Você está na página 1de 12

TRANSFORMA O

TEU MUNDO
PROGRAMA DE COMPETÊNCIAS PESSOAIS E SOCIAIS

7º ANO

Rita Mariano

Psicóloga dinamizadora

S.P.O. BÁSICO

AGRUPAMENTO ESCOLAS ALVALADE

2019/2020
“Educação não transforma o mundo. Educação muda
pessoas. Pessoas transformam o mundo”.
Paulo Freire

1
O que é ser ADOLESCENTE nos dias de hoje?

Nos dias que correm, ser adolescente é um desafio maior e mais complexo do que
antigamente. Podemos citar como principais causas alguns fatores como: o aumento da
urbanização, a tecnologia sofisticada, o alto nível de informação, o núcleo familiar modificado, a
solidão urbana, a violência, a evolução cultural, económica e social.

O adolescente apresenta os mais variados aspetos emocionais a serem considerados: a


vontade de controlar a própria vida, de expressar oposição à autoridade do adulto e a sociedade
convencional, de ser aceito no grupo e demonstrar o entrosamento com a cultura jovem, de lidar
com a ansiedade e frustrações, além de buscar novas alternativas para sua rotina diária.

Os conflitos com os pais e as pessoas mais velhas são muito comuns nessa fase, já que o
adolescente busca uma autonomia excessiva. Na maioria das vezes, os pais se sentem inseguros
em liberar ou dar mais autonomia aos seus filhos. Na realidade, essa falta de equilíbrio e diálogo
entre ambos é uma das principais causas do chamado conflito de gerações.

No entanto, o adolescente pensa muito no futuro, principalmente no âmbito profissional,


fantasiando o que vai ser. E esses pensamentos acabam sendo também uma das causas de muitos
conflitos com os pais, devido à aquisição de ideias e valores diferenciados.

O adolescente procura sempre viver em grupo, onde na sua conceção isso é vital e
primordial. Além dessa convivência, precisa ser aceito pelo grupo para que se sinta mais seguro.

Portanto, é nessa fase que o adolescente pode se deparar com vários perigos a sua volta,
já que em muitas das vezes ouvirá mais os conselhos de seu grupo do que de seus familiares ou
educadores, surgindo assim grandes riscos em relação ao consumo de drogas, violência e hábitos
não saudáveis.

Conhecer o adolescente, bem como todos os seus aspetos e sua problemática, significa,
acima de tudo, estabelecer um laço de confiança e cumplicidade, que é vital para um bom
relacionamento com ele.

2
FUNDAMENTAÇÃO
Face às características da adolescência e aos constrangimentos levantados pelo serviço de
Psicologia e Orientação e Conselho Pedagógico verificando-se uma taxa superior de
comportamentos disruptivos, insucesso escolar e por sua vez maior taxa de retenções, existindo
a necessidade de se realizar uma intervenção sólida e estruturante com os alunos das turmas de
7º ano (mudança de ciclo).

Propõe-se, neste documento a apresentação de um programa de competências pessoais e


sociais, com vista a desenvolver jovens mais integrados na escola, motivados para as suas
aprendizagens e para o seu projeto de vida dotados de competências para o Séc. XXI

Este programa será estruturado para ser implementado no grupo de alunos nos tempos do
horário escolar de DT alunos ou cidadania.

DESTINATÁRIOS: alunos que frequentam as turmas de 7º ano

LOCAL: Escola Básica 2/3 Almirante Gago Coutinho e Escola Secundária Padre António Vieira

OBJETIVO GERAL: criar um grupo de partilha e debate sobre diversos assuntos relacionados com
a adolescência que possa ter impacto nas decisões do jovem e no seu desenvolvimento emocional,
social, pessoal e académico.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS DO PROGRAMA

➢ Ajudar os jovens a expressar de forma adequada as suas emoções;

➢ Proporcionar a partilha de expectativas e de opiniões dentro dos grupos;

➢ Desenvolver formas de comunicação mais adequada e positiva;

3
➢ Demonstrar a existência de vários estilos de comunicação e de relacionamento (passivo,
agressivo, assertivo);

➢ Sensibilizar os alunos para a necessidade e o dever de recorrerem a pessoas passíveis de os


ajudar;

➢ Refletir sobre a importâncias das regras e do seu cumprimento para melhorar os


relacionamentos (pais, professores, auxiliares, colegas e outros);

➢ Promover um pensamento reflexivo prévio que incida nas consequências das suas ações;

➢ Criar respostas alternativas de resolução de problemas que não sejam o recurso à violência,
tentando evitar desta forma os conflitos;

➢ Munir os jovens de técnicas de autocontrolo e de controlo da impulsividade de modo a


serem menos agressivos;

➢ Fomentar o envolvimento em atividades variadas;

➢ Fortalecer as suas amizades bem como fazer novos amigos;

➢ Promover a assertividade;

➢ Desenvolver recursos internos para lidar com a frustração e com as injustiças;

➢ Promover a partilha das questões que se relacionam com a escola;

➢ Promover relações de afeto e confiança no seio do grupo

➢ Promover resolução de conflitos em grupo e individual;

➢ Promover a tomada de decisão em grupo e individual;

➢ Potenciar uma maior integração dos jovens no contexto da escola.

4
PÚBLICO -ALVO
Alunos das 5 turmas do 7º ano do agrupamento

METODOLOGIA

Duração:

Propõe-se que projeto decorra ao longo do 1º semestre do ano letivo 2019/2020 percorrendo
várias disciplinas atendendo o projeto da turma, o projeto da escola e a articulação com os
professores do conselho de turma.

Periodicidade:

Sessões de 50 minutos de frequência semanal (1x)

Espaço Físico:
Sala de aula, biblioteca, espaço exterior e ginásio

Organização das sessões:

As sessões serão organizadas de acordo com o calendário escolar e de atendendo aos momentos
do projeto por sua vez o número total de sessões ficará ainda a definir.

✓ Parte 1

Apresentação do grupo e construção de uma relação terapêutica (averiguação das expectativas);


✓ Parte 2
Saber observar – Expressão emocional e trabalho de sentimentos
(conhecer os sentimentos, expressar os sentimentos adequados, compreender os meus
sentimentos e o dos outros);
✓ Parte 3

Saber observar – Comunicação não – verbal (movimento e expressões corporais – gesticulação,


contacto visual, aparência, expressão facial, postura, para linguística)

5
✓ Parte 4

Saber ouvir – Comunicação verbal (escuta ativa, estilos comunicacionais – passivo, agressivo,
manipulador e assertivo. Resolução de problemas;

✓ Parte 5

Saber falar – Treino de assertividade (competências sociais: empatia, saber ouvir e dizer “não”,
lidar com injustiças, exprimir opiniões, recusar e aceitar pedidos, dar e receber elogios)

✓ Parte 6

Conclusão do programa – Avaliação dos resultados (concluir se foi eficaz ou não, se efetuou
mudança de comportamentos,

Nota importante: Esta é a estrutura do projeto mas ao longo das várias sessões vão sendo
abordadas temáticas e sendo trabalhadas competências de acordo com as necessidades que vão
surgindo no grupo sempre com a colaboração da vertente artística como concretização do que foi
refletido. O plano das sessões é sujeito a alterações sempre que se justificar de acordo com o
grupo.

Regras da sessão
Em todos os exercícios, os alunos devem chegar sozinhos às conclusões pretendidas, se
necessário com a introdução de pistas, até à identificação da informação em falta.
À medida que os vamos introduzindo na atividade, bem como no seu desenvolvimento, devemos
perguntar sempre se há dúvidas, se nos estamos a fazer entender, de modo a levá-los a pensar
que o possível pouco entendimento de uma tarefa seja por erro do terapeuta que não se expressou
da melhor maneira, e não por erro dos alunos.
Na ausência de participação espontânea de um elemento do grupo, recomenda-se que este não
seja interpelado diretamente, sugerindo-se se mais alguém quer acrescentar alguma coisa.
No final da implementação de cada dinâmica, solicita-se sempre reformulação em jeito de
conclusão. Deve-se questionar sempre o grupo quanto às dificuldades e sentimentos sentidos,
sendo que o grupo deve verbalizar as diferenças sentidas entre o início e final da atividade: se
estão mais calmos, mais focados, por exemplo.

6
Instrumentos:

- debate;

- assembleia de turma/ano;

- dinâmica de grupo;

- caixa de perguntas;

- expressão plástica;

- expressão dramática;

- Role-play;

- Visionamento de filmes;

- atividades desportivas;

- atividades ao ar livre

- atividades de música.

PARCERIAS DO PROJETO:

- Professores dos conselhos de turmas, Equipa PES, centro de saúde, outros parceiros da
comunidade de desportos

Temáticas abordadas nas sessões

No início do ano letivo será feito um levantamento dos temas/assuntos/preocupações que surgem
entre os jovens desta faixa etária, através de um questionário. Contudo aqui ficam alguns
exemplos de temáticas que poderão ser trabalhadas neste programa

- afetos e sexualidade;

- escola;

- violência;

- consumos de substâncias psicoativas

7
- autoestima/autoconceito;

- comunicação;

- inclusão;

- talentos;

- vocação

- gestão de conflitos do grupo

- entre outros.

AVALIAÇÃO DE EFICÁCIA
No final deste programa, os participantes deverão ser capazes de:
1. expressar as suas opiniões em contexto grupal, da forma mais adequada;
2. discernir entre diferentes estilos de comunicação e relacionamento;
3. adquirir a capacidade de pedir ajuda, ou seja, recorrer a outros em busca de auxílio e/ou
resposta
4. ter a capacidade de pensar previamente nas suas ações e possíveis consequências, bem
como, a capacidade de criar respostas alternativas à resolução de problemas, sem ter de
recorrer à violência e/ou conflito;
5. Entender, perceber e pôr em prática a importância das regras de conduta, relacionamento
com outros, para que esses mesmos relacionamentos melhorem;
6. Desenvolver estratégias de autocontrolo e controlo da impulsividade;
7. Promoção de competências para fortalecer laços de amizade, sendo mais assertivos e
lidarem com a frustração e injustiça.
8. Desenvolver o espírito de iniciativa e a motivação pela escola e pelo mundo ao seu redor;
9. Ser capaz de ouvir um “não” sem recorrer a impulsos negativos, sendo que as suas
competências sociais e pessoais estarão fomentadas, tornando assim possível um maior
envolvimento no seio do grupo (turma, grupo de pares, pais, família alargada, professores,
auxiliares de educação, etc.).

8
Avaliação da eficácia deste programa será medido através da aplicação de um questionário
aos professores, um questionário aos alunos, opinião dos professores do conselho turma,
assiduidades dos alunos, comportamento na sala de aula e aproveitamento escolar.

CONCLUSÃO

Após a aplicação deste programa espera-se proporcionar uma mudança gradual das
competências dos alunos, reforçando a aproximação das componentes comportamentais
específicas e necessárias à competência desejada. Conceptualiza-se que a promoção das
competências de comunicação e interação poderá aumentar a causalidade pessoal dos sujeitos
(os alunos passarão a percecionar-se como competentes e capazes) e modificarão o seu padrão
habitual (através da modificação dos seus hábitos comportamentais ao nível das competências
sociais e da eventual aquisição ou reaquisição de papeis significativos), promovendo
consequentemente o seu desempenho em atividades significativas (Remtula, 2005).

Em epítome, as competências sociais dos alunos deverão melhorar significativamente após


a aplicação do programa de promoção de competências sociais, diminuindo assim a questão da
indisciplina, do insucesso e do absentismo escolar.

Nota: as sessões e os seus conteúdos do programa de competências pessoais e sociais podem sofrer
alterações ao longo do ano, de forma a poderem ser incluídas temáticas pertinentes ou que vão
de encontro às necessidades dos alunos.

9
10
Bibliografia

Caldarella, P. & Merrell, K. (1997). Common dimensions of social skills of children and
adolescents: a taxonomy of positive behaviors. School Psychology Review, 26, 264-279;

Lopes, J., Rutherford, R., Cruz, C., Mathur, S., Quinn, M. (2006). Competências Sociais,
aspetos comportamentais, emocionais e de aprendizagem. Psiquilibrios;

Remtula, S. (2005). Treino de competências Sociais em Indivíduos Sem-Abrigo. Trabalho


publicado no curso de Terapia Ocupacional. Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto;

Rocha, T. I. M. (2008). Adaptação Escolar: Uma abordagem integradora das competências


sociais e académicas. Tese de mestrado em temas de psicologia. Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade do Porto;

Wentzel, K. R. (2003). School adjustment. In W. M. Reynolds & G. E. Miller (Eds),


Educational Psychology (pp 235-257). New Jersey: John Wiley & Sons.

11

Você também pode gostar