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Periodização do Treinamento
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Periodização do Treinamento
• Macrociclo;
• Mesociclo;
• Microciclo;
• Sessão de Treino.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer a estruturação de um período de treinamento;
• Estruturar de forma lógica as cargas de treinamento.
UNIDADE Periodização do Treinamento
Contextualização
Durante o processo de treinamento que visa ao aumento de performance física dos
atletas, é fundamental uma boa distribuição das cargas de treinamento, que permitam
gerar estímulos adequados conforme a condição do atleta, e permitir a recuperação do
estresse promovido pela sessão de treinamento. Nesse sentido, é fundamental um bom
planejamento, o que chamamos de periodização do treinamento.
Figura 1 – Representação da proposta do professor Hans Selye sobre as fases que compõem a
síndrome da adaptação geral, composta pelas fases de alarme, resistência e exaustão
A Síndrome de Adaptação Geral (SAG) é o processo que o corpo sofre quando responde
ao estresse – seja ele fisiológico ou psicológico. O processo consiste em três etapas: alarme,
resistência e exaustão. Organismos gostam de manter a homeostase, ou um estado estável
e equilibrado. Quando um organismo é exposto ao estresse, o corpo usa a resposta “lutar ou
fugir” para compensar. A síndrome de adaptação geral é o processo pelo qual o corpo sofre
para tentar retornar à homeostase. Através do uso de hormônios, o corpo tenta retornar a
esse estado o mais rápido possível, passando pelas fases a seguir:
• Alarme: Certamente você já se expôs a situações estressantes, onde seu coração
começou a bater rapidamente? Talvez você tenha começado a suar ou sentiu que
queria fugir? Estes são sintomas típicos da primeira fase da síndrome de adaptação
geral. Neste estágio existe a atuação de dois hormônios: epinefrina (conhecida
também como adrenalina) e norepinefrina (ou noradrenalina), sendo que a epine-
frina mobiliza a liberação de substratos energéticos como glicose e ácidos graxos
do fígado e das células adiposas, respectivamente. O corpo é capaz de usar esse
hormônio para responder ao estresse. Epinefrina e norepinefrina também atuam
sobre a função cardíaca, elevando a frequência cardíaca e o volume sistólico –
além de direcionar o sangue das outras partes do corpo para o coração, cérebro e
músculos, enquanto o corpo se prepara para atacar ou fugir. Ao mesmo tempo, o
corpo também libera cortisol, com a finalidade de contribuir na disponibilização
das reservas energéticas na presente situação de estresse, entretanto, essa reação
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acontece de forma mais lenta. A reação glicocortical é tipicamente mais lenta. Sua
duração é mais longa que os efeitos semelhantes da epinefrina;
• Resistência: Ao passar da fase inicial de alarme, o corpo busca voltar ao estado de
homeostase e se reestabelecer. É caracterizada pela falta de concentração e irritabili-
dade, diminuição da pressão arterial sanguínea e os hormônios secretados pelo orga-
nismo tentam voltar aos seus níveis anteriores. Entretanto, os hormônios liberados de-
vido ao estresse gerado, permanecem por um período maior na circulação, mantendo
um estado elevado de prontidão por algum tempo. Quando o estresse for superado, o
corpo retornará ao seu estado anterior. No entanto, se houver estresse crônico, o corpo
tentará compensar e continuar no estágio de resistência por um período prolongado,
podendo levar ao estágio de exaustão;
• Exaustão: Ocorre com a exposição crônica ao estresse. Assim, o estresse promovido no
corpo não permite retornar ao seu estado original de homeostase. Em outras palavras,
o corpo esgota seus recursos internos e não é capaz de combater adequadamente o
estresse. Sinais do estágio de exaustão podem incluir ansiedade e depressão. O estágio
de exaustão também é caracterizado por um sistema imunológico comprometido, o
que torna mais difícil para o corpo combater infecções.
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UNIDADE Periodização do Treinamento
Macrociclo
Representa o planejamento geral, ou seja, todo o período do treinamento, em algumas
modalidades esportivas sendo denominado temporada.
Mesociclo
Representa a unidade estrutural de preparação de um atleta. Usualmente, a duração
dos mesociclos variam de 2 a 6 semanas, dependendo dos objetivos e da necessidade
do que será trabalhado nesse período com o atleta.
É importante lembrar que o mesociclo será a estrutura que determinará o que e como
serão programadas as atividades dos microciclos, sendo as características dos microciclos
dependentes do tipo de mesociclo a ser desenvolvido, a saber:
• Mesociclo introdutório: Tem a função de apresentar o atleta à rotina de treina-
mento que será imposta nos períodos a seguir, assim como possibilitar a transição
de um estado de baixa demanda de treinos físicos para uma demanda de treinos
físicos aumentada, a fim de que o atleta passe a suportar uma exigência física mais
prolongada e/ou intensa. É usualmente composto por 2 ou 3 microciclos, sendo
uma característica marcante a intensidade relativamente baixa com aumento gradu-
al do volume geral de exercícios;
• Mesociclo de base: Tem por objetivo promover o aumento das capacidades físicas
gerais, oferecendo estímulos para as diferentes capacidades físicas, preparando o
atleta física e psicologicamente. Nesse período é comum observarmos treinos com
volumes e intensidades elevadas;
• Mesociclo de preparação: Tem por característica dar continuidade aos outros meso-
ciclos apresentados até o momento, desenvolvendo o atleta de forma integral, ou seja,
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sem focar especificamente nas principais capacidades físicas da modalidade esportiva
praticada, mas trabalhando com um padrão de especificidade maior em relação às
características da modalidade. É bem-vinda a realização de competições ou situações
próximas às que serão exigidas durante a modalidade. Como característica, o volume
de treino passa a diminuir e a intensidade começa a prevalecer;
• Mesociclo de pré-competição: Tem como prioridade aperfeiçoar a capacidade téc-
nica do atleta, com aspectos táticos e psicológicos ganhando importância. O volume
de treino passa a ser baixo e prevalece a intensidade;
• Mesociclo competitivo: A prioridade neste período corresponde às características
específicas da modalidade, com foco em possibilitar que o atleta esteja sempre em
condições ideais (descansado) para a realização da competição. Os métodos de recu-
peração (conhecidos como polimento ou taper) passam a ter grande importância nos
dias que antecedem a(s) competição(ões).
Microciclo
Representa a junção de diferentes sessões de treinamento, usualmente possuindo a
duração de 3 a 15 dias, sendo fundamental uma sequência lógica entre os microciclos,
respeitando os princípios do treinamento. A classificação dos diferentes microciclos
permite a orientação da carga de treinamento, orientada pelo objetivo das sessões,
direcionando os meios e métodos de treinamento, visando promover as adaptações a
longo prazo no organismo do atleta. Os microciclos são classificados da seguinte forma:
• Microciclo de choque: é caracterizado por altas cargas de treinamento, com grande
exigência sobre as condições físicas dos atletas. Deve haver maior prevalência das
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UNIDADE Periodização do Treinamento
Microciclo de Choque
A
1400
B 1600
1200 1400
1200
1000
1000
800
800
600
600
400 400
200 200
0 0
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média
Semanal Semanal
Microciclo Ordinário
1200 1400
1000 1200
1000
800
800
600
600
400
400
200 200
0 0
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média
Semanal Semanal
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Microciclo Estabilizador
A B
700 1000
900
600
800
500 700
400 600
500
300
400
200 300
200
100
100
0 0
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média
Semanal Semanal
Microciclo Manutenção
A B
1000 1000
900 900
800 800
700 700
600 600
500 500
400 400
300 300
200 200
100 100
0 0
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média
Semanal Semanal
Microciclo Regenerativo
A B
1000 1000
900 900
800 800
700 700
600 600
500 500
400 400
300 300
200 200
100 100
0 0
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Média
Semanal Semanal
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UNIDADE Periodização do Treinamento
Sessão de Treino
É a unidade básica do treinamento, classificada dependendo da magnitude da carga a
ser utilizada na sessão de treinamento, representando um sistema de exercício orientado
para atingir o objetivo determinado para a sessão e utilizando meios e métodos específicos.
As sessões de treinamento podem ocorrer mais de uma vez no mesmo dia, podendo se
dar em diferentes períodos do dia (manhã, tarde e noite), sendo que seus objetivos e méto-
dos não devem ser programados aleatoriamente, havendo necessidade de existir uma rela-
ção lógica entre as diferentes sessões de treinamento, atingindo a proposta dos microciclos
que, por sua vez, devem estar relacionados entre si para atingir o objetivo do mesociclo.
Parte Preparatória
Devem ser trabalhadas as condições que contribuíram para um ótimo desenvolvimento
da parte principal, sendo ideal a ocorrência de algumas ações como:
• Explicação das tarefas ao atleta ou ao grupo de atletas, com a finalidade de se
realizar as atividades de forma consciente, buscando atingir as expectativas da
sessão de treino;
• Aquecimento físico, assegurando que o organismo do atleta realize a transição do
estado de repouso para o estado ótimo ao treinamento, podendo dividir o aqueci-
mento em parte:
» Geral: relaciona-se aos ajustes fisiológicos a serem atingidos, tais como aumento
de temperatura, de volume sanguíneo e da ativação neuromuscular;
» Específica: devem ser priorizadas ações musculares similares às ações a serem
realizadas durante a atividade esportiva.
Parte Principal
Deve ser priorizado o aperfeiçoamento dos componentes da preparação (capacida-
des físicas, capacidade técnica, capacidade tática) escolhido como foco da sessão. Po-
demos considerar a sessão de treinamento como seletiva (quando a sessão tiver apenas
um componente da preparação física), ou complexa (quando houver a necessidade de
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desenvolver mais de um componente da preparação física), fazendo-se uso dos métodos
e meios de treinamento.
Principais capacidades
físicas da modalidade
Velocidade Técnica Tática
10% 30% 60% 100%
Parte Final
Neste período da sessão de treino é recomendada a utilização de exercícios que favo-
reçam o processo de recuperação do organismo, sugerindo-se atividades com intensidade
menores que as realizadas na parte principal, possibilitando que o organismo retorne
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UNIDADE Periodização do Treinamento
ao estado de repouso e evitando desconfortos que possam ocorrer por uma diminuição
repentina da intensidade do treinamento.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
ACG periodização 1
https://youtu.be/So9I5j9v5uM
Como Montar a Planilha de Periodização de Treinamento (Periodização de Treinamento)
https://youtu.be/YPiYGu0t1-k
Gerador de Planilhas de Treinos (Corrida, Natação, Bike, etc...)
https://youtu.be/oKNQt37M6vs
Leitura
Periodização do treinamento de força: uma revisão crítica
https://bit.ly/3wMtlmh
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Referências
BOMPA, T. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. São Paulo: Phorte, 2002.
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