Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sumário
- Musculação: vamos descomplicar?
Introdução
Por que eu resolvi escrever esse guia?
Módulo 1
Legenda
Módulo 2
O que é?
Módulo 3
Princípios que regem o treinamento
Módulo 4
Variáveis da intensidade
Módulo 5
Volume x Intensidade
Módulo 6
“No Pain, No Gain”... será?
Módulo 7
Tipos de Estímulos
Módulo 8
Tipos de Métodos
Módulo 9
Musculação e Emagrecimento
3
Introdução
A ideia é aproximar as pessoas do que a ciência diz sobre o assunto, deixando-as
mais críticas e menos passíveis a enganações. Vejo, principalmente nas redes so-
ciais, muitos conceitos bacanas sendo deturpados, métodos interessantes sendo
mal executados e isso gera uma grande dúvida na população: “Quem está certo?”
Eu não quero, em hipótese alguma, te empurrar uma verdade goela abaixo, quero
te dar razões para dizer: “Já sei em quem está certo e porque ele está”.
Outro motivo é que isso facilitará o entendimento de como eu penso para elabo-
rar os treinos em minhas consultorias. Quem é meu cliente já sabe que em cada
método eu descrevo de onde a ideia surgiu, e que não foi dos meus sonhos, foi de
muita leitura científica.
A ideia é passar segurança para quem ler através da amostragem do que a litera-
tura tem dito sobre treinamento de musculação!
Espero que gostem deste pequeno resumo que traz detalhes importantes para o
mundo da musculação e que, com certeza, irão te ajudar na rotina de treinos.
Módulo 2 O que é?
- Músculo Liso. “As células musculares lisas não apresentam estriação transver-
sal, característica das células musculares esqueléticas e cardíacas. A razão disso
é que os filamentos de actina e miosina não se encontram alinhados ao longo do
comprimento da célula. Acredita-se que eles estejam arranjados em espiral den-
tro da fibra muscular lisa.” Ele tem uma contração involuntária e lenta e é encon-
trado nas paredes de órgãos ocos, como bexiga e útero;
Bem, essa parte foi apenas informacional, iremos nos ater somente ao tecido
muscular esquelético porque é ele que você quer deixar grande, no caso do bíceps,
e na nuca, no caso da bunda, não é mesmo?
Pois bem, a hipertrofia muscular é o “aumento do volume das fibras musculares
do músculo estriado esquelético”, ou seja, é ele, de fato, aumentar de tamanho;
Então agora já sabemos qual a ideia de TODO treino de musculação: Gerar hiper-
trofia.
Aí agora azamiga vão estar lendo e pensando “Oxe, Guto. Eu quero hipertrofia, não.
Só quero ser sequinha, com músculos firmes.”
Aí, em verdade eu vos digo: “Isso é hipertrofia, jovem gafanhota!”
Meninas, não se assustem, falarei disso num capítulo mais para frente.
Aguardem, confiem e continuem lendo...
Continuemos...
6
1) Amplitude:
Tão deixada de lado e menosprezada... Tida como vilã, quando, na verdade, só nos
traz benefícios!
Bem, nada melhor que começarmos contextualizando-a, né?
Amplitude de movimento corresponde ao deslocamento de uma resistência (peso)
de um ponto A a um ponto B!
Quanto maior ela for, maiores as alterações mecânicas e maior a segurança no
movimento.
“Maior a segurança, Guto? Como assim? Posso agachar mais que 90 graus?”
Só não pode, como deve! A maioria dos movimentos têm a amplitude interrompida
em ângulos próximos aos 90 graus, já perceberam? Já perceberam também que
essa angulação é onde ocorre o ponto de maior desvantagem mecânica de nossas
articulações?
Desvantagem mecânica é quando os vetores de força e resistência praticamente
se anulam, ou seja, é o ponto mais difícil do movimento, é onde você falha, é onde
nossos músculos, tendões e ligamentos estão mais vulneráveis à lesões!
“Mas, Guto, eu não consigo agachar até lá embaixo, e agora?”
7
2) Intervalo de Descanso:
É o tempo que se leva entre o final de uma série e o início de outra. A ideia de usar
tempos reduzidos, por exemplo, é conseguir aumentar a dificuldade momentânea
do que se está fazendo (intensidade) sem ser necessário aumentar a carga;
8
3) Carga:
A carga é vista, por 99,99% da população, como a única ou a mais importante
variável da intensidade, quando, na verdade, é a menos importante de todas. Veja
bem, eu não disse que pode usar qualquer carga, disse que, comparando-a com
as outras variáveis, ela é menos importante, e sua manipulação deve ser a última
a ser realizada, isso para que respeitemos o Princípio da Saúde, lembram dele?
Logo, aumentar a carga e colocar em segundo plano a amplitude, por exemplo,
não parece ser uma jogada inteligente.
4) Cadência:
É o tempo que se leva para realizar UMA repetição. Uma forma mais didática de de-
terminá-la é através de números, que representam segundos: 2020, 3010, 3030,
4020. Estas variações numéricas funcionam de acordo com método (bi-set, fadi-
ga excêntrica...) e estímulos (Tensional ou Metabólico) usados.
“E numa puxada, Guto?” Uma puxada com cadência de 6090, teria 6 segundos de
fase excêntrica (subida da barra) e 9s para descida da barra (concêntrica). “Mas
Guto, eu ia passar 15s para fazer UMA única repetição?” Sim. É o método do Super
Slow (Super Lento).
9
Após estes seis primeiros princípios, veremos mais dois, levantados por Marcelo
Gomes da Costa: O Princípio da Variabilidade e O Princípio da Saúde, totalizando
oito princípios. Ao final, trataremos da inter-relação entre os Princípios.”
2. O Princípio da Adaptação
Podemos dizer que a adaptação é um dos princípios da natureza. Não fosse a ca-
pacidade de adaptação, que se mostra de diferentes modos e intensidades, várias
espécies de vida não teriam sobrevivido ou conseguido sobreviver por longos tem-
pos e em diferentes ambientes. O próprio homem conseguiu prevalecer no plane-
ta, como espécie, devido à sua capacidade de adaptação.
De acordo com Weineck, a adaptação é a lei mais universal e importante da vida.
Adaptações biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais
em quase todos os sistemas. Sob “adaptações biológicas no esporte”, enten-
dem-se as alterações dos órgãos e sistemas funcionais, que aparecem em decor-
rência das atividades psicofísicas e esportivas (WEINECK, 1991):
3. O Princípio da Sobrecarga
De acordo com Dantas: “Imediatamente após a aplicação de uma carga de tra-
balho há uma recuperação do organismo, visando restabelecer a homeostase**”
(DANTAS, 1995, p. 43).
E, para saber prescrever o Treino Certo, a pessoa tem que saber, pelo menos, todo
esse manual básico que estou escrevendo. E não é porque eu estou dizendo, é
porque é o que a ciência diz e nós já sabemos, por mais que ela não seja perfeita e
exata, é quem nos dá mais segurança e possibilidades de reais resultados.
4. O Princípio da Continuidade
Este princípio está intimamente ligado ao da adaptação, pois a continuidade ao
longo do tempo é primordial para o organismo, progressivamente, se adaptar.
Compartilho com Tubino, a idéia de que a condição atlética só pode ser consegui-
da após alguns anos seguidos de treinamento e, existe uma influência bastante
significativa das preparações anteriores em qualquer esquema de treinamento
em andamento. Para Tubino (1984), estas duas premissas explicam o chamado
Princípio da Continuidade.
Segundo Guto Galamba: A ideia é basicamente dizer que a relação entre o vol-
ume (quantidade) e a intensidade (dificuldade) é inversamente proporcional. Ou
seja, quando, dentro de um microciclo de treinamento, você for usar uma quan-
tidade maior de estímulos, a dificuldade que cada um dos estímulos irá impor ao
seu organismo deve ser diminuída, caso contrário os riscos lesivos e chances de
overtraining (excesso de treinamento) aumentam. E nós já vimos que treinar em
excesso e treinar certo não são a mesma coisa, lembram?
6. O Princípio da Especificidade
De acordo com Dantas (1995), a partir do conceito de treinamento total, quando
todo o trabalho de preparação passou a ser feito de forma sistêmica, integra-
da e voltada para objetivos claramente enunciados, a orientação do treinamento
por meio de métodos de trabalho veio, paulatinamente, perdendo a razão de ser.
Hoje em dia, nos grandes centros desportivos, esta forma de orientação do trein-
amento foi totalmente abandonada em proveito da designação da forma de tra-
balho pela qualidade física que se pretende atingir. Associando-se este conceito
à preocupação em adequar o treinamento do segmento corporal ao do sistema
energético e ao gesto esportivo, utilizados na performance, ter-se-á o surgimento
de um sexto princípio esportivo: o princípio da especificidade, que vem se somar
aos já existentes.
15
Podemos dizer que este princípio sempre esteve intrínseco em todo o treinamento
esportivo, desde o mais rústico nas práticas utilitárias, mas tê-lo como princípio
norteador e como um dos parâmetros que devem ser levados em consideração é
essencial ao estudo e planejamento crítico e consciente nos treinamentos con-
temporâneos.
“O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto es-
sencial, que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos es-
pecíficos da performance desportiva, em termos de qualidade física
interveniente, sistema energético preponderante, segmento corporal
e coordenações psicomotoras utilizados” (ibidem, 1995, p. 50).
Segundo Guto Galamba: Esse princípio, em suma, diz que todo método e estímulo
escolhido deve responder a três perguntas e que suas respostas devem ter coesão
e coerência entre si: Por quê? Para quê? Para quem?
Se as três respostas estiverem em ordem, o treinamento surtirá o efeito esperado.
O problema é que a maior parte das prescrições hoje é sem pé e nem cabeça, e
baseada no “Eu fiz assim e funcionou comigo...”.
Também já vimos que o “comigo deu certo” não faz sentido.
7. O Princípio da Variabilidade
Também denominado de Princípio da Generalidade, encontra-se fundamentado
na idéia do Treinamento Total, ou seja, no desenvolvimento global, o mais comple-
to possível, do indivíduo. Para isso, deve-se utilizar das mais variadas formas de
treinamento (GOMES da COSTA, 1996). Segundo Marcelo Gomes da Costa:
Segundo Guto Galamba: Esse princípio traduz com clareza porque a prática de
Crossfit não pode ser considerada um método de treinamento.
16
Percebem como ele confronta tudo o que a ciência diz que deve ser levado em
consideração para uma prescrição. Se você for olhar o guideline oficial do Cross-
fit, verá que um dos pilares em que ele se suporta é o da “Variabilidade”, contudo,
eles confundiram variabilidade com aleatoriedade. Variar estímulos é uma coisa,
cada dia fazer algo diferente e decidido na hora, é outra. A variação é fundamental,
inclusive para que o princípio da Continuidade, falamos acima, consiga ter 100%
de êxito.
8. O Princípio da Saúde
Segundo Gomes da Costa (1996), esse princípio encontra-se diretamente ligado
ao próprio objetivo maior de uma atividade física utilitária que vise a saúde do in-
divíduo.
Segundo Guto Galamba: NADA valerá a pena ser executado se a saúde do prati-
cante for colocada em risco. Ponto final. Um exemplo clássico disso é a ideia de
fazer abdominal dependurado de ponta cabeça, preso apenas pelas pernas. Não
faz sentido porque o custo é, imensuravelmente, superior ao benefício.
Segundo Guto Galamba: Tudo isso que foi dito até agora tem que ser levado em
consideração para que um único microciclo de treinamento seja feito e, quando
esse micro é feito, o treinador tem que saber qual a ideia do macrociclo, para que
decida quais estímulos, métodos, volumes e intensidade aplicará em cada um de-
les.
Saber que o agachamento é um ótimo exercício para os MMII, você sabe. Outra
coisa é ter “as manha” e saber quando, quanto e como vai agachar para obter o
máximo de resultados ao mesmo tempo que não põe sua saúde em jogo.
Como já falei algumas, várias vezes, para vocês, é nesse ponto que a maioria das
prescrições pecam.
Treinar certo é que é treinar certo e, para saber qual o certo daquela pessoa, naquele
momento, tudo que é dito neste guia, tem que estar muito ávido na mente de
quem fará a prescrição, caso contrário, veremos treinos curtos com intensidades
erradas e que não darão o resultado esperado ou treinos longos com a intensidade
errada que, além de não darem os resultados esperados, irão aumentar os riscos
de lesão.
A relação entre essas duas variáveis do treinamento é INVERSAMENTE PROPOR-
CIONAL, isso tem que estar muito bem martelado em nossas cabeças.
18
1) Durante o treino: Todo mundo aqui já fez séries com repetições elevadas, né?
Tipo de 10 pra cima... E dói, né? Arde! Queima! Pois bem, isso se dá devido à
oclusão vascular parcial que as contrações concêntricas induzem, dessa forma
há diminuição do aporte sanguíneo, queda de PH e aumento da acidose. Contudo,
essa dor é muito pontual e passageira, porque nosso corpo é protegido por um
sistema de tamponamento (lembrar das aulas de química da oitava série) que
mantém o PH dentro dos limites aceitáveis;
O outro tipo é a:
2) Dor tardia: O treino resistido pode causar lesões no tecido muscular e, diante
do aumento da permeabilidade localizada e aumento do fluxo sanguíneo para a
região, tem início um processo inflamatório. Diversos fatores envolvidos no pro-
cesso inflamatório, como as prostaglandinas, podem ativar receptores de dor (es-
tímulo químico) e provocam o tão conhecido incômodo muscular que sentimos
após uma sessão mais intensa de treino!
#conclusão: Não é porque parou de sentir dor que a musculatura está totalmente
recuperada, e um treino, pra ser bom, não tem que causar dor após sua realização!
19
Bem, didaticamente falando, temos dois tipos de estímulos aplicáveis numa peri-
odização de musculação, são eles:
1- Intensidade
2- Volume
3- Cadência
4- Carga usada
5- Intervalo de descanso
6- Tempo total de execução
Alguns deles podem ser usados tanto com estímulos metabólicos quanto com os
tensionais, e alguns são exclusivos de um determinado tipo de estímulo;
Dentre os métodos mais usados, temos:
Bi-Set (2 estímulos)
Drop-Set (2 estímulos)
Super-Set (2 estímulos)
Tri-Set (2 estímulos)
Pausa e Descanso (2 estímulos)
Oclusão vascular (Apenas metabólico)
Repetições Forçadas (Apenas tensional)
Vou dar três exemplos de treinos feitos para pessoas fictícias e com níveis de
treinamento variando do sedentário, passando pelo intermediário e indo para o
avançado.
21
22
1) 38,3% - Caminhada;
2) 12,5% - Ciclismo;
3) 11,6% - Corrida.
23
Bom, então fica a pergunta: “se as pessoas estão buscando emagrecer e sair do
sedentarismo com essas atividades, porque estão aumentando de peso?”
Porque ainda não entendem que há diferença entre comer uma maçã de 100 cal e
um brigadeiro de 100 cal, e acham que se gastarem as calorias ingeridas estarão
emagrecendo!
Dito isto, vamos à musculação como melhor para auxílio ao emagrecimento?
Com o passar do tempo, os pesquisadores perceberam que essas abordagens,
apesar de verdadeiras em suas propostas, não conseguiam assegurar um emagre-
cimento sustentável, e resolveram abordar o processo metabólico de emagreci-
mento através de uma nova abordagem, a...
… Abordagem Bioquímica: Ela consiste em analisar as alterações quantitativas e
também as qualitativas que ocorrem no organismo a depender do estímulo apli-
cado.
Mas o legal desse estudo é que quem fez aeróbio treinou 4 vezes por semana du-
rante 1h, e quem fez musculação treinou 3 vezes por semana por 40 minutos!
Ou seja, treinou menos tempo, menos dias e teve mais resultados!
Conclusão: Não basta apenas comer certo, tem que saber qual tipo de atividade
irá fazer para, além de potencializar o emagrecimento, não permitir que ele seja
atrapalhado!
E, em 2014, Vissing & Schjerling disseram que o grupo do aeróbio induziu à re-
dução da expressão do gene que regula o envelhecimento MAIS que no grupo con-
trole, que era sedentário!
Ou seja, a expressão de genes varia de acordo com o tipo de exercício e o treino
aeróbio contínuo induz ao envelhecimento mais do que em quem é sedentário!
Conclusão final: Fazer qualquer coisa não é melhor que fazer nada e não é falta
de tempo, é falta de organização que você tem!