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semioeasy:
Apostila de semiologia médica com resumos de todos os sistemas
do corpo. Material completo, referenciado e ilustrado com imagens
e esquemas.
AUTORIA
CONSIDERAÇÕES
Anne Marques
APOSTILA DE SEMIOLOGIA MÉDICA
I. ANAMNESE 1
Exame ocular 17
Exame auditivo 24
Exame nasal 29
Exame bucal 31
V. EXAME PULMONAR 52
Asma x DPOC 60
Síndromes pleuropulmonares 66
Exame da hipófise 77
Exame da tireoide 84
Exame das adrenais 94
Diabetes mellitus 100
Dermatites 141
Micoses superficiais 147
Tumores cutâneos 153
Anamnese significa trazer de volta à mente todos • Deixar o pacientar falar, livre e
os fatos relacionados com a doença e o paciente; espontaneamente e, assim, o médico se limita
a ouvi-lo, sem que sua presença não exerça
Tem como objetivo conhecer o paciente e a causa
influência inibidora ou coercitiva;
de sua doença através de uma entrevista médica;
• Outra maneira, é quando o médico tem um
Se bem feita, culmina em decisões diagnósticas e
esquema básico e conduz a entrevista. Essa
terapêuticas corretas. Se mal feita, em
técnica exige rigor técnico do médico e ele
contrapartida, desencadeia várias consequências
deve ter cuidado para que não se deixe levar
negativas;
por ideias preconcebidas;
• Outra maneira é o médico deixar que o
paciente relate suas queixas para depois
• Estabelecer condições para uma adequada
conduzir a entrevista.
relação médico-paciente;
• Conhecer, por meio da identificação, os Paciente informado ou expert
determinantes epidemiológicos que
Com a capacidade do paciente obter informações
influenciam o processo saúde-doença de cada
sobre sintomas, doenças e tratamentos, surge
paciente;
um novo tipo de entrevista chamado de
• Fazer a história clínica, registrando, detalhada
“anamnese dialogada”. Assim, a anamnese é feita
e cronologicamente, os problemas de saúde do
através de um diálogo amparado nas informações
paciente;
trazidas pelos pacientes e nos conhecimentos
• Registrar e desenvolver práticas de promoção científicos do médico.
da saúde;
• Avaliar o estado de saúde passado e presente Espírito preconcebido: É um erro técnico que deve
do paciente, conhecendo os fatores pessoais, ser evitado, pois pode ser uma tendência natural
familiares e ambientais que influenciam seu do examinador.
processo saúde-doença;
• Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem
como suas condições socioeconômicas e • É no primeiro contato que se encontra a
culturais; melhor oportunidade para criar uma boa
• Avaliar de maneira clara os sintomas de cada relação médico-paciente;
sistema corporal. • Cumprimente o paciente, pergunte o nome
dele e se apresente;
• Não utilize termos como “vovô”, “vozinha” para
• A anamnese pode ser conduzida de três os seus pacientes idosos;
maneiras:
Capítulo 1 2
• Hepatopatia; • Vacinas;
• Hipotireoidismo; habitação);
• Neoplasia; • Evacuações/micções;
- “Alimentação quantitativa e
qualitativamente adequada”
- “Reduzida ingesta de fibras”
• “Insuficiente consumo de proteínas, com
alimentação à base de carboidratos”
- “Consumo de calorias acima das
necessidades”
- “Alimentação com alto teor de gorduras”
- “Reduzida ingesta de verduras e frutas”
- “Insuficiente consumo de proteínas sem
aumento compensador da ingestão de
carboidratos”
- “Baixa ingestão de líquidos”
- “Reduzida ingesta de carboidratos”
- “Reduzido consumo de gorduras”
- “Alimentação puramente vegetariana”
- “Alimentação láctea exclusiva”
História familiar:
Interrogatório sistemático:
í
Também chamado de somatoscopia ou A manutenção de bom estado geral pode estar
ectoscopia, é a obtenção de dados gerais através associada a uma doença grave, isso vai indicar uma
da observação dos segmentos corporais do boa capacidade de reação do organismo, o que
paciente; tem, inclusive, valor prognóstico;
Orientação de espaço:
- Onde você está agora?
- Que cidade/bairro estamos?
Atenção: pergunte qual o nome do paciente, a sua O índice de massa corporal (IMC) é o indicador de
idade e como é o nome do seu acompanhante; estado nutricional mais utilizado, no entanto, ele
não distingue massa gordurosa de massa magra;
Memória: peça que ele grave três palavras e
analise se sua memória está curta ou longa; Deve-se ainda estar atento ao
biotipo do paciente, pois, este parâmetro tem
Conteúdo do pensamento: observe se o seu influência na distribuição do tecido adiposo;
pensamento é pobre (repetitivo), paranoico,
persecutório, hipocondríaco ou se contém alguma O IMC considerado ideal para homens é 22 kg/m2
Peso:
Capítulo 2 8
Atitudes voluntárias:
Fácies mixedematosa: caracterizada por um Fácies downiana: caracterizada por uma prega
rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele cutânea (epicanto) que torna os olhos oblíquos,
seca, espessada e com bem distantes um do
acentuação de seus outro, rosto redondo,
sulcos, pálpebras boca quase sempre
infiltradas e enrugadas, entreaberta e uma
supercílios escassos, expressão fisionômica
cabelos secos e sem de pouca inteligência. É
brilho, expressão observada na Síndrome
fisionômica indicativa de Down;
de desânimo e apatia.
Esse tipo de fácies aparece no hipotireoidismo ou Fácies do deficiente mental: caracterizada por
mixedema; traços faciais apagados e grosseiros, boca
entreaberta, às vezes com salivação,
Fácies acromegálica: caracterizada pela saliência hipertelorismo (má formação congênita
das arcadas supraorbitárias, proeminência das caracterizada pelo afastamento excessivo dos
maçãs do rosto e maior desenvolvimento do olhos), estrabismo, olhar desprovido de objetivo,
maxilar inferior, além do aumento do olhos não se fixam em algo, meio sorriso sem
tamanho do nariz, lábios, movimentação;
língua e orelhas. Nesse
conjunto de estruturas Fácies de depressão: caracterizada pela
hipertrofiadas, os olhos expressividade do rosto, cabisbaixo, olhos pouco
Tipos e fluxos:
A) Circulação colateral tipo cava superior,
restrita ao tórax;
B) Circulação colateral tipo cava superior,
incluindo as veias do tórax e da parede
abdominal;
C) Circulação colateral tipo porta;
D) Circulação colateral tipo cava inferior.
A) B)
C) D)
ç ç
Olhos jamais devem ser examinados como órgãos • Lacrimejamento;
isolados... Problemas oculares podem • Xeroftalmia (sensação de olho seco);
manifestar-se me outros locais, bem como • Xantopsia (visão amarelada);
doenças sistêmicas podem apresentar
• Hemeralopia e nictalopia (cegueira diurna e
complicações oftalmológicas. noturna. respectivamente): A hemeralopia
resulta de disfunção dos cones, enquanto a
nictalopia resulta de uma disfunção dos
Algumas afecções oculares ocorrem com mais
bastonetes;
frequência em determinadas idades e sexos, por
• Alucinações visuais;
isso a identificação é sempre importante no
• Amaurose (diminuição ou perda da visão);
raciocínio diagnóstico;
• Diplopia (visão dupla): é importante observar
A profissão deve ser sempre valorizada, pois
se a diplopia é constante ou intermitente, se
alguns tipos de trabalho favorecem o
ocorre em certas posições do olhar ou a
aparecimento de certas afecções, por exemplo,
determinadas distâncias ou se é monocular ou
pessoas que trabalham em ambientes fechados
binocular;
e empoeirados têm maior tendência para
• Fotofobia (sensibilidade ou intolerância à luz);
apresentar blefarite e
• Nistagmo (movimento involuntário dos olhos);
conjuntivite;
• Escotoma (área de cegueira parcial ou total):
Os hábitos alimentares têm importante papel nas Os escotomas podem ser unilaterais ou
afecções carenciais, como a avitaminose A, que bilaterais e devem ser investigados quanto a
causa olho seco; posição, forma, tamanho,
podem conduzir à diminuição da acuidade visual Apesar do stress emocional ser uma causa
por lesão desmielinizante do nervo óptico. frequente de transtornos psicossomáticos, e
sendo as alterações visuais uma de suas
manifestações... Lembre-se!
• Sensação de corpo estranho;
Este sempre será um diagnóstico de exclusão!
• Queimação ou ardência;
• Dor ocular;
• Cefaleia: geralmente é localizada na região
frontal e se manifesta no fim do dia Globo ocular: na inspeção deve-se observar a
separação entre as duas cavidades orbitárias. Um
• Prurido (coceira);
grande afastamento está presente em diversas
Capítulo 3
18
pois isto pode provocar distorção na imagem com ou amarelo-pálida e de tamanho variável. Os
diminuição da acuidade visual. Se o paciente usar vasos retinianos projetam-se radialmente a
óculos, a acuidade visual deve ser avaliada com a partir do disco óptico, com a veia acompanhando
correção óptica; a artéria na maioria das vezes. A visualização
direta permite diferenciá-los entre artérias e
O método mais usado é a Tabela de Snellen,
veias. Lateralmente, no mesmo plano horizontal
ficando o paciente sentado a 20 pés (6m) de
do disco óptico, identifica-se a mácula de
distância dela. A
coloração rosa-pálida e com pequena
acuidade visual normal
área vermelho-escura central (fóvea).
por convenção 20/20.
Se um paciente
consegue ler 20/20
significa que a 20 pés o
paciente tem
capacidade de enxergar
o que um paciente
normal deveria
enxergar a 20 pés e,
desta maneira, 20/60
significaria dizer que o
paciente enxerga a 20 pés o que um paciente
Cristalino: Opacidades lenticulares (catarata)
normal estaria enxergando a 60 pés, portanto, o
formam manchas negras no reflexo vermelho. A
registro de uma visão pior;
ausência do reflexo vermelho pode ocorrer por
A avaliação da acuidade visual indica a função da posicionamento inadequado do oftalmoscópio,
fóvea, área da retina responsável pela melhor catarata e hemorragia vítrea. Descolamento de
acuidade visual. retina, retinoblastoma e coriorretinite podem
apresentar reflexo branco.
• Hemorragias:
• Derrames sub-retinianos: apresentam-
se sob a forma de áreas escuras, elevadas,
simulando tumor melanótico.
• Hemorragias mais superficiais: são lesões
focais, de margens borradas e cor vermelha.
• Microaneurismas: cor vermelha, bordas bem-
definidas, não são reabsorvidos, podendo Retinopatia diabética
ocorrer em grupos. O grau de descontrole metabólico e o tempo de
• Hemorragias em chama de vela: ocorrem na evolução da doença são fatores importantes no
camada nervosa da retina; cor vermelha, desenvolvimento das complicações oculares do
presença de estrias. diabete melito (DM). A retinopatia diabética é
• Hemorragia pré-retiniana: apresentam dividida em retinopatia diabética não
formato de meia-lua, com nível líquido na proliferativa (RDNP) e retinopatia diabética
porção superior. proliferativa (RDP), sendo a última a de pior
• Manchas de Roth: pequenos focos prognóstico com maior risco de dano ocular
hemorrágicos com área clara central. São irreversível;
encontrados na endocardite bacteriana e na
• Não proliferativa: presença de
leucemia.
microaneurismas, hemorragias retinianas
Retinopatia hipertensiva puntiformes, hemorragias em chama de vela,
exsudatos duros, exsudatos algodonosos,
Os vasos retinianos, diferentemente do restante
edema retiniano e veias em rosário. É o
do organismo, não possuem inervação
primeiro estágio da retinopatia diabética.
autonômica, estando mais suscetíveis ao dano
Quanto mais graves as alterações, maior a
causado pela sobrecarga pressórica. Entre as
chance de evolução para RDP.
alterações arteriolares, o estreitamento vascular
é um achado precoce. Na fase crônica, a presença
de tortuosidade aumentada, estreitamentos
focais ou generalizados e aumento do reflexo
dorsal são indicativos de arterioloesclerose.
Exsudatos algodonosos e transudatos
periarteriolares (áreas esbranquiçadas de
Capítulo 3
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Teste de Rinne
Permite comparar a audição por via óssea e via
aérea. O diapasão é colocado na apófise da
mastoide do paciente até o desaparecimento da
Membrana timpânica com perfuração central.
percepção sonora, em seguida é colocado na
região anterior ao trago sem tocá-lo;
Palpação: é útil para avaliar a presença de
tumorações, linfonodos, cistos, abscessos,
hematomas, fístulas ou malformações dos arcos
branquiais;
Teste de Weber
Esse teste permite a comparação das vias
ósseas. O diapasão vibrando é colocado na linha
média do crânio do paciente;
Teste de Romberg
A) Ilustração de perda condutiva em orelha
Teste de função vestibular, serve para avaliar p
esquerda, ou seja, paciente com queixa de
reflexo vestibuloespinal, as conexões do tronco
hipoacusia em orelha esquerda e Weber
encefálico e o cerebelo;
lateralizando para a esquerda.
B) Teste sem lateralização;
Capítulo 3
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- Ao exame físico, membrana com perda de relativamente simétrica, não sendo evolutiva,
transparência ou presença de líquido em após cessação definitiva da exposição ao ruído
orelha média.
Presbiacusia: diminuição auditiva por alterações
Otite média crônica: inflamação da orelha média degenerativas associadas ao envelhecimento.
com duração superior a 3 meses, caracterizada Costuma iniciar-se a partir dos 55 anos, evoluindo
histopatologicamente como processo de forma lenta e progressiva;
inflamatório com alterações teciduais
Otosclerose: Hipoacusia causada por crescimento
irreversíveis;
anormal no osso que imobiliza progressivamente
Pode ser classificada em: o estribo (ossículo mais interno do ouvido médio);
Outras doenças
Trauma sonoro: Doença ocupacional caracterizada
por alteração coclear irreversível devido à
exposição a níveis sonoros elevados. Uma vez
instalada é irreversível, bilateral, simétrica ou
Capítulo 3
29
(seios paranasais, rinofaringe, tuba auditiva); Inspeção: Analisa-se a pirâmide nasal, para
• Rinofima: afecção do nariz que se caracteriza detectar dismorfias, distúrbios de
por um aspecto inchado, bulboso e grosseiro, desenvolvimento e desvios; sinais
causado por uma infiltração granulomatosa sugestivos de processos infecciosos: hiperemia,
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Rinites
Inflamação da mucosa de revestimento do nariz,
caracterizada por obstrução nasal, rinorreia,
espirros, prurido e hiposmia;
Rinoscopia anterior: Com um espéculo nasal
apropriado e de tamanho adequado para cada Pode ser classificada em infecciosas (viral,
paciente, promove-se a lateralização da asa do bacteriana, fúngica), alérgicas, não alérgicas
nasal para permitir melhor visão do interior da (induzidas por medicamentos, hormonais,
cavidade nasal. idiopática, neurogênica, eosinofílica não alérgica,
atrófica, induzida por refluxo gastresofágico) e
- Observar o assoalho da cavidade nasal e se há
outras (ocupacional, mista, alérgica local).
secreções ou lesões; a concha inferior
(coloração da mucosa, hipertrofia, Hiperplasia adenoideana
degenerações polipoides), concha média e Aumento das tonsilas faríngeas que causa
meato médio (local em que ocorre drenagem obstrução nasal;
das secreções provenientes dos seios frontal,
Em sua forma crônica promove a mudança do
maxilar e etmoidal anterior) ; medialmente,
padrão respiratório, apresentando uma fácies
septo nasal (deformidades, perfurações,
adenoideana e causando desvios craniofacial e
ulcerações e abaulamentos).
dentário, além de maior frequência de infecções
Rinoscopia posterior: com a língua apoiada no das vias respiratórias e distúrbios de sono;
assoalho da boca e assim mantida com auxílio de
abaixador de
língua, introduz-se o espelho de laringe pequeno,
em direção à parede posterior da orofaringe até
ultrapassar os limites do palato mole.
Idade: as faringotonsilites virais correspondem a Inspeção: avaliar higiene bucal, condição dos
75% dos casos de infecção das vias aéreas em dentes (conservação e ausência), presença de
crianças menores de 2 anos. Já a mononucleose lesões (úlceras, aftas e monilíase (“sapinho”),
infecciosa ocorre, em geral, na segunda ou além de avaliar a presença de tártaro;
terceira década de vida;
Solicita-se ao paciente manter a língua dentro da
Profissão: profissionais que têm contato com boca, de forma relaxada. Deve-se analisar a
crianças em idade pré-escolar, escolar e pré- orofaringe, as tonsilas palatinas, os arcos
adolescente, a incidência de faringotonsilites é palatoglossos e os palatofaríngeos.
maior; Observa-se primeiramente o tamanho da língua e
sua relação com o palato mole.
Hábitos de vida: podem tornar os quadros de
faringotonsilites mais frequentes, destacando-se As tonsilas devem ser avaliadas quanto ao
ambientes confinados ou tamanho, simetria, presença de exsudato ou
não ventilados, convívio com tabagistas, caseum, tamanho das criptas, ulcerações,
frequentar escolas e/ou berçários cada vez mais tumores ou abaulamentos.
cedo.
Dispneia;
Tosse;
í
Dor torácica: O senhor sente alguma dor ou
desconforto no peito? – Caracterizar quanto à
Idade: nas crianças e jovens predominam as
localização, duração, intensidade, irradiação,
anomalias congênitas. Já a doença de Chagas e a
sintomas associados, fatores de melhora ou
hipertensão arterial são mais frequentes dos 20
piora, medicamentos, evolução, situação atual;
aos 50 anos de idade;
Edemas: Caracterizar quanto à localização,
Sexo: lesões mitrais, como estenose e prolapso da
temperatura, dor;
valva mitral ocorrem mais em mulheres jovens,
enquanto aterosclerose coronária predomina nos Palpitações: Sente o coração batendo, pulando ou
homens até os 45 anos de idade; acelerando? As palpitações devem ser analisadas
quanto a frequência, ritmo, horário de
Cor: a hipertensão arterial é mais frequente nos
aparecimento, modo de instalação e
negros e costuma apresentar uma evolução
desaparecimento, isto é, se têm início e término
clínica mais grave;
súbitos. Deve-se indagar, também, quanto ao uso
Profissão: existem profissões que exigem grande
de chá, café, refrigerantes à base de cola, tabaco
esforço físico e podem contribuir para
e drogas, principalmente cocaína e anfetaminas.
insuficiência cardíaca;
As palpitações podem ser de três tipos:
Naturalidade e procedência: se relacionam com • Palpitações de esforço;
regiões endêmicas de Doença de Chagas; • Alterações do ritmo cardíaco;
Antecedentes pessoais: infecções • Transtornos emocionais.
estreptocócicas, lesões orovalvares de etiologia
Dispneia: Sente falta de ar, fôlego curto,
reumática, alimentação rica em lipídios e o risco
respiração difícil? Geralmente, a dispneia em
de aterosclerose, lesões renais e o risco de
paciente com uma cardiopatia indica congestão
hipertensão arterial, perturbações emocionais e
pulmonar e deve ser caracterizada quanto ao
manifestações cardiovasculares de ansiedade
esforço e postura e se o paciente chegou a usar
e/ou depressão.
inalação;
Hábitos de vida: tabagismo, o alcoolismo e o
• Dispneia de esforço: pode ser aos grandes,
sedentarismo, relacionados com o aparecimento
médios e pequenos esforços;
de aterosclerose e hipertensão arterial.
• Ortopneia: surge quando o paciente se deita e
Sinais e sintomas ocorre devido ao aumento da congestão
Na anamnese, é necessário avaliar sintomas pulmonar pelo maior afluxo de sangue
comuns que causam preocupação, fazendo proveniente dos membros inferiores.
perguntas, como: Geralmente esse paciente dorme com vários
travesseiros, podendo chegar a adotar até a
posição semissentada para dormir;
Capítulo 4
34
• Dispneia paroxística noturna: consiste no fato para que o ventrículo possa fazer uma boa
de o paciente acordar com intensa dispneia, ejeção do sangue para os tecidos periféricos e
sufocação, tosse seca e opressão avaliar a complacência e a pressão diastólica
torácica, sendo obrigado a sentar-se na beira na aorta;
do leito ou levantar-se da cama. Durante a
Frequência cardíaca: informa como que está o
crise dispneica, pode haver broncoespasmo,
coração, tanto do ponto de vista patológico, como
responsável pelo aparecimento de sibilos, cuja
do ponto de vista fisiológico;
causa provável é a congestão da mucosa
brônquica. Nessas condições, costuma ser Inspeção geral
chamada de asma cardíaca.
Tipos de tórax:
• Dispneia de Cheyne-Stokes: períodos de
• Normal;
apneia, seguidos de movimentos respiratórios,
• Em tonel ou globoso: aumento exagerado do
superficiais a princípio, mas que se tornam
diâmetro anteroposterior, horizontalização
cada vez mais profundos, até chegar a um
dos arcos costais e abaulamento da coluna
máximo. Quando isso acontece, o paciente
dorsal, o que torna o tórax mais curto. Comum
apresenta-se em estado de torpor, sonolento
em enfisematosos do tipo PP (soprador
ou inconsciente, as pupilas se contraem
rosado);
(miose), podendo aparecer cianose ao término
• Infundibuliforme (pectus excavatum):
da fase de apneia.
depressão na parte inferior do esterno e
• Tosse: sintoma frequente na insuficiência
região epigástrica de natureza congênita;
ventricular esquerda, costuma ser seca e
• Cariniforme (pectus carinatum): o esterno é
está associada à congestão pulmonar, por isso
proeminente e as costelas horizontalizadas,
sempre é acompanhada de dispneia. Já no
resultando em um tórax que se assemelha ao
edema pulmonar agudo, a tosse acompanha-
das aves (tórax de pombo). Pode ser de
se de expectoração espumosa de cor rósea.
origem congênita ou adquirida devido a
raquitismo na infância;
Pressão arterial: É a força exercida pelo sangue • Cifótico: curvatura da coluna dorsal, formando
sobre as paredes dos vasos que pode sofrer uma gibosidade. Pode ser de origem congênita
das atividades e das situações em que ele se como de tuberculose óssea, osteomielite ou
encontra; neoplasias;
dos tecidos e está relacionada com o trabalho desvio da coluna vertebral para o lado
encontram dilatados), no colapso periférico com Edema de MMII: Numa patologia do coração
diminuição do volume minuto, ou pode depender (central), geralmente, o edema é bilateral. No
de obstáculo na circulação de retorno, como entanto, quando é uma patologia circulatória
ocorre na flebite ou na flebotrombose; periférica, o edema pode ser unilateral;
• Tibial posterior;
Abaulamento
Para facilitar o reconhecimento de abaulamento,
a observação deve ser feita em incidência
tangencial, (examinador de pé do lado direito do
paciente) e incidência frontal (examinador fica
junto aos pés do paciente, que permanece
deitado). Abaulamento desta região pode indicar a
Dermatite ocre: ocorre devido à hipertensão ocorrência de aneurisma da aorta, cardiomegalia,
venosa causada pela Insuficiência Venosa. Devido derrame pericárdico e alterações da própria caixa
ao mau funcionamento das veias o sangue fica torácica
represado na parte inferior da perna
Ictus cordis
aumentando a pressão local. Isso pode levar a um
extravasamento de sangue e acúmulo de um Também chamado de impulso cardíaco apical ou
Inspeção e palpação
Inspeção: O exame se inicia com inspeção da
região, estando o paciente em decúbito dorsal,
com cabeceira elevada a cerca de 30 graus. O
Técnica: o paciente deve estar em decúbito dorsal
examinador deve ficar à direita do paciente e
com o tórax descoberto. O examinador deve ficar
deve observar o tórax do paciente, investigando
à direita do paciente e estender a mão direita
abaulamentos, análise de ictus cordis, análise de
para palpar a região anteroinferior esquerda do
batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis e
tórax com a palma dos dedos, procurando a região
pesquisa de frêmito cardiovascular;
do choque de ponta. Ao encontrar, o examinador
Palpação: inicialmente, toda a face palmar da mão deve colocar a palma de uma ou duas polpas
é utilizada sobre o precórdio, procurando por digitais sobre o ictus, a fim de determinar suas
movimentos, choques valvares, frêmitos e já características;
analisando as suas características, tais como
intensidade e situação no ciclo cardíaco. Nos casos
Capítulo 4
37
• Situação no ciclo cardíaco (se diastólico ou
sistólico);
• Intensidade (avaliada em cruzes de + a
++++);
esquerda, o dorso e o pescoço precisam ser xifoide, ligeiramente para esquerda. No entanto, o
Semiotécnica:
Estetoscópio: O receptor de campânula é mais
sensível aos sons de menor frequência. O
receptor de diafragma dispõe de uma membrana
semirrígida e é mais adequado para a ausculta em
geral.
ventricular; B4 (TU-TUM-TÁ):
• Coincide com o início da diástole, sendo gerado pela desaceleração do fluxo de sangue
válvula aórtica (A2) e depois da pulmonar (P2); atrial contra a massa sanguínea existente no
interior do ventrículo esquerdo, no final da
• É mais intenso em foco aórtico e pulmonar,
diástole;
sendo o timbre mais agudo e seco (TÁ). O
componente aórtico é auscultado em toda a • Representa uma contração atrial contra um
• Fluxo que passa por irregularidade valvar ou de sangue para o átrio quando o ventrículo
ê í
Quando o coração tem uma dificuldade de
ajustar o seu débito cardíaco para as demandas
Determinantes do débito cardíaco:
periféricas de oxigênio e nutrientes isso significa
• Pré-carga: representa o volume de trabalho
que ele tem uma insuficiência cardíaca;
imposto ao coração antes da contração
(pressão diastólica final);
Conceito de insuficiência
- O aumento da força de contração que
Síndrome clínica complexa de caráter sistêmico,
acompanha o aumento no volume
definida como disfunção cardíaca que ocasiona
diastólico final do ventrículo é chamado
inadequado suprimento sanguíneo para atender
de Mecanismo de Frank Starling;
as necessidades metabólicas tissulares, na
• Contratilidade: capacidade do coração para
presença de retorno venoso normal, ou fazê-lo
alterar sua força de contração sem alterar
somente com elevadas pressões de
o comprimento diastólico;
enchimento.
• Frequência cardíaca: regularidade com que o
sangue é ejetado do coração. À medida que
a frequência cardíaca aumenta, o débito
Insuficiência cardíaca esquerda: a falência na
cardíaco tende a aumentar e à medida que
bomba resulta em baixo débito periférico do
a FC aumenta, o tempo gasto na diástole é
ventrículo esquerdo e o comprometimento da
reduzido e há menos tempo para o
circulação sistêmica. Com uma fração de ejeção
enchimento dos ventrículos.
baixa (volume sistólico baixo), ao contrair o
VDF – VSF = Volume sistólico (ejetado) pulmonar e edema. Assim como, derrame
Capítulo 4
44
pleural pelo aumento da pressão hidrostática aumentar o débito cardíaco para superar a
nas vênulas da pleura. pós-carga. Com esse aumento compensatório
da pré-carga, o coração vai dilatando;
Insuficiência cardíaca direita: com a falência do
ventrículo direito, ocorre um baixo débito para o
pulmão, ou seja, o pulmão irá receber menos
sangue, fazer menos hematose, resultando em
menor retorno venoso para o ventrículo
esquerdo, menor pré-carga do ventrículo
esquerdo e congestão dos tecidos periféricos
(congestão periférica);
aparelho respiratório ou com influência sobre ele, ele exerce atividade em ambiente fechado ou ao
como atrésia do esôfago, fístulas que condicionam ar livre;
• Qual a característica dor? (em aperto, pulsátil, Expectoração: deve ser caracterizado quanto ao
lancinante); volume, cor, odor, transparência e consistência;
• Quais são os fatores de melhora ou piora?
- O escarro pode ser seroso (rico em água,
• Como evolui a dor? Há períodos
eletrólitos e proteínas e pobre em células),
assintomáticos?
mucoide (rico em água, mucoproteínas e
• A dor é associada a outros sintomas? (febre,
pobre em células), purulento (rico em piócitos
vômito, diarreia, náuseas).
e células) e hemoptoico (composto por “rajas
Rinorreia: coriza que deve ser caracterizada de sangue);
quanto ao aspecto (hialina ou purulenta), cor da
Hemoptise: eliminação de sangue pela boca,
secreção (verde, amarela, rósea), tempo de
passando através da glote devido ao sangramento
duração, sintomas associados;
de vias aéreas inferiores, logo após tosse. Pode
Soluços: podem fazer parte de síndromes estar relacionada a hemorragias brônquicas ou
respiratórias, mas vai depender dos sintomas alveolares. Deve ser definido o volume (rajas de
associados; sangue, moderado volume, grande volume),
tempo de duração, sintomas associados;
Tosse: pode ser causada por estímulos
inflamatórios (hiperemia, edema, secreções e Epistaxe: sangramento nasal que pode estar
ulcerações), mecânicos (poeira, corpo estranho, associado a rinite, sinusite, fragilidade capilar;
mudança da pressão pleural), químicos (gases
Vômica: eliminação pela glote de uma quantidade
irritantes) e térmicos (frio ou calor excessivo);
abundante de pus ou líquido de outra natureza,
• Deve ser caracterizada quanto à frequência, proveniente do abdome ou do tórax. Na maioria
intensidade, tonalidade, presença ou não de das vezes origina-se de abscessos ou cistos;
Capítulo 5
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Dispneia: será subjetiva quando percebida apenas manifesta por um ruído (estridor) e tiragem (uso
pelo paciente e objetiva quando evidenciar dos músculos intercostais para auxiliar a
manifestações ao exame físico. Pode ser respiração).
classificada em dispneia aos grandes, médios e
• O paciente, para facilitar a entrada de ar,
pequenos esforços e dispneia de repouso;
desloca a cabeça para trás em extensão
• Ortopneia: dispneia que impede o paciente de forçada;
ficar deitado e o obriga a sentar-se ou a ficar
de pé para obter alívio;
• Dispneia paroxística noturna: dispneia que
Para realizar o exame físico do aparelho
ocorre enquanto o paciente está dormindo e
acorda bruscamente com falta de ar; respiratório, é necessário um ambiente adequado,
calmo, com boa iluminação e silencioso;
• Platipneia: dispneia em ortostase que melhora
com decúbito. Está relacionada a shunts, ou O paciente deve estar com o tórax despido, na
seja, mais sangue é desviado quando o posição sentada, preferencialmente. Caso o
paciente está em pé. Sendo assim, a melhora paciente esteja impossibilitado, o exame pode ser
da oxigenação ocorre quando o paciente se feito em decúbito dorsal.
deita.
Inspeção estática
• Trepopneia: dispneia que aparece em
Compreende o exame físico geral (nível de
determinado decúbito lateral, como acontece
consciência, biotipo, hidratação, coloração da pele,
nos pacientes com derrame pleural que se
avaliação da forma do tórax, circulação colateral,
deitam sobre o lado são.
hipocratismo digital e alterações da parede
Sibilância: também chamado de chiado ou chieira, torácica (retrações ou abaulamentos);
é o ruído predominante na fase expiratória da
Forma do tórax: é observado com o paciente
respiração. Resulta da redução do calibre da
deitado e sentado;
árvore brônquica (broncoespasmo) e pode ser o
prenúncio de uma crise asmática; • Normal;
das aves (tórax de pombo). Pode ser de fica com os lábios entreabertos soprando para
origem congênita ou adquirida devido a tentar vencer a resistência das vias aéreas;
raquitismo na infância;
Já os “tossidores azuis” são pacientes
• Cifótico: curvatura da coluna dorsal, formando
enfisematosos com sobrepeso que recebem
uma gibosidade. Pode ser de origem congênita
esse nome pelo quadro de hipoventilação, a qual
ou resultar de postura defeituosa, assim
leva pouco oxigênio para hemoglobina, levando o
como de tuberculose óssea, osteomielite ou
paciente a uma leve cianose;
neoplasias;
• Cifoescoliótico: apresenta além da cifose, um
desvio da coluna vertebral para o lado
(escolioses);
do sangue que sai do pulmão e vai para o Pacientes com DPOC grave, a expiração, além de
restante do corpo, pode acontecer em altas prolongada, é difícil, obrigando-os a manter os
altitudes, traumatismo torácico, DPOC e lábios semicerrados durante a expiração;
doenças cardíacas. Já a cianose periférica
Tipos respiratórios
ocorre quando o coração não tem capacidade
para mandar sangue suficiente para todo o Dispneia suspirosa: caracterizada por uma série
enfisema pulmonar, dor torácica de qualquer exsudato, passando a emitir um “rangido” mais
Som broncovesicular: regiões esternal superior e laringe ou da traqueia, podendo ser causado por
Existem algumas patologias respiratórias que musculatura lisa das vias aéreas inferiores
são mais comuns e devem ser destacadas, (broncoespasmo) e, consequentemente, a falta
como asma, DPOC e neoplasia de pulmão. Todas de ar. Com isso, o paciente tem dificuldade de
essas patologias causam dispneia que pode ser pôr o ar para fora do pulmão e precisa fazer
definida como qualquer falta de ar referida, força para expirar, produzindo o sibilo;
podendo ser causada por disfunções no SNC, de
origem psicogênica, de origem
musculoesquelética, doenças cardiovasculares e
doenças pulmonares;
Enfisema
A agressão crônica atua sobre os neutrófilos,
É uma doença inflamatória crônica dos estimulando a ação de uma enzima protease
brônquios, bronquíolos e da parede alveolar com chamada elastase, a qual vai destruir a parede
declínio do fluxo aéreo expiratório e perda da alveolar e reduzir a retração elástica, impedindo
capacidade funcional pulmonar de forma que o alvéolo se encha da forma adequada e se
irreversível, sistêmica e persistente. Pode ser esvazie de forma adequada, perdendo, então, a
de dois tipos: complacência alveolar. Com isso, ocorre uma
• Enfisema: destruição das paredes alveolares; redução do fluxo expiratório e obstrução das
• Bronquite crônica: inflamação; vias aéreas por alteração da arquitetura
Fatores de risco: pulmonar.
í
As principais síndromes pleuropulmonares, são:
• Síndrome de consolidação ou condensação;
• Síndrome de atelectasia;
• Síndrome de hiperinsuflação pulmonar;
• Síndrome de derrame pleural;
• Síndrome de pneumotórax;
• Síndrome de cavitação.
Causas
Geralmente, essas síndromes se sobrepõem
nas doenças pleuropulmonares devido à • Pneumonia: mais prevalente;
• Murmúrio vesicular (MV) diminuído; do brônquio fonte direito que é mais paralelo e
• Estertores finos;
• Pode ser observado atrito pleural.
• Pode ser observada respiração brônquica
substituindo o MV;
• Sopro tubário: transmissão
do sopro normal para o parênquima
pulmonar condensado;
• Broncofonia ou egofonia, pectorilóquia. Pneumonia lobar: quando acomete um lobo todo.
Exames complementares: No caso abaixo, o comprometimento se localiza
no lobo superior direito;
Raio-x de tórax: deve ser solicitado sempre;
• Dispneia; Sintomas
• Febre vespertina;
• Dispneia, tosse seca, perda ponderal;
• Perda ponderal muito importante;
• Hemoptise: devido à neovascularização
Exame físico e de imagem frequente em neoplasias;
Sinais e sintomas
• Escarro hemoptoico;
• Tosse improdutiva ou produtiva; TC de um paciente de 63 anos, grande fumante, mostrando
lesão espiculada no lobo superior direito, a qual se trata de
• Hemoptise;
um adenocarcinoma, tumor com células neoplásicas
• Dor torácica pleurítica; formando glândulas.
• Taquipneia e dispneia.
Sinais e sintomas
dispneia, que se agrava lentamente. No início • Tosse seca: agressão ao parênquima pelo
ocorre apenas aos grandes esforços, mas, nas aumento da pressão pleural;
ó
• O sistema endócrino é um conjunto de • Cefaleias;
glândulas; • Letargia;
• De modo geral, os distúrbios das glândulas • Ansiedade;
endócrinas se manifestem sob a forma de • Depressão;
diminuição/ausência ou aumento da produção • Disfunção erétil.
glandular;
Sinais e sintomas patognomônicos de distúrbios
• As glândulas que fazem parte do sistema endócrinos:
endócrino são:
• Históricos de hiperpigmentação em pacientes
- Tireoide;
com perda de peso e anorexia apontam para
- Paratireoides;
um diagnóstico de insuficiência adrenal
- Suprarrenais;
primária;
- Hipófise;
• Históricos de expansão acral com aumento
- Pâncreas;
progressivo no tamanho dos anéis e dos
- Ovário e testículo.
sapatos em pacientes hipertensos/diabéticos
• A distribuição dos hormônios em todo o corpo
é uma forte sugestão para o diagnóstico de
humano resulta em apresentações de
acromegalia;
doenças endócrinas difusas e variáveis. Muitos
• Históricos de fraqueza muscular proximal
pacientes não apresentam queixas
adquirida e de adiposidade centrípeta, em
específicas, como fadiga ou alterações no
combinação com o início recente de
peso. A maioria dos pacientes experimenta
hipertensão e diabetes mellitus, sugerem um
um número limitado de componentes da
diagnóstico de hipercortisolismo;
síndrome e possivelmente não observe os
• Históricos de oligomenorreia e hirsutismo
sintomas que não sejam tipicamente
progressivo na ocasião do primeiro ciclo
sindrômicos.
menstrual apontam para um diagnóstico da
síndrome de ovário policístico. Por outro lado,
ó
hormônio, criando-se um mecanismo de
feedback;
• Se localiza na sela túrcica, cavidade óssea
- Neurohipófise: região posterior da hipófise
localizada no osso esfenoide na base do crânio;
que libera dois hormônios;
• Possui relações com o quiasma óptico, nervo
oculomotor, nervo abducente e nervo No lobo anterior (adenohipófise), temos:
troclear; • Prolactina: hormônio produzido pelos
• Recebe o comando do hipotálamo, o qual se lactotrofos, responsável pelo
conecta com ela através da haste hipofisária; desenvolvimento da mama e produção de
leite;
• ACTH: hormônio produzido pelos corticotrofos,
responsável por estimular a suprarrenal a
produzir cortisol, aldosterona e andrógenos
para o equilíbrio de H20 e Na, inflamação e
metabolismo;
• TSH: hormônio produzido pelos tireotrofos,
responsável pelo crescimento, diferenciação e
equilíbrio energético;
• GH: hormônio produzido pelos somatotrofos,
responsável pelo crescimento dos ossos;
• LH e FSH: hormônios produzidos pelos
• A irrigação arterial da hipófise provém de gonadotrofos, responsáveis por estimular as
ramos da artéria hipofisária superior, gônadas femininas e masculinas a produzirem
originada da carótida interna; outros hormônios responsáveis pelas
• O sistema porta-hipofisário é responsável características sexuais;
por levar os hormônios produzidos no
No lobo posterior (neurohipófise), temos:
hipotálamo até a hipófise, estimulando a
produção de hormônios; • Ocitocina: responsável pela contração do útero
gravido no final da gestação e auxílio na ejeção
• A hipófise se divide em:
do leite pelos seios;
- Adenohipófise: região anterior da hipófise
que sintetiza e libera seis hormônios • AVP/ADH: também chamado de vasopressina,
hormônios secretados pelo hipotálamo controle da pressão osmótica total dos líquidos
Diagnóstico:
• O diagnóstico é comprovado pelos níveis
aumentados de IGF1 em relação à idade, além
de níveis de GH acima de 1 mcg/ℓ, não
supressíveis com 75 g de glicose oral.
Após confirmação laboratorial, deve-se
realizar a ressonância magnética (RM) ou
tomografia computadorizada (TC) da sela
túrcica;
A insuficiência suprarrenal primária está considerados nesta avaliação, pois podem surgir
e não está atrelada ao funcionamento de Se essa alteração ocorrer no adulto não vai
hormônios da hipófise. alterar o desenvolvimento dos órgãos sexuais,
associada ao déficit de ACTH, o qual resulta na Sendo assim, as alterações na mulher adulta são:
atrofia das glândulas suprarrenais e pode se perda de libido, infertilidade, atraso menstrual,
Referências
istmo e costuma ser móvel. Possui em cada lobo A função da tireoide é regulada pelo eixo
2 paratireoides, totalizando 4 paratireoides; hipotálamo-hipófise-tireoide e por outros
fatores como o nível de iodo;
É ricamente vascularizada, suprida pelas artérias
tireóideas superior (ramo da carótida externa), A principal regulação ocorre pela tireotrofina
tireóidea inferior (ramo da artéria subclávia) e (TRH) ou pelo hormônio estimulador da tireoide
média; (TSH). Com o aumento da liberação de hormônios
tireoidianos (T3/T4), ocorre diminuição da
liberação de TSH e TRH por feedback negativo;
• TPO (peroxidase tireoidiana): essa enzima é Queixa principal: O paciente costuma procurar o
responsável por colocar o iodo na médico, queixando-se de “problema da tireoide”,
tireoglobulina; “cansaço”, “nervosismo” ou apresentando dispneia
• Tireoglobulina: aminoácido de cadeia longa que e palpitações. Outras vezes, é por
é composto de tirosina que vai se ligar ao iodo. notar o aumento de volume da tireoide, relatando,
Essa tireoglobulina irá formar uma parte dos então, “caroço no pescoço” ou aparecimento de
hormônios (MIT e DIT); “papo”;
Etiologia
Causas mais comuns:
• Bócio difuso tóxico (doença de Basedow-
Graves) que produz hormônio tireoidiano;
• Bócio multinodular tóxico;
• Bócio nodular tóxico (doença de Plummer); O receptor de TSH é estimulado pelos anticorpos
• Tireotoxicose transitória das tireoidites Trab, resultando na secreção de T3/T4 livre.
(subaguda ou de Hashimoto): o processo
Como não ocorre feedback negativo na hipófise
inflamatório lesiona os folículos tireoidianos,
por causa do anticorpo Trab que está ligado ao
causando a liberação de hormônios estocados
receptor de TSH, ela não entende que deve parar
para a periferia;
quando os níveis de hormônios tiroidianos
• Tireotoxicose iatrogênica (hormônio estiverem altos, portanto, é um estímulo
tireoidiano): ocorre por reposição excessiva de constante;
hormônios;
Ao mesmo tempo, a secreção de TSH é suprimida
• Hipertireoidismo induzido por iodo (Jod-
pois já tem muito hormônio tireoidiano secretado
Basedow): causado pelo iodo contido em
e o TSH entende que deve parar de ser produzido;
medicamentos ou pela exposição ao iodo não
radioativo em pacientes que já apresentam O resultado é aumento dos níveis de T3/T4,
doença nodular da tireoide; diminuição dos níveis de TSH e bócio difuso
• Hipertireoidismo factício: o paciente apresenta causado pelo aumento da vascularização
todos os sintomas do hipertireoidismo devido tireoidiana devido ao estímulo excessivo a longo
à ingestão de medicamentos para emagrecer prazo;
que contêm os hormônios tireoidianos;
Manifestações clínicas
evolução, com consistência variável. Os limites dos de exames de função tireoidiana alterados, exame
físico compatível com hipotireoidismo e alteração do
nódulos podem ser imprecisos e, não raramente,
estado mental. Bradicardia, hipotermia e
mergulham atrás da fúrcula esternal, em direção
hiponatremia estão frequentemente presentes. O
ao mediastino (bócio mergulhante).
tratamento frequentemente requer administração
• Sinais e sintomas de hipertireoidismo de medicações via intravenosa, uma vez que há
caracterizam o bócio multinodular tóxico. A edema das paredes do trato digestivo, o que limita
base fisiopatológica é a mesma do bócio difuso a absorção de medicações. Um ano após a reposição
tóxico. de hormônio tireoidiano e normalização da função da
glândula a paciente apresentava regressão das
Nódulos quentes são nódulos que produzem
alterações de pele (imagens C e D).
hormônios e nódulos frios são nódulos que não
produzem hormônios;
mais ACTH para estimular a zona reticulada e outras glândulas, seria necessário o
Síndrome de Cushing
Ocorre pelo aumento dos níveis de glicocorticoides;
Dessa forma, a síndrome de Cushing pode ser: hipertensão arterial sistêmica secundária;
- Tumor independente de ACTH (carcinoma • Sistema imune: age com efeito anti-
de adrenal): produz o cortisol sem inflamatório através da imunossupressão;
depender do ACTH (autônomo), ou seja, o Manifestações clínicas
ACTH diminui a sua produção porque As manifestações são variáveis e dependem da
percebe o aumento de cortisol, no entanto, gravide, no entanto, a apresentação clássica inclui:
o tumor é capaz de produzir o cortisol obesidade centrípeta (face e tronco), membros
constantemente, desenvolvendo a doença; finos, giba dorsal, fácies pletórica e em “lua cheia”,
• Dependente de ACTH: estrias violáceas largas no abdome, nas mamas,
- Doença de Cushing: tumor hipofisário nádegas, na raiz das coxas e nos quadris,
produtor de ACTH, o qual irá estimular hirsutismo, acne, hipertensão, hematomas e
muito a adrenal, causando hiperplasia equimoses com pequenos traumas, oligo ou
bilateral; amenorreia, infertilidade, disfunção erétil,
O cortisol é conhecido por ser o hormônio do hipotrofia muscular e fraqueza muscular
estresse, pois possui a função de controlar esse proximal.
estado de nervosismo. Além disso, ele atua
tentando reduzir inflamações ao suprimir o
sistema imune e manter os níveis de açúcar
constantes no sangue. No entanto, o excesso do
cortisol causa efeitos multissistêmicos, como:
está fazendo uso de corticoides ou investigar fisiologicamente, então num paciente com
a presença de um tumor de adrenal através aldosterona em excesso, a renina entende que não
coletor renal, reabsorvendo sódio e eliminando Causada por excesso de androgênios por meio de
potássio ou hidrogênio com o intuito de reabsorver um tumor produtor de androgênios (hormônios
água e regular a pressão arterial; masculinos) ou hiperplasia adrenal;
Sendo assim, a produção inapropriada de Caso ela se desenvolva na infância, causará uma
aldosterona causa supressão da renina, puberdade precoce:
retenção de sódio e excreção aumentada de - Isossexual: ocorre em meninos e não
potássio. Portanto, o paciente apresentará o apresenta alterações de características
seguinte quadro clínico:
Capítulo 6
98
sexuais, pois os hormônios são masculinos. No com sintomas abruptos e de curta
caso, só irá adiantar a puberdade; duração, conhecidos como paroxismos, embora
- Heterossexual: ocorre em meninas e seja assintomática em muitas ocasiões.
apresenta a alterações de características
Paroxismos com a tríade clássica de sintomas
sexuais nas mulheres (virilizacão). No caso,
(cefaleia, sudorese e palpitações), acompanhados
além de adiantar a puberdade, a doença causa
ou não de picos hipertensivos, levam a alto grau
virilizacão das meninas;
de suspeição de hipersecreção de catecolaminas.
Adultos: só vão apresentar alterações nas Podem ser espontâneos ou desencadeados por
mulheres, causando acnes, hirsutismo, mudança postural, medicamentos, ansiedade,
clitoromegalia, voz grossa. exercícios e aumento da pressão intra-abdominal.
Patogênese da DM2:
Os principais mecanismos fisiopatológicos que
levam à hiperglicemia no DM2 são:
Capítulo 6
101
Como não é uma doença autoimune, os desenvolvendo pré-diabetes até o início
anticorpos estarão ausentes. Já o peptídeo C clínico da diabetes que é quando as células
estará normal ou elevado, pois quando a insulina betas não conseguem mais produzir
é formada o peptídeo C também é. Dessa nenhuma insulina;
forma, a presença de peptídeo C indica a
Como é uma doença autoimune, os anticorpos
produção de insulina;
estarão presentes. Já o peptídeo C estará
Diabetes Mellitus tipo I baixo, pois, quando a insulina é formada o
Patogênese da DM1:
• Deficiência absoluta na produção de insulina,
decorrente, na grande maioria dos casos, de
uma destruição autoimune das ilhotas
Diabetes 3C
pancreáticas que deve ser controlada com
insulinoterapia pelo resto da vida; Diabetes pancreatogênico;
Autoanticorpos ausentes;
Clínico
Peptídeo C presente;
Os sintomas clássicos do DM (poliúria, polidipsia
Esse tipo de DM se manifesta na infância ou em
e polifagia, associadas à perda ponderal) são
adultos jovens e é diagnosticado em indivíduos
bem mais característicos do DM1,
com idade < 25 anos.
no qual são quase sempre encontrados. No
Características clínicas: entanto, a obesidade não descarta esse
A maioria dos pacientes com MODY tem peso diagnóstico;
normal, ao contrário das crianças e dos
No DM2, cerca de 50% dos pacientes
adolescentes com DM2, nos quais
desconhecem ter a doença por serem
predomina a obesidade. Além disso, são comuns
assintomáticos, apresentando mais
nefropatia e retinopatia diabéticas.
comumente sintomas inespecíficos, como
Diabetes em endocrinopatias tonturas, dificuldade visual, astenia e/ou
Pré diabetes:
• Glicemia de jejum 100 a 125mg/dL;
• Glicemia de 2h após TOTG: 140 a 199mg/dL; A exposição crônica à hiperglicemia constitui um
fator fisiopatológico comum, correlacionado a
• Hemoglobina glicada 5,7 a 6,4%;
aumentado estresse oxidativo, inflamação,
glicosilação não enzimática tardia, alterações em
Macrovasculares fluxo vascular perineural, além de mecanismos
Doença arterial coronariana: IAM; autoimunes.
quando a glicose abaixa muito, os hormônios entanto a glicemia está > 70 mg/dl. Isso é
epinefrina, cortisol, GH e glucagon são liberados inadequado e ocorre uma queda acentuada e
são:
Capítulo 6
105
As chamadas “crises hiperglicêmicas” englobam • Respiração de Kussmaul: inspirações
a cetoacidose diabética (CAD) e o estado profundas seguidas de pausas e expirações
hiperglicêmico hiperosmolar (EHH), os quais curtas também seguidas de pausas para
representam as duas complicações agudas tentar eliminar os corpos cetônicos do
mais graves do diabetes melito (DM). sangue;
Atentar para:
Inspeção: contorno, simetria pele, pulsação ou
• Posicionar-se à direita do paciente;
movimento;
• Paciente em decúbito dorsal, com os braços
Ausculta: ruídos hidroaéreos e vasculares;
estendidos ao longo do corpo, com exposição
Percussão: percutir todos os quadrantes, margem
do abdome desde a região acima do processo
do fígado e do baço;
xifoide até a sínfise púbica. Leito a 0º;
Palpação: atentar para as massas, regiões
dolorosas, deformidades; • O exame semiológico do abdome é dividido em
Inspeção estática
• Observar:
o Forma (normal, globoso, escavado);
o Abaulamentos e retrações;
o Simetria em relação à cicatriz umbilical;
o Distribuição de pelos;
Em cada região está localizado: o Lesões de pele;
1. Lobo hepático direito e vesícula biliar; o Cicatrizes cirúrgicas;
2. Extremidade pilórica do estômago, duodeno, o Circulação colateral;
pâncreas e porção do fígado; o Movimentos e pulsações;
3. Estômago, cauda do pâncreas e flexura o Movimentação da parede abdominal ao
esplênica do cólon; respirar.
4. Cólon ascendente e porções do duodeno e
jejuno;
Capítulo 7
107
A localização, extensão e forma de uma cicatriz o sinal for positivo, pode indicar diástase, lipoma,
na parede abdominal podem fornecer hérnias ou tumorações na parede abdominal.
informações úteis sobre cirurgias anteriores:
- Flanco direito: Colecistectomia;
- Flanco esquerdo: colectomia;
- Fossa ilíaca direita: apendicectomia e
herniorrafia;
- Hipogástrio: histerectomia;
- Linha média: laparotomia; Hérnias abdominais:
- Região lombar: nefrectomia;
- Linha vertebral: laminectomia.
Ausculta
Auscultar os quatro quadrantes durante um
minuto e verificar:
Palpação
4. No local de transição do som timpânico para
• Antes de iniciar o exame, é necessário
maciço realizar uma segunda marcação;
perguntar ao paciente se ele está sentindo
5. Com auxílio de uma fita métrica medir a
dor em alguma região do abdome. Caso ele
distância entre os dois pontos;
esteja, deixe a palpação desta área por último;
6. Para o lobo esquerdo deve se realizar a técnica
• Palpe as nove regiões do abdome em uma
na linha mediana abaixo do processo xifoide;
divisão de superficial e profunda.
Capítulo 7
109
Também nesta manobra, procura-se determinar
as características da borda hepática citadas
anteriormente.
Sinal de Jobert:
Timpanismo à percussão do limite superior do
fígado que corresponde a acúmulo de gás abaixo
do diafragma que ocorre na perfuração de
víscera oca em peritônio livre.
Sinal de Courvoisier-Terrier:
Vesícula biliar palpável em paciente ictérico é
sugestiva de neoplasia pancreática maligna, que,
Palpação (Manobra de Lemos-Torres): na maioria das vezes, localiza-se na cabeça do
Palpação:
1. Com a mão esquerda tracionar o rebordo
costal esquerdo anteriormente;
2. Aprofundar a mão direita a partir da cicatriz
umbilical, durante a expiração e realizar a
palpação do órgão durante a inspiração.
Sinal de Blumberg
Dor que ocorre à descompressão brusca do ponto
Sinal de Cullen: de McBurney. Ao descomprimir, o apêndice é
Equimose periumbilical, resultante de hemorragia projetado bruscamente de encontro à parede.
retroperitoneal. Pode surgir na pancreatite aguda Caso o apêndice esteja inflamado, provoca dor
e na ruptura de gravidez ectópica. intensa e indica apendicite aguda.
Sinal de Gray-Turner:
Observação: Para verificar peritonite em todo
Equimose dos flancos que pode ocorrer na
abdome a manobra é chamada de Manobra de
pancreatite necro-hemorrágica e indica
Descompressão Brusca. Quando aplicada
grave comprometimento da víscera.
especificamente no ponto de McBurney
(extremidade dos dois terços da linha que
une a espinha ilíaca anterossuperior direita ao
umbigo), é utilizada para verificar apendicite aguda
e é chamada de Manobra de Blumberg.
Capítulo 7
111
Sinal de Rovsing Sinal de Giordano
Consiste em forçar movimento antiperistáltico de Com o paciente sentado e inclinado para a frente,
camada gasosa dos cólons, desde o sigmóide até o examinador realiza uma súbita punho-
a região ileocecal, com a finalidade do ar, sob percussão, com a borda ulnar da mão, na
pressão, distender o ceco, acarretando a dor no região da fossa lombar do paciente, na altura da
apêndice inflamado e sugerindo apendicite aguda. loja renal (flancos). Em caso de dor aguda em
pontada, o sinal é positivo e indica pielonefrite.
Sinal do psoas
Posiciona-se o paciente em decúbito lateral
esquerdo, e o examinador deve realizar a
Manobra da macicez móvel
hiperextensão passiva de membro inferior direito
(ou flexão ativa contra resistência). Em caso de 1. Posicione o paciente em decúbito dorsal;
dor a hiperextensão passiva ou a flexão ativa, o 2. Percuta o abdome a partir da linha média
ô
saciedade precoce, epigastralgia e queimação
epigástrica;
Se localiza abaixo do diafragma e possui dois
orifícios, a cárdia, que corresponde à Pode ser de dois tipos:
desembocadura do esôfago e o piloro, que
• Dispepsia funcional: associada a sintomas
corresponde à comunicação com o duodeno;
emocionais ou até mesmo quando um
alimento não cai muito bem no estômago. Esse
tipo não apresenta lesão orgânica;
• Dispepsia orgânica: associada a doença
digestiva específica com lesão orgânica, como
úlcera.
Dispepsia funcional
Caracterizada por estômago normal ou com
alterações inespecíficas à endoscopia e nenhuma
evidência objetiva de doença orgânica;
É dividido em três partes: fundo, corpo e antro; Critérios diagnósticos: Consenso Roma IV (2016):
Fatores de risco:
• Etilismo e tabagismo;
- na região supra-umbilical: nódulo irmã
• Infecção pelo H. pylori;
Maria José.
Capítulo 7
116
• Causas:
- Infecção pela Helicobacter pylori (Hp),
responsável por mais de 95% das úlceras
duodenais e 80% das úlceras gástricas;
- Anti-inflamatórios não hormonais.
• A associação da H. pylori e úlcera duodenal se
dá pelo aumento de secreção ácida do
estômago em resposta à infecção crônica do
Diagnóstico:
antro, aumento da secreção cloridropéptica,
• Baseado na história clínica e exame físico;
podendo levar a metaplasia gástrica do
• Endoscopia digestiva alta com biópsia da lesão
duodeno e a infecção deste pelo HP e úlcera;
(padrão-ouro);
• Já na lesão pelos AINEs, pode haver tanto
lesão direta pela medicação quanto redução
dos mecanismos de defesa pela inibição da
COX-1, enzima importante na proteção da
mucosa gástrica;
É definida como uma lesão da mucosa com maior • Dor noturna (clocking), decorrente do ritmo
ô
Pode ter constrições, em sua parte torácica.
São elas:
Conduto músculo membranoso de
aproximadamente 27 cm, destinado a conduzir • Constrição cervical (esfíncter superior do
• Primárias: iniciam na laringe com a Odinofagia: dor que surge com a ingestão de
deglutição; alimentos e está comumente associada à
• Secundárias: não tem relação com a fase disfagia;
orofaríngea da deglutição, mas possuem Afagia: obstrução esofágica completa que,
função de limpeza da luz do esôfago geralmente, ocorre por impactação do bolo
(clareamento esofágico); alimentar e representa uma emergência
• Terciárias: ocorre em pessoas idosas, médica;
irregularmente (patológico).
Globus: é a sensação de corpo estranho na
Esfíncter inferior: É o anel de músculos que fúrcula esternal que desaparece
mantém a parte inferior do esôfago fechada completamente durante a alimentação,
para evitar o refluxo de alimentos e ácido reaparecendo em seguida;
gástrico para dentro do esôfago. Quando a
Pirose: referida por paciente como azia,
pessoa engole, esse esfíncter geralmente
queimação, é o principal sintoma do refluxo
relaxa para permitir que os alimentos passem;
gastroesofágico.
Controle neural do peristaltismo
Dor esofágica: diferencia-se da odinofagia por
Composto por dois plexos:
não depender do ato de ingerir alimento. Pode
• Plexo de Auerbach (mioentérico): Controla ser causada por mudanças do pH intraluminal,
quase todos os movimentos atividade motora anormal ou inflamações na
gastrointestinais. parede esofágica;
• Plexo de Meissner (submucoso): Controla
Regurgitação: volta do alimento ou de secreções
basicamente a secreção gastrointestinal e o
contidas no esôfago ou estômago à cavidade
fluxo sanguíneo local;
bucal;
O peristaltismo é apenas fraco ou não ocorre
Eructação: conhecido popularmente como
nas regiões do trato gastrointestinal em que
“arroto”, geralmente não é patológico e ocorre
exista ausência congênita do plexo mioentérico.
por causa da ingestão de maior quantidade de
Portanto, o peristaltismo efetivo requer o plexo
ar durante as refeições;
mioentérico ativo.
Sialose: produção excessiva de saliva;
• Diabetes; Regurgitação
• Doença de Parkinson; Retorno ou sensação do retorno de alimento
• Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). e/ou secreções à cavidade bucal;
• Decúbito, ortostase ou ambos;
Diagnóstico diferencial: disfagia x odinofagia
x globus • Não é percebida por náuseas;
Odinofagia: dor que ocorre no ato da deglutição; • Risco de broncoaspiração;
• Intensidade variável;
• Pode estar associado a sialose: eliminação da
saliva em forma de baba (dificuldade de
deglutir);
• Causas: infecções (herpes, citomegalovírus,
candidíase e HIV), medicamentosa (ex
AINEs), cáustica, radiação
Hematêmese
Característico de hemorragia digestiva alta;
Na maioria das vezes é causada pela ruptura • Estudo radiológico do esôfago ou
das varizes esofágicas. Mas pode ser causado esofagograma;
também por esofagite erosiva (DRGE) e
Na imagem da direita, nota-se um
neoplasia;
megaesôfago dilatado com retenção de
Diagnóstico diferencial: Síndrome de Mallory- contraste, EIE afilado. Já na segunda imagem
Weiss, a qual consiste na laceração do esôfago nota-se uma neoplasia esofágica.
após vômitos repetidos.
• Convencional;
Varizes esofágicas rompidas Síndrome Mallory-Weiss
• Alta Resolução (MAR)
• pHmetria 24h
Não há dado específico para o esôfago; • Impedância pHmetria
Megaesôfago
Câncer de esôfago
Há 2 subtipos principais:
• Carcinoma de células escamosas: também
chamado de carcinoma espinocelular,
corresponde a 90% dos casos, sendo mais
frequente em homens a partir dos 50 anos,
acometendo mais os terços médios e Câncer vegetante e ulcerado no terço médio do esôfago
inferior do estômago;
• Adenocarcinoma: surge na parte distal do
esôfago (segmento distal/cárdia) na
presença de refluxo gástrico e esôfago de
Barrett.
Epidemiologia:
• Mais frequente no sexo masculino;
• Aumenta da incidência com a idade.
Sintomas:
• Mais frequente: disfagia para sólidos que só
se manifesta quando há acentuada redução
do lúmen esofágico;
• Outros sintomas: leve odinofagia,
desconforto retroesternal, sensação de
Capítulo 7
127
í
A frequência normal das evacuações varia de três • Flatulência
vezes por dia até três vezes por semana; • Náuseas/vômitos
Geralmente, está associada a um defeito a que persiste com o jejum, aquosa e com grande
Causas:
• Infecções produtoras de enterotoxinas,
como a infecção por E. coli enterotoxigênica; é
a causa mais comum;
• Produção excessiva de hormônios e
secretagogos, como no hipertireoidismo ou em
Capítulo 7
129
Causas:
• Doença inflamatória intestinal: apresenta
Diarreia aguda:
manifestações extraintestinais;
• Duração: geralmente dura < 7 dias, podendo se
• Neoplasias, shiguelose, colite
estender até 4 semanas;
pseudomembranosa.
• Causas: a maioria é infecciosa (viral ou
Características: bacteriana). Quando dura mais que 7 dias,
• Disenteria: presença de sangue misturado às tem a possibilidade de ter sido causada por
fezes e muco; protozoários. Pode ser causada também pelo
• Aumento do ritmo intestinal > 5x/dia (até uso de medicações como laxantes;
20x/dia), com fezes de pequeno volume, que • Na maioria das vezes é autolimitante e o
persistem com o jejum; tratamento é baseado em hidratação;
ó
Aplicação clínica:
Geral:
Distribuição:
• Regional ou difusa;
• Alvo: centro bem definido circundado por um
alo;
Organização:
• Placa: não tem formato específico, mas tem • Aspecto linear, como estrias e cicatrizes de
alto relevo; cortes;
O exame deve ser feito com o paciente despido de choque, o retorno sanguíneo é lento,
momento para não expor o paciente. O local deve Hiperemia: também chamada de eritrose, é o
estar bem iluminado. aspecto avermelhado que está associado ao
O exame deve ser feito em três etapas: aumento da quantidade de sangue na rede
vascular cutânea, devido à vasodilatação.
• Inspeção da pele e mucosas;
Geralmente é causada por algum processo
• Palpação;
inflamatório. Presente na rosácea;
• Exame físico geral.
Cianose: aspecto azulado ou arroxeado que é
E devem ser investigados os elementos:
manifestado quando a hemoglobina está baixa
• Coloração; (hipóxia). Sugere problemas vasculares,
• Continuidade ou integridade; hipoventilação pulmonar, cardiopatias congênitas
• Umidade; como a tetralogia de Fallot;
• Textura;
Icterícia: aspecto amarelado da pele, mucosas e
• Espessura; da esclera, resultante do acúmulo de bilirrubina no
• Temperatura; sangue. Não deve ser confundida com outras
• Elasticidade e mobilidade; condições em que a pele, mas não as mucosas,
• Turgor; adquire cor amarelada, como ingestão excessiva
• Sensibilidade; de carotenos (carotenose). É causada
• Lesões elementares. principalmente pela hepatite infecciosa e alcóolica,
doenças infecciosas como malária e leptospirose
Inspeção:
e lesões das vias biliares;
Coloração:
Capítulo 8
136
Palpação: - Tátil: anestesia ou hipoestesia refere-se a
perda ou diminuição dessa sensibilidade;
• Umidade: por meio das polpas digitais e da
- Térmica.
palma da mão é possível avaliar a umidade.
- Pele seca: é observada em idosos em • Elasticidade e mobilidade: para avaliar a
- Fina: observada em pessoas idosas, e é avaliado, pinçando uma prega de pele que
edemaciadas; - Normal;
Formações sólidas
• Pápulas: elevações sólidas de até 1cm,
• Vasculares: decorrem de distúrbios da
superficiais, delimitadas e com bordas
microcirculação da pele e se diferenciam das
definidas. Podem ser puntiformes, planas,
manchas hemorrágicas por desaparecerem a
acuminadas, isoladas ou coalescentes. Podem
digitopressão. São subdivididas em:
ser provocadas por picadas de inseto,
- Eritema: comum em doenças
leishmaniose, verruga, acne, hanseníase;
exantemáticas como sarampo, varicela e
rubéola, na sífilis, doenças reumáticas e
alergias cutâneas;
- Telangiectasia (aranha vascular):
dilatações dos arteríolas, vênulas e
capilares comuns e são denominados de
microvarizes. • Placas: > 1 cm por coalescência de pápulas;
Referência:
Alérgenos comuns:
Mesmo mecanismo da DCIP, porém a substância
para se tornar irritante precisa ter sua estrutura
modificada pela luz solar;
ó
É a principal manifestação cutânea da atopia,
sendo descrita como uma doença inflamatória
crônica da pele de causa multifatorial e de origem
genética com evidentes alterações imunológicas,
Capítulo 8
144
fortemente influenciada por fatores ambientais • Possui três estágios de acordo com a faixa
e, eventualmente, emocionais; etária:
- Infantil: até 12 anos;
Caráter hereditário: histórico familiar de atopia
- Pré-puberal: 2 – 12 anos;
frequente;
- Adolescência e adultos: >12 anos.
• Evolui em surtos e possui uma tendência a
Dermatite atópica infantil
melhorar com o passar dos anos;
• Se inicia a partir do 3º mês de vida;
Tem forte associação com a asma e rinite que
• Erupção vesico-crostosa e exsudativa;
também são manifestações de atopia;
• Atinge face
Marcador da doença: xerose cutânea associado ao (região malar –
prurido; poupa o centro),
Barreira cutânea disfuncional; couro cabeludo,
pescoço, punhos,
Epidemiologia: Acomete 5-20% das crianças em
região extensora
todo mundo 1-3% dos adultos;
dos membros e
• Maior incidência em áreas urbanas e países área das fraldas;
desenvolvidos; • Causa irritabilidade e agitação na criança,
• Maior frequência nas últimas décadas; principalmente devido ao prurido intenso;
• Pode ocorrer em qualquer idade após o 3º • A dentição, infecções, distúrbios emocionais e
mês de vida; imunizações podem agravá-la ou
- 85% antes dos 5 anos; desencadeá-la, assim como antígenos
- Somente 25% dos casos persistem na alimentares como ovo, castanha, leite, peixe e
idade adulta. soja podem ter papel importante até o final
dessa fase;
Mecanismo imunológico:
• Complicação mais frequente: infecção
• Predomínio da resposta Th2 (humoral) na
secundária;
fase aguda e com a evolução se torna Th1;
• Ao término do 2º ano de vida, observa-se
• Elevação de IgE principalmente quando
resolução espontânea em menos da metade
presente manifestações respiratórias;
dos casos; na maioria, as lesões tornam-se
• Depressão da imunidade celular, favorecendo
menos exsudativas, mais papulosas e com
complicações como infecções bacterianas,
tendencia a liquenificação;
virais e fúngicas de repetição.
- 75 a 90% de colonização por S. aureus; Dermatite atópica pré-puberal
A confirmação diagnóstica deve ser estabelecida Alteração qualitativa do sebo de forma crônica e
através dos critérios de Hanifin e Hajka: recorrente;
• “Crosta láctea”: escamas aderentes, AZULAY, R.D.; AZULAY, D.R. Dermatologia. 6. ed. Rio
em bebês;
• Prurido discreto.
Fatores agravantes:
• Calor e umidade;
• Estresse físico e emocional;
• Drogas: arsênio, ouro, metildopa, cimetidina,
neurolépticos e álcool;
• HIV, Doença de Parkinson, diabetes e
obesidade;
• Alimentos condimentados.
Capítulo 8
147
Possuem uma alta prevalência, principalmente, Mais prevalente em climas quentes e úmidos;
em épocas mais úmidas e acomete todas as
Apresentação clínica:
faixas etárias;
• São máculas/manchas eritematosas,
Fatores de risco: hipocrômicas ou hipercrômicas com
• Individuais: descamação fina;
- Condições socioeconômicas;
- Contato com animais;
- Sudorese;
- Promiscuidade;
- Condições de higiene;
- Imunidade;
• São assintomáticas com prurido leve após
- Atividade ocupacional.
exposição solar;
• Geográficos:
• As localizações preferenciais são nas áreas de
- Intensidade solar;
maior concentração de glândulas sebáceas,
- Índice pluviométrico;
como no pescoço, metade superior do tórax e
- Umidade do ar;
braços;
- Características do solo e vegetação.
Existem sinais para identificar as escamas
As micoses são classificadas em quatro
agrupamentos: furfuráceas que são comuns na ptiríase. São eles:
Capítulo 8
148
• Sinal de Zireli: estiramento do local da pele
Tratamento:
lesionado;
• Evitar fatores predisponentes;
• Sinal da unha: atrito da lesão com a unha;
• Tópico em creme, loções ou spray: casos mais
Diagnóstico: é basicamente clínico, no entanto, leves:
existem exames que podem ser feitos para - Derivados imidazólicos ou morfofílicos, 2x
identificar melhor, como: ao dia por 4 semanas;
• Formas variantes:
- Forma vesicular: vesículas que confluem,
se rompem, formando lesões
exulceradas, crostas e até mesmo
pústulas. Crescem centrifugamente;
• Kerion Celsi: - Em placas: eritematoescamosas, de
- Forma aguda e inflamatória da tinea evolução lenta, com prurido quase sempre
capitis provocada por um fungo não presente e sem tendência à cura do
antropofílico; centro da lesão;
- Placa
elevada,
Diagnóstico diferencial
Capítulo 8
150
• Granuloma anular: lesões hiperemiadas Fatores de risco: obesidade, DM e
anulares, mas são menores; imunossupressão por corticoides ou
• Ptiríase Rósea de Gilbert; quimioterápicos;
Tinea pedis
Também conhecida como tinha do pé;
para as nádegas, região pubiana e parede aguda, é causada por fungos não
• Antifúngico tópico: tinhas com lesões isoladas Onicomicose por Candida albicans: frequente
2x ao dia por 4 semanas ou até melhora da associação com exposição ocupacional à umidade;
lesão; Nos indivíduos imunocomprometidos pode
• Terapêutica sistêmica: lesões extensas e aumentar o risco de erisipela e celulite;
refratárias ao tratamento tópico;
Diagnóstico diferencial:
• Indicação absoluta de tratamento sistêmico:
• Psoríase;
imunossuprimidos e tinha do couro cabeludo;
• Líquen plano;
- Couro cabeludo: antifúngicos a base de
• Trauma.
griseofulvina ou terbinatina;
Diagnóstico: exame micológico direto e cultura;
Tinea unguium
Também chamada de onicomicose, é uma Tratamento: taxas de falha e recorrência altas;
infecção típica de idosos causada por fungos que • Tópico: utilizado numa unha com < 50% do leito
se alimentam da queratina - proteína que forma acometido e matriz sem lesão ou superficial
a maior parte das unhas; branca;
Capítulo 8
152
- Uso de esmaltes ciclopirox e amorolfina - Queilite angular: lesões fissuradas no
até a melhorar; ângulo da boca (prótese dentária e
• Sistêmico: utilizado numa matriz ungueal chupetas);
acometida, > 50% da unha acometida ou em
mais de uma unha;
- Terbinafina 250mg/d até melhora:
dermatófitos;
- Itraconazol 200 mg/d: dermatófitos e
• Intertriginosa: acomete dobras cutâneas
leveduras;
naturais e são desencadeadas pela umidade,
- Fluconazol: 150mg/sem (menos efetivo).
má higiene, obesidade, gestação e DM;
- Lesões eritematosas, erosivas, úmidas,
Infecções cutânea, mucosa, ou sistêmica com delicada descamação periférica e
causada por leveduras do gênero Candida; papulo-pústulas satélites com eventual
exulceração e fissura;
Mais prevalente em certas profissões como
empregados domésticos, lavadores de pratos,
cozinheiros e enfermeiros;
â
• Terebrante: forma ulcerada com invasão
Tumor maligno cutâneo mais frequente. É rápida que provoca grande destruição da face
células da epiderme;
ó
Estrutura básica do exame: Conteúdo da consciência
• Avaliação do estado mental; Orientação: pode ser de dois tipos (autopsíquica -
• Equilíbrio; se orienta quanto a si ou alopsíquica- se orienta
• Tônus e trofismo; quanto ao tempo e espaço) e pode ser avaliada
• Motricidade; fazendo perguntas simples, como:
• Coordenação; • Que dial é hoje?
• Sensibilidade;
• Qual a sua idade?
• Nervos cranianos; • Onde o senhor mora?
• Sinais meningorradiculares;
• Onde o senhor está agora?
• Marcha.
Atenção:
• Atenção simultânea: é a capacidade de
Nível de consciência detectar diversos estímulos ao mesmo
Capacidade de ter consciência sobre si e sobre tempo;
tudo que está em torno. Mede o quão estamos • Tenacidade: se mantém concentrado em um
acordados; único estímulo apesar de outros estímulos
estarem acontecendo;
• Alerta/vígil: estado de maior nível de
• Hiperatenção: se mantém atento a todos os
consciência;
estímulos simultaneamente e não consegue
• Obnubilado: nível de consciência pouco
se concentrar em um só estímulo;
comprometido, permanecendo o paciente em
- Ex: pode ocorrer nos estados de TDAH;
estado de alerta ainda que algo diminuído;
• Sonolento: estado inconsciente no padrão Cálculo:
fisiológico. Desperta facilmente quando • Discalculia: deficiência de aprendizagem
estimulado, mas em qualquer oportunidade específica em matemática. Dificuldade em
volta a dormir; entender conceitos relacionados a números e
• Letárgico: dificuldade maior para acordar e a usar símbolos;
mesmo quando estimulado ele volta a dormir;
Linguagem e fala;
• Torporoso: estado inconsciente mais
Memória:
pronunciado, mas o paciente ainda desperta
• Imediata: também chamada de memória de
com estímulos mais fortes e dolorosos;
trabalho. É aquela que a gente utiliza em um
• Comatoso: é o extremo do ponto patológico, o
rápido momento para realizar uma função
qual não apresenta movimentos espontâneos pontual. Ela armazena aquele dado por um
e não responde a estímulos e a comandos; tempo pequeno e depois a perde;
Capítulo 9
156
• Recente: pode ser utilizada para lembrar o que Abstração: capacidade de compreensão de
você comeu há horas ou dias; provérbios populares ou provas de semelhanças
• Remota: memória de longo prazo, como e diferenças. Por exemplo, pergunta-se ao
lembrar qual roupa você vestiu no réveillon; paciente qual é a semelhança entre uma laranja e
uma maçã.
Praxia: capacidade em executar movimentos e
gestos precisos que conduziriam a um objetivo, Miniexame do estado mental (MEEM):
como por exemplo, se vestir. • É um exame de rastreio para avaliar o estado
• Portanto, a apraxia é uma desordem que se mental do paciente, mas não é utilizado para
caracteriza por provocar uma perda da diagnóstico;
capacidade em exercer esses movimentos e • A pontuação máxima é de 30 pontos, e
gestos, como ocorre no AVC; pontuações inferiores a 24 pontos sugerem
• Portanto, a agnosia é uma desordem que se completa, que poderá ser necessária em
Avaliação da coordenação:
É a capacidade de realizar um movimento de
forma coordenada. Coordenação adequada traduz
Capítulo 9
162
o bom funcionamento do cerebelo e da incapacidade de realizá-los recebe o nome de
sensibilidade proprioceptiva; adiadococinesia.
Sensibilidade superficial:
• Tátil: algodão seco, gaze ou pincel, os quais são
roçados de leve em várias partes do corpo;
Prova índex-índex: o paciente deve tocar o dedo
• Dolorosa: alfinete ou agulha de costura
do examinador, que muda de posição quando o
(romba), capaz de provocar dor sem ferir o
indivíduo está levando seu dedo ao nariz;
paciente.
• Térmica: tubos de ensaio com água quente e
Prova calcanhar-joelho: o paciente deve tocar o
fria com que se tocam pontos diversos do
joelho oposto com o calcanhar do membro a ser
corpo, alternando-se os tubos;
examinado e isso deve ser repetido várias vezes,
de início com os olhos abertos e, depois, fechados.
A prova é sensibilizada mediante o deslizamento
do calcanhar pela crista tibial. A prova é positiva
quando o paciente não consegue alcançar com
precisão o alvo. Diz-se que há dismetria (distúrbio
na medida do movimento); A diminuição da sensibilidade tátil recebe o nome
de hipoestesia; sua abolição, anestesia; e seu
aumento, hiperestesia.
Sensibilidade profunda:
• Palestesia: sensação vibratória com diapasão
nas eminências ósseas;
• Barestesia: compressão digital ou manual em
qualquer parte do corpo, especialmente de
Diadococinesia: capacidade de realizar
massas musculares.
movimentos rápidos e alternados, tais como: abrir
• Artrestesia: propriocepção ou sensibilidade
e fechar a mão, movimento de supinação e
cinético-postural. É explorada deslocando-se
pronação, extensão e flexão dos pés. A capacidade
suavemente qualquer segmento do corpo em
de realizá-los é chamada eudiadococinesia, sua
várias direções (flexão, extensão). Em dado
dificuldade é designada disdiadococinesia e a
Capítulo 9
163
momento, fixa-se o segmento em uma • Avaliação da acuidade visual: pede-se ao
determinada posição, que deverá ser paciente que diga o que vê na sala de exame
reconhecida pelo paciente. ou que leia alguma coisa. Examina-se cada olho
separado;
• Avaliação do campo visual: o paciente deve
estar sentado e deve fixar um ponto na face
do examinador que deve estar a sua frente. O
examinador desloca o seu dedo nos sentidos
horizontal e vertical e o paciente dirá até que
• Sensibilidade dolorosa profunda: compressão ponto está observando o seu dedo. Cada olho
moderada de massas musculares e tendões. deve ser avaliado separadamente e depois
Se o paciente acusar dor, é sinal de que há devem ser avaliados em conjunto. Chamamos
neurites e miosites.
esse teste de teste de confrontação;
Estereognosia: capacidade de reconhecer um
objeto com a mão sem o auxílio da visão. É função
tátil discriminativa ou epicrítica com componente
proprioceptivo. Coloca-se um pequeno
objeto comum na mão do paciente, o qual, com os
olhos fechados, deve reconhecer o objeto apenas
pela palpação. A perda dessa função é chamada
astereognosia ou agnosia tátil, indicativa de lesão • Fundoscopia: o fundo de olho é testado
- O ramo sensorial desse reflexo é carreado o indivíduo sorri ou faz caretas. O paciente
pelo NC V, e a resposta motora, pelo NC com AVC tem uma paralisia na porção inferior
Nervo misto (sensitivo e motor) responsável Nervo sensitivo constituído de duas raízes:
pelas ações dos músculos da expressão facial coclear, responsável pela audição e a vestibular,
ó
Sintomatologia neurológica: Diparesia: perda de força em dois membros
ideias-símbolos;
• Distúrbios na atividade gestual: também
Algia: “dor”;
denominada linguagem corporal, excluindo-se,
todavia, os distúrbios mentais patentes. Parestesias: sensações espontâneas
desagradáveis de agulhadas – “formigamento”;
Capítulo 9
170
Alodínia: sensação de dor ao estímulo não
nociceptivo;
Hiper/hipoalgesia: aumento/diminuição da
sensação da dor;
Dor nociceptiva: dor relacionada à liberação de Tanto a ambliopia como a amaurose podem ser
substâncias numa lesão tecidual; uni ou bilaterais, definitivas ou transitórias,
súbitas ou graduais;
Dor neuropática: dor relacionada à lesão num
nervo; Hemianopsias: perda de metade do campo da
visão;
Dor psicogênica: dor que surge sem nenhuma
causa orgânica (perda de alguém – dor do • Homônima: perda de visão do mesmo lado nos
emocional); dois olhos devido a uma lesão do quiasma
óptico (neoplasias, aracnoidite);
Náuseas e vômitos;
• Vômito em jato (vômito não precedido por
náuseas);
Disfagia:
• Neurológica (principalmente líquidos);
• Gastrointestinal (sólida);
Característica:
Vertigem (rotatória): sensação de girar em torno
• Diplopia horizontal: imagens formadas uma do do ambiente. Geralmente, se instala de forma
lado da outra; aguda, acompanhada de náuseas, vômitos,
desequilíbrio, palidez e sudorese;
Modo de instalação:
Súbita:
• Espontânea: a primeira suspeita deve ser
AVC;
• Posição da cabeça: vertigem posicional
paroxística benigna (lesão no labirinto);
Sintomas associados:
Vômitos/náuseas: associados a lesões
vestibulares ou cerebelares;
Instalação e progressão:
• Súbita;
• Persistente;
• Intermitente (paroxismo de dor – picos de
dor); Sintomas associados:
• Progressiva. • Pródomos (sintomas que precedem o sintoma
principal);
Caracterização do tipo:
- Precedem a enxaqueca em horas ou dias;
• Em peso;
- Irritabilidade, raciocínio lento e sono
• Pressão ou aperto;
prejudicado, bocejos (ocorre em 60% das
• Facadas;
crises);
• Pulsátil;
• Aura: sintomas neurológicos atribuídos a
• Queimação;
córtex ou tronco que, geralmente, precedem
• Pontadas; a cefaleia um pouco antes dela se manifestar.
Localização e irradiação: Se desenvolvem de 5 a 20 minutos, durando
Intensidade:
• Fraca;
• Moderada;
• Forte;
• Excruciante ou muito forte.
Capítulo 9
174
• Náuseas e/ou vômitos; recorrentes de dor de cabeça de características
- Ex: enxaqueca (com náuseas) ou meningite singulares, associada ou não a aura;
(sem náuseas);
• É mais comum em jovens do sexo feminino e
• Fonofobia/fotofobia:
pacientes em uso de terapia hormonal;
- Ex: enxaqueca;
• Sonolência/confusão mental; Migrânea sem aura:
- Ex: hipertensão intracraniana; Critérios de diagnóstico: Pelo menos 5 episódios
• Febre: com os seguintes critérios:
- Ex: causas infecciosas: meningite, • Duração de 4-72 horas (sem tratamento ou
encefalite e abscesso; com tratamento ineficaz);
- A febre e a cefaleia associadas é mais • Tem pelo menos duas das seguintes
preocupante do que febre, cefaleia e características:
tosse associadas, já que a tosse sugere - Localização unilateral;
problema respiratório. - Qualidade pulsátil;
- Intensidade da dor moderada ou severa;
Fatores desencadeantes:
- Exacerbada por atividade física rotineira.
• Cheiros;
• Tem pelo menos um dos seguintes sintomas
• Comidas (queijo, vinho, chocolate, café);
associados:
• Atividade física.
- Náusea e/ou vômitos;
Fatores de melhora ou piora; - Fotofobia e fonofobia.
• Analgésicos; • Não está atribuída a outra desordem.
• Sono;
Migrânea com aura:
• Luz;
Critérios de diagnóstico:
Classificação das cefaleias: • Pelo menos 2 ataques de cefaleia com
Primária: etiologia demonstrável por exames características de enxaqueca associada à aura,
clínicos quando não há nenhuma outra doença de duração de 5 a 60 minutos, caracterizados
subjacente e nenhuma alteração anatômica nos por:
exames de imagem (ex: migrânea, enxaqueca, - Sintomas visuais positivos (moscas
tensional e salvas); volantes, manchas ou linhas);
- Sintomas visuais negativos (perda de visão
Secundária: sintoma provocado por doenças (ex:
homônima);
cefaleia atribuída a infecção como sinusite,
- Sintomas sensitivos;
cefaleia por tumor cerebral, traumas,
- Disfasia.
transtornos psiquiátricos, retirada ou entrada de
alguma substância);
Crises com características de dor, sintomas e Como saber se estou diante de uma cefaleia
sinais associados semelhantes à cefaleia em primária ou secundária? Através de sinais de
salvas; porém, mais frequentes e de duração alertas, os quais vão sugerir uma suspeita de
mais curta, que ocorrem mais frequentemente cefaleia secundária que deve ser investigada com
em mulheres e respondem de maneira absoluta exames de imagem;
à indometacina;
São sinais de alerta para cefaleias secundárias:
A dor dura, geralmente de 2 a 30 minutos e
• Características da dor:
ocorre unilateralmente ao redor dos olhos,
- Pior dor da vida;
têmpora ou região maxilar, algumas vezes
- Iniciada de forma abrupta;
precipitada por movimentos da cabeça;
- Mudança de padrão da cefaleia
Embora a dor seja insuportável, o ataque é breve, preexistente;
durando geralmente segundos, e a maioria dos - Início após 50 anos;
pacientes está livre de dor entre os ataques, - Caráter progressivo;
embora uma dor surda possa estar presente - Piora ao sentar-se, ao deitar-se ou à
manobra de Valsalva;
Critérios de diagnóstico: Pelo menos 20 crises
- Cefaleia que acorda o paciente;
preenchendo os critérios seguintes:
- Ao esforço físico e sexual: ruptura de
• Crises de dor severa, unilateral, orbitária, aneurisma cerebral;
supraorbitária e/ou temporal durando de 2 a • Presença de estigmas psiquiátricos:
30 minutos; - Discurso incoerente;
• A cefaleia acompanha-se de pelos menos um - Usuário de drogas;
dos seguintes: - Portador de doenças psiquiátricas prévias;
- Hiperemia conjuntival e e/ou lacrimejo, • História de abuso ou abstinência de
ipsilaterais; substâncias.
- Congestão nasal e/ou rinorreia ipsilaterais;
• Sintomas, doenças e condições associadas:
- Edema palpebral ipsilateral;
- Febre
- Sudorese frontal e facial ipsilateral;
- Estado confusional;
- Miose e/ou ptose palpebral ipsilateral;
- Rebaixamento do nível de consciência;
• As crises têm uma frequência superior a - Papiledema;
cinco por dia em mais da metade do tempo, - Convulsões;
- Sinais neurológicos focais;
Capítulo 9
177
- Mialgia;
- Sinais de irritação meníngea;
- Diplopia;
- Sintomas gripais;
- Dor retro orbital;
- Hipertensão;
- Sinusite;
- Perda de peso;
- Neoplasia;
- Gravidez;
- Imunocomprometidos;
• História de trauma recente;
• Uso de anticoncepcionais, reposição hormonal
ou anticoagulantes.
Referências:
• Tratado de Medicina Interna – Cecil;
• Como fazer todos os diagnósticos.
Capítulo 9
178
• Laboratório: Subtipos:
Glicemia; • Convulsivo:
Rastreio infeccioso amplo;
Tônico-clônica generalizada:
Rastreio metabólico (alterações
Duram pelo menos 30 minutos ou um conjunto
hidroeletrolíticas);
de crises sem retorno ao basal;
Perfil toxicológico quando necessário.
Crise motora generalizada única ou conjunto de
Caso o paciente apresente suspeita de infecção crises com duração suficiente para causar
do SNC, como febre e rigidez de nuca, é lesão cerebral, lesão em outros órgãos ou
necessário fazer uma coleta do líquor através de insuficiência cerebral;
uma punção lombar.
Parcial:
Diagnósticos diferenciais: Abalos envolvendo pequenas áreas dos
• Síncope; membros, tronco ou face, nistagmo, tremor
• Ataque isquêmico transitório. palatal, asterix;
Síndrome neurológica súbita decorrente de uma quantidade de sangue que chega para cada 100g
série de processos patológicos que culminam em de tecido cerebral por minuto;
uma perfusão tecidual insuficiente;
• Negligência espacial;
• Negligência pessoal.
Alteração da coordenação:
Ataxia: sintoma muito comum do AVC que
comumente está associado a outros sintomas, a
depender da origem dessa ataxia;
• Cerebelar:
- Dismetria;
- Disdiadococinesia;
- Marcha ebriosa.
• Vestibular: Principais achados:
- Lesão central: pode estar relacionada a - Olhar preferencial para um dos lados;
lesão do nervo vestibulococlear ou lesão - Extinção tátil e visual;
dos núcleos vestibulares; - Anosognosia (não reconhece o déficit);
- Lesão periférica: Não é AVC. O paciente - Autotopognosia (não reconhece o membro
não chega a apresentar ataxia, mas uma como dele);
vertigem com náuseas e vômitos, - Heminegligência (não reconhece todo um lado);
sintomas característicos de uma
labirintopatia.
• Cardioembólico: comum em casos de fibrilação
Funções superiores:
atrial;
Funções corticais:
• Aterosclerose de grandes vasos;
• Linguagem;
• Aterosclerose de pequenos vasos (AVC
- Afasia:
lacunar): lesiona uma pequena parte do
✓ Motora (expressão);
cérebro. É o mais comum;
✓ Sensitiva (compreensão);
• Praxia; Outras causas determinadas:
• Memória; • Vasculites;
• Gnosia; • Paraneoplásicas;
MOVE:
• Monitorizar o paciente: ECG, PA, FC e oximetria;
• Oxigênio: somente se a saturação de O2 < 92 –
94%;
• Veia: acesso venoso;
• Exames: exame físico, laboratorial, exame de
imagem;
Flair Difusão
Estabilização: controle de glicemia, temperatura,
Na ressonância observam-se hiperintensidades cabeceira a 30º, controle pressórico;
confluentes na sequência FLAIR da substância
branca e a difusão auxilia na identificação das Encaminhar para a neuroimagem.
- Em até 15 minutos o paciente deve ser Depois de ter estabilizado e tratado o paciente o
avaliado pela equipe de emergência próximo passo é investigar a causa do AVC;
responsável;
• Estudo dos vasos intra e extracranianos;
- Em até 25 minutos da chegada do paciente
- Doppler de carótidas e vertebrais;
ao hospital, ele precisa fazer a
- Angiografia (angiotomografia, angio-
tomografia;
ressonância);
- Em até 45 minutos deve haver um laudo
• Avaliação cardíaca:
e uma interpretação da tomografia;
- ECG/Holter;
- Em até 60 minutos deve se iniciar a
- Ecocardiograma;
trombólise (a hora de ouro);
• Outros (conforme suspeita);
• Terapia de reperfusão aguda:
• Profilaxia secundária:
- Trombólise intravenosa: alteplase
(medicamento trombolítico); Controle da pressão no AVC hemorrágico:
- Terapia intrarterial: trombectomia
• Controle dos níveis pressóricos: PAS <
mecânica (retirada de um trombo);
160/140 mmHg;
• Correção de coagulopatias – se indicado;
- Complexo protrombínico;
- Vitamina K;
- Plasma fresco;
- Inibidor de fator VII;
• Indicações de trombólise venosa:
- Fator VIIa recombinante ativado.
- PA < 185 x 110 mmHg: para começar a
trombolisar; Na tomografia o sangue é branco (hiperdenso).
Capítulo 10
189
O exame físico do aparelho locomotor é feito Alterações da pele nos locais das articulações,
através da inspeção, palpação e movimentação; aumento de volume;
É necessário comparar articulações homólogas, ser devido a várias causas, como edema de
Tufos pilosos (defeitos no Manchas “café com leite” Análise da postura: com o paciente em posição
fechamento do tubo neural) (presentes na neurofibromatose)
ortostática, é possível reconhecer geno varum,
Nódulos justarticulares: geno valgum, pé plano ou cavo, cifose, escoliose e
• Nódulos subcutâneos, indolores e localizados cifoescoliose;
na face posterior do cotovelo ocorrem na
artrite reumatoide, aparecendo também no
LES ou na doença reumática; A avaliação dos movimentos das articulações
torna possível a verificação de dor e do grau de
• Nódulos eritematosos, hipersensíveis,
impotência funcional. Para isso, é fundamental
localizados na face anterior das pernas, são
conhecer os movimentos normais de cada
típicos de eritema nodoso;
articulação para maior facilidade em detectar e
• Depósitos de uratos na GOTA crônica podem
avaliar a amplitude dos movimentos ou evidenciar
ser encontrados na face posterior dos
movimentos anormais;
cotovelos, tendões de aquiles e no pavilhão da
orelha; Marcha: a modificação da marcha pode sugerir
enfermidades vertebrais e osteoarticulares dos
Capítulo 10
190
membros inferiores (traumáticas, metabólicas, • Distúrbios de ATM: pode observar assimetria
congênitas, inflamatórias e degenerativas); facial com dor orofacial, geralmente unilateral
ao mastigar, espasmo da mandíbula ou rangido
dos dentes. Frequentemente está associada
Deve ser profunda para palpar a parte óssea,
ao estresse e acompanhada de cefaleia;
muscular e articular;
Palpação:
Pela palpação, é possível determinar a causa do
Coloque a ponta dos dedos indicadores à frente do
aumento do volume articular, a presença de
trago de cada orelha e peça ao paciente para abrir
pontos hipersensíveis no nível da linha
a boca. Dessa forma, as pontas dos dedos devem
interarticular e em outras áreas, a presença de
deslizar para os espaços articulares, quando a
tumorações (nódulos, ossificações, neoplasias) e o
boca do paciente abrir.
aumento da temperatura local;
Crepitações:
• Quando são grosseiras e envolvem
articulações, denotam comprometimento da
cartilagem articular, significando degeneração
articular;
• Quando envolvem os ossos, denotam fratura.
Não sendo possível medir em graus, pode-se deformidades simétricas nas articulações
ou em limitação parcial, que pode ser mínima, geralmente essas articulações são
Artrite reumatoide
• Presença de nódulos:
- Nódulos de Heberden (articulações IFD) e
nódulos de Bouchard (articulações IFP)
indicam osteoartrite;
Palpação:
Palpação do punho: Palpe no punho as partes
distais do rádio e da ulna, nas superfícies lateral e
medial e depois palpe o sulco de cada articulação
do punho. Verifique se há edema, empastamento
ou dor; • Nódulos Heberden/Bouchard: Nódulos de
consistência endurecida nas articulações IFD
são comuns na osteoartrite;
• Artrite psorisíaca: as articulações IFD
também são comprometidas nessa doença;
Inspeção dinâmica:
Punhos: pronação/supinação e flexão/extensão;
Palpação:
Sinal da dragona: perda do contorno arredondado • Deslize os dedos sobre o processo coracoide
do ombro após um evento traumático. Este sinal até a face lateral do úmero, o tubérculo maior
sugere luxação anterior da articulação (C);
glenoumeral;
Capítulo 10
194
• Palpe o tendão do bíceps braquial no sulco As manobras são utilizadas, principalmente
bicipital intertubercular; para avaliar lesões do manguito rotador, as
quais são a causa mais comum de dor no ombro
no atendimento primário;
Inspeção dinâmica:
Os seis movimentos da cintura escapular
são flexão, extensão, abdução, adução, rotação
interna (medial) e rotação externa (latera), os
quais devem ser avaliados;
Manobras:
Capítulo 10
195
Sinal de Hawkins: Flexione o ombro e o cotovelo do O nervo ulnar, muito sensível, pode ser palpado
paciente a 90°, com a palma de sua mão voltada posteriormente, entre o olécrano e o epicôndilo
para baixo. Com uma medial.
das mãos no antebraço
e a outra no braço,
efetue a rotação
interna do braço. Isso
comprime a
tuberosidade maior do
Inspeção dinâmica:
úmero contra o tendão do músculo supraespinal
e o ligamento coracoacromial. O cotovelo faz os movimentos de pronação e
supinação do antebraço e flexão e extensão;
Sinal de Yokum: solicite ao paciente que faça uma
flexão do braço até o cotovelo tocar a testa. O
terapeuta poderá auxiliar o paciente a elevar ainda
mais o cotovelo, isso irá exacerbar os sintomas de
uma tendinite do supra-espinhoso ou alguma
lesão na articulação acromioclavicular.
superfície extensora da ulna e o olecrano para que chega sobre os músculos extensores do
Palpação:
Palpe o olecrano e comprima os epicôndilos, a
procura de derrame ou pontos dolorosos;
Capítulo 10
196
• Teste de Cozen: é feito com o paciente com o • Teste: O paciente deve estar com o cotovelo
cotovelo em angulação de 90ª com o punho em fletido, antebraço em supinação e punho em
flexão e antebraço pronado. Orienta-se ao extensão. O examinador deve estender
paciente que estenda o punho contra a vagarosamente o cotovelo do paciente.
resistência imposta pelo examinador. Quando Havendo queixa de dor no epicôndilo medial do
o indivíduo apresentar dor na face lateral do úmero, o sinal é positivo;
epicôndilo, sítio da musculatura extensora de
punhos e dedos, o teste e será positivo para
epicondilite lateral;
Inspeção estática:
Avaliação da marcha: compreende duas fases;
• Teste de Mill: com o paciente sentado
• Postural: quando o pé se apoia no solo e
mantendo o cotovelo em 90º de flexão,
sustenta o peso. A maioria dos problemas de
antebraço em pronação e flexão total de
quadril aparecem durante essa fase;
punho e dedos. O examinador, então, estende
• Oscilação: quando o pé se move para diante e
o cotovelo mantendo a flexão de punho e
não sustenta peso;
dedos e o paciente é orientado a resistir ao
movimento. O teste será positivo se É importante avaliar a largura da base,
reproduzir sintomas de dor no epicôndilo deslocamento da pelve e a flexão do joelho;
lateral. • Base ampla sugere doença cerebelar ou
problemas no pé;
• Luxação do quadril, artrite, comprimentos
desiguais dos membros inferiores ou
fraqueza dos abdutores podem ocasionar a
queda da pelve para o lado oposto, provocando
Bolsas:
Com o paciente em decúbito lateral e o quadril
Estruturas inguinais: flexionado e em rotação interna, palpe a bolsa
Com o paciente em decúbito dorsal, solicite a ele trocantérica, localizada acima do trocanter maior;
que coloque o calcanhar da perna que está sendo
examinada sobre o joelho oposto e palpe o
ligamento inguinal;
Manobras:
Sinal de Trendeleburg: o examinador deve estar
com os polegares apoiados nas espinhas ilíacas
póstero superiores. O paciente em posição
ortostática deve elevar o membro contralateral
do lado do quadril a ser examinado. Se o glúteo • Fraturas em livro aberto da pelve: grande
médio examinado estiver normal ele se contrairá, emergência médica por estar associada à
mantendo a pelve nivelada. Caso contrário, se a lesão de outros órgãos e à hemorragia. Em
pelve contralateral cair, o sinal é positivo e indica idosos podem resultar de traumas leves,
insuficiência do glúteo médio; como uma queda em domicílio, mas são mais
comumente vistas em jovens devido a
acidentes de alta energia, como acidentes
automobilísticos ou quedas de altura.
• Sinal de Destot: hematoma na região da bolsa
escrotal ou dos grandes lábios,
frequentemente associado às fraturas
pélvicas;
Marcha: tropeçar ou auxiliar a extensão do joelho • Palpação da pata de ganso: região de inserção
com a mão durante a batida do calcanhar no solo dos tendões dos músculos grácil, sartório e
• O paciente deve se sentar na borda da mesa deixando sua posição debaixo do fêmur. Compare
Inspeção estática:
Deformidades, nódulos, edema, cornos cutâneos
ou
calosidades;
• Fascite plantar: processo inflamatório ou
Arco do pé;
degenerativo que afeta a fáscia plantar, uma
membrana de tecido conjuntivo fibroso e
pouco elástico, que recobre a musculatura da
sola do pé, desde o osso calcâneo até a base
Desvios: dos dedos dos pés. A dor é localizada
particularmente no primeiro apoio pela manhã
e a causa mais frequente é o esporão de
calcâneo;
Capítulo 10
201
Inspeção dinâmica: Para avaliar a coluna, cubra o paciente com um
Avalie a flexão e a extensão na articulação lençol de modo a expor todo o dorso. Com o
tibiotalar (do tornozelo). No pé, avalie a inversão e paciente de pé, na posição natural, com os pés
Palpação:
Com o paciente sentado ou de pé, palpe os
processos espinhosos de cada uma das vértebras
com o polegar;
Inspeção estática: • Dor à palpação vertebral levanta
Avalie a postura, posição do pescoço, da cabeça e preocupações quanto a fratura, luxação,
do tronco, curvaturas da coluna; infecção subjacente ou artrite.
Referência: Bates.
ó
- Monoarticular: dor envolvendo uma
articulação;
• É o sintoma mais comum entre as doenças
- Oligoarticular: dor envolvendo de duas até
musculoesquelética;
quatro articulações;
• A dor musculoesquelética pode ter diferentes
- Poliarticular: dor envolvendo mais de
origens, como:
quatro articulações;
- Óssea (menos comum);
• Distribuição:
- Articular (artralgia);
- Simétrica;
- Extra articular: bulsas, tendões,
- Assimétrica;
ligamentos e músculos;
• Envolvimento:
Decálogo da dor: - Axial: coluna vertebral;
- Localização; - Apendicular: articulações periféricas;
- Duração; - Ambos.
- Irradiação; • Irradiação:
- Intensidade; - Radiculalgia: trajeto da raiz;
- Evolução; - Tendinite: trajeto do tendão.
- Qualidade/caráter; • Caráter da dor:
- Fatores desencadeantes;
- Inflamatório: piora com repouso;
- Fatores de melhora e fatores de piora;
- Mecânico: piora com movimento (dor da
- Relação funcional;
sobrecarga, como na artrose);
- Sinais e sintomas associados.
• Fatores desencadeantes:
Crepitação articular:
Locais: • Sinal característico de comprometimento da
Edema: cartilagem articular que gera um atrito entre
• Calor: aumento de temperatura; duas superfícies articulares;
• Rubor: vermelhidão da pele; • Pode não ser oercebida pelo paciente, mas é
Referências:
ç á
Grupo de doenças autoimunes que afetam o originam do metabolismo celular e da dieta. Em
aparelho locomotor; certos casos, essas bases podem vir de
Artrite gotosa; medicamentos e de doenças que aumentam o
Osteoartrose; metabolismo celular;
Artrite reumatoide;
A adenina e a guanina sofrem um grande
Lúpus eritematoso sistêmico;
processo enzimático e se transformam no ácido
Espondilite anquilosante;
úrico, o qual deve ser excretado no intestino e na
Como diferenciar as doenças autoimunes? urina. Medicamentos, doenças renais e o álcool
• Envolvimento articular: podem diminuir essa excreção do ácido úrico,
Predomínio periférico: AR, LES; aumentando o nível sérico dessa substância no
Predomínio axial: espondilite anquilosante organismo (hiperuricemia);
(comprometimento da coluna); Sendo assim, a gota pode ser:
Simetria: AR, LES;
• Primária: quando os pacientes são
Assimetria: artrite reativa, artrite
hiperprodutores ou hipoexcretores de ácido
psoriásica;
úrico, tendo como substrato uma anomalia
• Envolvimento sistêmico: LES, artrite reativa e
metabólica, de origem genética;
artrite psoriásica;
• Secundária: quando há superprodução de ácido
• Envolvimento sistêmico menos frequente: AR,
úrico como decorrência de uma enfermidade
espondilite anquilosante;
(leucemia, Policitemia, mieloma múltiplo,
insuficiência renal crônica) ou uso de
medicamentos que interferem no
• Uma das doenças metabólicas mais
metabolismo das purinas, entre os quais
frequentes;
destacam-se os diuréticos tiazídicos.
• Muito mais frequente em homens. Nas
mulheres surge após a menopausa; Quadro clínico:
• Ocorre pelo excesso de ácido úrico na corrente Hiperuricemia assintomática:
sanguínea (hiperuricemia), o qual é pouco • Elevação do ácido úrico não associada a
solúvel no plasma e acaba precipitando e manifestações de gota ou nefropatia;
formando cristais; • Mais de 2/3 dos pacientes são assintomáticos;
Obs: Ter ácido úrico alto não significa ter a
Artrite gotosa aguda:
doença GOTA;
• Cristais nas articulações que inflamam, mas
Fisiopatologia da doença: ainda não destroem as articulações;
O ácido úrico é proveniente das bases • Fatores provocativos das crises:
nitrogenadas adenina e guanina, as quais se
Capítulo 10
207
Trauma e intercorrências clínicas e A intensidade dos sintomas é menor do
cirúrgicas; que na fase aguda;
Álcool; Envolvimento poliarticular, incluindo
Medicamentos: diuréticos tiazídicos, pequenas articulações das mãos;
aspirina; Formação de tofos: acúmulo de cristais
Ingesta alimentar: carne vermelha, nos tecidos subcutâneos (geralmente
frutos do mar, miúdos e grãos indolores).
(principalmente o feijão).
• Quadro: Artrite súbita de forte intensidade
que ocorre, na maioria das vezes, de
madrugada preferencialmente na articulação
metatarsofalangiana (podagra), mas pode
localizar-se nos joelhos (gonagra) e, mais
raramente, nos punhos (quiragra). Tem uma
duração de 5 a 7 dias e envolvimento de
membros inferiores;
Diagnóstico:
É basicamente clínico, pois o quadro é muito
característico. Na maioria das vezes, o paciente
com crise aguda chega ao consultório relatando
que bebeu no final de semana, comeu muita carne
e subitamente surgiu uma dor muito forte,
Após a primeira crise (monoartrite inflamação intensa e vermelhidão nos locais das
aguda), passam a surgir crises articulações. No entanto, existem exames de
poliarticulares com intervalos imagem e laboratoriais que podem auxiliar nesse
assintomáticos cada vez mais curtos. diagnóstico, como:
Diagnóstico:
Tem como base os achados clínicos, auxiliados por
dados laboratoriais que incluem anemia moderada,
leucopenia, trombocitopenia, aumento da
velocidade de hemossedimentação,
Capítulo 10
209
hipergamaglobulinemia, diminuição do manifestarem em pacientes que possuem
complemento, presença de células LE (que ocorre predisposição genética para determinada doença.
em 80% dos casos) e de fator antinuclear em Existem estudos que demonstram que a artrite
altos títulos (1.200), demonstrável em quase reumatoide parece estar ligada a exposição ao
100% dos casos. Parvo vírus e Epstein Bar;
• Exames gerais para atividade da doença: VHS, agressivo. Esse pannus irá ativar diversas
Fisiopatologia da doença:
É uma doença autoimune com resposta imune
celular mediada por linfócitos T. Possui uma quando isso acontece,
predisposição genética autoimune (HLA-DR4); afeta a C1 e a C2;
• Além do comprometimento articular, pode
surgir rigidez pós-repouso, atrofias
musculares, nódulos subcutâneos e sintomas
gerais, como febre, perda de peso,
anorexia e astenia;
Quadro clínico:
• Articulares:
Predomínio axial (coluna e sacroilíacas);
Dor lombar de caráter inflamatório;
Diagnóstico:
Rigidez matinal após período de repouso;
• Exames radiológicos: Pode envolver articulações periféricas:
Raio-x articular: mostra a destruição da quadril (mais frequente), joelho e
articulação; tornozelo.
USG e RM: mostra inflamações. Como a Durante a evolução da doença, a coluna vai
clínica é muito sugestiva, quase não é tornando-se rígida, com diminuição da dor.
utilizada a ressonância; A incapacitação do paciente advém da
anquilose entre as vértebras.
• Extra-articulares:
Uveíte;
Entesite;
Insuficiência aórtica;
• Exames laboratoriais: Fibrose pulmonar.
Anticorpo: fator reumatoide, anti CCP,
Diagnóstico:
atividade da doença (VHS, PCR);
• Exame físico:
A presença do fator reumatoide como o
Postura de esquiador;
FAN no Lúpus não indica a doença. É
preciso ver as manifestações clínicas;
cervical; grupo A;
• Acomete crianças e adolescentes na faixa dos
7 aos 15 anos. A incidência vem caindo em todo
o mundo, mas nos países em desenvolvimento
ainda é a principal artrite cônica na infância;
• No Brasil, a cardiopatia reumática crônica
permanece sendo a maior causa de doença
Teste de Patrick-Fabere: avalia a cardíaca entre crianças e adultos jovens;
inflamação da articulação sacroilíaca;
Fisiopatologia:
Processo inflamatório do tecido conjuntivo, com
exsudato e proliferação celular. No miocárdio,
encontram-se os nódulos de Aschoff, o achado
mais característico da doença. No endocárdio,
ocorrem lesões vegetantes sobre as cúspides
valvares, compostas de trombos plaquetários
HLA B 27: não é todo mundo que tem esse ocorrem fibrose, retração e fusão das cordoalhas
ó
Genitália interna feminina
Útero:
• É um órgão oco situado na cavidade pélvica
posteriormente à bexiga e anteriormente
ao reto, com formato de pêra invertida;
• É formado por três camadas:
• Endométrio: camada mucosa;
• Miométrio: camada muscular;
• Perimétrio: camada serosa.
• Se divide em 4 porções: fundo, corpo, istmo
e cérvix (colo do útero)
Genitália externa feminina
Corresponde à vulva e é constituída por:
Ovários:
• Estruturas em formato de amêndoas, nas
quais serão produzidos os gametas
femininos pelo processo de ovogênese;
Capítulo 11
214
• São responsáveis também por produzir os embrião na fase inicial da gestação até que o
hormônios sexuais femininos, estrógeno e beta-HCG seja formado para produzir a
progesterona. progesterona;
Fisiologia do aparelho reprodutor feminino • Caso o óvulo não seja fecundado, os níveis de
O eixo hipotálamo-hipófise-ovário funciona progesterona caem porque o beta-HCG não
através da produção de GnRH pelo hipotálamo, foi formado e o útero se descama para um
o qual estimula a produção de gonadotrofinas na novo ciclo.
hipófise, sendo elas o LH e o FSH. Esses dois Ciclo menstrual
hormônios possuem funções distintas e
O 1º dia do ciclo é o 1º dia da menstruação.
importantes no ciclo menstrual.
Normalmente, a duração da menstruação é de
2 a 6 dias com um volume médio de 20 a 60 ml;
Menopausa: data da última menstruação que só inferior do abdome ou pelve que pode ser:
Amenorreia: ausência de menstruação por um Ocorre 5 dias antes da menstruação por 3 ciclos
tempo maior do que três ciclos prévios; consecutivos com cessação dos sintomas
dentro de 4 dias do início das menstruações. Na
Dispareunia: dor à relação sexual;
maioria das vezes, provoca interferência nas
Gestação: G (número total de gestações); P atividades diárias;
(número de partos); A (número de abortos).
• Sintomas emocionais e comportamentais:
Uso de anticoncepcionais;
depressão, raiva, irritabilidade, ansiedade,
Doenças sexualmente transmissíveis e doenças confusão mental, choro, distúrbios de sono,
ginecológicas anteriores; dificuldade de concentração e retraimento
Grandes e pequenos lábios: observar a simetria, Manobra de Valsalva: teste realizado através da
Inspeção dinâmica
Com a paciente sentada, é possível analisar
retrações e abaulamentos quando solicitado que
ela;
É feito com objetivo de:
• Movimente os braços anteriormente para
• Avaliar o tamanho, posição, mobilidade e
cima e para baixo, lateralmente para cima e
forma do útero;
para baixo;
- Útero retrovertido: a posição normal do
• Pressione as palmas das mãos uma na
útero é de anteversoflexão, no entanto,
outra;
existem pacientes com o útero
Capítulo 11
218
Palpação da mama Exames de imagem:
1- Oligo-ovulação ou anovulação;
2- Sinais clínicos e/ou bioquímicos de
hiperandrogenismo;
3- Ovários policísticos à ultrassonografia com
Etiologias:
• Alteração anatômica do trato reprodutivo,
como hímen imperfurado;
• Insuficiência ovariana primária;
• Anovulação crônica com estrógeno presente
(uso de anticoncepcionais);
• Causas centrais: tumores que impedem a exclusão dos distúrbios relacionados;
Classificação:
• Menopausa natural: 45 a 55 anos;
• Menopausa precoce: < 40 anos;
• Menopausa tardia: > 55 anos.
Manifestações clínicas:
• Sintomas vasomotores: fogachos;
• Síndrome geniturinária: atrofia vaginal,
bexiga hiperativa, incontinência urinária,
infecção recorrente do trato urinário;
• Osteoporose pós-menopausa.
Capítulo 11
220
á
o sulco balanoprepucial; na superfície
uretral, encontra-se o freio.
baixo para cima e de diante para trás, ao longo só pode ser considerado completo quando dele
polegar da mão esquerda, coloca-se a polpa do anterior do reto como uma estrutura em
Capítulo 11
225
formato de coração (pirâmide invertida,
maçã, pera), com a base voltada para cima e
o vértice para baixo;
• Em condições normais, a próstata tem o
tamanho de uma noz grande, é regular,
simétrica, depressível, apresenta superfície
lisa, consistência elástica, lembrando borracha,
contornos precisos e é discretamente móvel.
á
• O jato urinário tem a mesma força de
sempre?
- Essa pergunta é importante
principalmente para homens, pois urina
com o jato reduzido pode ser um sinal de
doenças prostáticas;
• Qual o aspecto da urina?
• Tem alguma dificuldade para urinar? • Noctúria: levantar-se à noite para urinar;
• Com que frequência urina? miccional fazendo com que o paciente urine na
cama;
• Levanta-se à noite para urinar?
- Em crianças pode ser normal, mas em
• O volume das micções está alterado?
adultos e idosos deve ser investigado;
• Alguma dor ou queimação?
• Algum tipo de incontinência?
Capítulo 12
227
• Incontinência urinária: Cor da urina
- De esforço: incontinência associada a uma A urina normal é transparente e tem uma
fraqueza do assoalho pélvico quando a pessoa tonalidade que varia do amarelo claro ao amarelo
tosse ou se exercita. Pode estar mais escuro, conforme esteja diluída ou concentrada;
presente em mulheres multíparas;
• Hematúria: presença de sangue (hemácias)
- De urgência: vontade forte e inadiável de
na urina. Pode ser total, inicial ou terminal.
urinar. Refere-se à hiperatividade do músculo
- Hematúria total: urina uniformemente
detrusor da bexiga, que produz uma vontade
tingida de sangue que indica origem de
súbita para urinar, praticamente sem aviso,
sangramento renal ou ureteral, ou, então,
muitas vezes acompanhada de perda de urina;
das paredes da bexiga, acima do colo
- De transbordamento: ocorre quando a bexiga
vesical;
fica tão cheia que chega a transbordar. Pode
- Hematúria inicial: comumente associada a
ser causada pelo enfraquecimento do
lesões situadas entre a uretra distal e o
músculo da bexiga ou pela obstrução à saída
colo vesical. Se o local do sangramento for
de urina. O aumento da próstata pode resultar
anterior ao esfíncter vesical, pode
nesta obstrução.
manchar a roupa íntima,
- Funcional: A incontinência funcional ocorre
independentemente da micção;
quando uma pessoa reconhece a necessidade
- Hematúria terminal: associada mais
de urinar, mas está impossibilitada de ir ao
comumente a lesões do trígono vesical.
banheiro devido a alguma doença ou
complicação que a impede de chegar ao • “Urina cor de coca-cola”: pequena quantidade
Inspeção
Ausculta
vasos que pode ser causada por estenose ou pielonefrite ou litíase renal. Para ser
por deposição de placa de gordura. detectado, deve ser realizado uma percussão
com a mão em forma de punho no dorso do
Palpação
paciente no nível da 11° e 12° costela, com
uma mão realizando o amortecimento;
Capítulo 12
229
• O sinal positivo equivale a uma sensação
dolorosa aguda ou em pontada, desencadeada
pela punho percussão ou com a borda da mão
na região lombar. Sugere pielonefrite ou litíase
urinária, mas pode ser de origem
musculoesquelética.
Referência:
PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 8. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2009. 1308
p.
Capítulo 12
230
çã á
É uma condição muito prevalente, principalmente Etiopatologia da cistite na mulher:
em mulheres;
Nos EUA, corresponde a:
• 7 milhões de consultas/ano
• 15% de todas as prescrições de ATB
• 100.000 internações/ano
• 40% das infecções hospitalares (cateteres)
í
Massa cristalina que se forma nos rins e tem • Alterações anatômicas: alterações que
tamanho suficiente para ser clinicamente favorecem a formação das pedras;
identificável, seja pelos sintomas que provoca ou • 3ª e 4ª década de vida;
por poder ser visualizados através de técnicas • Fatores genéticos hereditários;
de diagnóstico por imagem. Caso seja muito
• Distúrbios metabólicos e endócrinos, como
pequena e não identificável, será chamada de
Gota (excesso de ácido úrico) ou distúrbios
cristalúria;
no metabolismo do cálcio;
• pH urinário: pode influenciar na formação
dos cristais ou não;
• Ingesta de líquidos;
• Dieta: dietas ricas em proteínas e oxalato
como tomate podem favorecer o
desenvolvimento desses cristais. Por outro
lado, dietas ricas em cálcio e potássio
Ocorre por um desequilíbrio na concentração de reduzem o risco;
certas substâncias na urina, causando a • Doenças sistêmicas como
supersaturação da urina e a formação de hiperparatireoidismo, acidose renal,
cristais, até que forme a pedra nos rins; obesidade, gota e diabetes mellitus;
• Ocupação;
Existem muitos tipos de cálculos renais. Sua
composição é determinante na avaliação clínica, • Sedentarismo
• Hematúria; • Hematúria;
Cálculos no ureter
• Dor irradiada para região inguinal/testículos; das vias urinárias por obstrução;
Exame físico
í ó í
• Arteríola aferente: por onde o sangue adentra
A estrutura glomerular é um tufo de capilares como a albumina que o organismo não pode
anastomosados formados pelas ramificações da eliminar, pois precisa delas para o seu bom
funcionamento;
arteríola aferente. O glomérulo é revestido por
uma cápsula denominada Cápsula de Bowman; • Barreira eletroquímica: presença de
glicoproteínas aniônicas que repelem proteínas
Polo vascular: é por onde entram e saem as
de cargas negativas;
artérias, sendo composto por:
Capítulo 12
238
Fisiologia da filtração glomerular • Barreira de carga elétrica – ALBUMINÚRIA –
Água, eletrólitos e substâncias saem do sangue seletiva;
capilar, atravessam as células endoteliais e a • Barreira mecânica (poros) – PROTEINÚRIA –
membrana basal glomerular, sendo que para não seletiva;
atravessar essas substâncias precisam ter
O resultado é um conjunto de sinais, sintomas e
tamanho pequeno e carga não fortemente achados laboratoriais que ocorre quando há
negativa. Ao atravessar a membrana, caem no aumento patológico e exagerado da
espaço de Bowman (espaço urinário) e seguem permeabilidade dos glomérulos às proteínas,
para os túbulos renais. Esse líquido filtrado que cai
levando a proteinúria maciça;
nos túbulos renais é processado e vai constituir a
urina. Definição/fisiopatologia: alteração na membrana
glomerular – proteinúria (> 3-3,5g/24h ou >
50mg/24 horas);
Mecanismos comuns tais como quebras na parede
Síndrome nefrótica = Proteinúria maciça
capilar glomerular e a perda da barreira seletiva
a partículas baseadas no tamanho e na carga
• Hipoalbuminemia < 2,5g: a excreção urinária de
constituem a base da proteinúria e hematúria que
albumina ultrapassa a capacidade do fígado de
são características de doenças glomerulares. No
sintetizar essa proteína;
entanto, a natureza dos mecanismos patológicos
• Edema generalizado (anasarca);
se diferencia, podendo ser:
• Hiperlipidemia (lipidúria + diminuição da
Mecanismo imunopatológicos: pressão oncótica);
• Citotoxicidade por anticorpos;
Etiopatogenia do edema
• Lesão mediada por imunocomplexos;
Se dá por dois mecanismos:
• Lesão mediada por células (hipersensibilidade
Teoria do Underfilling: ocorre principalmente
tardia);
quando há perda aguda ou concentrada de
• Lesão mediada por ativação do complemento
albumina. Se há perda de proteína na urina, a
e por mediadores inflamatórios.
albumina também é diminuída. Sendo assim,
Outros mecanismos ocorre redução da pressão oncótica do plasma e
• Lesão por toxinas; perda de líquido para o terceiro espaço (perda de
• Lesão por depósitos de substâncias; líquido para fora do vaso), resultando em edema.
• Lesão por alterações metabólicas; Com essa perda de líquido, o organismo entende
um estado de hipovolemia e ativa o SRAA, retendo
sódio e água pelo rim e, resultando na persistência
Lesão glomerular de natureza primária do edema.
(idiopática) ou secundária (várias doenças) que
Teoria do Overfilling: com a lesão da membrana
altera a permeabilidade da membrana basal
basal ocorre uma retenção de sódio no rim e uma
glomerular;
retenção de água, a qual resulta num aumento da
Alterações na barreira da membrana: pressão hidrostática. Com a diminuição da
Capítulo 12
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albumina, a pressão oncótica não consegue Secundária:
ultrapassar a pressão hidrostática e, por esse • Diabetes Mellitus (causa principal da Síndrome
motivo, ocorre o extravasamento de líquido Nefrótica em geral);
transcapilar. • Lúpus Eritematoso Sistêmico;
Com o extravasamento transcapilar, o organismo • Amiloidose;
entende que há um estado de hipovolemia e ativa • Vasculite;
o SRAA e todos os mecanismos subsequentes que • Hepatite B;
acontecem no Underfilling. Dessa forma, as • HIV;
teorias se completam. • Linfoma;
• Tumores sólidos;
• Esquistossomose.
Quadro clínico
• Edema periorbital;
• Edema de face e periférico;
• Anasarca;
• Derrame pleural, ascite e dispneia;
decúbito frontal. Serve para identificar etiologia, • Como espera a PA ao exame físico? Pressão
avaliar o grau da lesão e definir o prognóstico e alta associada a oligúria e a hipervolemia
tratamento. A agulha do procedimento deve Caso 2: Paciente, 66 anos, diabético tipo 2 há 15
pegar todo o néfron (medula e córtex). anos, comparece ao ambulatório com queixa de
que “está urinando menos” e com edema nos pés.
Conta que nunca quis ser diabético e, por isso,
sempre fingiu que não tinha a doença, apenas
tomando os remédios quando sentia que o açúcar
estava alto. Nunca fez dieta.
Referências
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O conceito de clearance (Cl) apoia-se na
capacidade dos rins de depurar ou eliminar uma
Homeostasia: a principal função dos rins é manter
determinada substância existente no sangue que
o volume e a composição dos líquidos no organismo
atravessa o sistema vascular renal por minuto;
dentro de limites adequados ao funcionamento
das células, por meio dos seguintes processos:
Representa a capacidade de depuração renal de Numa função renal alterada, existem três sinais
uma substância e é inversamente proporcional à sugestivos:
gravidade da lesão renal. Ou seja, quanto maior a • Azotemia: achado laboratorial com elevação
lesão renal, menor a TFG; de escórias nitrogenadas (ureia e creatinina);
numa nefrite túbulo-intersticial crônica (fibrose pois como o rim é o grande filtro do corpo, a
tecidual), caso a obstrução permaneça por mais sintomatologia pode aparecer em qualquer lugar;
• ECG: necessário para investigar distúrbios o acúmulo de toxinas que deveriam estar sendo
Lesão crônica do parênquima renal com ou sem Entre as funções renais, existe a função
redução da taxa de filtração glomerular endócrina que também é comprometida nessa
evidenciada por anormalidades histopatológicas ou patologia, através da:
por marcadores de lesão renal, incluindo
• Deficiência de eritropoietina: pode causar
anormalidades na composição da urina e
anemia;
alterações nos exames de imagem. Ou por
• Deficiência de calcitriol (vitamina D ativa): pode
diminuição da TFG por, pelo menos, 3 meses;
causar hiperparatireoidismo secundário, pois o
Grupo heterogêneo de condições caracterizadas corpo não consegue absorver cálcio da forma
por alterações na estrutura e função do rim, que adequada por causa da falta de vitamina D.
Capítulo 12
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Com isso, o hiperparatireoidismo é • Nefroesclerose hipertensiva;
estabelecido para compensar a falta do cálcio; • Glomerulopatias primárias;
neve urêmica (cristalização da ureia após a - Pacientes com proteinúria pode ser
sua excreção no suor); administrados IECA’s ou BRA’s;
Referências:
AGRADECIMENTOS
Anne Marques