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CONDUTA DIETOTERÁPICA:

ERISIPELA

Ana Paula Vilar Alves


Natallia de Oliveira Barros
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................01
• 1.1 CARACTERIZAÇÃO..........................................................................01
• 1.2 ESTADO NUTRICIONAL................................................................01

2. CONDUTA DIETOTERÁPICA RECOMENDADA..........01


• 2.1 CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS..................01
• 2.1.1 PACIENTES QUE DEAMBULAM.............................................01
• 2.1.2 PACIENTES ACAMADOS............................................................03

3. RECOMENDAÇÕES......................................................................04

4. SUGESTÃO DE CARDÁPIO QUALITATIVO..........................05

5. SUPLEMENTAÇÃO.......................................................................06
• 5.1 GLUTAMINA.................................................................................06
• 5.2 MÓDULO DE PROTEINA ISOLADADE ORIGEM
ANIMAL..................................................................................................06
• 5.3 SUPLEMENTOS PARA DIABÉTICOS....................................07

6. RECEITAS DE SUCOS..................................................................07
• 6.1 SUCOS PARA TRATAR ANEMIA..........................................07
• 6.2 SUCOS PARA MELHORA DA IMUNIDADE......................07

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................07
• 7.1 IMUNONUTRIENTES..............................................................07
• 7.2 BALANCEAMENTO PROTEÍCO-ENERGÉTICO.............09

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 CARACTERIZAÇÃO
É tida como uma infecção aguda da pele envolvendo a derme e o subcutâneo, que
se caracteriza por febre, anorexia, calafrios, outros sintomas gerais, leucocitose e lesão
cutânea em placa eritematosa, edematosa e dolorosa. Dessa placa podem ter origem faixas
eritematosas ao longo do trajeto de vasos linfáticos (linfangites). Existe adenite satélite à
região comprometida. Vesículas e bolhas podem ser observadas - erisipela bolhosa. As
áreas comprometidas são em geral membros inferiores, face ou abdome (BRASIL, 2002).

1.2 ESTADO NUTRICIONAL


A reparação de um tecido exige um ambiente propicio para a formação de
colágeno, angiogênese e epitelização da ferida. Fatores sistêmicos e locais podem
interferir nesse processo como: idade, sexo, doenças oncológicas, insuficiência renal e
vascular, diabetes mellitus, baixa resistência, técnica de limpeza, infecção, cobertura
utilizada e o estado nutricional. A condição nutricional é um fator decisivo na evolução
do processo cicatricial devido à especificidade de elementos, como as proteínas que
favorecem a resposta inflamatória e a síntese de colágeno com a remodelação da ferida,
os carboidratos que fornecem energia aos leucócitos e fibroblastos, as gorduras que
reservam energia, as vitaminas A e C que promovem a linfocitose e a síntese de colágeno
e epitelização. A vitamina K que atua no processo da coagulação, o complexo B que
favorece a ligação do colágeno, o zinco que auxilia na proliferação celular epitelização
além de aumentar a resistência do colágeno, e o manganês, cobre e magnésio que
contribuem na síntese do colágeno (ALCANTRA; ALCANTRA, 2009).

2. CONDUTA DIETOTERÁPICA RECOMENDADA


2.1 CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS
2.1.1 PACIENTES QUE DEAMBULAM
Neste caso, como o paciente consegue manter-se de pé e deambular é realizada a
pesagem e tomada a medida da altura seguindo o mesmo protocolo usado para pessoas
sadias. Após tomada destes dados é realizado o cálculo do índice de massa corporal
(IMC), como mostrado a seguir:

IMC = P/A2 P = Peso (Kg)


A = Altura (m)
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Após calculado o IMC, este é classificado conforme os valores mostrados nas


tabelas abaixo.

Tabela 1. Classificação do estado nutricional segundo IMC para adultos.


Classificação IMC (Kg/m2)
Desnutrição < 18,50
Eutrofia 18,50 – 24,90
Sobrepeso 25,00 – 29,90
Obesidade I 30,00 – 34,90
Obesidade II 35,00 – 39,90
Obesidade III > 40,00
Fonte: WHO, 1997.

Tabela 2. Classificação do estado nutricional segundo IMC para idosos.


Classificação IMC (Kg/m2)
Desnutrição < 22,00
Risco de desnutrição 22,00 – 24,00
Eutrofia 24,00 – 27,00
Sobrepeso > 27,00
Fonte: WHO, 1997.

Mesmo sendo raros, podem ocorrer casos de erisipela em crianças. Desta forma,
o IMC é avaliado usando as curvas de crescimento da Organização Mundial de Saúde
(OMS) presentes no cartão da criança.
Calculado o IMC, pode-se dar inicio ao cálculo da taxa de metabolismo basal
(TMB), segundo as fórmulas abaixo:

Tabela 3. Estimativa de taxa de metabolismo basal segundo FAO/OMS (2004).


Idade (anos) Sexo Masculino Sexo Feminino
18 – 30 (15,057 x peso) + 692,2 (14,818 x peso) + 486,6
30 – 60 (11,472 x peso) + 873,1 (8, 126 x peso) + 845,6
≥ 60 (11,711 x peso) + 587,7 (9,082 x peso) + 658,5
Fonte: FAO/WHO/UNU.

Com o valor obtido é possível calcular o valor energético estimado do paciente


usando a fórmula do valor energético total simplificado, a seguir:

VET= TMB x NAF TMB= Taxa metabólica basal


NAF= Nível de atividade física
3
2.1.2 PACIENTES ACAMADOS
Pacientes acamados não têm a capacidade de levantar e/ou deambular
normalmente, logo, são calculados peso e altura estimados. O peso estimado é calculado
usando as seguintes fórmulas:

18 a 60 anos
Peso(homem/branco) = (AJ x 1,19) + (CB x 3,21) – 86,82
Peso(homem/negro) = (AJ x 1,09) + (CB x 3,14) – 83,72
Peso(mulher/branca) = (AJ x 1,01) + (CB x 2,81) – 60,04
Peso(mulher/negra) = (AJ x 1,24) + (CB x 2,97) – 82,48
Fonte: CHUMLEA et al., 1988.

Idosos
Peso(homem/branco) = (AJ x 1,10) + (CB x 3,07) – 75,81
Peso(homem/negro) = (AJ x 0,44) + (CB x 2,86) – 39,21
Peso(mulher/branca) = (AJ x 1,09) + (CB x 2,86) – 65,51
Peso(mulher/negra) = (AJ x 1,50) + (CB x 2,58) – 84,22
Fonte: CHUMLEA et al., 1988.

AJ= Altura do joelho (cm)


CB= Circunferência do braço (cm)

A altura estimada é calculada conforme as fórmulas abaixo:

18 a 60 anos
Altura(homem/branco) = 71,85 + (1,88 x AJ)
Altura(homem/negro) = 73,42 + (1,79 x AJ)
Altura(mulher/branca) = 70,25 + (1,87 x AJ) – (0,06 x IDD)
Altura(mulher/negra) = 68,10 + (1,87 x AJ) – (0,06 x IDD)
Fonte: KWOK; WRITELOW, 1991.

Idosos
Altura(homem) = 64,19 + (2,04 x AJ) – (0,04 x IDD)
Altura(mulher) = 84,88 + (1,83 x AJ) – (0,24 x IDD)
Fonte: KWOK; WRITELOW, 1991.

AJ= Altura do joelho (cm)


IDD= Idade (anos)
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Após calculados peso e altura estimados é obtida a necessidade estimada de


energia (NEE). Para adultos e idosos são usadas as seguintes fórmulas:

NEE para homens a partir de 19 anos de idade (IMC 18,50 – 25,00Kg/m2)


NEE= 662 – 9,53 x idade(anos) + AF x (15,91 x peso[Kg] + 539,6 x altura [m])

AF= 1,0 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,0 < 1,4 (sedentário)
AF= 1,11 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,4 < 1,6 (pouco ativo)
AF= 1,25 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,6 < 1,9 (ativo)
AF= 1,48 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,9 < 2,5 (muito ativo)
NEE para mulheres a partir de 19 anos de idade (IMC 18,50 – 25,00Kg/m2)
NEE= 354 – 6,91 x idade(anos) + AF x (9,36 x peso[Kg] + 726 x altura [m])

AF= 1,0 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,0 < 1,4 (sedentário)
AF= 1,11 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,4 < 1,6 (pouco ativo)
AF= 1,25 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,6 < 1,9 (ativo)
AF= 1,48 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,9 < 2,5 (muito ativo)
Homens com sobrepeso e obesos a partir de 19 anos (IMC≥ 25,00Kg/m2)
NEE= 1.086 – 10,1 x idade(anos) + AF x (13,7 x peso[Kg] + 416 x altura [m])

AF= 1,0 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,0 < 1,4 (sedentário)
AF= 1,11 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,4 < 1,6 (pouco ativo)
AF= 1,25 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,6 < 1,9 (ativo)
AF= 1,48 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,9 < 2,5 (muito ativo)
Mulheres com sobrepeso e obesas a partir de 19 anos (IMC≥ 25,00Kg/m2)
NEE= 448 – 7,95 x idade(anos) + AF x (11,4 x peso[Kg] + 619 x altura [m])

AF= 1,0 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,0 < 1,4 (sedentário)
AF= 1,11 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,4 < 1,6 (pouco ativo)
AF= 1,25 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,6 < 1,9 (ativo)
AF= 1,48 se NAF for estimado como sendo entre ≥ 1,9 < 2,5 (muito ativo)
Fonte: DRI; IOM, 2002.

3. RECOMENDAÇÕES
Levando em consideração as necessidades aumentadas, manutenção dos
processos metabólicos ocorrentes e prevenção da proteólise são consideradas as seguintes
recomendações:

Calorias* 30 – 35Kcal/Kg/dia
Carboidratos** 6 – 7g/Kg/dia (até 60% do NEE)
Proteínas* 1,2 – 1,5g/Kg/dia
Lipídeos** 0,7 – 1,0g/Kg/dia (até 30% do NEE)
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Vitamina C* 500 – 2000mg/dia
Vitamina A* 1600 – 2000mcg/dia
Vitamina E*** 8,5 – 10mg/dia
Zinco* 15 – 25mg/dia

*Recomendações semelhantes às usadas por pacientes acometidos com úlceras por


pressão do National Pressure Ulcer Advisory Panel.
**Recomendações semelhantes às usadas por pacientes acometidos por queimaduras.
***Recomendações segundo DRIS do Institute of Medicine.

4. SUGESTÃO DE CARDÁPIO QUALITATIVO

DESJEJUM

ALIMENTO QUANTIDADE
LEITE DE VACA INTEGRAL ENRIQUECIDO COM BANANA
Banana 1 unidade média
Leite de vaca integral em pó 2 colheres de sopa cheias
PÃO FRANCÊS COM OVO DE GALINHA INTEIRO
Pão francês 1 unidade média
Ovo de galinha inteiro 1 unidade média
Manteiga 1 colher de sobremesa rasa
LANCHE DA MANHÃ
ALIMENTO QUANTIDADE
MAMÃO ENRIQUECIDO COM SUPLEMENTO PROTEICO
Mamão in natura 1 fatia média
Seguir formulação do
Nutriprotein ou Nutriprotein Diabetic
fabricante
ALMOÇO
ALIMENTO QUANTIDADE
FEIJOADA SIMPLES
Feijão Cozido 1 concha pequena
ARROZ COZIDO COM COUVE E CENOURA
Arroz branco cozido com cenoura e couve 1 e ½ colher de porcionar
CARNE DE FRANGO GUISADA COM PIMENTÃO E CEBOLA*
Frango guisado com pimentão e cebola 1 colher de porcionar
SALADA DE VEGETAIS CRUS/COZIDOS
Salada do dia* 1 colher de porcionar
LARANJA in natura
6

Laranja 1 unidade
LANCHE DA TARDE
ALIMENTO QUANTIDADE
SUCO DE FRUTA ENRIQUECIDO COM
SUPLEMENTO PROTEICO ACOMPANHADO DE BISCOITOS
Suco de fruta do dia 1 copo (150ml)
Seguir formulação do
Nutriprotein ou Nutriprotein Diabetic
fabricante
Biscoito salgado ou doce 5 unidades
JANTAR
ALIMENTO QUANTIDADE
CUSCUZ RECHEADO COM FRANGO
Cuscuz com frango guisado 1 e ½ colher de servir
SUCO VERDE
Laranja 1 unidade média
Couve 1 folha de couve
Limão 1 unidade pequena
CEIA
ALIMENTO QUANTIDADE
MINGAU DE AVEIA
Leite de vaca integral em pó 2 colheres de sopa cheias
Aveia em flocos 3 colheres de sopa cheias
*Sem muitos temperos ou molhos a base de manteiga ou leite.

5. SUPLEMENTAÇÃO
5.1 GLUTAMINA
Suplementos a base de L-Glutamina grandes aliados nesses casos. A Glutamina é
um aminoácido presente em altas concentrações no corpo humano, porém em algumas
situações, como no caso de catabolismo protéico (perda de massa muscular acentuada),
torna-se essencial para consumo humano. O catabolismo protéico pode ser evidenciado
em algumas doenças, como na erisipela. A Glutamina é empregada como combustível
para as células do sistema imune e o intestino (enterócitos). Contribuindo para uma
melhora mais rápida do paciente.

5.2 MÓDULOS DE PROTEÍNA ISOLADA DE ORIGEM ANIMAL


Módulos protéicos a base de proteína animal (caseínato de cálcio, albumina)
oferecem aminoácidos de maior biodisponibilidade. Com a oferta de proteína de
qualidade biológica mais elevada têm-se uma melhor proliferação celular, cicatrização,
melhora de processos inflamatórios e da função imunológica do indivíduo.
7
5.3 SUPLEMENTOS PARA DIABÉTICOS
Existem no mercado, suplementos ricos em proteína e ácidos graxos de qualidade
adaptados para pacientes diabéticos. Como grande parte dos indivíduos acometidos por
erisipela convivem com essa doença crônica não transmissível é necessário que seja
ofertada uma quantidade adequada de carboidratos para que sua recuperação não seja
prejudicada pelas patologias transversais. Além de ofertar carboidratos e proteínas de
qualidade esses suplementos trazem consigo ácidos graxos (polinsaturas e
monoinsaturados) que também são essenciais na recuperação dos ferimentos destes
pacientes, e mantendo sua glicemia estável.

6. RECEITAS DE SUCOS
6.1 SUCOS PARA TRATAR ANEMIA
Para melhor recuperação do paciente é recomendada a oferta de alimentos ricos
em vitaminas e minerais, nesse caso, é interessante a oferta de vegetais ricos em ferro
como a beterraba e couve. Sabe-se que a vitamina C contribui na melhora da absorção do
ferro ingerido na dieta, logo a junção de vegetais ricos nessa vitamina com aqueles ricos
em ferro é de interesse neste tipo de conduta dietética.
Foi sugerido adoçar os sucos, quando necessário, com rapadura, pois a mesma tem
um considerável teor de ferro, complementando a receita.
- Beterraba, laranja e couve;
- Laranja, couve e limão.
Obs.: Adoçar com rapadura, caso necessário.

6.2 SUCOS PARA MELHORA DA IMUNIDADE


As vitaminas A e C tem função moduladora sobre o sistema imunológico. A oferta
de frutas e legumes ricos nelas auxilia na melhora do quadro clínico das pessoas
acometidas por essa patologia.
- Laranja e cenoura;
- Mamão e laranja;
- Cajú e laranja;
- Acerola e cenoura.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.1 IMUNONUTRIENTES
Determinados nutrientes tem a capacidade de modular a resposta imunológica e,
consequentemente, inflamatória. Os mais conhecidos são: arginina, glutamina, ácido
graxo n-3 e nucleotídeos (MARIANO, 2011). Nesta conduta dietoterápica foram
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incluídos: glutamina, vitaminas C, E, A e algumas do complexo B. Além dos minerais:


zinco, ferro, cobre e selênio.
A glutamina foi levada em consideração nesta conduta pois, possui papel
importante no transporte de nitrogênio e na manutenção do equilíbrio ácido-base. Além
disso, participa da divisão celular (como de linfócitos) e nos mecanismos de defesa
antioxidantes. Suplementar glutamina em dietas para pacientes críticos contribui para
diminuir o tempo de internação e custos hospitalares, melhorar o balanço nitrogenado,
manter a permeabilidade seletiva das membranas celulares e acelerar a recuperação de
enterócitos e linfócitos (MARIANO, 2011).
A vitamina C deve ser incluída neste tido de conduta pois, possui papel na
reciclagem e reativação da vitamina E e também apresenta implicações mais diretas na
imunidade, uma vez que atua na mobilização de macrófagos proliferação de células B e
T e a função fagocítica de macrófagos. Bem como a vitamina C, a vitamina A atua na
manutenção da função imune, por participar da produção e secreção de IgA, da produção
de muco (um componente do sistema imune inato) e da queratinização do epitélio
secretor. Modula a ativação de células B normais e a produção de citocinas e de
anticorpos, quando é ligada a remanescentes de quilomícrons. O caroteno, que é seu
precursor, mostrou melhorar a produção de células T e B em animais (MARIANO, 2011).
As vitaminas do complexo B também atuam na imunidade pois, são fundamentais
na produção e uso de energia, atuando como cofatores enzimáticos em várias etapas do
ciclo de Krebs. Como a doença associa-se a anorexia, aumento do metabolismo e
catabolismo, a suplementação destas vitaminas é recomendável nessas situações
(MARIANO, 2011).
A vitamina E, juntamente com o selênio, compartilha uma relação única por meio
de interações envolvendo a enzima antioxidante glutationa peroxidase e essas interações
influenciam direta e indiretamente a imunidade por meio de combinações de suas funções
antioxidantes. Além da capacidade antioxidante da glutationa peroxidase, tem sido
atribuída alterações na imunidade por agir na diferenciação de linfócitos, transdução de
sinal e regulação de citocinas pró-inflamatórias, tais como leucotrienos, tromboxanos e
prostaglandinas (SURAI, 2002; SURAI, 2003).
A vitamina K que atua no processo da coagulação, o complexo B que favorece a
ligação do colágeno, o zinco que auxilia na proliferação celular epitelização além de
aumentar a resistência do colágeno (ALCANTRA; ALCANTRA, 2009).
O zinco é um cofator importante para várias enzimas envolvidas no metabolismo
celular. Contribui na regulação da população de células de CD4 (Th) e CD8 (T-
supressores), agindo diretamente nos mitógenos e na atividade das células natural killer,
além participar da quimiotaxia de monócitos e neutrófilos (MARIANO, 2011).
O ferro deve ser levado em consideração nestes casos, pois desempenha um papel
de destaque no transporte de oxigênio e nas vias de oxidação-redução de muitos sistemas.
Está intimamente associado à desnutrição, como resultado de perdas excessivas, o que é
comum em pacientes acometidos por erisipela. Uma situação de equilíbrio negativo de
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ferro pode levar a diminuição da concentração de hemoglobina no sangue e ao
aparecimento de anemia microcítica hipocrômica. Células linfoides exigem ferro para a
divisão celular, transporte de elétrons e para as reações de oxidação-redução. Em células
do sistema imunológico o ferro é transportado ligado à transferrina. Anomalias na
morfologia celular e função dos glóbulos vermelhos e brancos devido a baixas
concentrações de ferro estão associadas com a redução da resposta de células T a
mitógenos, redução da produção de linfocinas por células T, reduzida produção de
anticorpos e atividade fagocítica, aumentando a chance de infecções (MARIANO, 2011).
O cobre, bem como os demais minerais já citados, é importante para a geração de
anticorpos (IgG), para a imunidade mediada por células e para a geração da resposta
inflamatória (MARIANO, 2011). Sua deficiência de cobre ocasiona redução do número
de linfócitos circulantes, da produção de anticorpos e do poder fagocitário, além de causar
atrofia do timo e menor produção de citocinas (BAINES & SHENKIN, 2002).

7.2 BALANCEAMENTO PROTEÍCO-ENERGÉTICO


Ferimentos têm a capacidade de causar inúmeras alterações metabólicas no
organismo, sendo estas proporcionais ao seu grau de acometimento, desencadeiam
processos catabólicos aumentando as necessidades nutricionais do indivíduo. As
proteínas são fundamentais no processo de cicatrização de ferimentos, participando da
recuperação dos tecidos nas fases inflamatória, proliferativa e de remodelação,
desempenhando a função de substrato e mediador inflamatório. Diversos estudos
associam aminoácidos são essenciais no processo de cicatrização de feridas, entre os
quais, arginina, glutamina, cisteína e metionina (MONTENEGRO, 2012). Os
aminoácidos citados são encontrados, em abundância, em fontes alimentícias de origem
animal.
Recomenda-se durante um processo de cicatrização oferecer um aporte médio de
1,5 a 1,8 g/ kg/dia com a adição de cerca de 15 g de arginina. Diversos estudos
experimentais e clínicos com homens sadios demonstraram como este aminoácido
ramificado é capaz de estimular a função imunológica e aumentar a produção de
colágeno, provavelmente, devido a qualidade do precursor, que estimula a produção de
prolina e hidroxiprolina (BOTTONI et al., 2011).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Cicatrização de lesões causadas por 22/05/2018.
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