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SUMÁRIO

Balanço energético e perda de peso


• Ingestão energética e gasto energético
Gasto energético e seus componentes
• Gasto energético de repouso (GER)
• Efeito térmico dos alimentos (ETA)
• Gasto energético da atividade física (GAF) e NEAT
Explicando a estagnação da perda de peso
Conclusões
Sucesso no emagrecimento
PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

• A fisiologia humana está em conformidade com a primeira lei da


termodinâmica, que afirma que a energia pode ser transformada de uma
forma para outra, mas não pode ser criada ou destruída.

EA = EI - GE
EA – energia armazenada
EI – energia ingerida
GE – gasto energético
DÉFICIT CALÓRICO E EMAGRECIMENTO

• PARA UM INDIVÍDUO PERDER PESO/GORDURA É NECESSÁRIOS QUE:


EI < GE,
ONDE (GE = GER + ETA + GAF).
O QUE PODE SER FEITO REDUZINDO AS CALORIAS DA DIETA OU
AUMENTANDO O GASTO DE ATIVIDADE FÍSICA (GAF).
• DÉFICIT CALÓRICO  MOBILIZAÇÃO DAS RESERVAS ENERGÉTICAS
(TECIDO ADIPOSO E MASSA MAGRA).
• QUANDO EI = GE  EA = 0 (PESO ESTÁVEL)
TAXA METABÓLICA E GASTO ENERGÉTICO
TOTAL
• Taxa metabólica basal (TMB): quantidade de energia necessária para
manter as funções básicas (respiração, circulação, temperatura corporal).
Medida em condições laboratoriais precisas;
• Taxa metabólica de repouso (TMR ~TMB) ou GER: cerca de 5-10% mais
elevada que a TMB. Não pode ser medida em condições precisas de
laboratório. Medida por calorimetria direta e indireta;

• Gasto energético total: GET = GER + ETA + GAF


ETA – efeito térmico dos alimentos (~10% do GET)
GAF – gasto energético da atividade física
GASTO ENERGÉTICO DE REPOUSO
• GER corresponde a cerca de ~70% do GET;
“GER varia entre e dentro dos indivíduos, dependendo do tamanho do corpo,
composição corporal e desequilíbrio energético recente. Maior massa total de tecido
aumenta o GER e a contribuição do tecido magro é maior do que o tecido adiposo.
Além disso, no tecido magro, órgãos metabólicos elevados, como cérebro, coração,
rim e fígado, contribuem desproporcionalmente para o GER. Há também uma
grande variabilidade no GER (∼ 250 kcal) que não é explicada pelas
diferenças na composição corporal”.
Energy balance and its components: implications for body weight regulation. HALL, K. et al.
Am J Clin Nutr. 2012
GER/TMB É MENOR EM OBESOS?
“Ao contrário da crença popular, as pessoas com obesidade geralmente têm um
GER absoluto mais alto. Há muito se reconhece que a massa livre de gordura
compreende os tecidos metabolicamente ativos do corpo e, portanto, contribui
mais para o GER do que a gordura corporal. A massa isenta de gordura é
elevada na obesidade, juntamente com a gordura corporal,
resultando em aumento do GER em comparação com indivíduos
magros. Através de uma ampla gama de pesos, o GER está linearmente
relacionado à massa livre de gordura e gordura corporal”.
Obesity Energetics: Body Weight Regulation and the Effects of Diet Composition. HALL, K. &
GUO, J. Gastroenterology, 2018.
CÁLCULO DA TMB/GER (EUTRÓFICOS)
• FAO/OMS (precisa de idade, sexo e peso). Cálculo da TMB:
GER (homens, 18-30) = (15,057 x P) + 692,2
GER (homens, 30-60) = (11,472 x P) + 873,1
GER (mulheres, 18-30) = (14,818 x P) + 486,6
GER (mulheres, 30-60) = (8,126 x P) + 845,6

• Harris-Benedict (sexo, peso, altura em cm, idade):


GER (mulheres) = 655 + (9,6 x P) + (1,9 x A) – (4,7 x I)
GER (homens) = 66 + (13,8 x P) + (5,0 x A) – (6,8 x I)
CÁLCULO DA TMB/GER

• Mifflin – St Jeor (eutróficos e obesos):


GER (mulheres) = (10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) - 161
GER (homens) = (10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) + 5

• Equação de Cunningham (atletas, físico atlético):


GER = 500 + (22 x MLG)
• Equações de Tinsley (fisiculturistas):
GER = (24,8 x P) + 10
GER = (25,9 x MLG) + 284
CÁLCULO DA TMB/GER

Considerando um homem, calculando para um mesmo peso (85 kg), mesma


idade (25 anos), mas com diferenças na composição corporal:
1. GER (OMS) = (15,057 x 85) + 692,2 = 1972 kcal  1,85m de altura
(eutrófico)
2. GER (Mifflin) = (10 x 85) + (6,25 x 170) – (5,0 x 25) + 5 = 1792 kcal  1,70m
de altura (obeso)
3. GER (Cunningham) = 500 + (22 x 76,5) = 2183 kcal  1,70m de altura,
10% de gordura (MLG = 76,5 kg) (fisiculturista)
COMPOSIÇÃO CORPORAL E GER

• Comparando o obeso (GER = 1792 kcal) com o fisiculturista (GER =


2183 kcal):
2183 – 1792 = 391 kcal
• Para um mesmo peso corporal podemos perceber facilmente uma
diferença no GER de quase 400 kcal devido às diferenças na
composição corporal (fisiculturista x obeso).
COMPOSIÇÃO CORPORAL E GER
TECIDO TAXA PESO
Se você considera dois indivíduos METABÓLICA
com o mesmo peso e (kcal/kg)
composição corporal diferente, o
Fígado 200 1,5
GER pode variar bastante devido
Cérebro 240 1,5
principalmente à diferenças na
massa muscular e na gordura Coração + 440 300 g + 150
corporal. rins g
Músculo 13 40 – 50% do
• + 25 kg de músculo = 325 kcal esquelético peso
• + 25 kg de gordura = 112,5 kcal Tecido 4,5 Varia muito
adiposo
• Diferença: 212,5 kcal Outros 12
EFEITO TÉRMICO DOS ALIMENTOS

“ETA é o gasto energético obrigatório associado à digestão e


processamento de alimentos ingeridos. A composição da dieta tem
um forte efeito sobre o ETA. Há uma hierarquia de efeitos de
macronutrientes na magnitude do ETA, com quantidades isocalóricas
de proteína> carboidrato> gordura. Normalmente, o ETA é
considerada uma porcentagem fixa da ingestão energética, mas
ocorre variação entre indivíduos”.
Energy balance and its components: implications for body weight regulation. HALL, K. et
al. Am J Clin Nutr. 2012
EFEITO TÉRMICO DOS ALIMENTOS
“Uma dieta mista consumida no balanço energético resulta em um gasto energético
induzido por dieta de 5 a 15% do gasto energético diário. Os valores são mais altos
em um consumo relativamente alto de proteína e álcool e menores em um alto
consumo de gordura. Termogênese induzida por proteína tem um efeito importante
na saciedade”.
• Proteínas: 20 a 30% do GET
• Álcool: 10 a 30% do GET
• Carboidratos: 5 a 10% do GET
• Gorduras: 0 a 3% do GET
Diet induced thermogenesis. WESTERTERP, K. Nutr. Metab. (2004)
GASTO ENERGÉTICO DA ATIVIDADE FÍSICA

“O gasto com atividade física (GAF) pode ser subdividido em exercício volitivo (GEF)
e atividades da vida diária, também denominada atividade física espontânea ou
termogênese da atividade não exercitada (NEAT). A energia gasta em atividades
físicas é determinada por sua duração e intensidade em proporção ao peso corporal
total. Assim, apesar de tipicamente serem menos ativos fisicamente, pessoas com
obesidade freqüentemente têm custos energéticos diários semelhantes para atividade
física como aqueles sem obesidade e o gasto energético da atividade física declina com
perda de peso, a menos que sua quantidade ou intensidade aumente para compensar”.
Obesity Energetics: Body Weight Regulation and the Effects of Diet Composition. HALL, K. & GUO, J.
Gastroenterology, 2018.
GASTO ENERGÉTICO DA ATIVIDADE FÍSICA
“Intervenções de exercício normalmente resultam em menos perda de peso do
que o esperado, com base nas calorias de exercício gastas, e mudanças de peso
individuais são altamente variável, mesmo quando o exercício é supervisionado
para garantir a adesão. Uma explicação provável para essas observações é que a
energia gasta durante o exercício é variavelmente compensada por mudanças na
ingestão de alimentos e nos comportamentos de atividade física não exercitados
(NEAT)”.
Obesity Energetics: Body Weight Regulation and the Effects of Diet Composition. HALL,
K. & GUO, J. Gastroenterology, 2018.
GASTO ENERGÉTICO PÓS-EXERCÍCIO

“Existem dados que mostram um efeito positivo da atividade física vigorosa ou


moderada sobre o GER. Isso segue duas fases separadas: um grande efeito que
dura ∼ 2 h e um efeito menor, mas mais prolongado, que pode levar até 48 horas
para retornar à linha de base. Isso é chamado de excesso de consumo de oxigênio
pós-exercício (EPOC) e é responsável por – 6–15% da energia gasta durante uma
sessão de exercícios, o que adiciona pouco ao GET”.
Energy balance and its components: implications for body weight regulation. HALL, K. et al. Am J
Clin Nutr. 2012

Uma sessão de exercício que gasta 400 kcal terá um EPOC


de ~ 30-60 kcal.
GASTO ENERGÉTICO PÓS-EXERCÍCIO
• Embora o exercício de alta intensidade (HIIT) possa contribuir para um aumento
muito maior do EPOC que o exercício aeróbico contínuo de moderada
intensidade, a maior contribuição de ambos os tratamentos para a
perda de peso é através da energia gasta durante o exercício.
“O EPOC é, portanto, de significância fisiológica negligenciável no que diz respeito à
perda de peso, a menos que o exercício seja realizado regularmente quando o EPOC
teria um efeito cumulativo”.
Comparison of energy expenditure elevations after submaximal and supramaximal running.
Laforgia, J. J Appl Physiol (1997)
CÁLCULO DO GASTO ENERGÉTICO

• GET é estimado multiplicando a TMB por Atividade física Fator atividade


um fator FA: (FA)
Muito sedentário 1,4
GET = TMB x FA
Sedentário 1,5
Considerando diferentes FA para os exemplos: pouco ativo
1. GET = 1972 x 1,6 = 3155 kcal (eutrófico, Sedentário mais 1,6
bem ativo) ativo
Moderadament 1,7
2. GET = 1792 x 1,5 = 2688 kcal (obeso, e ativo (treina)
sedentário)
Muito ativo 1,8 – 1,9
3. GET = 2183 x 1,7 = 3711 kcal (fisiculturista, Atividade 2,0 ou mais
muito ativo) intensa
COMPONENTES DO GASTO ENERGÉTICO
ADAPTAÇÕES METABÓLICAS

• Redução da taxa metabólica. Maior redução do que seria


esperado pela perda de peso (termogênese adaptativa);
• Aumento da eficiência mitocondrial (diminui a perda de energia na forma
de calor);

• Redução da leptina, aumento da grelina (aumento da FOME);


• Aumento do cortisol, redução da testosterona.
Artigo: Metabolic adaptation to weight loss: implications for the athlete
ADAPTAÇÃO METABÓLICA E EMAGRECIMENTO
TERMOGÊNESE ADAPTATIVA

• Redução do GET com a perda de


peso é maior do que a prevista pela
redução do peso corporal;
• Esse processo de redução do GET é
independente da redução da
massa magra e é conhecido como
termogênese adaptativa;
• Limita a eficácia da perda de peso
no longo prazo.
TERMOGÊNESE ADAPTATIVA EM OBESOS
“Dos 16 competidores do The Big Losser originalmente investigados, 14 participaram
deste estudo de acompanhamento. A perda de peso no final da competição foi (média
± DP) 58,3 ± 24,9 kg (p <0,0001) e a RMR diminuiu em 610 ± 483 kcal / d (p = 0,0004).
Após 6 anos, 41,0 ± 31,3 kg do peso perdido foi recuperado (p = 0,0002), enquanto
a RMR foi de 704 ± 427 kcal / d abaixo do valor basal (p <0,0001) e a adaptação
metabólica foi de -499 ± 207 kcal / d (p <0,0001) ). A recuperação do peso não
foi significativamente correlacionada com a adaptação metabólica no final da
competição (r = −0,1, p = 0,75), mas aqueles que mantiveram maior perda de peso aos
6 anos também experimentaram uma maior desaceleração metabólica concorrente”.
Persistent metabolic adaptation 6 years after The Biggest Loser competition. Fothergill, E. et
al. Obesity (2016).
O PLATÔ NO EMAGRECIMENTO

• Previsão do modelo matemático


dinâmico (considera a
adaptação metabólica): 2 a 3
anos para atingir o platô,
considerando adesão rigorosa à
dieta.
• Platô observado: ocorre após 6 a
8 meses de dieta.
EXEMPLO COM SIMULAÇÃO
EXEMPLO COM SIMULAÇÃO
Dia Peso Perda
10 122,4 kg 2,6 kg (2%)
30 (1 mês) 120,0 kg 5,0 kg (4%)
60 (2 meses) 116,6 kg 8,4 kg (6,7%)
90 (3 meses) 113,5 kg 11,5 kg (9,2%)
180 (6 meses) 104,9 kg 20,1 kg (16%)
240 (8 meses) 99,8 kg 25,2 kg (20%)
365 (1 ano) 90,7 kg 34,3 kg (27,4%)
730 (2 anos) 74,0 kg 51,0 kg (41%)
1095 (3 anos) 67,5 kg 57,5 kg (46%)
AUMENTO DA FOME
• Redução de hormônios anorexígenos
(leptina, insulina, CCK, PYY), aumento
de hômonios orexígenos (grelina);
• A fome aumenta com a perda de
peso/gordura;
• A estagnação do peso ocorre
principalmente pelo aumento gradativo
da ingestão calórica;
• Para fisiculturistas essa estagnação
pode ocorrer antes dos 6 meses (3-4
meses), dependendo percentual de
gordura inicial.
ADAPTAÇÕES METABÓLICAS E REGANHO DE PESO

“É a dieta e o desvio do peso do ‘estado estacionário’ que desperta o


sistema de defesa do corpo. A resposta biológica é persistente,
saturada com redundâncias e bem focada no objetivo de restaurar as
reservas de energia esgotadas do corpo. Qualquer estratégia de perda
de peso que não reconheça e planeje essa influência metabólica
emergente provavelmente terá pouco sucesso em facilitar a redução
de peso a longo prazo”.
Biology's response to dieting: the impetus for weight regain (MacLean, P. et al., 2011)
ESTAGNAÇÃO DA PERDA DE PESO
“Miller e Parsonage publicaram os resultados de um estudo em 29 mulheres que
afirmaram não poderem perder peso. Os participantes foram isolados em uma casa por
3 semanas, onde foram alimentados com uma dieta padrão de 1500 kcal por dia. Sob
essas condições muito controladas:
• 19 mulheres perderam peso;
• 9 não perderam peso ;
• 1 mulher rengordou.
No final, os autores concluíram que as mulheres com menor taxa metabólica basal
foram aquelas que não perderam peso em condições muito bem controladas.
Adaptive thermogenesis can make a difference in the ability of obese individuals to lose body weight.
TREMBLAY, A. Int J Obes (2013)
EXPERIMENTO DE MINESSOTA

• Foi o maior experimento controlado com o objetivo de estudar os efeitos


fisiológicos e psicológicos da FOME;
• Durou mais de 1 ano, com uma fase restrição calórica que durou 6 meses;
• Os pesquisadores fizeram todos os voluntários perder 25% do seu peso
inicial. Para um homem de 80 kg isso corresponde a perder 20 kg;
• A dieta e a atividade física tinham rigoroso controle dos pesquisadores;
• Os indivíduos perderam peso comendo principalmente pão, batata e
macarrão.
ESTAGNAÇÃO DA PERDA DE PESO

• POR QUE MUITAS PESSOAS ALEGAM DIFICULDADE DE PERDER PESO


MESMO SEGUINDO UMA DIETA HIPOCALÓRICA?
• A ADAPTAÇÃO METABÓLICA PODE SER UMA EXPLICAÇÃO PARA A
ESTAGNAÇÃO DA PERDA DE PESO?
• O GASTO ENERGÉTICO DE REPOUSO DESSES INDIVÍDUOS É MUITO
ABAIXO DA MÉDIA?
• PROBLEMAS HORMONAIS PODEM EXPLICAR A ESTAGNAÇÃO DO PESO?
LIMITAÇÕES DO INQUÉRITO ALIMENTAR

“As comparações do gasto energético medido com a ingestão de energia de


registros alimentares ponderados ou estimados em relação ao gasto de energia
indicaram que indivíduos obesos, atletas de resistência e adolescentes
subestimam o consumo de energia habitual e real. Subestimações individuais
de 50% não são incomuns. Mesmo em adultos não obesos, nos quais o viés é
mínimo, o desvio padrão para erros individuais na ingestão de energia se
aproxima de 20%”.
Limitations in the assessment of dietary energy intake by self-report. Schoeller, D.
Metabolism (1995).
LIMITAÇÕES DO INQUÉRITO ALIMENTAR

“O fracasso de alguns indivíduos obesos em perder peso enquanto comem uma


dieta que eles relatam como baixa em calorias é devido a uma ingestão de energia
substancialmente maior do que o relatado e uma superestimação da atividade
física, e não uma anormalidade na termogênese”.
• subnotificaram sua ingestão real de alimentos em 47%;
• relataram em excesso sua atividade física em 51%
Discrepancy between self-reported and actual caloric intake and exercise in obese subjects.
Lichtman, S. NEJM, 1992.
GENÉTICA E PERDA DE PESO

Estudo com 14 pares de gêmeos idênticos obesos (mulheres pré-menopausa),


descobriu que 28 dias de uma dieta hipocalórica (VLCD ~ 400 kcal) produziram
perdas de peso que variaram de 5,9 a 12,4 kg e perdas de gordura que variaram
de 3,1 a 12,4 kg.
“A alta correlação na eficiência metabólica em pares de gêmeos em resposta
à perda de peso terapêutica sugere uma forte contribuição genética”.
A twin study of weight loss and metabolic efficiency. Hainer, V. Int J Obes Relat Metab
Disord. 2001
GENÉTICA E GANHO DE PESO
“12 pares de gêmeos monozigóticos do sexo masculino adulto jovem foram
superalimentados por 4,2 MJ (1000 kcal) por dia, 6 dias por semana, para um total
de 84 dias durante um período de 100 dias. O total de excesso que cada homem
consumiu foi de 353 MJ (84.000 kcal). Durante a superalimentação, mudanças
individuais na composição corporal e na topografia da deposição de gordura
variaram consideravelmente. O ganho de peso médio foi de 8,1 kg, mas o intervalo
foi de 4,3 a 13,3 kg. A similaridade dentro de cada par na resposta à
superalimentação foi significativa (p menor que 0,05) em relação ao peso corporal,
porcentagem de gordura, massa gorda e gordura subcutânea estimada, com cerca
de três vezes mais variância entre pares do que intrapares (aproximadamente 0,5)”.
The response to long-term overfeeding in identical twins. Bouchard, C. NEJM, 1990.
O NEAT PODE EXPLICAR A ESTAGNAÇÃO?
“Se o NEAT atua para manter um peso corporal estável dissipando energia em face de
um excesso de energia, ele pode agir para manter um peso estável ao conservar
energia diante de um déficit de energia. Sob tais circunstâncias, as diferenças no
NEAT entre os indivíduos poderiam explicar as diferenças aparentes na eficiência
metabólica que observamos. A alta concordância intrapolar nos resultados sugere
que o NEAT pode estar sob forte controle genético”.
• Superávit calórico/ganho de peso: aumento do NEAT
• Déficit calórico/perda de peso: redução do NEAT
A twin study of weight loss and metabolic efficiency. Hainer, V. Int J Obes Relat Metab Disord.
2001
O NEAT PODE EXPLICAR A ESTAGNAÇÃO?
“O NEAT inclui todas as atividades que nos tornam seres vibrantes, únicos e
independentes, como trabalhar, brincar e dançar. Como pessoas com o
mesmo peso têm níveis de atividade marcadamente variáveis, não é de
surpreender que o NEAT varie substancialmente entre pessoas em até 2.000
kcal por dia. Evidências sugerem que o baixo NEAT pode ocorrer na
obesidade, mas de uma forma muito específica. Indivíduos obesos
parecem exibir uma tendência inata a sentar-se 2,5 horas por dia a
mais do que suas contrapartes magras sedentárias”.
Non-exercise activity thermogenesis: the crouching tiger hidden dragon of societal
weight gain. Levine, J. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2006.
CONCLUSÕES
• Embora um baixo GER dificulte a perda de peso, é pouco provável
que ele explique a estagnação do emagrecimento;
• A estagnação da perda de peso se deve principalmente à falta de
adesão à dieta no longo prazo, devido ao impulso biológico que
aumenta nossa fome;
• Alguns indivíduos são mais responsivos à perda de peso, enquanto
outros são mais resistentes, provavelmente devido à diferentes
respostas à termogênese adaptativa e ao NEAT;
• Aumentar o GEF ou reduzir a ingestão calórica pode levar a
respostas compensatórias, como grande redução do NEAT.
CONCLUSÕES

• Exemplos de comportamentos compensatórios:


 Compensar uma redução da IE na semana, aumentando a IE nos
finais de semana;
 Compensar o GEF com aumento da IE;
 Compensar o GEF com redução do NEAT;
 Compensar redução da IE com uma redução do NEAT;
Compensar aumento do NEAT com aumento da IE.
SUCESSO NO EMAGRECIMENTO

“Os resultados dos levantamentos aleatórios indicam que ≈20%


das pessoas na população em geral são bem sucedidas na
manutenção da perda de peso a longo prazo. Esses dados,
juntamente com os achados do Registro Nacional de Controle de
Peso, ressaltam o fato de que é possível obter e manter
quantidades significativas de perda de peso”.
Long-term weight loss maintenance. Wing, R.; Phelan, S. AJCN (2005)
SUCESSO NO EMAGRECIMENTO
• Seis estratégias-chave para o sucesso a longo prazo na perda de peso:
1) envolver-se em altos níveis de atividade física;
2) comer uma dieta que é baixa em calorias e gordura;
3) tomar café da manhã;
4) automonitoramento do peso regularmente;
5) manter um padrão alimentar consistente;
6) pegar “escorregões” antes que eles se transformem em maiores
recuperações. Iniciar a perda de peso após um evento médico
também pode ajudar a facilitar o controle de peso a longo prazo.
Long-term weight loss maintenance. Wing, R.; Phelan, S. AJCN (2005)
REFERÊNCIAS
• Energy balance and its components: implications for body weight regulation. HALL, K. et al. Am J Clin Nutr.
2012
• Obesity Energetics: Body Weight Regulation and the Effects of Diet Composition. HALL, K. & GUO, J.
Gastroenterology, 2018.
• Diet induced thermogenesis. WESTERTERP, K. Nutr. Metab. (2004)
• Quantification of the effect of energy imbalance on bodyweight. Lancet, Hall, K. 2011.
• Adaptive thermogenesis can make a difference in the ability of obese individuals to lose body weight.
TREMBLAY, A. Int J Obes (2013)
• Persistent metabolic adaptation 6 years after The Biggest Loser competition. Fothergill, E. et al. Obesity
(2016).
• A twin study of weight loss and metabolic efficiency. Hainer, V. Int J Obes Relat Metab Disord. 2001
• Discrepancy between self-reported and actual caloric intake and exercise in obese subjects. Lichtman, S.
NEJM, 1992.
• Limitations in the assessment of dietary energy intake by self-report. Schoeller, D. Metabolism (1995).
• Non-exercise activity thermogenesis: the crouching tiger hidden dragon of societal weight gain. Levine, J.
Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2006.

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