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Métodos de Recuperação
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Métodos de Recuperação
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Discutir a importância da recuperação no processo de treinamento;
• Compreender as características do excesso de treinamento;
• Sistematizar estratégias de recuperação para otimização de performance.
UNIDADE Métodos de Recuperação
3.5
Estresse Atividade Moderada (30-45min)
Fisiológico Intenso e/ou Longa duração (3h)
2.5
1.5
Estimulação
Imunológica 0.5
-0.5
“Janela Aberta”
-1.5
Supressão
Imunológica -2.5
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8 8.5 9 9.5 10
Início do
Tempo (Horas)
Exercício
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Entretanto, quando o atleta é exposto cronicamente ao estresse do exercício físico,
situação que acontece em indivíduos envolvidos em programas de treinamento, é suges-
tivo que ocorra ativação constante das estruturas hormonais, tal como a produção do
hormônio antidiurético (ACTH), levando à estimulação da glândula adrenal – denomi-
nada eixo hipotálamo-adrenal (GOMEZ-MERINO et al., 2005; LUGER et al., 1987)
–, promovendo adaptação nas respostas observadas durante a fase aguda, com menor
sensibilidade da glândula adrenal ao ACTH, fato corroborado por Duclos e colaborado-
res (2003), observando que em homens treinados comparados com sedentários, o au-
mento de ACTH após o treinamento não levou ao crescimento proporcional de cortisol,
sugerindo um efeito protetor da prática regular de treinamento, promovendo adaptação
fisiológica, evitando resposta excessiva de produção de cortisol.
Entretanto, faz-se necessária boa organização lógica das cargas de treinamento (perio-
dização do treinamento) a fim de se evitar questões de excesso de treinamento, de modo
que por sucessivas sessões de treinamento sem o devido tempo de recuperação – para
que ocorra a resolução do processo inflamatório gerado pelo treino – poderá ocorrer
quadro crônico de inflamação. Dessa forma, segundo Radak e colaboradores (2008),
caso o treinamento promova danos extensos, poderá ocorrer necrose (morte celular
por lesão) e apoptose (morte celular programada), causando alterações irreversíveis nas
fibras musculares, ressaltando-se, assim, a importância de um equilíbrio tanto para o
desenvolvimento do tecido muscular quanto para a resposta inflamatória.
Excesso de Treinamento
Quando a periodização do treinamento e/ou controle do treinamento não ocorre ou
é mal administrada, acaba resultando em treinamento excessivo, onde os atletas podem
desenvolver Overtraining (OT), estado que indica condição excessiva de treinamento.
Segundo Silva e colaboradores (2006), cerca de 50% dos atletas profissionais de di-
ferentes modalidades esportivas, tais como corredores de fundo, jogadores de futebol
e basquetebol são afetados em algum momento da carreira pelo OT. De acordo com
Batista e colaboradores (1999), OT pode ser definido como uma modulação negativa no
eixo hipotálamo-hipófise, promovendo distúrbio neuroendócrino, resultando em maior
dificuldade de resposta do organismo frente as demandas impostas pelo exercício.
É descrito na literatura uma distinção entre o grau de OT, podendo ocorrer distúr-
bios similares, mas com características mais brandas, tal como o Overreaching (OR),
o qual ocorre após um período de intensificação das cargas, promovendo um quadro
de fadiga muscular periférica, classificada com uma fase de pré-overtraining, mas com
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UNIDADE Métodos de Recuperação
o atleta conseguindo se recuperar após alguns dias afastado ou com cargas baixas de
treinamento; enquanto o OT envolve maior nível de fadiga central – Sistema Nervoso
Central (SNC) – e a recuperação pode demorar semanas ou até mesmo meses, sendo
comum neste período o atleta apresentar diminuição da performance acompanhada de
alterações fisiológicas, psicológicas e bioquímicas.
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Quantificando o Nível de Recuperação
O nível de recuperação após uma sessão de treinamento é importante para se evitar
entrar em estados de supertreinamento, caracterizados por desequilíbrio entre estresse
e recuperação – lembrando que o estresse será promovido não somente pelas caracte-
rísticas do treinamento, mas também pelas atividades do dia a dia, tais como relações
familiares, profissionais e financeiras.
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UNIDADE Métodos de Recuperação
A alteração no estado de humor é calculada pela soma dos fatores negativos, menos
o fator positivo, representado uma média geral do estado de humor, sendo somado 100
ao resultado para que não haja resultados negativos. Dessa forma, quando o questioná-
rio apresenta alto valor de vigor e baixos valores nas demais variáveis, é considerado um
padrão de estado de humor positivo, referindo-se à boa saúde mental e caracterizado,
por alguns autores, como “perfil iceberg”.
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Figura 3 – Modelo de questionário POMS para análise da mudança de humor
Fonte: Reprodução
Medidas de bem-estar perceptivo podem variar de uma única medida focada, tal
como dor ou recuperação, a um inventário de bem-estar abrangendo vários aspectos di-
ferentes do atleta, tais como qualidade do sono, dor muscular, nível de estresse e fadiga,
podendo realizar a soma de todos os resultados para compor um padrão de estado geral
do indivíduo (Figura 4).
+ + + =
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UNIDADE Métodos de Recuperação
Outra opção disponível e que depende de uma única ferramenta de medição de bem-
-estar perceptual foi desenvolvida para avaliar o estado de recuperação percebido de um
indivíduo (após um breve aquecimento) para determinar o seu desempenho potencial
durante uma próxima sessão de treinamento (LAURENT et al., 2011).
5 Adequadamente recuperado
Expectativa de
Performance
6 Moderadamente recuperado Similar
7
8 Bem recuperado (um pouco energizado)
Expectativa de
9 Performance
10 Melhorada
Muito bem recuperado (altamente energizado)
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Diferentes estratégias para otimizar a recuperação pós-exercício têm sido propostas,
tais como a crioterapia, o contraste, a massagem, suplementação com antioxidantes
e recuperação ativa; entretanto, os trabalhos apresentaram resultados inconsistentes,
muito provavelmente devido à falta de padronização entre os protocolos utilizados, que
variam muito quanto à dose, frequência, intensidade, duração e ao momento da aplica-
ção do método recuperativo, assim como ao estado de treinamento dos participantes e
aos exercícios realizados durante o estudo (SILVA et al., 2013).
Tais estratégias podem ser previamente previstas enquanto colocação dentro da perio-
dização do treinamento, sempre seguidas de períodos de maior intensidade de carga, com
a intenção de antecipar a ocorrência de lesões, como também em semanas que ante-
cedem competições, com a finalidade de permitir que o atleta possa competir o mais
próximo possível dos 100% de recuperação, cujo foco na recuperação, quando antecede
eventos competitivos, é denominado polimento ou taper.
É comum a adoção de um período entre uma e três semanas que antecedem a com-
petição ou o momento para apresentar o melhor rendimento físico possível, sendo o
taper – ou polimento – reconhecido como estratégia que promove redução nas cargas
de treinamento no período pré-competitivo.
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UNIDADE Métodos de Recuperação
Esta estratégia está respaldada na teoria de redução dos níveis de fadiga promovida
pelo treinamento, sem reduzir totalmente os estímulos de treinamento. A redução da
carga de treinamento pode ser gerada por alterações em uma das três variáveis – inten-
sidade, frequência e duração.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
O processo de recuperação de atletas após um jogo
https://youtu.be/ElNoufqw0BQ
Banheira de gelo pela primeira vez
Depoimento de atleta sobre crioterapia.
https://youtu.be/vTIpC8ZOckM
Muscle Soreness and Recovery Tips – Relieve Muscles FAST!
Animação sobre recuperação pós-treino.
https://youtu.be/PUJpU6Ti5jU
Leitura
Monitoramento e prevenção do supertreinamento em atletas
https://bit.ly/3u2hgHO
Efeitos do tipo de polimento na resistência anaeróbia de jovens atletas de basquetebol
https://bit.ly/3dXDapU
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Referências
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supertreinamento em atletas. Rev. Bras. Med. Esporte, n. 12, p. 291-296, 2006.
BUTCHER, S. K. et al. Raised cortisol: Dheas ratios in the elderly after injury: potential
impact upon neutrophil function and immunity. Aging Cell, n. 4, p. 319-324, 2005.
DUCLOS, M.; GOUARNE, C.; BONNEMAISON, D. Acute and chronic effects of exercise
on tissue sensitivity to glucocorticoids. J. Appl. Physiol., n. 94, p. 869-875, 2003.
FLYNN, M. G. et al. Indices of training stress during competitive running and swimming
seasons. Int. J. Sports Med., n. 15, p. 21-26, 1994.
HACK, V. et al. PMN cell counts and phagocytic activity of highly trained athletes
depend on training period. J. Appl. Physiol., n. 77, p. 1.731-1.735, 1994.
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HOOPER, S. L. et al. Hormonal responses of elite swimmers to overtraining. Med.
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MCNAIR, D.; LORR, M.; DROPPLEMAN, L. F. Profile of mood states manual. San
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NIEMAN, D. C. Exercise, infection, and immunity. Int. J. Sports Med., n. 15, p. S131-
-S141, 1994.
RADAK, Z. et al. Exercise, oxidative stress and hormesis. Ageing Research Review,
v. 7, n. 1, p. 34-42, 2008.
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