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Atividade Física
Necessidades Nutricionais do Atleta e Modificações Dietéticas
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Necessidades Nutricionais do Atleta
e Modificações Dietéticas
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Analisar necessidade nutricional para o exercício;
• Desenvolver Plano Alimentar para atletas.
UNIDADE Necessidades Nutricionais do Atleta e Modificações Dietéticas
Necessidades Energéticas
para o Exercício Físico
A estimativa da necessidade energética de indivíduos esportistas e atletas pode ser
realizada de forma direta ou indireta.
A forma direta inclui as Técnicas da Água Duplamente Marcada e Calorimetria.
Entretanto, essas técnicas são normalmente inviáveis do ponto de vista prático por
apresentarem alto custo e difícil execução, sendo utilizadas, principalmente, em pes-
quisas científicas.
A forma indireta é representada pelas equações de predição, as quais foram criadas a
partir das técnicas diretas, sendo mais utilizadas na prática clínica da nutrição esportiva.
Para calcularmos o valor de energia gasto ao longo do dia, devemos considerar
o Gasto Energético Basal (GEB), principal componente do Gasto Energético Total
(GET) da maioria dos indivíduos.
Além do GEB, para composição do GET, consideramos, também, o Gasto Ener-
gético com Atividades Físicas (GAF), somado ao gasto com os Processos de Diges-
tão, Absorção e Armazenamento de nutrientes dos alimentos.
Para atletas e indivíduos fisicamente ativos, o GAF pode superar o GEB e, sendo
assim, é muito importante estimar adequadamente os requerimentos de energia ocasio-
nados pela atividade física desses indivíduos.
A dificuldade de cálculo do gasto energético durante a maioria das atividades
físicas reside no fato de a solicitação energética ser mista. Assim, importa saber
identificar em que condição é possível medir ou estimar o custo energético e em que
condição não é possível.
Existem diversas referências para o cálculo do GEB ou da Taxa Metabólica
asal (TMB).
B
Na Tabela 1, a seguir, encontramos as equações estipuladas pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), de acordo com gênero e idade:
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Outra referência muito utilizada para homens e mulheres maiores de 19 anos é:
• Para homens: GET = 293 – (3,8 x Idade) + (456,4 x Estatura) + (10,12 x Peso);
• Para mulheres: GET = 247 – (2,67 x Idade) + (401,5 x Estatura) + (8,6 x Peso).
Esses valores podem ser transformados em mililitros (ou litros) de oxigênio por
quilograma de peso corporal por minuto (ml/kg/min).
Assim:
• 1000ml O2 = 5kcal;
• 200m O2 = 1kcal;
• 1 MET = 3,5 ml O2/kg/min.
A Tabela a seguir apresenta uma classificação em cinco níveis, com base na ener-
gia (Kcal) de que necessitam homens e mulheres destreinados para realizar atividades
físicas diferentes:
Tabela 2 – Classificação em cinco níveis de atividade física com base no dispêndio de energia
Homens Mulheres
Intensidade kCal/min MET’s kCal/min MET’s
Leve 2,0 a 4,9 1,6 a 3,9 1,5 a 3,4 1,2 a 2,7
Moderado 5,0 a 7,4 4,0 a 5,9 3,5 a 5,4 2,8 a 4,3
Pesado 7,5 a 9,9 6,0 a 7,9 5,5 a 7,4 4,4 a 5,9
Muito Pesado 10,0 a 12,4 8,0 a 9,9 7,5 a 9,4 6,0 a 7,5
Extremamente
≥12,5 ≥ 10,0 ≥ 9,5 ≥ 7,6
Pesado
Fonte: Adaptado de GUEDES; GUEDES, 2006
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Tabela 3 – Classificação de METs de acordo com a atividade física, de acordo com Ainsworth
Atividade Física METs Atividade Física METs
Aeróbica 6,50 Corrida 13,8 km/h 14,00
Aeróbica de baixo impacto 5,00 Corrida 12,8 km/h 13,50
Aeróbica de alto impacto 7,00 Corrida 12,0 km/h 12,50
Alongamento 2,50 Corrida 11,2 km/h 11,50
Ballet 4,80 Corrida 10,7 km/h 11,00
Basquete casual 6,00 Corrida 9,7 km/h 10,00
Basquete oficial 7,00 Corrida 8,3 km/h 9,00
Basquete competição 8,00 Corrida 8,0 km/h 8,00
Boxe luta 12,00 Futebol competição 10,00
Caminhada 4,8 km/h (leve) 3,30 Ginástica em geral 4,00
Caminhada 6,5 km/h (mod/forte) 5,00 Hidroginástica 4,00
Caminhada 7,24 km/h (forte) 6,30 Jiu-Jitsu, Judô, Karatê 10,0
Ciclismo < 16,00 km/h 4,00 Musculação Leve 3,00
Ciclismo 16,0 a 19,0 km/h 6,00 Musculação Média 4,50
Ciclismo 19,0 a 22,0 km/h 8,00 Musculação Pesada 6,00
Ciclismo 22,0 a 25,0 km/h 10,00 Natação (livre/forte) 10,00
Ciclismo 25,0 a 30,0 km/h 12,00 Natação (livre/leve) 7,00
Ciclismo > 32,3 km/h 16,00 Natação (livre/médio) 8,50
Corrida 17,5 km/h 18,00 Spinning (*) 9,00
Corrida 16,0 km/h 16,00 Squash 12,00
Corrida 14,4 km/h 15,00 Tênis 7,00
Fonte: AINSWORTH et al., 2002
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Importante!
Uma opção de cálculo rápido para a estimativa da necessidade energética é a utiliza-
ção dos valores propostos pela Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte
(2009), que preconiza a faixa de 30 a 50kcal/kg/dia. Quando o objetivo é a perda de
peso, pode-se promover uma redução de 10 a 20% da ingestão energética total, o que
permite a alteração da composição corporal sem induzir à fome ou à fadiga.
Fonte: https://bit.ly/37CX5ph
Alguns autores já argumentaram que uma dieta “bem balanceada” fornece pronta-
mente nutrientes adequados para a atividade física e o exercício, de modo que um conhe-
cimento profundo da nutrição pouco teria a acrescentar aos fisiologistas do exercício.
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Não existe “um único” alimento ou dieta capaz de proporcionar saúde e desem-
penho ótimos nos exercícios. A avaliação e o planejamento minuciosos da ingestão
alimentar devem obedecer a diretrizes nutricionais apropriadas.
Nesse sentido, devem ser observados vários aspectos inerentes à rotina esportiva,
como o tipo, a intensidade e a duração do exercício, a tolerância à prática alimentar
durante o esforço, os possíveis locais para reabastecimento durante os exercícios
externos prolongados, a necessidade de controle de peso corporal e outros.
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Os atletas de endurance (triatletas e maratonistas) apresentaram maiores inges-
tões de energia e de carboidrato do que os demais grupos, o que foi explicado pelo
alto consumo de pães e cereais e pelo maior dispêndio energético nos treinos.
Além disso, esses atletas foram os que se mostraram mais conscientes da impor-
tância da alimentação na saúde e no desempenho, e mais interessados no preparo
de suas refeições e em leituras relativas à nutrição.
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Você Sabia?
Existem cuidados diferenciados para a dieta do atleta em dia de treino e no dia da com-
petição. Uma estratégia para melhorar o desempenho do atleta na competição é a super
compensação de carboidratos. Essa estratégia consiste na ingestão de uma dieta com
elevado teor em carboidratos. Após um período de relativa privação deles, isso resultará
num aumento acentuado de glicogênio muscular (200mmol/kg), o que aumenta o de-
sempenho nos exercícios prolongados subsequentes. Em atletas treinados, consegue-se
aumentar o glicogênio muscular para 180mmol/kg em apenas um dia, por meio da inges-
tão de 10g de carboidratos/kg de peso.
Um aumento do consumo de carboidratos para 70% do valor calórico total, cinco a sete
dias antes da competição, é, geralmente, associado a um melhor desempenho quando a
duração do exercício é superior a 90 minutos. Nos dois a três dias antes da competição,
os atletas devem, também, diminuir a intensidade de treino em 30 a 50% e continuar
com a mesma dieta. Esta estratégia permite saturar as reservas de glicogênio muscular e
hepático no período pré-competitivo e melhorar o desempenho do esforço prolongado,
pois permite manter um nível de glicose sanguínea adequado durante o exercício.
Durante exercícios prolongados e vigorosos, a taxa de oxidação dos carboidratos pode
chegar aos 3 a 4g/min, utilizando, principalmente, glicogênio muscular. Durante exer-
cícios de elevada intensidade, observa-se maior desempenho quando existe elevada
concentração de glicogênio muscular após o aumento da ingestão de carboidratos. Com
repetidas séries de exercícios de alta intensidade, maior disponibilidade de glicogênio
muscular está associada ao aumento do desempenho em exercícios intermitentes.
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Refeições Durante o Exercício
Durante exercícios prolongados, os níveis de glicogênio muscular são os princi-
pais determinantes do desempenho. Disponibilizar carboidratos por meio da alimen-
tação ou da suplementação durante o exercício ajuda a manter os níveis de glicose no
sangue e melhorar o desempenho, principalmente, quando os níveis de glicogênio
muscular se encontram baixos, no início do exercício.
A forma como os carboidratos são ingeridos não parece fazer diferença se o atleta
consumir os carboidratos sob a forma de gel e ingerir água ou, ainda, se beber uma
bebida desportiva. A utilização dessa bebida ou gel é especialmente importante durante
os exercícios matinais, em que as reservas de glicogênio hepático estão diminuídas
devido ao jejum noturno.
Refeições Pós-Exercício/Recuperação
O tempo de consumo e a composição das refeições ou lanches antes e após as
competições/exercícios dependem da duração e da intensidade da sessão de exer-
cício (dependem de ter ocorrido a depleção de glicogênio) e de quando o próximo
treino intenso irá ocorrer.
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UNIDADE Necessidades Nutricionais do Atleta e Modificações Dietéticas
Por exemplo, a maioria dos atletas termina uma maratona com as reservas de
glicogênio esgotadas, enquanto o esgotamento do glicogênio seria menos acentuado
após um treino de apenas 90 minutos.
Como os atletas que competem numa maratona não realizarão outra corrida ou
treino intensivo no mesmo dia, o tempo de consumo e a composição da refeição
após o exercício são menos críticos para eles. Por outro lado, um triatleta que parti-
cipa numa corrida de 90 minutos pela manhã e num treino de ciclismo de 3 horas à
tarde precisa maximizar a recuperação entre as sessões de treino. A refeição após o
treino assume uma importância considerável na consecução dessa meta.
A ingestão de aminoácidos após esforços aeróbios (até três horas depois do esforço)
promove aumento da Síntese Proteica Muscular, dando origem a alterações mínimas
na degradação proteica e aumentando o balanço proteico em geral.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Estratégias de nutrição e suplementação no esporte
BIESK, S. et al. Estratégias de nutrição e suplementação no esporte. 3. ed.
Barueri: Manole, 2015.
Nutrição Esportiva Clínica
BURKE, L.; DEAKIN, V. Nutrição Esportiva Clínica. 5.ed. [S. l.]: Educação
McGraw-Hill, 2015. 828p.
Leitura
Efeitos da suplementação nutricional sobre a composição
corporal e desempenho de atletas: uma revisão
BECKER, L. K. et al. Efeitos da suplementação nutricional sobre a composição
corporal e desempenho de atletas: uma revisão, Revista Brasileira de Nutrição
Esportiva, São Paulo, v. 10. n. 55, p. 93-111, 2016.
https://bit.ly/2BgIBPU
Estratégias nutricionais para promover a recuperação pós-exercício
BEELEN, M. et al. Estratégias nutricionais para promover a recuperação pós-exercício.
Revista Internacional de Nutrição Esportiva e Metabolismo do Exercício, [s. l.],
v. 20, ed. 6, p. 515-532, dez. 2010.
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Referências
FAO/WHO/UNU. Energy and protein requirements. Geneva: World Health
Organization, 1985. (WHO – Technical Report Series, 724).
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