conteúdos e categorias. As
classificações mais conhecidas são a de Robert Mager (1977), Gagné (1971), Ralfy Tyler, Hilda
Taba (1974) e Benjamin Bloom (1983).Tomaremos como referência as de Bloom.

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2.2.2.2.Segundo a taxonomia de Bloom refere-se a níveis de complexidade de operações a


realizar pelo sujeito de aprendizagem:

Nível cognitivo (âmbito de conhecimento)


Nível psicomotor (âmbito de habilidades e capacidades)
Nível afectivo (âmbito de convicções e atitudes)

Os objectivos devem abranger todos os níveis ou âmbitos, por isso, existe uma relação entre as
duas taxonomias

NÍVEL COGNITIVO· (Conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese, avaliação)


NÍVEL PSICOMOTOR(Aptidões, perceptivas, destrezas físicas, capacidades, habilidades,
actividades semi-intelectuais.)
NÍVEL AFECTIVO(organização, exactidão, valorização, interesse, atitudes, convicções, valores
sentimentos)
Como se constata, os objectivos encontram-se articulados e conectados com os processos de
avaliação que serão empregados pelo professor com referência aos conteúdos ministrados.
Permitem o acompanhamento do desempenho do aluno e orienta ao professor com relação a sua
própria avaliação. Os objectivos indicam a acção e nesse sentido nós dizemos que eles são
precisos ou menos precisos em termos comportamentais. Vejamos: o que MARTINS (1998).
PILETTI (2005), NERECI (1999), entre outros, nos apontam como verbos que indicam as acções
que os objectivos devem expressar:

 Compreender, pensar Identificar, cobrir, Saber, concluir Diferenciar, marcar, Entender,


gostar Escrever, pressionar, Desenvolver, descobrir Resolver, apontar, Aprender,
determinar Enumerar, colocar, Melhorar, sentir Comparar, andar, Julgar, entender
Contrastar, fazer, Conhecer, perceber Justificar, dizer, Adquirir Escolher, ler,
Familiarizar-se Verbalizar, preencher, Apreciar, concentrar Distinguir, remover, Gerar,
reflectir Construir, desenhar, Conscientizar, Seleccionar, enumerar, Localizar, rotular,
por, Comparar.

2.2.3.CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS OBJECTIVOS


Os objectivos devem ser:
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A- Pertinentes – devem estar relacionados com o conteúdo.


B- Lógicos – devem apresentar os mesmos resultados, não devem apresentar contradições.
C- Inequívocos – devem ser definidos com precisão indicando o que se pretende exactamente
D-Realizáveis – formular objectivos possíveis de ser realizados
É essencial assegurar-se que o que se pede ao aluno para fazer, pode efectivamente ser feito. O
acto deve ser possível no tempo fixado e com os meios disponíveis.
EX: Se uma escola não tem microscópio, o professor não deve elaborar objectivos de aula de
microscopia
E- Relevantes – devem estar relacionados com o ambiente real do aluno
F- Compatíveis – juntar os objectivos relacionados com o assunto a tratar.
G- Congruentes – o conteúdo não podem ser diferente dos objectivos.
H- Observáveis – devem possibilitar o alcance do objecto pelo qual foram traçados
É evidente que, se não se pode, duma maneira ou de outra, observar o percurso de realização do
objectivo, será impossível determinar se ele foi alcançado.
I- Mensuráveis – devem ser possíveis de medir através de uma escala de avaliação do aluno.
J- Equilibrados – deve haver um equilíbrio entre os âmbitos e níveis pelos quais foram traçados.
K- Operacionalizados – comparar os formulados com os alcançados.
L- Alcançáveis – traçar objectivos possíveis

2.2.4.SEGUNDO MARTINS , OS OBJECTIVOS SÃO CLASSIFICADOS DE ACORDO


COM A SUA ESPECIFICIDADE:
Os objectivos gerais traduzem funções profissionais e são expressos de uma forma muito geral.
Ex. Ao terminar a disciplina os alunos devem:
 Obter conhecimentos sobre a biologia como ciência
Ser capazes de:
 Aplicar correctamente a linguagem científica
Utilizar os conhecimentos de ciência biológica para melhorar as condições de vida na
comunidade.
Os objectivos específicos traduzem a actividade profissional.
Ex:
Ao fim desta unidade didáctica, os alunos devem:
Possuir conhecimentos sobre o homem e o reino animal
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Ser capazes de:


Descrever as características dos seres vivos
Ter a consciência da existência da unidade e variabilidade da natureza viva.
Os Objectivos mais específicos traduzem a tarefa profissional do professor.
Ex. Ao fim da aula os alunos devem:
Possuir conhecimentos sobre as características dos seres vivos.
Ser capaz de:
Estabelecer a diferença entre plantas e animais
Desenvolver atitudes como iniciativa e solidariedade com os seres vivos.

2.2.5.ELEMENTOS DOS OBJECTIVOS


Em Geral: Actividade + Conteúdo
A actividade corresponde a designação do comportamento activo a executar.
Conteúdo é o conjunto de conhecimentos, capacidades e atitudes correspondente a actividade a
desempenharem
Em Especial: Actividade +Conteúdo + Contexto + Critério
Contexto – Indicação das condições importantes, nas quais a actividade se deve conduzir.
Critério – Expressão de um resultado positivo
Formulação dos objectivos
O aluno como sujeito do processo de ensino e aprendizagem e o centro das atenções durante a
formulação dos objectivos:
“O aluno deve’’...
ELEMENTOS DOS OBJECTIVOS EM GERAL OU EM ESPECIAL
2.2.6.Fontes principais para a identificação dos objectivos
Sociedade- Objectivos- Educando--Conhecimento organizado

2.2.6.1.Análise da Sociedade
Objectivos referentes às competências funcionais para a vida do educando na sociedade,
aquisição e compreensão de conteúdos culturais assim como aptidões intelectuais.

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2.2.6.2.Análise do universo do conhecimento organizado


Objectivos referentes à conhecimento de uma ciência

2.2.6.3.Análise do educando
Objectivos referentes a conhecimentos, capacidades/habilidades, convicções, atitudes que já
possui e que necessita adquirir, considerando o nível de desenvolvimento, experiências,
interesses condições de aprendizagem.

2.3.CONTEÚDO DAS AULAS DE BIOLOGIA

No ensino há sempre 3 elementos:


PROFESSOR
ALUNO
CONTEÚDO

O problema está em que os professores entendem esses elementos de forma linear, mecânica,
sem perceber o movimento de ida e volta entre um e outro.
Por causa disso, o ensino vira uma coisa mecânica: O professor passa o conteúdo, os alunos
escutam, repetem e decoram o que foi transmitido, depois resolvem meio maquinalmente os
exercícios e as tarefas de casa, aí reproduzem nas provas o que foi transmitido e começa tudo de
novo (Libâneo in Didáctica( adaptado)

2.3.1.Definição do conceito de conteúdo


Conteúdo é uma escolha consequente dos resultados de uma ciência ou é uma escolha
consequente dos resultados duma ciência, organizados pedagógica e didacticamente, tendo em
vista a assimilação pelos alunos na sua prática da vida.
2.3.2.Classificação dos Conteúdos (Muller, 2005)
 Conteúdos Programa de ensino (programático)
 Do processo de aquisição
 Introdução Cognitiva
 Organizativos Imagens sensoriais (percepções) Imagens racionais (conceitos e teorias)
 Consolidação
 Controle avaliação
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 Conceitos didácticos pedagógicos Matéria nova


 Orientações metodológicas
 Outras informações

2.3.3.Classificação dos conteúdos da Matéria Nova (mediação)


1ª Classificação
Conteúdo da Matéria Nova (Mediação e Assimilação) | Conceitos, declarações, factos, teorias,
hipóteses, métodos de actividades, intelectuais e semi-intelectuais Principais regram, valores e
normas |

2ª Classificação
Conteúdo da Matéria Nova (Mediação e Assimilação ) | Imagens, objectos, fenómenos Acções e
atitudes |

2.3.4.Critérios para a escolha dos conteúdos da Matéria Nova/ mediação e Assimilação


Nem todo o conteúdo deve-se transmitir nas escolas. Por isso, deve-se escolher os conteúdos
segundo certos critérios.
Aluno
Disciplina Científica
Sociedade Conteúdos

Aluno – significa que os conteúdos escolhidos devem corresponder aos interesses, necessidades
e ao nível de desenvolvimento da personalidade dos alunos.
Sociedade – significa que os conteúdos escolhidos devem tomar em consideração as exigências
da sociedade, na actualidade e no futuro.
Científica disciplina – os conteúdos escolhidos devem representar o conhecimento transmitido,
recolhido e preparado pela ciência.

2º Sistema de critérios:
Inclui as características e funções da vida:
A estrutura da vida inclui a estruturação biológica. Ex: célula – tecido – órgão – sistema e
organismo.
A conservação da vida faz parte a troca da matéria e energia (metabolismo)
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Regulação dos sistemas e mobilidade activa (movimentos plasmáticos)


Reprodução da vida (reprodução, replicação, multiplicação vegetativa e sociabilidade)
Desenvolvimento da vida, pode se incluir a reprodução, ontogenia, evolução, crescimento e
desenvolvimento,
O 1º sistema é mais aplicado e utiliza-se as linhas principais para escolher um conteúdo.

2.3.5.Linhas principais
Linha principal é uma acentuação do conteúdo da matéria nova que dependendo das funções e
dos objectivos serve de suporte para as aulas de biologia.

2.3.5.1.Funções das linhas principais


- Ajudam o professor a interpretar os programas de ensino.
-Ajudam a compreender a distinção entre o geral, o principal e o essencial.
Geral
Principal
Essencial

Garante uma interdisciplinaridade


- Ajuda a determinar os pontos principais de uma aula pela repetição, sistematização resumos,
exercitação e aplicação
- Ajuda a determinar os métodos de controlo e avaliação

2.3.5.2.CONCEITO DE ESTRUTURAÇÃO
Estruturação significa elaboração, legitimação e combinação de conteúdos importantes das aulas
de biologia. Para a estruturação é necessário considerar certas questões:
1. Quais são os critérios para a escolha dos conteúdos da aprendizagem?
2. Como se pode estruturar e combinar os conteúdos da aprendizagem durante vários anos
escolares?
3. Como se julga a importância dos conteúdos da aprendizagem?
4. Como se pode reduzir a abundância dos conteúdos da aprendizagem?
5. Como se pode por os conteúdos de aprendizagem em concordância com as linhas principais?

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2.4.PRINCÍPIOS DIDÁCTICOS
2.4.1.PROCEDIMENTO EXEMPLAR= PRINCÍPIO TRADICIONAL

Baseia-se na escolha do conteúdo que apresenta a estrutura de uma disciplina.


A utilização deste princípio é necessário quando o professor quer fixar a estruturação das suas
aulas e concretização dos objectivos das aulas (objectivos mais específicos).
→ O procedimento exemplar significa a partir de exemplos típicos e a profundidade das questão,
isto significa que o professor deve transmitir aos alunos
QUESTÕES

1-Os exemplos escolhidos são típicos?


2- Os exemplos escolhidos relacionam-se com o ambiente do aluno?
3- Os exemplos escolhidos consideram os interesses dos alunos?
4-Existem meios didácticos que podem representar os exemplos escolhidos?
5-Tais exemplos possibilitam a ocupação com os métodos biológicos de pensamento e as
actividades dos alunos?

DESVANTAGEM DO PRINCÍPIO
Apresenta pouca variedade dos conteúdos
A escolha de um exemplo concreto não possibilita a dedução do geral ou universal
Não considera a variabilidade dos objectivos e fenómenos ( A escolha de um exemplo não
representa o universal)

2.4.2.PRINCÍPIO DA ESPIRAL
Um aluno não é de forma alguma um “saco vazio” que se pode encher com conhecimentos e,
ainda menos, um objecto de cera que conserva em memória as formas que nele se modelaram.
Um aluno é um organismo “actor” que constrói uma estrutura conceptual onde se inserem e
organizam os conhecimentos de que se apropria e as operações mentais que domina.
Faz a construção do conhecimento ao longo da sua história social e em contacto com ensino e
sobretudo, através das informações mediatizadas e experiência da vida quotidiana (Giordan e
Vecchi in Didáctica das Ciências da Natureza)
O princípio da espiral inclui uma abordagem de um certo conteúdo em várias classes, cada vez
mais aprofundado.
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O professor inicia com esclarecimento de conceitos básicos e relações básicas que são abordados
mais tarde com mais profundidade , noutras relações.

2.4.3.PRINCÍPIO DA INTERDISCIPLINARIDADE
O princípio da interdisciplinaridade considera e combina os conteúdos das outras disciplinas com
os da Biologia.
O princípio de interdisciplinaridade é um princípio alternativo. A sua aplicação nas aulas de
Biologia é de grande importância porque aparece com a ideia de que numa certa disciplina não
trata-se de aspectos isolados, isto é, critica o pensamento linear.

2.4.3.1.IMPORTÂNCIA DA CONSOLIDAÇÃO NO PRINCÍPIO DE


INTERDISCIPLINARIDADE NAS AULAS DE BIOLOGIA.
A necessidade da aplicação deste princípio didáctico baseia-se na crítica e dentro desta realiza-se
com base nas reflexões isoladas. Mas as reflexões isoladas não permitem um pensamento
interdisciplinar.
Este princípio implica também que o aluno não tem capacidade de transferir conhecimentos de
assuntos de química, Física para a Biologia e vice-versa

DESVANTAGENS DE NÃO APLICAÇÃO DE PRINCÍPIO.


O Professor :
Oferece um conhecimento linear e não um pensamento interdisciplinar (não corresponde as
ligações entre fenómenos, processos, etc, que acontecem na sociedade).
Distribuição dos problemas em aspectos lineares e isolados

OBJECTIVOS DO PRINCÍPIO ( VANTAGENS)


-Melhorar motivação nas turmas.
-A aplicação do princípio da interdisciplinaridade tem vantagens económicas( pouco tempo pode
se dar uma matéria)
-O princípio serve para uma redução didáctica.
Aspectos bioquímicos
Aspectos biosociais
Aspectos Biológicos
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Aspectos biomatemáticos
Aspectos biofísicos

2.4.4.Princípio de orientação didáctica

O professor utiliza vários métodos para orientar as actividades do aluno. Existe quatro formas
pelos quais o professor pode orientar os alunos
Orientação no objecto – a partir do objecto vai se abordar vários assuntos a ele relacionados.
estrutura química ; Distribuição geográfica; Importância para homem, animais e plantas ,Água;
Propriedades físicas
Orientação no problema ou na situação – existe um determinado problema central importante
para os alunos ou sociedade que o professor utiliza como ponto focal para a aula (ex. problema
relacionado com a sexualidade ou densidade da população).
Esta orientação realiza-se na sala de aulas.
Orientação no âmbito – o professor pode orientar os alunos a obter informação científica
através da interpretação de textos das revistas jornais e outros meios de informação baseados na
cultura geral. (ex: nas aulas relacionadas coma saúde, meio ambiente). Esta orientação realiza-se
fora da sala de aulas
Orientação no método – trata de alguns métodos gerais e específicos importantes para a vida
que a partir deles o aluno pode se informar sob forma de uma aprendizagem social,
(ex:comunicação, planificação de projectos, actividades em grupo, analise e interpretação dos
textos,
jogos, teatro etc.)

2.4.4.PRINCÍPIO CENTRALIZAÇÃO DO HOMEM


A escolha, a legitimação e a combinação de conteúdos tem como ponto central o homem. O
Homem é analisado aos níveis da “biosfera”,da população e do “organismo”. Este princípio
considera os conteúdos tendo em conta os seguintes questões:
1-Qual é a base as condições para a existência do homem?
2-Qual é a particularidade do homem?
3-Qual é a importância da variabilidade?
Estas três questões tentam se responder em níveis correspondentes nos âmbitos da biosfera
população e organismo.
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2.4.5.Princípio da ecologia

A escolha, a legitimação e a combinação de conteúdos considera os componentes individuais e


sociais e ecológicos (relações ecológicas no contexto social assim como contexto Homem e
Meio- Ambiente).
Surgiu por causa dos problemas globais do meio ambiente.
Existem duas possibilidades:
Estruturação segundo a interdisciplinaridade
Estruturação segundo o ecossistema
Tenta-se combinar os componentes individuais, sociais e ecológicos, neste contexto tenta-se
tratar as relações ecológicas, (entre a ecologia e a sociedade)
Abordar as relações entre o homem e o meio ambiente, nessa possibilidade coloca-se vários
problemas e com os problemas discutem-se os conteúdos.
Estruturação segundo o ecossistema
Trata-se as relações existentes num ecossistema, há uma fraca ligação com os conteúdos.
E uma parte permanentemente cientifica

a) Uma estruturação segundo a interdisciplinaridade


- combinação dos componentes individuais, sociais e ecológicas
-relações ecológicas no contexto social
-relações entre o Homem e o meio ambiente.
-orientação a respeito de um problema.
b) Uma estruturação segundo o ecossistema
-análise das relações em ecossistemas
-orientação na disciplina científica.

2.4.6.PRINCÍPIO DE SITUAÇÃO
Neste princípio utiliza-se três factos principais
O homem como ser vivo e submetido a regras biológicas
O homem como ser vivo e uma parte da sociedade
O homem e a sociedade são dependentes do mundo animal :
o Homem como ser social
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Meio ambiente
O Homem como ser vivo

Na união dos três factos pode se identificar uma determinada situação.


Por exemplo, o professor descreve uma determinada situação da vida como as relações sexuais
entre adolescentes de 15 a16 anos de idade.
Para estas situações, pode se discutir os seguintes assuntos: gravidez
precoce/indesejada, DTS ou ITS, métodos contraceptivos, planeamento familiar, etc.
A escolha, a legitimação, e a combinação de conteúdos, baseia-se na descrição das situações da
vida diária
Este princípio é o ponto de partida para uma aula fazendo uma descrição de uma situação real da
vida.
Ex: o professor fala da poluição, etc.

2.4.6.PRINCÍPIO DE APLICAÇÃO

“Se o Homem começar com certezas, terminará com dúvidas, mas se ele ficar satisfeito em
começar com dúvidas poderá terminar em certezas”( Bacon citado por Muller 2005)

A escolha, a legitimação, e a combinação de conteúdos, efectua-se a partir de conteúdos que se


relacionam com importantes questões individuais e sociais que possuem um interesse específico
para os alunos.
Tenta relacionar os aspectos biológicos com as importantes questões individuais e sociais podem
existir entre âmbitos.
Áreas
1-Ecologia: trata aspectos do meio ambiente e a sua protecção .
2-Biologia Humana e Educação Sanitária: doenças , civilização.
3-Genética: manipulação genética, factores que podem influênciar a hereditariedade.
4-Zoologia Aplicada: domesticação, jardins, zoológicos
5-Botânica Aplicada: aplicação de insecticidas e herbicidas
6- Medicina Humana: doenças hereditárias

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OBJECTIVO DO PRINCÍPIO DIDÁCTICO DE APLICAÇÃO

Os alunos devem aplicar os conhecimentos biológicos para vários sectores da vida considerando
os interesses do sector
-A importância subjectiva é o ponto principal do princípio de aplicação.
Relações lineares/ não lineares.

2.4.7.PRINCÍPIO DA CONSIDERAÇÃO DA HIERARQUIA DA MATÉRIA VIVA.

“A ciência cognitiva indica que o conhecimento é armazenado hierarquicamente. Qualquer


tentativa para criar uma hierarquia, antes de ter lugar o compromisso da aprendizagem, parece
ser vantajoso” (Mintzes,Wanderssee, Novak citado por Muller2005)

EX: Átomos Moléculas Organelo celular – célula - tecido – órgão -organismo

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BIBLIOGRAFIA
1.BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem, Petrópolis, Editora
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estrutura, plano de estudos e estratégias de implementação. Maputo, Diname, 2007.
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12. PACHECO, J. A. (1999). Componentes do Processo de Desenvolvimento do Currículo.Braga:
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