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RECREAÇÃO

E
LAZER

Patrick Gonçalves
Projeto de recreação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Listar os principais aspectos presentes na elaboração de projetos de


recreação para crianças e adolescentes.
„„ Apresentar as possibilidades de utilizar programas de recreação para
cuidado e atenção ao idoso.
„„ Elaborar um projeto de recreação diário: O Dia do Lazer.

Introdução
Os projetos destinados a promover momentos de recreação e lazer
devem abordar, além de possibilidades de entretenimento e diversão,
conteúdos que busquem o pleno desenvolvimento humano e social.
Assim, algumas decisões devem ser tomadas ao pensar tais propostas
para públicos distintos. Por exemplo, a infância e a adolescência são
as fases em que os indivíduos se preparam para a vida adulta, sendo
necessárias as abordagens conceituais, procedimentais e atitudinais que
proporcionarão conhecimentos e valores para o exercício da vida adulta.
Já os idosos apresentam um declínio em suas habilidades e competências
que foram adquiridas ao longo da vida, sendo objeto de atuação no
campo da recreação e do lazer proporcionar momentos de busca de
bem-estar social para esse público.
Neste capítulo, você vai estudar alguns dos principais aspectos que
devem pautar os projetos voltados ao lazer para públicos diversos, des-
tacando-se a atuação para crianças, adolescentes e idosos. Além disso,
você vai ter a oportunidade de aprender os principais tópicos que devem
se fazer presentes na elaboração de um projeto voltado à promoção de
atividades recreativas e de lazer, vislumbrando, ainda, um exemplo prático
de elaboração de um evento com tais atividades.
2 Projeto de recreação

Elaboração de projetos de recreação para


crianças e adolescentes
A infância e a adolescência são as fases em que os aspectos cognitivos, sociais,
afetivos e emocionais apresentam maior evolução. Assim, em um contexto de
projetos de recreação, é necessário trazermos, para o pleno desenvolvimento,
conteúdos que vão além do simples fato de divertir e entreter. Os conteúdos
que devem estar presentes nos projetos de recreação devem envolver os co-
nhecimentos, as habilidades, os hábitos e as formas valorativas e atitudinais
de atuação na sociedade, possibilitando que as práticas agreguem saberes
que serão utilizados pelos sujeitos que os desenvolvem nas suas vidas diárias,
promovendo e possibilitando a cidadania (COLL et al., 2000; ZABALA, 1998;
LIBÂNEO, 1994).
Nesse aspecto, trataremos nesta seção sobre algumas dimensões que a
recreação pode abordar ao se tornar uma proposta para crianças e adolescentes.
Podemos elaborar projetos e propostas de atividades a partir de três dimensões
que, conforme Coll et al. (2000), devem buscar responder o que se deve saber, o
que se deve saber fazer e como se deve ser, sendo, respectivamente: a dimensão
conceitual, que visa a construir a compreensão de símbolos de conceitos, de
expressões, de ideias, entre outros elementos; a dimensão procedimental,
que busca colocar em prática os conhecimentos adquiridos e construídos na
dimensão conceitual, recriando conceitos e construindo novos saberes; e a
dimensão atitudinal, que visa à construção de normas e valores de modo a
permitir o avanço social, contribuindo para o respeito, para a solidariedade e
para o desenvolvimento de uma sociedade humanitária.
Como exemplos de conteúdos nessas dimensões e dentro de uma perspectiva
da educação física, Darido (2012, p. 52-53) sugere alguns exemplos:

Dimensão conceitual
Conhecer as transformações por que passou a sociedade em relação aos hábitos
de vida (diminuição do trabalho corporal em função das novas tecnologias) e
relacioná-las com as necessidades atuais de atividade física.
Conhecer as mudanças pelas quais passaram os esportes. Por exemplo, que o
futebol era jogado apenas na elite no seu início no país, que o voleibol mudou
as suas regras em função da televisão, etc.
Conhecer os modos corretos da execução de vários exercícios e práticas cor-
porais cotidianas, tais como levantar um objeto do chão, sentar-se à frente do
computador, realizar um exercício abdominal adequadamente, etc.
Dimensão procedimental
Projeto de recreação 3

Vivenciar e adquirir alguns fundamentos básicos dos esportes, danças, gi-


násticas, lutas e capoeira. Por exemplo, praticar a ginga e a roda da capoeira.
Vivenciar diferentes ritmos e movimentos relacionados às danças, como as
danças de salão, regionais e outras.
Vivenciar situações de brincadeiras e jogos.
Dimensão atitudinal
Valorizar o patrimônio de jogos e brincadeiras do seu contexto.
Respeitar os adversários e os colegas e resolver os problemas com atitudes
de diálogo, e não violência.
Predispor a participar de atividades em grupos, cooperando e interagindo.
Reconhecer e valorizar atitudes não preconceituosas quanto aos níveis de
habilidade, sexo, religião e outras.

Importante ressaltar que as três dimensões devem se apresentar de modo


indissociável, isto é, devem estar presentes em qualquer atividade ou evento
voltado ao lazer. Diante disso, abordaremos algumas faixas etárias, apontando
as suas características e os principais conteúdos que devem se fazer presente
em cada uma das dimensões ao pensarmos um projeto de recreação.

As atividades recreativas não devem estar pautadas apenas em momentos de diversão


e entretenimento, mas, sim, devem apresentar aspectos formativos em diferentes
áreas do conhecimento, proporcionando o desenvolvimento integral do ser humano.

Certamente, as atividades recreativas devem se fazer presentes durante


toda a vida de cada ser humano. Evidentemente, ao iniciarmos um projeto de
recreação, é mais comum encontrarmos crianças que já participam de atividades
sociais que fogem ao ambiente familiar. Isto é, nos primeiros anos de vida, a
grande tendência é que as crianças permaneçam ao acolhimento de sua mãe
ou de algum outro adulto com quem tenha um vínculo familiar ou afetivo.
Além disso, até os 2 anos de idade, o egocentrismo típico aos primeiros anos
de vida dá lugar para o avanço das habilidades sociais, permitindo que as
brincadeiras e os jogos em grupo se tornem possíveis. Por essas razões, abor-
daremos algumas características que devem se fazer presentes na elaboração
de projetos de recreação a partir dos 3 anos.
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Crianças de 3 a 6 anos
Neste intervalo de idade, as crianças ainda carregam boa parte do egocentrismo
que se fazia presente nos primeiros anos de vida. As suas capacidades de
concentração e de atenção são bastante limitadas, estendendo-se por poucos
minutos. Já apresentam uma coordenação motora que lhes permite executar
movimentos elementares, como saltar, correr, caminhar, carregar objetos,
etc. Têm um interesse em atividades que requerem equilíbrio, explorando
e desenvolvendo essa habilidade. Gostam, também, de atividades que lhe
causem a sensação de aventura e independência (SILVA; GONÇALVES, 2017;
GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Assim, os projetos de recreação devem ser bastante dinâmicos, possi-
bilitando a movimentação por meio de movimentos básicos, e promover a
exploração de movimentos e a utilização de diversos tipos de materiais por
meio de atividades que sejam pautadas pela liberdade de movimentos. Além
disso, as atividades presentes não devem se estender por muitos minutos, sendo
compostas por pequenas atividades, preferencialmente sendo desenvolvidas
individualmente, progredindo para duplas, trios e pequenos grupos quando
a idade vai avançando. Em relação aos conteúdos que devem ser explorados,
podemos citar como exemplo:

„„ Dimensão conceitual:
■■ reconhecer as partes do seu corpo e do corpo de outras pessoas;
■■ conhecer brincadeiras, brinquedos, jogos e ritmos diversos;
■■ identificar os aspectos referentes a sua identidade;
■■ reconhecer a liberdade;
■■ perceber nos movimentos e nas demais linguagens uma forma de
expressão.
„„ Dimensão procedimental:
■■ vivenciar as diversas formas de comunicação;
■■ vivenciar os momentos em que deve ouvir;
■■ vivenciar informações que se desenvolvem na dimensão conceitual.
„„ Dimensão atitudinal:
■■ desenvolver a capacidade de prestar atenção e saber ouvir;
■■ apresentar atitudes de respeito aos demais sujeitos, compartilhando
os objetos com os colegas;
■■ demonstrar aberturas a jogos, brincadeiras, danças e diálogos que
fujam ao seu interesse.
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Crianças de 7 a 11 anos
No início desta faixa etária, as habilidades sociais já se encontram bastante
avançadas, embora ainda possam apresentar um temperamento egocêntrico
em determinadas ocasiões. Têm a capacidade de entender regras elaboradas,
podendo auxiliar na construção de jogos em que cada sujeito participa execu-
tando uma função diferente das demais. No aspecto motor, já têm a capacidade
de combinar movimentos básicos. Além disso, há um desenvolvimento mus-
cular que resulta em habilidades motoras diferentes entre meninos e meninas
(SILVA; GONÇALVES, 2017; GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Com isso, os eventos devem promover a exploração de habilidades motoras,
jogos em grupos ou times, explorando as habilidades motoras. Além disso,
a capacidade aperfeiçoada de compreender assuntos mais complexos que se
apresentam no dia a dia deve começar a ser explorada, assim como a diferença
entre os sujeitos, a relevância das questões ambientais, etc. Em relação aos
conteúdos que devem ser explorados, podemos exemplificar:

„„ Dimensão conceitual:
■■ identificar os seus direitos aos serviços básicos, tais como a educação,
o lazer, a saúde, o esporte e a cultura, promovendo o exercício da
cidadania;
■■ reconhecer as diferenças estéticas;
■■ conhecer as heranças culturais da comunidade a qual faz parte;
■■ identificar as diferentes possibilidades de linguagens (artística, verbal
e corporal).
„„ Dimensão procedimental:
■■ realizar atividades que visem ao cuidado do seu corpo;
■■ vivenciar produções culturais;
■■ experimentar níveis crescentes de autonomia;
■■ utilizar as habilidades necessárias para a vida cotidiana e o exercício
da cidadania.
„„ Dimensão atitudinal:
■■ reconhecer e respeitar a participação de todos os sujeitos nas mais
diversas atividades;
■■ valorizar a própria cultura, os modos de pensar e de agir, assim como
as demais culturas presentes na sociedade;
■■ preocupar-se com o ambiente onde vive;
■■ reconhecer a importância das atividades físicas e do lazer para uma
vida saudável.
6 Projeto de recreação

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), considera-se criança


os indivíduos com até 12 anos incompletos e adolescente aqueles que têm entre 12
e 18 anos incompletos.

Adolescentes de 12 a 15 anos
O início da adolescência é marcado por muitas diferenças físicas nos corpos
de meninos e meninas. Com o avanço da idade, as características sexuais e
o avanço da atividade hormonal provocam mudanças corporais que podem
acarretar em dificuldades de identificação perante o grande grupo, possibili-
tando o agrupamento entre sujeitos que têm os mesmos gostos e as mesmas
características. No entanto, as habilidades cognitivas estão bastante apuradas,
possibilitando o interesse por atividades culturais e artísticas (SILVA; GON-
ÇALVES, 2017; GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Com isso, essa fase possibilita grande experimentação corporal, em que os
meninos são atraídos por atividades que exigem força, velocidade e resistência
e as meninas são atraídas por aquelas atividades que exigem menor esforço
físico. Os grandes jogos com regras cada vez mais complexas e as gincanas
podem ser uma opção de desenvolver atividades e projetos recreativos. Im-
portante destacar que o avanço cognitivo permite a construção e a resolução
de problemas que requerem uma organização abstrata de situações e soluções.
Assim, é importante possibilitar práticas que apresentem desafios abstratos a
esses adolescentes. Como exemplos de conteúdos que devem ser abordados,
podemos citar:

„„ Dimensão conceitual:
■■ reconhecer as diferentes estratégias para zelar pelo ambiente coletivo;
■■ conhecer as características corporais, seus limites e suas
possibilidades;
■■ reconhecer diferentes linguagens como possibilidade de diálogo em
diferentes culturas;
■■ conhecer as diferentes concepções de arte e estética;
■■ conhecer o significado de autonomia.
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„„ Dimensão procedimental:
■■ utilizar habilidades que promovam a autonomia na vida cotidiana;
■■ vivenciar diferentes formas de expressão cultural;
■■ utilizar a linguagem para comunicar suas próprias aprendizagens;
■■ vivenciar momentos críticos e reflexivos diante das diferentes mídias.
„„ Dimensão atitudinal:
■■ reconhecer a família e a comunidade na qual está inserido como
espaços sociais aos quais pertence;
■■ respeitar as diferenças, experimentando a convivência em diferentes
grupos;
■■ demonstrar interesse e atitudes que proporcionem a preservação do
meio ambiente;
■■ respeitar regras, refletindo a partir de tomadas de decisões indivi-
duais e coletivas.

Adolescentes de 15 a 18 anos
A última fase que os adolescentes vivem antes de se tornarem adultos é carac-
terizada por diversos conflitos, reflexões, tensões e questionamentos acerca
do futuro e da própria identidade. Muitos desses adolescentes já se encontram
no Ensino Médio e trabalhando, percebendo nas suas atividades profissionais
e acadêmicas uma possibilidade de renda que lhe garantirão certa autonomia
futura. As características físicas e cognitivas já estão bem definidas, embora
possam apresentar certo aperfeiçoamento na fase adulta (SILVA; GONÇAL-
VES, 2017; GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Assim, as atividades recreativas nesta fase devem promover momentos de
autoconfiança e exploração da autonomia, possibilitando a postura crítica e
reflexiva diante da sociedade. No que diz respeito aos conteúdos que devem
ser explorados, podemos exemplificar:

„„ Dimensão conceitual:
■■ reconhecer os recursos, os serviços e as características da comunidade
em que está inserido;
■■ conhecer os diferentes poderes públicos e as articulações como forma
de participação de uma vida cidadã;
■■ conhecer as áreas de atuação profissional;
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■■ conhecer os próprios interesses profissionais;


■■ reconhecer os conceitos de liberdades, igualdade, autonomia e par-
ticipação solidária.
„„ Dimensão procedimental:
■■ vivenciar momentos de análise de diferentes mídias, refletindo sobre
as visões, os valores e interesses disseminados;
■■ vivenciar formas de transmitir conhecimentos, saberes e opiniões;
■■ vivenciar ações que visem à preservação do ambiente coletivo;
■■ vivenciar momentos de independência e autonomia na vida cotidiana.
„„ Dimensão atitudinal:
■■ reconhecer e respeitaras diferenças corporais, culturais e de interesse
presentes em diferentes sujeitos;
■■ repudiar ações que tenham um teor discriminatório, preconceituoso
ou abusivo;
■■ valorizar seu corpo e adotar atitudes para uma vida sexual segura;
■■ interessar-se pelos acontecimentos e pelas decisões que orientam
sua comunidade, seu país e o mundo.

Desta forma, percebemos que os conteúdos abordados durante a infância


e a adolescência vão ganhando profundidade e complexidade conforme os
avanços intelectuais e físicos vão permitindo. Como dito ao início desta seção,
as atividades recreativas envolvem uma série de possibilidades de desenvolver
objetivos e conteúdo que conduzirão os indivíduos para a participação solidária
na sociedade. No entanto, não devemos esquecer que tais atividades devem
ser proporcionadas a partir de atividades que promovam o divertimento e o
engajamento dos indivíduos, de forma a possibilitar o êxito das propostas.
As atividades recreativas para crianças e adolescentes visam a proporcionar
a esses sujeitos um desenvolvimento dos seus aspectos físicos, cognitivos,
afetivos e sociais. Essas habilidades tendem a ser essenciais à vida adulta,
preparando os sujeitos para a cidadania. Ainda que possam manter e ser
potencializadas por vários anos após a adolescência, à medida que os sujeitos
vão envelhecendo, essas habilidades tendem a regredir, causando desordens
e comprometendo o bem-estar dos indivíduos que chegam à terceira idade.
Projeto de recreação 9

Programas de recreação para o cuidado e


a atenção ao idoso
Ainda que as atividades e projetos os recreativos estejam muito discutidos e
ancorados em uma perspectiva que aborda as suas contribuições para a infância
e para a juventude, elas podem ser desenvolvidas com diversos públicos que se
encontram em diversas fixas etárias. Dentre as possibilidades de desenvolver
programas de recreação, encontra-se o público idoso, o qual vamos discutir
ao longo desta seção.
Em países desenvolvidos, consideram-se pessoas idosas aquelas que têm
idade superior a 65 anos. No entanto, em países que caminham em direção ao
desenvolvimento, como o Brasil, os idosos são aqueles sujeitos que têm mais de
64 anos de idade. Essas diferenças ocorrem porque há uma certa diferenciação
na qualidade de vida nos diversos países, o que acaba ocasionando patologias
e disfunções que são frutos da falta de assistência médica, social e psicológica
em países menos desenvolvidos. Estima-se que no Brasil, em 2025, haverá
cerca de 15 milhões de idosos, obtendo a sexta colocação em número total de
indivíduos no cenário mundial (VICTOR et al., 2007).
As primeiras fases da vida são marcadas por evolução e aquisição de
habilidades e competências que nos permitem desenvolver as mais variadas
tarefas cotidianas. No entanto, ainda que a manutenção dessas habilidades e
competências possam se manter estáveis e com pequenos graus de evolução
por grande parte da vida adulta, com o envelhecimento, elas tendem a regredir
(SILVA; GONÇALVES, 2017). Assim, a fase idosa é caracterizada pela perda
gradual das competências que foram adquiridas e desenvolvidas ao longo
da vida. As patologias associadas ao sistema circulatório são as principais
causas de óbitos no país, ganhando destaque as doenças cerebrovasculares
e as doenças isquêmicas do coração. As altas incidências dessas patologias
podem estar associadas à falta de exercícios físicos regulares e convívio social
saudável, que poderiam amenizar os efeitos que uma vida sedentária exerce
sobre o sistema circulatório.
Além disso, as opções sociais e de atividades para a terceira idade ainda
são escassas e pouco difundidas na sociedade brasileira. A preocupação com
os idosos está localizada principalmente nos sistemas de saúde, quando esses
sujeitos já estão sofrendo as consequências do desamparo que lhes permitiriam
a prevenção das diversas doenças e a manutenção de uma vida saudável.
Importante destacar que o aumento da expectativa de vida em detrimento
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da pouca renda conduz os idosos à volta ao trabalho, haja vista o número


crescente de empregados acima dos 60 anos e a grande participação desses
sujeitos em exames vestibulares.

Em termos de qualidade de vida para os idosos, o Brasil ocupa a 58ª posição em


um ranking envolvendo 98 países. Para calcular esses resultados, foram levados em
consideração a expectativa de vida, a renda, o transporte, a segurança e o bem-estar
psicológico.

Geralmente, as atividades para a terceira idade são desenvolvidas a partir


de atividades físicas pouco extenuantes, como as caminhadas, garantindo aos
idosos exercícios físicos sistematizados. No entanto, essas atividades, ainda
que possam ser muito benéficas ao organismo, podem se apresentar como
formas monótonas e que impossibilitam um fortalecimento mais profundo de
vínculos sociais, ocasionando o abandono dos idosos a essas possibilidades.
Assim, a ideia de que as atividades recreativas e os projetos de recreação
ganham possibilidade na terceira idade é o desenvolvimento de propostas que
visem a promover o cuidado e a atenção ao idosos, além de proporcionar que
essa fase seja pautada pela busca por atividades de lazer e que proporcionem
o bem-estar físico, psicológico e social. Geis (2001, p. 74) aborda algumas
finalidades que devem ser pensadas em qualquer atividade para a população
idosa:

„„ Gratificante: a atividade deve proporcionar ao idosos momentos agra-


dáveis de sensação de plenitude física e mental.
„„ Utilitária: deve proporcionar a manutenção ou o aumento das capaci-
dades físicas e intelectuais, proporcionando a prevenção de possíveis
atrofias e lesões ou uma reabilitação ocasionada após uma lesão, uma
doença, uma cirurgia ou o longo tempo de inatividades.
„„ Recreativa: busca proporcionar momentos livres agradáveis e que
possibilitam um novo sentido aos momentos livres.
„„ Motivação: a atividade deve gerar, por ela mesma, um interesse em
realizá-la, criando nos idosos a sensação de necessidade de sua prática.
Projeto de recreação 11

„„ Integradora: deve promover momentos em que todos podem participar


de maneira coletiva, fortalecendo os vínculos sociais e o pertencimento
ao grupo.
„„ Adaptada: as atividades devem ser pensadas levando em consideração
todas as diferenças que se acentuam durante a terceira idade, como as
diferentes capacidades de permanecer em pé, de seguir certo ritmo,
criando atividades alternativas para que todos continuem participando.
„„ De fácil realização: a dificuldade das tarefas não pode se apresentar
como um impeditivo para algum indivíduo ou pequenos grupos.
„„ Socializadora: o grupo que desenvolve as atividades são muito impor-
tantes para as pessoas idosas, sendo necessário que essas atividades
se voltem sempre para a participação coletiva, a comunicação e as
relações interpessoais.
„„ Qualidade sobre quantidade: os objetivos propostos devem sempre ser
atingidos plenamente. Ou seja, de nada adianta realizar muitas ativida-
des ou muitos exercícios se a qualidade da execução não for atendida.

Dessa forma, os programas de recreação devem estar engajados nas prin-


cipais necessidades e características que envolvem as peculiaridades apresen-
tadas na terceira idade. Essa fase, por estar marcada por mudanças físicas que
diminuem a saúde e, por muitas vezes, impossibilitam as interações sociais,
deve estar pautada pela busca do movimento como forma de prevenir doenças
e reverter quadros patológicos e que promovam momentos de integração,
articulando o diálogo com diversos sujeitos.

Promoção da saúde física


Como dito anteriormente, as mudanças físicas tendem a se acentuar durante
o envelhecimento, ocasionando dificuldades de locomoção e de movimentos.
Essas transformações, se não forem combatidas, podem ocasionar diversas
doenças, como a obesidade, a depressão, a artrose, os problemas cardiovas-
culares, dentre tantos outros exemplos. Diante de tais situações, as atividades
recreativas que têm uma movimentação corporal podem agir prevenindo e
revertendo quadros patológicos.
Ao estabelecer critérios que possibilitem o acesso e a manutenção dos idosos
em programas de atividades físicas, é possível proporcionar uma melhora no
estado de ânimo, de movimentação e os seus reflexos, que possibilitarão uma
melhor qualidade de vida. Alguns dos processos degenerativos ocasionados
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com o envelhecimento podem ser revertidos com a atividade física, como


ocorre na perda gradual de funcionalidades que dificultam a amplitude de
movimentos e a força muscular, comprometendo a locomoção e o equilíbrio. As
atividades físicas, então, podem promover a eficiência em atividades da vida
diária, como subir uma escada ou ir até algum estabelecimento comercial para
realizar as suas compras. Outras doenças apresentam redução dos seus efeitos,
quando combinadas ao exercício físico, como ocorre no caso da hipertensão
e da osteoartrite. Contudo, a atividade física não apresenta possibilidades de
reversão de alguns quadros patológicos, como ocorre na perda de densidade
mineral óssea. Assim, as sessões de dinâmicas corporais, como os exercícios
físicos sistematizados, as práticas de relaxamento e alongamento, tais como
as danças e atividades expressivas, se demonstram fundamentais quanto a sua
presença em programas recreativos (VICTOR et al., 2007).
No entanto, ainda que as pessoas idosas tenham um acometimento de
patologias diversas. A presença de uma delas ou de uma combinação de di-
versas patologias não deve ser um fator que caracterize as pessoas que estão
na terceira idade como incapazes. Por mais que as atividades recreativas se
apresentem como desafio a ser explorado com populações muito específicas,
as potencialidades de cada sujeito devem pautar as ações do profissional de
educação física. Dessa forma, os idosos apresentam possibilidades diversas
que vão além de um impeditivo que alguma limitação física ou cognitiva
pode apresentar.
Além disso, os programas recreativos podem trazer informações, assu-
mindo, portanto, um caráter educativo. Ao problematizar os cuidados para a
manutenção de uma vida saudável, a autoestima e o autocuidado dos idosos
ganha potencialidade, de modo que assumem posturas saudáveis no seu coti-
diano, tais como alimentar-se bem e adotar a postura corporal adequada quando
sentados, deitados ou em pé. Nesse sentido, as oficinas lúdicas e as terapias
comunitárias podem ser excelentes ferramentas e elementos que podem estar
incluídos nos programas de atividades recreativas.

Promoção da socialização
O trabalho é umas das formas simbólicas que ditam a importância do sujeito
para a sociedade. Com a chegada da terceira idade, muitas pessoas se aposen-
tam de suas profissões, podendo ter um falso sentimento de inutilidade diante
dos anos de serviço que desenvolveram. Além disso, muitos idosos tornam-se
viúvos e não têm mais a companhia dos seus filhos, pois já cresceram e parti-
Projeto de recreação 13

ram para a construção de seus próprios lares. Assim, é comum encontrarmos


na população idosa um sentimento de abandono, que ocasiona sentimentos
depressivos e de baixa autoestima. Nesse aspecto, as atividades recreativas em
grupos podem promover novos sentidos à socialização, promovendo encontros
de pessoas que enfrentam os mesmos problemas em relação à inserção na
terceira idade (VICTOR et al., 2007).
Além das possibilidades de desenvolver atividades com grupos de idosos,
as atividades recreativas podem promover encontros intergeracionais. Assim,
pessoas de diversas idades participam de uma mesma atividade, proporcio-
nando momentos em que os saberes acumulados durante os anos possam
inscrever os mais novos em determinadas culturas, fomentando a manutenção
de conhecimentos partilhados em determinadas comunidades e épocas. Com
isso, também, as atividades em grupos podem representar mudanças com-
portamentais em relação aos idosos, ampliando os círculos de amizade e as
situações de convivência e diminuindo a sensação de solidão.
Geralmente, a ideia que os idosos partilham acerca de suas existências
é de que suas contribuições e suas vidas chegaram ao fim, não podendo a
ela acrescentar mais nada. Entretanto, a criação de novos vínculos e novas
experiências possibilitam uma ressignificação de suas existências, passando
a abordar a sua história de vida como um processo em construção.
Neste sentido, as oficinas, os passeios, as viagens, as terapias coletivas
e as atividades festivas e comemorativas que promovem o engajamento e a
participação coletiva devem estar presentes nos programas recreativos para
a terceira idade. A convivência em grupos é importante para o equilíbrio
dos idosos, promovendo a reflexão e a superação dos possíveis conflitos
psicológicos, ambientais e sociais que podem vir a acometer a terceira idade.

Promoção da animação
A animação pode ser definida como a capacidade que qualquer pessoa adquire
para participar em todos os aspectos da sociedade, promovendo, nos idosos,
um estímulo à qualidade de vida composta pelos aspectos físicos, cognitivos e
afetivos. Hervy (2001, p. 30) salienta que “a importância da animação social das
pessoas mais velhas é facilitar a sua inserção na sociedade, a sua participação
na vida social e, sobretudo, permitir-lhes desempenhar um papel, inclusive
de reativar papéis sociais”.
Assim, a animação assume um papel de valorizar a formação humana ao
longo da vida, possibilitando momentos de interesse e de engajamento, ainda
14 Projeto de recreação

que na terceira idade. Além disso, a recreação em uma perspectiva animadora


ainda propõe que o tempo livre não seja simplesmente ocupado pelo ócio, que
pode caracterizar processos alienantes e que descaracterizem a personalidade
dos sujeitos. Jacob (2007) apresenta que a animação deve se apresentar em
sete facetas durante atividades recreativas para pessoas idosas. São elas:

„„ Animação física ou motora: possibilita algum movimento voltado à


aquisição de habilidades psicomotoras.
„„ Animação cognitiva: possibilita a aquisição de habilidades intelectuais,
como aquelas que envolvem raciocínio, concentração e atenção.
„„ Animação por meio da expressão plástica: oportuniza as formas
de expressão a partir de atividades de modelagem, desenho, pintura,
costura e colagem, abordando, além da criatividade, a aquisição das
habilidades motoras e cognitivas.
„„ Animação por meio da comunicação: consiste na comunicação por
meio de diversas linguagens, como o teatro, as danças, a fotografia, a
poesia, entre outras.
„„ Animação associada ao desenvolvimento pessoal e social: consiste
na promoção de momentos de autoconhecimento por meio de dinâmi-
cas e de atividades que explorem a religiosidade, a espiritualidade e
a meditação.
„„ Animação comunitária: diz respeito à ressignificação do idoso na
comunidade a qual ele faz parte. Consiste em tornar a sabedoria ad-
quirida pelo idoso ao longo de sua vida e trazê-lo para a participação
cidadã em assembleias da organização civil, como as associações de
bairro, por exemplo.
„„ Animação lúdica: possibilita a interação social do idoso em viagens,
museus, teatros e cinemas, garantindo momentos agradáveis de lazer.

Assim os projetos recreativos para a população idosa devem promover


atividades que envolvam diversas dimensões, possibilitando o bem-estar geral.
Importante ressaltar que esses projetos não devem ser garantidos apenas por
empresas privadas ou instituições filantrópicas, mas também pelo Estado,
uma vez que o cuidado, a saúde, o lazer, a cultura e o esporte são direitos de
todos os cidadãos. Tais projetos, sejam para crianças, adolescentes, adultos
ou idosos, devem ser cuidadosamente planejados, de forma que possibilitem o
sentido de relevância que as áreas da recreação e do lazer exercem na sociedade.
Esses projetos são fundamentais, ainda, para que os objetivos de diversão e
entretenimento sejam alcançados.
Projeto de recreação 15

Projeto de recreação diário: O Dia do Lazer


Nesta seção, buscaremos desenvolver uma proposta de projeto de recreação que
pode ser desenvolvido em um dia. Antes de apresentá-lo, portanto, devemos
estar atentos aos principais aspectos que devem estar presentes na elaboração
de um projeto. O Quadro 1 mostra alguns elementos principais que devem
fazer parte de qualquer projeto de proposta de trabalho.

Quadro 1. Elementos necessários à elaboração de projetos de lazer e recreação

Elemento Contemplação

Identificação Apresentação, em capa e folha de rosto, dos principais dados


do projeto do projeto, como a instituição promotora, o título do evento, o
nome dos organizadores e a data de elaboração.

Justificativa Explicação de maneira detalhada sobre o contexto em que será


desenvolvida a proposta, o problema que rege o projeto e as
possíveis soluções.

Objetivos Demonstração dos objetivos que devem ser alcançados ao final


das atividades. Aqui se encontram os conteúdos conceituais,
procedimentais e atitudinais.

Programação Efetuar a descrição detalhada das atividades que serão


desenvolvidas. Deve abordar as seguintes informações: a quem
se destina, quanto tempo demandará, quais os recursos físicos
e materiais necessários, quais os objetivos que cada atividade
proporcionará, entre outras informações que podem ser relevantes.

Cronograma Consiste no detalhamento de ações que vão desde a elaboração


de execução do projeto até sua avaliação. Geralmente presente em projetos
que levam dias, semanas ou meses.

Custos e Apresentar o custo final do projeto, em termos financeiros,


financiamento e o financiamento. As despesas devem abordar também os
gastos indiretos, como o deslocamento de recreadores, as suas
refeições, etc.

Monitoramento A avaliação ocorre em momentos distintos: durante o projeto,


e avaliação com os recreadores e com os participantes das atividades, e ao
final do projeto, com todo o público presente, inclusive com
aqueles que apenas observaram e não participaram diretamente.
Tal medida visa a melhorar as ações e identificar tendências.

Fonte: Adaptado de Almeida e Gutierrez (2008).


16 Projeto de recreação

Ao conhecer os elementos principais de uma proposta de trabalho voltada


à recreação e ao lazer, iremos desenvolver um projeto de trabalho hipotético,
exemplificando cada uma das partes que o compõem de maneira bastante
sintética. O nosso projeto imaginário se chama O Dia do Lazer, em que serão
desenvolvidas atividades diversas, buscando contemplar o maior público
possível.

O Dia do Lazer — justificativa


Atualmente, a sociedade se encontra estruturada de modo com que os afazeres
profissionais demandam grande parte da rotina diária. Assim, o envolvimento
cada vez mais estreito com o trabalho e a flexibilização da rotina laboral, que
muitas vezes se estende às horas em que as pessoas não estão exercendo,
efetivamente, a sua jornada de trabalho, tornam escassos os momentos de
entretenimento e diversão. Além disso, os espaços públicos destinados ao
lazer têm se tornado cada vez mais escassos. O avanço da urbanização e
a privatização de ambientes naturais têm restringido o acesso aos lugares
que um dia foram formas democráticas de desfrutar o lazer e participar de
atividades recreativas.
Assim, este projeto tem como problema principal desenvolver momentos
e disponibilizar espaços que possam promover um resgate da valorização dos
momentos de lazer. Uma das possíveis formas de promover tais ações é por
meio da mobilização das sociedades civil e política, promovendo oficinas,
apresentações e atividades recreativas em espaços públicos, como praças
e parques. O público-alvo deste projeto diz respeito aos moradores de um
bairro que se localiza em uma zona que apresenta grande urbanização em
uma metrópole.

O Dia do Lazer — objetivos


„„ Conhecer possibilidades de praticar atividades de lazer na sociedade
atual.
„„ Identificar os espaços e as atividades dentro na comunidade local.
„„ Identificar as formas de desenvolver atividades físicas que buscam
promover o bem-estar físico.
„„ Participar de ações e atividades voltadas ao lazer.
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„„ Zelar pelos espaços públicos voltados ao lazer e à recreação.


„„ Valorizar as diferentes formas de produção cultural presentes na
comunidade.
„„ Valorizar a integração de diferentes famílias e gerações na sociedade.

O Dia do Lazer — programação


Para melhor exemplificar o projeto neste capítulo, o detalhamento das atividades
se dará de maneira bem sucinta, apresentando alguns exemplos a partir das
horas que compõem o dia do evento. Todas atividades serão desenvolvidas
em uma praça pública, após comunicação e liberação pelo poder competente.

08:00 — Atividade: “Apresentação artística decorais, músicos e orquestras


da cidade”
Esta atividade consiste na apreciação da música e na valorização da cultura
produzida pelos cidadãos residentes no município. Além disso, é uma forma
de difundir e experimentar diferentes culturas e linguagens. Tal atividade tem
como público potencial diferentes pessoas de diferentes idades.

09:00 — Atividade: “Corrida rústica e caminhada”


Esta atividade consistirá em uma corrida e em uma caminhada como
forma de incentivar a prática de atividades físicas nos momentos de lazer.
Tal atividade tem como público-alvo diferentes pessoas com diversos níveis
de condicionamento físico. Como forma de incentivo, poderão ser realizadas
premiações a todos que participarem do evento.

10:00 — Atividade: “Oficinas de artes”


Nesta atividade, serão contempladas as diversas formas de expressão.
Serão oferecidos espaços de pintura, modelagem, danças, lutas, entre outras
possibilidades. Tais atividades são propostas para públicos diversos, abran-
gendo os diversos interesses.

11:00 — Atividade: “Contos e histórias”


Esta atividade consistirá em rodas de conversas, mediadas pelos moradores
mais antigos do bairro em questão, proporcionando o resgate histórico da
região e colocando os idosos em posição de protagonismo na comunidade.
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12:00 — Atividade: “Piquenique”


A proposta desta atividade é desenvolver um almoço coletivo, em que os
próprios moradores se encarregarão de fornecer os alimentos e as bebidas que
serão compartilhados entre todos os participantes.

14:00 — Atividade: “Concurso de piadas”


A proposta visa a promover momentos de entretenimento e diversão, va-
lorizando a cultura popular e disseminando e problematizando os valores que
historicamente foram construídos.

15:00 — Atividade: “Campeonatos”


Serão promovidos campeonatos de jogos populares diversos, como dança
das cadeiras, jogos de baralho, jogos de tabuleiro, futebol e voleibol, opor-
tunizando momentos de confraternização e respeito aos adversários. Essas
atividades podem ser desenvolvidas por meio de faixas etárias ou com times
mistos, envolvendo diferentes gerações.

16:00 — Atividade: “Jogos cooperativos”


Nesta atividade, os moradores participarão de atividades em que o objetivo
é que todos os participantes concluam algum objetivo proposto, sem que haja
derrotados ou vencidos.

17:00 — Atividade: “Atividades de alongamento e relaxamentos”


Serão oferecidas oficinas de alongamento e de relaxamento que podem
ser oferecidas a partir de ioga e tai chi, valorizando os momentos de reflexão
e introspecção.

18:00 — Atividade: “Encerramento do evento”


Serão oferecidos os momentos de contemplação das produções que ocor-
reram durante o evento, como um vídeo de melhores momentos, premiações,
fotos, exposição das produções e apresentações artísticas diversas.

O Dia do Lazer — custos e financiamentos


Os custos previstos são aqueles que envolvem a locação de palco para as
apresentações, a locação de instrumentos de áudio, vídeo e som, o pagamento
e deslocamento de recreadores e artistas, as compras de materiais que serão
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utilizados nas oficinas, como bolas, argila, cordas, redes, telas, medalhas,
troféus, etc. Há, ainda, os gastos com a segurança do evento, a manutenção
da limpeza do local e os materiais de promoção.
Como possibilidades de financiamentos, o Poder Público pode proporcionar
a segurança, a limpeza e a sinalização necessária ao evento. Em relação aos
outros materiais e gastos, é possível buscar empresas parceiras que compõem
o comércio local e que se dispõem a financiar o evento como possibilidade de
promover ações de propaganda e atrair clientes. Além disso, muitas empresas
sem fins lucrativos, como o SESC, podem participar oferecendo oficinas e
recreadores diversos. Outra possibilidade de desenvolver tal ação é por meio de
instituições filantrópicas, como as associações de voluntários, que dedicam suas
vidas a promover momentos de integração. Ainda, as universidades geralmente
são grandes parceiras, promovendo e mobilizando grupos de estudantes que
podem atuar em diversas áreas como forma de preparo profissional.

O Dia do Lazer — monitoramento e avaliação


Ao final de cada atividade, serão promovidas rodas de conversas como forma de
coletar depoimentos que possam apontar melhorias e sugestões ao evento. Ao
final do evento, os recreadores e os participantes reúnem tais informações em
um documento único, como forma de aperfeiçoar e projetar uma nova edição.
Assim, ainda que bastante sucinto, o exemplo do evento Dia do Lazer
pode ser utilizado em diferentes espaços com diferentes comunidades. Como
dito, tais ações são fundamentais para valorizar os momentos de lazer em
uma sociedade que tem enfrentado a restrição dessas atividades em sua vida
diária. O resgate da cultura popular, o protagonismo de diferentes atores e a
integração de diferentes culturas são fundamentais para desenvolvermos uma
sociedade cada vez mais justa e democrática.
Os projetos de recreação e lazer, sejam para crianças, adolescentes, adultos
ou, ainda, idosos, são pautados por objetivos específicos, tendo em vista que
cada fase requer demandas e apresenta potencialidades diferentes. O profis-
sional de educação física deve estar atento às características de cada fase do
desenvolvimento humano, identificando os conteúdos mais apropriados para
cada público, promovendo atividades recreativas e de lazer que busquem a
interação entre as diferentes formas de saber e de se relacionar com outros
sujeitos e com o mundo, construindo uma sociedade pautada no bem-estar
social.
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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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