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Fernando Leal • Ana Paula de Barcellos • 

Guilherme da Franca Couto Fernandes de Almeida

SUPREMO em NÚMEROS
A justificação
de decisões
no Supremo
extensão das
decisões e aplicação
de precedentes

volume

IX a
A justificação
de decisões
no Supremo

 1
Edição produzida pela FGV Direito Rio

Praia de Botafogo, 190 | 13o andar


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55 (21) 3799-5445
www.fgv.br/direitorio
Fernando Leal • Ana Paula de Barcellos 

• Guilherme Almeida

SUPREMO em NÚMEROS
A justificação
de decisões
no Supremo
extensão das
decisões e aplicação
de precedentes

volume

IX
EDIÇÃO FGV Direito Rio
Obra Licenciada em Creative Commons
Atribuição — Uso Não Comercial — Não a Obras Derivadas

Impresso no Brasil | Printed in Brazil


Fechamento da 1ª edição em dezembro de 2020
Este livro consta na Divisão de Depósito
Legal da Biblioteca Nacional.

Os conceitos emitidos neste livro são de inteira


responsabilidade dos autores.

Coordenação: Rodrigo Vianna, Sérgio França


e Nathasha Chrysthie
Capa: Aline Martins — Sem Serifa
Imagens da capa: A C Moraes [CC BY-SA 2.0], Wikimedia
Commons e Mariordo (Mario Roberto Durán
Ortiz) [CC BY-SA 4.0], Wikimedia Commons
Diagramação: Aline Martins — Sem Serifa
1ª revisão: Márcia Glenadel
2ª revisão: Erika Alonso

Dados internacionais de Catalogação na Publicação


Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas/FGV

Leal, Fernando
IX Relatório Supremo em Números : a justificação de decisões no Supremo
/ Fernando Leal, Ana Paula de Barcellos, Guilherme Almeida. - Rio de Janeiro:
FGV Direito Rio, 2020.
304 p. : il.

Inclui bibliografi a.
ISBN: 978-65-86060-12-6

1. Brasil. Supremo Tribunal Federal. 2. Poder judiciário – Brasil. 3. Juízes


– Decisões. 4. Processo decisório. I. Barcellos, Ana Paula. de. II. Almeida, Gui-
lherme da Franca Couto. III. Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação
Getulio Vargas. IV. Título.

CDD – 341.419

Elaborada por Amanda Maria Medeiros López Ares - CRB-7/1652


Sumário

Apresentação 7
1. Sumário executivo 11
Agradecimentos 21
2. Introdução 25
2.1 A extensão das decisões 27
2.2 Precedentes 32
2.3 Estrutura 43
3. Metodologia 47
3.1 Identificação de arquivos de decisão 47
3.2 As categorias de jurisdição do STF 52
3.3 Por que não usar a palavra “precedente”? 53
3.4 Principais alterações organizacionais do STF de 1998 a 2018 54

RESULTADOS

I. Tamanho das decisões 59


1.1 Média de caracteres das decisões do STF por órgão 60
1.2 Média de caracteres das decisões das turmas 62
1.3 Média de caracteres pelo tipo de decisão 65
1.4 Média de caracteres por classe processual no STF 67
1.5 Tamanho das decisões monocráticas por ministro 70
1.6 Maiores decisões 74
II. A menção a decisões passadas no processo decisório do STF 83
2.1 Proporção de decisões que mencionam outras decisões do STF 84
2.2 Média de citações por órgão 85
2.3 Citações por resultado e turma 89
2.4 Citações por resultado em decisões monocráticas 94
2.5 Citações por tipo de decisão 96
2.6 Citações por classe processual 98
2.7 A força da tradição no processo decisório da Corte 110
2.8 Proporção de decisões que citam súmulas 119
2.9 Decisões mais citadas 128
III. O comportamento individual e as interações entre os ministros 151
3.1 Por que analisar o comportamento individual? 151
3.2 Método 154
3.3 Autocitações e heterocitações 155
3.4 Relações entre os ministros 159
3.5 Análise individual por ministro 168
Conclusão 283
Referências 285
Sobre os autores 303

6 A j ustificação de decisões no Supremo


Apresentação

No campo das Teorias da Argumentação, a justificação diz respeito à organização


de fundamentos racionais para se chegar a um resultado que seja considerado
razoável — e, por que não dizer, convincente — aos demais interlocutores. Trata-se
de temática premente nos debates acadêmicos sobre a efetividade e a obediên-
cia às decisões judiciais e, em especial, às deliberações das Cortes Superiores.
Na condição de entusiasta dos precedentes, que, a meu ver, estão no centro
da atividade julgadora, muito me animam vários dos resultados que a pesquisa
apresenta, a respeito da crescente deferência que o Supremo Tribunal Federal
tem em relação a suas próprias decisões.
Afinal, cabe ao Tribunal servir de exemplo para as demais autoridades
decisórias em diversas searas e, nesta, não poderia ser diferente: cabe-lhe
privilegiar a previsibilidade, a segurança jurídica e a colegialidade. Na con-
secução de tais valores, os dados aqui levantados e correlacionados são va-
liosos para a compreensão daquilo que o Supremo Tribunal Federal é, efeti-
vamente. Mesmo as estatísticas distantes do ideal de integração discursiva
precisam ser contextualizadas, para que sejam ponderadas as divergências
e as distinções, também produtivas em prol da pluralidade do discurso.

7
Noutra perspectiva, o estudo sobre a extensão das decisões põe em xeque
uma dificuldade que, certamente, aflige a todo magistrado — o contraponto
entre, de um lado, 1) a tecnicidade e a precisão terminológica necessárias para
construir um argumento jurídico com pretensão de correção; e, de outro, 2) a
compreensão dessas decisões pelos jurisdicionados. Nesse particular, coloca-
-se a missão do Tribunal de se tornar mais acessível, sem abrir mão da qua-
lidade de seus pronunciamentos — em constante busca pela concisão, desde
que acompanhada da clareza.
Há motivos para celebrar: a Suprema Corte vem mostrando coerência com
seus julgados, ao mesmo tempo em que se mantém aberta à construção de teses
por cada um de seus Ministros. Assim é como o Supremo consolida um espaço
de construção do Direito, a fim de conciliar a continuidade de expectativas e o
acúmulo de conhecimento, corporificados no valor do precedente, com a evolu-
ção das normas jurídicas e a sua necessária interação com fenômenos sociais.
Trabalhos empíricos na seara constitucional ainda são escassos no Bra-
sil, circunstância que potencializa o mérito da série Supremo em Números,
pelo primoroso acompanhamento da jurisdição constitucional brasileira.
Celebro o sucesso dessa empreitada na figura dos organizadores: Ana
Paula de Barcellos, que tão brilhantemente ocupa a cátedra de Direito Cons-
titucional da UERJ; Fernando Leal, expoente de abordagens empíricas no
Brasil; e Guilherme Almeida, que desponta e renova essa agenda de pesqui-
sa. Tenho muita honra em constatar o polo de excelência que se formou pela
integração dentre as escolas jurídicas do Rio de Janeiro.
Desejo a todos e a todas uma proveitosa leitura!

Brasília, 4 de dezembro de 2020.


Luiz Fux 1

1. Ministro e Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. Ex-Presidente do Tribunal Superior


Eleitoral. Professor Livre-Docente em Processo Civil da Faculdade de Direito da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Doutor em Direito Processual Civil pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas. Membro
da Academia Brasileira de Filosofia.

8 A j ustificação de decisões no Supremo


Apresentação 9
1. Sumário executivo

Valendo-se de análises quantitativas elaboradas a partir da base de dados do


projeto Supremo em Números, da FGV Direito Rio, o presente estudo explo-
ra duas dimensões do processo de fundamentação das decisões do Supremo
Tribunal Federal: a extensão das decisões da Corte e o recurso a manifes-
tações anteriores do tribunal e de seus ministros, comumente rotulados
em votos e em acórdãos de “precedentes”. A investigação se organizou em
três grandes partes destinadas, reciprocamente, à análise: (i) do tamanho
das decisões da Corte; (ii) das menções a manifestações anteriores do tri-
bunal na fundamentação de decisões a partir de critérios organizacionais,
processuais e temporais, com destaque específico, no universo de fontes de
justificação, à menção a súmulas; e (iii) do comportamento de cada minis-
tro individualmente considerado, nas suas relações com as suas próprias
decisões anteriores e com as manifestações passadas dos demais ministros.
Com base nos resultados alcançados, a partir das diretrizes metodoló-
gicas descritas a seguir, foi possível concluir que:

11
I. Tamanho das decisões

• o tamanho médio das decisões do plenário varia de forma significa-


tiva ao longo dos anos;
• nas turmas, há uma tendência de crescimento que se inicia em 2013;
• a média de caracteres das decisões monocráticas variou compara-
tivamente menos durante o período analisado, apresentando leve
tendência de aumento ao longo dos anos;
• no ano de 2012, as decisões colegiadas de todos os órgãos do Supremo
parecem ter sido substancialmente menores. Uma possível explica-
ção para esse fenômeno está no julgamento da AP 470, processo que
exigiu muita atenção dos ministros durante aquele ano;
• as médias de decisões de mérito são significativamente inferiores às
médias de recurso interno e liminares;
• no universo das decisões monocráticas, as liminares favoráveis
apresentam um tamanho médio maior, o que poderia sugerir a com-
preensão, por parte dos ministros, de que existe um ônus de argu-
mentação mais elevado a ser superado para justificar a concessão
de uma liminar monocraticamente;
• há alta variância no tamanho das decisões em processos do con-
trole concentrado de constitucionalidade, com queda significativa
na média de caracteres no ano de 2012 e grande crescimento entre
2013 e 2016;
• as decisões em controle concentrado são, de maneira geral, mais lon-
gas, enquanto as decisões recursais são mais curtas do que o restante
das categorias analisadas (habeas corpus, mandados de segurança,
recursos e outros);
• há diferenças significativas no tamanho das decisões monocráticas
de cada ministro. O ministro Fux é o que produz monocráticas mais
longas (a mediana do tamanho de suas decisões monocráticas é de
5.906 caracteres), enquanto o ministro Nelson Jobim produzia as

12 A j ustificação de decisões no Supremo


decisões mais curtas, com 547 caracteres de mediana. O ministro
Fux é também aquele cujas decisões mais variam no tamanho, o que
revela que algumas das suas decisões monocráticas são muito longas,
enquanto outras são muito curtas;
• apenas quatro decisões relacionadas ao exercício do controle con-
centrado de constitucionalidade aparecem entre os dez maiores jul-
gados da Corte;
• todas as dez maiores decisões do Supremo Tribunal Federal ocor-
reram nos últimos vinte anos e, entre elas, oito foram julgadas nos
últimos seis anos;
• há uma assimetria no tamanho das decisões de cada uma das turmas:
as dez maiores decisões da Primeira Turma do STF são menores do
que as dez maiores decisões da Segunda Turma;
• enquanto a maioria das decisões longas da Primeira Turma foi em
sede de Ações Penais, na Segunda Turma a maioria das decisões lon-
gas se deu em sede Inquéritos. Além disso, enquanto na Primeira Tur-
ma as dez ações com decisões mais longas tiveram sua última decisão
nos últimos dez anos, na segunda oito das dez decisões mais longas
tiveram sua última decisão nos últimos dez anos.

II. A menção a decisões passadas no processo decisório do STF

• a porcentagem de decisões que cita outras decisões variou consi-


deravelmente ao longo do tempo, chegando ao seu ápice em 2017. A
cada quatro decisões proferidas pelo STF, aproximadamente três
citavam pelo menos uma manifestação anterior, que provavelmente
funcionaria para os ministros como um suposto precedente apto a
reforçar a justificação da decisão citante;
• a proporção de decisões colegiadas de cada órgão do tribunal que
cita decisões anteriores está correlacionada: nos anos em que há
crescimento na proporção de decisões citadas pelo plenário, o mes-

Sumário e xecutivo 13
mo parece acontecer em cada uma das duas turmas. Em compara-
ção, as decisões monocráticas se comportam de maneira bastante
diferente. Nelas, ocorre uma variação muito maior, com uma queda
brusca na proporção de decisões citantes entre 2007 e 2011, seguida
por um crescimento que se observa a partir de 2012;
• a referência a manifestações passadas da Corte em julgados que
citam pelo menos um suposto precedente cresceu entre o perío-
do de 1998 e 2018. Isso revela que os ministros procuraram, no
tempo, citar um número cada vez maior de decisões nas ocasiões
em que acharam importante dialogar com o passado do processo
decisório do tribunal.
• as duas turmas do Supremo apresentam um alto índice de decisões
que citam decisões anteriores, ficando o percentual de decisões ci-
tantes quase sempre acima dos 40%;
• o número médio de decisões citadas por decisões que cita pelo menos
uma outra decisão anterior aumentou significativamente entre 2016
e 2018 nas duas turmas; essa tendência é especialmente dramática
na Segunda Turma;
• de um modo geral, as decisões em controle concentrado parecem ci-
tar decisões prévias com menos frequência do que as outras classes
analisadas (habeas corpus, mandados de segurança, recursos e ou-
tros), em especial a partir de 2011;
• uma métrica capaz de revelar a importância relativa dos diferentes
tipos de processo para os próprios ministros é a quantidade total
de referências que cada tipo de processo recebeu. Usando essa cha-
ve de análise, podemos notar que as decisões tomadas em sede de
controle concentrado são, de longe, as mais frequentemente citadas
em decisões posteriores;
• outro aspecto importante envolve a quantidade de citações feitas
por processos de cada tipo de classe. Presumivelmente, classes
que decidem questões de forma inédita devem receber um número

14 A j ustificação de decisões no Supremo


muito maior de citações do que o número de citações que elas pró-
prias produzem. Analisando os dados do tribunal sob essa óptica,
mais uma vez resta clara a importância das decisões em controle
concentrado, que, em vários anos, recebem mais de 15 citações
para cada citação que é efetivamente feita por processos dessa
classe. Em contrapartida, conjuntos de classes mais numerosos
e repetitivos, como os de processos da competência recursal e os
habeas corpus, recebem números muito menores de citações para
cada citação realizada;
• as decisões monocráticas em processos do controle concentrado
e em mandados de segurança foram as categorias com as maiores
proporções de citações a decisões monocráticas. As citações feitas
em decisões monocráticas em mandados de segurança vêm dimi-
nuindo proporcionalmente desde seu pico em 2002, quando qua-
se 35% das citações foram de decisões tomadas individualmente
por ministros e ministras. Surpreendentemente, o terceiro lugar
no período é assumido pelas decisões colegiadas em controle con-
centrado. Nesse caso, porém, a redução proporcional entre 1998 e
2018 é bastante clara;
• os dados mostram um padrão claríssimo quando o que está em jogo
é a análise da influência de uma decisão no tempo: para todos os
anos citantes, o ano mais citado é aquele imediatamente anterior,
seguido pelos outros anos mais próximos a esse. À medida que nos
distanciamos de um determinado ano, o número de processos cita-
dos daquele ano se reduz de maneira acelerada;
• a conclusão anterior não impede, porém, a visualização de ciclos de
possíveis precedentes, com decisões tomadas há cerca de um ano, re-
cebendo o maior número de citações em todos os anos citantes. Em
2005 e 2006, por exemplo, percebe-se um segundo pico de citações
frequentes a decisões um pouco mais antigas. Algo similar acontece
nos anos de 2010 e 2011;

Sumário e xecutivo 15
• com exceção do período 2014-2015 para as súmulas não vinculantes,
constata-se o crescimento do número de citações a enunciados su-
mulares de todas as espécies a partir de 2012;
• o número de citações a súmulas vinculantes é bem menor do que a
quantidade de menções às súmulas não vinculantes;
• no ano de 2018, a maior concentração de decisões com citações a
súmulas do Supremo se encontra na classe dos mandados de segu-
rança, o que destoa do padrão nos demais anos, quando a categoria
“recursal” possui as maiores proporções de citações a súmulas. Em
contraste, as súmulas foram citadas em quantidade muito menor
nos processos do controle concentrado;
• é possível perceber uma forte tendência de crescimento na pro-
porção de habeas corpus e processos classificados como recursais
que citam súmulas, ainda que, em um quadro mais geral, seja per-
ceptível que o percentual de referência a enunciados de súmulas
no processo decisório da Corte venha em ritmo crescente, a partir
de 2010, para todas as classes analisadas, ressalvado o controle
concentrado, que se mantém praticamente estável desde então.
Também é possível observar uma tendência de crescimento — exa-
cerbada em 2018 — da proporção de mandados de segurança que
citam súmulas;
• há crescente proporção de decisões que citam súmulas vinculantes
nas decisões de Reclamações, com um crescimento permanente des-
de a regulamentação desse instrumento pela Lei nº 11.417/06. Nos
anos de 2017 e 2018, pouco mais de 40% das decisões em Reclama-
ções citavam alguma súmula vinculante;
• das dez manifestações da Corte mais citadas entre 2014 e 2018, sete
eram súmulas, sendo a Súmula 279 a mais citada. Excluindo as sú-
mulas, o Agravo de Instrumento 760.358 é a decisão mais citada no
STF, ficando na quinta posição das decisões mais mencionadas no
universo de julgados da Corte;

16 A j ustificação de decisões no Supremo


• a ADI 4357 é a ação de controle mais citada no universo em análise.
A ação, relatada pelo ministro Ayres Britto, tratou da suspensão da
eficácia da Emenda Constitucional 62/2009, que alterou o regime de
pagamento dos precatórios;
• as decisões mais frequentemente citadas versam, em regra, sobre
temas mais amplos; em geral, questões procedimentais ou ligadas
ao processo decisório do Supremo, ou seja, questões comuns aos di-
versos temas tratados na Corte;

III. O comportamento individual e as interações entre os ministros

• algumas vezes, os ministros e as ministras do STF citam decisões


de sua própria lavra. Neste relatório, chamamos esse tipo de prática
de “autocitação”. É interessante notar que há grande variação entre
os padrões de autocitação dos diferentes ministros. De toda forma,
os ministros não abusam dessa prática: a ministra Cármen Lúcia é
a única que cita decisões próprias mais do que 15% das vezes em que
menciona alguma decisão anterior;
• em relação às heterocitações, ou seja, aquelas citações a manifesta-
ções anteriores de ministros diferentes do próprio ministro citante, a
ministra Cármen Lúcia aparece novamente em posição de destaque,
sendo a mais citada por seus colegas de tribunal. Na segunda posição,
encontra-se o ministro Ricardo Lewandowski, seguido pelos minis-
tros Celso de Mello e Luiz Fux;
• é curioso notar que ministros considerados influentes, como Ayres
Britto e Nelson Jobim, não aparecem em posição de destaque no
universo de heterocitações;
• quando se leva em conta o número de citações a processos de re-
latoria do ministro em relação ao número de decisões que esse
mesmo ministro proferiu, a ministra Ellen Gracie passa a ocupar
a primeira posição no universo das heterocitações, seguida pela

Sumário e xecutivo 17
ministra Cármen Lúcia. O ministro Celso de Mello, que ocupava
a terceira posição na metodologia anterior, passa a ser o décimo
quinto mais influente segundo esse novo critério. Isso indica que
pelo menos parte do motivo para o alto número de heterocitações
recebidas pelo ministro é fruto de sua alta capacidade de produzir
decisões. O fato de os ministros Ricardo Lewandowski, Cármen
Lúcia e Luiz Fux permanecerem entre os mais influentes serve
para atestar a utilidade das métricas para reforçar a influência
deles nos votos dos seus colegas de tribunal;
• quando redes entre ministros são buscadas, nota-se que alguns mi-
nistros recebem mais citações de seus pares do que outros. É o caso,
por exemplo, da ministra Cármen Lúcia e dos ministros Sepúlveda
Pertence e Ricardo Lewandowski;
• as relações de citação são mais fortes entre ministros que ingressa-
ram no tribunal na mesma época. Assim, por exemplo, o ministro
Celso de Mello recebeu relativamente mais citações dos ministros
Ayres Britto, Cezar Peluso e Ellen Gracie do que de ministros indica-
dos mais recentemente para o STF. O mesmo se observa com relação
a indicações mais recentes, como Luiz Fux e Dias Toffoli;
• olhando apenas para a composição atual da Corte (incluindo o minis-
tro Celso de Mello), nota-se como alguns ministros (Celso de Mello
e Marco Aurélio) são muito mais adeptos da prática de autocitação
do que outros (Luiz Fux e Roberto Barroso, por exemplo). Da mesma
forma, é possível destacar o quanto a ministra Cármen Lúcia, seguida
pelos ministros Ricardo Lewandowski e Luiz Fux, atrai mais citações
do que seus colegas;
• em relação ao número de citações em decisões monocráticas dos
ministros do Supremo, é possível observar o mesmo padrão apre-
sentado na análise das decisões colegiadas, ou seja, existe uma forte
influência dos atuais ministros da Corte, com destaque para a mi-
nistra Cármen Lúcia;

18 A j ustificação de decisões no Supremo


• apesar de alguns ministros muitas vezes apresentarem veementes
discordâncias e até mesmo trocarem ofensas entre si, é possível ob-
servar um alto grau de citações entre eles. Exemplos disso são os altos
graus de citações dos ministros Roberto Barroso e Joaquim Barbosa
ao ministro Gilmar Mendes, com quem ambos já tiveram fortes desa-
venças durante sessões da Corte. Naturalmente, pode ser que essas
citações ocorram em contextos em que o ministro citante discorda
do ministro citado e usa a citação justamente para criticar a posição
pretérita. Ainda assim, é curioso notar que há conexões fortes entre
ministros que apresentam, em ocasiões, desavenças públicas. Por ou-
tro lado, ministros que parecem ter boas relações, como ocorre com
os ministros Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Edson Fachin,
de fato aparecem entre os mais citados uns dos outros.

Sumário e xecutivo 19
Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer, em primeiro lugar, à equipe do projeto “Supremo


em Números”, que viabiliza e participa do desenvolvimento de pesquisas como
esta. Sem o rigor e a preocupação constante em fornecer dados e as demais
condições para análises quantitativas precisas sobre a realidade do Supremo
Tribunal Federal, este tipo de estudo não seria possível. Agradecemos, por
isso, especificamente aos pesquisadores Fernando Correia Jr., Felipe Araújo
Silva, José Luiz Nunes, Alexandre Almeida, Kaline Santos, Joanna Trotta,
Ana Helena Nascif, João Pedro Molina e Beatriz Neves. Além deles, dirigimos
os nossos agradecimentos também ao professor Ivar Hartmann, que coorde-
nou o Núcleo de Dados da FGV Direito Rio durante o período de elaboração
desta obra e sempre acompanhou, com cuidado e dedicação, a construção dos
estudos vinculados ao projeto Supremo em Números desde a sua segunda
publicação, sendo coautor de diversos relatórios. A ajuda de Gabriela Caval-
cante Gattulli, além disso, foi igualmente inestimável. Sem a sua disposição,
persistência e curiosidade este estudo não teria alcançado o seu formato final.

21
Versões anteriores, em diferentes estágios de desenvolvimento, foram
apresentadas no II Workshop “Mare Incognitum: desafios da pesquisa em-
pírica sobre o Supremo Tribunal Federal”, realizado na FGV Direito Rio,
nos dias 13 e 14 de setembro de 2018, e nos “Seminários de Pesquisadores”
da FGV Direito Rio, no dia 7 de novembro de 2018. A todos os participantes,
cujos comentários, sugestões e críticas contribuíram relevantemente para
o aprimoramento das análises e para o teste de novas hipóteses, também
agradecemos. E o fazemos nas pessoas dos organizadores dos dois eventos:
os professores Rogério Arantes (USP-FFLCH), Diego Werneck Arguelhes
(Insper) e Thomaz Pereira (FGV Direito Rio). Agradecemos, ainda, ao pro-
fessor Fábio Leite, da PUC-Rio, pela leitura atenta e pelos comentários à
versão apresentada nos seminários de pesquisadores da FGV Direito Rio.

22 A j ustificação de decisões no Supremo


Agradecimentos 23
2 . Introdução

O presente estudo se debruça sobre dimensões do processo de justificação


de decisões no Supremo Tribunal Federal. Neste momento, duas dessas di-
mensões são exploradas a partir da base de dados do projeto Supremo em
Números: a extensão das decisões e o recurso a manifestações anteriores,
como possíveis “precedentes”, na fundamentação das decisões dos ministros.
Como nas demais publicações do projeto Supremo em Números, as infor-
mações que se seguem são produtos de trabalhos de organização de grandes
dados, destinados a oferecer para a sociedade e para a comunidade acadêmi-
ca conhecimento sobre a realidade do Supremo. A compreensão que se pre-
tende fornecer da prática decisória da Corte se constrói a partir de análises
quantitativas, o que torna o resultado desse esforço complementar ao tipo de
pesquisa comumente desenvolvida para o entendimento e, eventualmente,
à orientação dos processos de justificação de decisões.
Com frequência, pesquisas acadêmicas usam decisões da Corte como
exemplos do que se pretende criticar por disparidade com alguma visão

25
sobre como as decisões deveriam ser justificadas, priorizando, quando
análises afirmadamente empíricas são feitas, análises qualitativas. O tipo
de conteúdo que esta investigação pretende transmitir se sustenta sobre
descrições compreensivas da prática decisória do tribunal baseadas em
uma perspectiva mais ampla sobre a realidade do Supremo. Não se parte de
nenhuma concepção específica sobre o exercício da jurisdição constitucio-
nal, seus dilemas na democracia ou visões sobre como a fundamentação de
decisões deve se desenvolver. Opta-se, inclusive, pelo emprego cuidadoso
da palavra “precedente”, cercada de problemas, para categorizar as deci-
sões analisadas e o seu uso pela Corte para a justificação de suas decisões.
Tampouco pretende-se comentar decisões isoladas, ainda que elas repre-
sentem instanciações claras das descrições gerais apresentadas. O traba-
lho com grandes dados, como dito, levanta a pretensão de apresentar um
quadro geral empiricamente informado sobre a realidade da instituição.
O diagnóstico é o ponto de chegada, ainda que possa ser usado tanto para
a construção de propostas normativas, preocupadas com a superação de
problemas efetivamente vivenciados pela Corte, quanto para a crítica de
modelos normativos repletos de idealizações e, assim, descolados da rea-
lidade. Isso não quer dizer que hipóteses não tenham sido levantadas e
testadas, mas um estudo como este também se abre a explorações movidas
apenas pela curiosidade dos pesquisadores.
Ao contrário das demais publicações do projeto Supremo em Números,
este estudo se ocupa menos com (i) a compreensão das diferentes facetas que
moldam a realidade da instituição, (ii) as dinâmicas institucionais na Corte
ou entre ela e outros atores relevantes e (iii) o tratamento de temas específi-
cos pelo tribunal. O estudo que se segue almeja jogar luzes sobre a construção
das decisões do STF. As dimensões selecionadas nesta pesquisa dialogam com
esse objetivo ao enfocarem fonte tradicional de sustentação de argumentos
jurídicos (o recurso a manifestações anteriores do tribunal, comumente as-
sociado às palavras “jurisprudência” e “precedentes”) e um dos produtos do
que é feito no processo de articulação de fontes de decisão com o raciocínio

26 A j ustificação de decisões no Supremo


de justificação de julgados (a extensão ou o tamanho de votos e acórdãos). Em
cada um desses aspectos, diferentes hipóteses podem ser exploradas a partir
de diversos debates existentes sobre o manejo de fontes jurídicas de decisão
e os seus efeitos sobre a qualidade da justificação de decisões judiciais, com
especial destaque para as suas relações com a promoção de valores caros ao
Estado de Direito, como a previsibilidade, a certeza (no sentido do conheci-
mento do que foi decidido) e a estabilidade do processo decisório do Supremo.
Como dito, devido à natureza prioritariamente exploratória das obras
do projeto Supremo em Números, testes de hipóteses especificamente co-
locadas nem sempre foram feitos. Isso não significa, no entanto, que algu-
mas inquietações decorrentes de certas afirmações teóricas não tenham
inspirado a escolha das duas dimensões e determinadas análises do traba-
lho. O objetivo principal desta primeira parte é, nesse contexto, apresentar
justificativas para essas escolhas e alguns debates relacionados a cada um
dos aspectos que serviram como ponto de partida para as análises que se
seguirão. Essa apresentação seguirá exatamente a sequência dos temas do
estudo: o tamanho das decisões e o recurso a decisões anteriores da Corte
para a fundamentação de seus julgados.

2.1 A EXTENSÃO DAS DECISÕES

Investigar a extensão das decisões do Supremo nos diferentes tipos de pro-


cessos decididos pela Corte, determinar a sua variação ao longo do tempo
e buscar possíveis relações entre o tamanho dos votos dos ministros e o
uso de certas fontes de decisão, como “jurisprudência” e “precedentes”, são
exemplos de referenciais para a formulação de perguntas à base de dados do
projeto Supremo em Números visando à compreensão de parte do processo
de construção das decisões do tribunal. Além de enfrentar essas questões
exploratórias, a análise da extensão das decisões é uma dimensão relevante
de uma proposta de compreensão mais ampla do processo de justificação

Introdução 27
de decisões do Supremo quando se assume que pode existir alguma cor-
relação entre o tamanho da decisão e a qualidade da argumentação. Esse
é especialmente o caso quando teorias normativas investem na saturação
das cadeias de argumentação como condição necessária para a adequação
de uma justificação. Nessa linha, maior qualidade na fundamentação es-
taria associada a mais páginas escritas.
Fornecer razões diferentes para a sustentação de uma posição pode ser
justificável. Reforçar a fundamentação, oferecer alternativas para facilitar a
adesão dos destinatários da decisão ou adicionar contra-argumentos a pos-
síveis críticas à posição que se sustenta são objetivos que podem conduzir
o decisor a justificações mais elaboradas e, assim, longas.1 Cohen, com foco
específico no Judiciário, elenca benefícios associados a três importantes
valores que podem ser promovidos quando juízes apresentam razões para a
justificação das suas decisões: participação, accountability e acurácia.2 Por
meio da qualidade da fundamentação, pode-se assegurar o envolvimento
dos participantes no processo de tomada de decisão, tornar as manifesta-
ções judiciais passíveis de controle crítico e assegurar decisões mais pre-
cisas. 3 No plano específico da jurisdição constitucional, fornecer razões é,
para diversas teorias de matriz liberal-democrática, também condição de
legitimidade de decisões de juízes e Cortes constitucionais.4 Todos esses são
argumentos para se motivar bem. Mas há também sugestões para se justi-
ficar bem e mais. Entre propostas normativas de argumentação jurídica, o
código de racionalidade apresentado por Robert Alexy inclui, por exemplo,

1. BLAIR, J. Anthony. A theory of normative reasoning schemes. In: BLAIR, J. Anthony. Groun-
dwork in the Theory of Argumentation. Dordrecht: Springer Science+Business Media B. V.,
2012. p. 151.
2. COHEN, Mathilde. When judges have reasons not to give reasons: a comparative law approach.
Washington& Lee Law Review, [s. l.], v. 72, n. 2, p. 483-571, 2015. p. 504-513.
3. Id.
4. ALEXY, Robert. Balancing, constitutional review, and representation. International Journal
of Constitutional Law, [s. l.], v. 3, n. 4, p. 572-581, 2005. p. 231-240; BARROSO, Luís Roberto. A
razão sem voto: a função representativa e majoritária das cortes constitucionais. Revista Estu-
dos Institucionais, [s. l.], v. 2, n. 2, p. 517-546, 2016.

28 A j ustificação de decisões no Supremo


a regra J.2.5, segundo a qual “deve-se indicar o maior número possível de
passos de desenvolvimento [de argumentos]”, e a regra J.6, que estatui: “de-
ve-se saturar cada forma de argumento que pode ser extraída dos cânones
tradicionais de interpretação”.5 Da mesma forma, Peczenik identifica como
critério central de coerência de uma justificação o número de relações de
suporte de argumentos e a extensão das cadeias de suporte de argumentos.6
O conjunto apresentado de argumentos parece sustentar o que talvez
seja a visão convencional sobre justificação de decisões judiciais. Fornecer
razões, boas e muitas, parece ser tanto a orientação padrão para guiar a prá-
tica judicial quanto igualmente o que se costuma esperar, fora do Judiciá-
rio, das suas manifestações.7 Em favor dessa visão, está a percepção de que
o tamanho das decisões vem aumentando no tempo. Isso vem acontecendo
no Supremo? Na Suprema Corte dos EUA, por exemplo, dados mostram que,
entre 1953 e 2009, se, por um lado, o número de casos que o tribunal apre-
ciou caiu, a extensão das decisões, por outro, tem aumentado, sobretudo nos
últimos anos. Das dez mais extensas decisões da Corte, quatro são do perío-
do da Corte Roberts.8 Será que fenômeno semelhante pode ser identificado
no STF? Em caso afirmativo, isso se verifica em todos os tipos de processo
apreciados pela Corte? Teriam as decisões ficado mais longas após a promul-
gação do Código de Processo Civil de 2015, que estimula a justificação mais
cuidadosa em dispositivos como o art. 489, §1º?

5. ALEXY, Robert. Theorie der juristischen Argumentation. Frankfurt a.M: Suhrkamp, 1978. p.
280 e 302.
6. PECZENIK, Aleksander. On law and reason. Dordrecht: Springer Science+Business Media B.
V., 2008. p. 132.
7. LEAL, Fernando A. R. “Less is More”: Against Argumentative Saturation in Legal Decision-
-Making. In: BRITO, Miguel Nogueira de; HERDY, Rachel; DAMELE, Giovanni; LOPES, Pedro
Moniz; SAMPAIO, Jorge Silva. (Org.). The role of legal argumentation and human dignity in
constitutional courts: proceedings of the special workshops held at the 28th World Congress
of the International Association for Philosophy of Law and Social Philosophy in Lisbon, 2017.
Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2019. p. 47-56. v. 1. p. 49.
8. LIPTAK, Adam. Justices Are Long on Words but Short on Guidance. The New York Times,
Washington, 17 nov. 2010. Disponível em: https://www.nytimes.com/2010/11/18/us/18rulings.
html. Acesso em: 17 jan. 2020.

Introdução 29
A relação entre extensão das decisões e qualidade da justificação é, po-
rém, suspeita. No caso específico do Supremo Tribunal Federal, a relação
é problemática quando se questiona a possibilidade de os textos das deci-
sões serem construídos a partir de fragmentos de outras decisões. Nessa
linha, trabalho também desenvolvido a partir da base de dados do projeto
Supremo em Números revelou informação curiosa sobre o que se chamou
de “repetitividade das decisões”. Tal rótulo se refere ao uso de pedaços de
decisões anteriores para a justificação de novas decisões como possível
indicativo de que o tribunal acaba se servindo de “modelos” quando é cha-
mado a se manifestar diversas vezes sobre a mesma questão jurídica. Ana-
lisando uma amostra de julgados entre os anos de 2011 e 2013, concluiu-se
que “[a] média de identidade inter-documentos dos Ministros é 33,6%. A
média de identidade intra-documentos é de 18,2%. Ou seja: entre 2011 e
2013, os Ministros usaram trechos de alguma outra decisão em 1 a cada 3
de suas decisões monocráticas. Quando usaram os trechos da decisão ante-
rior, esses representaram cerca de 1/5 da nova decisão”.9 Esse diagnóstico
problematiza a ideia de que a quantidade de palavras de uma decisão está
sempre a serviço de uma fundamentação mais apurada e concentrada no
alcance da melhor resposta para o caso específico que se aprecia.
A relação entre quantidade e qualidade da fundamentação pode ser en-
fraquecida, ainda, quando se considera a necessidade da adequação do dis-
curso à audiência à qual se destina. Se esse é um elemento fundamental para
a construção de uma teoria da argumentação jurídica, a exigência de satura-
ção se torna mais fraca, na medida em que pode ceder quando o que está em
jogo é, por exemplo, a compreensão da justificação por determinado audi-
tório. Se decisões judiciais devem ser compreensíveis para o maior número
possível de destinatários atuais e potenciais do que comunicam, o excesso

9. HARTMANN, Ivar A.; CHADA, Daniel. A razão sem condições de qualidade. In: VIEIRA, Oscar
Vilhena; GLEZER, Rubens. (Org.). A razão e o voto: diálogos constitucionais com Luís Roberto
Barroso. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017. p. 191.

30 A j ustificação de decisões no Supremo


de aprofundamento, quando desnecessário ou redundante, pode, em vez de
ampliar, restringir o auditório afetado pela argumentação, especialmente
quando a complexidade implica obscuridade.
Se a visão convencional sobre a fundamentação de decisões judiciais
parece associar qualidade com quantidade, há também boas razões para
se problematizar esforços de saturação, principalmente aqueles que en-
volvem o manejo de estratégias diferentes de justificação para um mesmo
resultado.10 Ao contrário do que se possa imaginar à primeira vista, uma
decisão que recorre a precedentes, princípios, considera consequências e
tenta articular uma ambiciosa teoria normativa sobre a interpretação do
Direito para a sua fundamentação pode ser pior do que uma justificação
concentrada no bom uso de apenas uma dessas possibilidades. Há, pelo
menos, três disfuncionalidades que podem ser produzidas por esforços de
saturação no sentido apresentado.
A primeira é comunicacional. Cumular diferentes estratégias de justifica-
ção pode induzir mais votos concorrentes e, assim, dificultar a compreensão
do que foi decidido e com base em quê.
A segunda disfuncionalidade é de natureza institucional. Escrever mais
para saturar aumenta drasticamente os custos de decisão e de oportunidade
do decisor. Respostas mais longas, portanto, afetam a quantidade de casos
resolvidos no tempo. Eficiência é também um valor a ser promovido pelo pro-
cesso decisório de juízos e tribunais que pode, às vezes, justificar decisões
mais concisas.11 Além disso, decisões longas podem produzir expectativas

10. Essa é chamada de “saturação horizontal”, em oposição à “saturação vertical”, que diz respeito
à profundidade das cadeias de justificação desenvolvidas dentro de uma mesma estratégia de
justificação. Sobre a distinção, ver LEAL, Fernando. “Less is More”: Against Argumentative Sa-
turation in Legal Decision-Making. In: BRITO, Miguel Nogueira de; HERDY, Rachel; DAMELE,
Giovanni; LOPES, Pedro Moniz; SAMPAIO, Jorge Silva. (Org.). The role of legal argumentation
and human dignity in constitutional courts: proceedings of the special workshops held at the
28th World Congress of the International Association for Philosophy of Law and Social Philo-
sophy in Lisbon, 2017. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2019. p. 47-56. v. 1. p. 52.
11. COHEN, Mathilde. When judges have reasons not to give reasons: a comparative law approach.
Washington& Lee Law Review, [s. l.], v. 72, n. 2, p. 483-571, 2015. p. 522.

Introdução 31
e comprometer a Corte com certas visões que não necessariamente estão
maduras, são desejáveis ou necessárias para a solução do problema especí-
fico sob consideração. Em curtos meios, o impulso por justificar mais e mais
pode inibir posições minimalistas.12
O terceiro risco, por fim, é justificatório. Decisões mais longas orientadas
em saturação podem dificultar a identificação da ratio decidendi do julgado
que, como precedente, pode orientar a solução de casos futuros. Além disso,
elas abrem mais espaço para críticas, em especial pelo mau uso de estraté-
gias de justificação.13
Ainda que esses resultados perversos não sejam necessariamente obtidos
pela busca por ampliar a qualidade da justificação e, com isso, aumentar-se
o número de páginas da decisão, as razões apresentadas revelam por que in-
vestigar o tamanho das decisões é um primeiro passo para se compreender a
realidade do processo decisório de um órgão jurisdicional, como o Supremo
Tribunal Federal. No caso deste trabalho, as análises quantitativas podem
inspirar ou complementar estudos qualitativos eventualmente preocupados
em enfrentar futuramente alguns dos debates apresentados.

2. 2 PRECEDENTES

Para além das discussões sobre a extensão das decisões e a sua possível re-
lação com a qualidade dos julgados, explorar quantitativamente o emprego
de decisões passadas na fundamentação das decisões do Supremo também

12. Ver a respeito SUNSTEIN, Cass. One case at a time: judicial minimalism on the Supreme Court.
Cambridge/London: Harvard University Press, 1999.
13. LEAL, Fernando A. R. “Less is More”: Against Argumentative Saturation in Legal Decision-
-Making. In: BRITO, Miguel Nogueira de; HERDY, Rachel; DAMELE, Giovanni; LOPES, Pedro
Moniz; SAMPAIO, Jorge Silva. (org.). The role of legal argumentation and human dignity in
constitutional courts: proceedings of the special workshops held at the 28th World Congress
of the International Association for Philosophy of Law and Social Philosophy in Lisbon, 2017.
Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2019. p. 47-56. v. 1. p. 54-55.

32 A j ustificação de decisões no Supremo


é um empreendimento que dialoga com diversos debates relacionados à de-
finição, à identificação e à aplicação de precedentes.
O tema dos precedentes judiciais se tornou particularmente importante
para o Direito brasileiro nas últimas décadas por duas razões principais. Em
primeiro lugar, porque a premissa de que, em um sistema romano-germâni-
co, a presença da lei conduziria diferentes juízes à mesma conclusão diante
dos mesmos fatos é cada vez mais contrafactual. Em uma sociedade plural,
os juízes, como quaisquer pessoas, têm pré-compreensões diferentes, o que
repercute sobre a forma como apreendem os fatos da causa, a legislação e
como relacionam esses dados entre si. Além disso, centenas de leis convi-
vem em um conjunto nem sempre harmônico ou ordenado, para dizer o mí-
nimo. Por fim, a utilização cada vez mais intensiva pela legislação brasileira
de enunciados normativos gerais e vagos torna mais amplo ainda o leque de
opções interpretativas disponíveis ao intérprete.
Nesse sentido, a capacidade da lei de garantir previsibilidade da respos-
ta do Direito e um tratamento isonômico às pessoas é bastante limitada, de
modo que essa função acabou por ser complementada, ou desempenhada,
pela jurisprudência dos órgãos de última instância do Poder Judiciário. São
eles que, afinal, vão dizer o que os enunciados contidos na legislação signi-
ficam nas diferentes circunstâncias.
Em segundo lugar, o tema dos precedentes ganhou especial atenção por
conta das opções do legislador constitucional e infraconstitucional na ma-
téria, no sentido de atribuir a determinadas decisões eficácia para além dos
típicos efeitos sobre as partes. Na realidade, essas opções normativas têm
sido o fio condutor de boa parte do debate jurídico em torno do assunto, de
modo que as principais questões em discussão — todas da maior importância
— envolvem saber, por exemplo, o quão vinculantes são determinados pre-
cedentes? O que exatamente vincula naquilo que foi decidido? A vinculação,
quando existe, dá-se por motivos autoritativos ou substantivos? Integran-
tes do Judiciário observam precedentes mesmo quando deles discordam?
O que pode ser feito, processualmente, em face de decisão que desrespeita

Introdução 33
um precedente? Cabe reclamação? E qual a solução processual para impug-
nar decisão que aplica precedente a hipótese que não se subsumiria a ele?14
Ao lado das questões específicas que a interpretação e a aplicação das
opções legislativas suscitam, a compreensão do real papel dos preceden-
tes no Direito brasileiro enseja ainda ao menos quatro outros blocos de
perguntas.15 Em primeiro lugar, o que é um precedente? Qualquer decisão
é um precedente? Só tribunais superiores estabelecem precedentes?16 Pre-
cedentes e súmulas se confundem?
Em segundo lugar, é de se perguntar se os precedentes (deixando em
suspenso a questão referida anteriormente do que são ou do que devem
ser, afinal, precedentes) estão efetivamente sendo utilizados no âmbito
da fundamentação das decisões judiciais. Como se sabe, a Constituição de
1988 atribuiu às decisões proferidas pelo STF em sede de ações em contro-
le concentrado e abstrato de constitucionalidade “eficácia contra todos e
efeitos vinculantes” relativamente aos demais órgãos do Judiciário e, nos
termos da EC 45/04, a administração pública direta e indireta de todos os
níveis federativos.17 A Lei 9.882/98 atribuiu eficácia similar às decisões

14. MELLO, Patrícia Perrone Campos. O Supremo e os precedentes constitucionais: como fica a sua
eficácia após o Novo Código de Processo Civil. Universitas Jus, [s. l.], v. 26, n. 2, p. 41-53, 2015.;
MELLO, Patrícia Perrone Campos; BARROSO, Luís Roberto. Trabalhando com uma nova lógica:
a ascensão dos precedentes no direito brasileiro. Revista da AGU, Brasília-DF, v. 15, n. 3, p. 9-52,
jul./set. 2016.
15. A necessidade de compreender como os precedentes realmente funcionam nos diferentes sis-
temas jurídicos tem levado ao desenvolvimento de pesquisas específicas, como a que resultou
no livro Interpreting precedents, 1997, organizado por Neil MacCormick e Robert Summers,
no qual autores de vários países tratam do assunto em suas jurisdições. Ver MACCORMICK, D.
Neil; SUMMERS, Robert S. (Org.). Interpreting precedents: a comparative study. Aldershot:
Ashgate/Dartmouth, 1997.
16. MITIDIERO, Daniel Francisco. Precedentes: da persuasão à vinculação. 3. ed. São Paulo: Thom-
son Reuters/Revista dos Tribunais, 2018. p. 91.
17. Art. 102, “§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal,
nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade
produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
(Redação dada pela Emenda Constitucional 45, de 2004)” (BRASIL. Constituição da República

34 A j ustificação de decisões no Supremo


proferidas pelo STF em sede de Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF).18 A mesma EC 45/04 criou a súmula vinculante, que
pode ser editada pelo STF, prevendo expressamente o uso da reclamação
diretamente dirigida ao STF como meio de garantir sua observância pelos
órgãos judiciais e administrativos.19
Ainda sob a vigência do hoje revogado CPC de 1973, diversas leis o altera-
ram criando mecanismos visando prestigiar o respeito aos precedentes dos
Tribunais Superiores, em geral, e do STF, em particular. Por fim, nos termos
do CPC de 2015, juízes e tribunais deverão observar um conjunto de deci-
sões listado no art. 927, consideradas como precedentes com algum nível de
vinculatividade, entre as quais decisões proferidas pelo STF em diferentes
contextos.20 Os tribunais, por seu turno, devem “uniformizar sua jurispru-

Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, Assembleia Nacional Constituin-


te, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em: 31 mar. 2020).
18. BRASIL. Lei 9.882, de 3 de dezembro de 1999. Dispõe sobre o processo e julgamento da argüi-
ção de descumprimento de preceito fundamental, nos termos do § 1o do art. 102 da Constituição
Federal. Brasília, DF: Presidência da República, 3 dez. 1999. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9882.htm. Acesso em: 31 mar. 2020.
19. Op. cit., art. 103-A.
2 0. “Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I — as decisões do Supremo Tribunal Federal em
controle concentrado de constitucionalidade; II — os enunciados de súmula vinculante; III —
os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetiti-
vas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV — os enunciados das
súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de
Justiça em matéria infraconstitucional; V — a orientação do plenário ou do órgão especial aos
quais estiverem vinculados. § 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no
art. 489, § 1º, quando decidirem com fundamento neste artigo. § 2º A alteração de tese jurídica
adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida
de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contri-
buir para a rediscussão da tese. § 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de
casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da
segurança jurídica. § 4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada
ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamen-
tação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da
confiança e da isonomia. § 5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizan-
do-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de

Introdução 35
dência e mantê-la estável, íntegra e coerente.” (art. 926).21 E cabe às decisões
judiciais que aplicam precedentes identificar seus fundamentos determi-
nantes e demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta a eles; no caso de
uma decisão que decide não aplicar precedente invocado pela parte, caberá
a ela demonstrar a distinção no caso em julgamento ou a eventual superação
do entendimento firmado no precedente indicado (art. 489, § 1o, V e VI).22
Nada obstante esse conjunto de previsões constitucionais e legisla-
tivas, pode existir uma enorme distância entre o que eles dispõem e a
realidade. Será que as previsões legislativas criando os deveres referi-
dos anteriormente e atribuindo vinculatividade a determinadas decisões
tornaram mais frequente o uso de manifestações anteriores da Corte,
como possíveis precedentes, na argumentação dos magistrados? Isso é
perceptível no Supremo?
Uma terceira pergunta pode ser enunciada nos seguintes termos: tendo
em conta as decisões que efetivamente mencionam precedentes, como eles
estão sendo utilizados pelos julgadores? A doutrina tem proposto alguns
modelos básicos de como as decisões judiciais deveriam utilizar preceden-

computadores” (BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Bra-
sília, DF: Presidência da República, 16 mar. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 30 mar. 2020).
21. “Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coe-
rente. § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os
tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. §
2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos
precedentes que motivaram sua criação.” (BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Código
de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 16 mar. 2015. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 30 mar. 2020).
22. “Art. 489. […] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocu-
tória, sentença ou acórdão, que: […] V — se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula,
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se
ajusta àqueles fundamentos; VI — deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou pre-
cedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento
ou a superação do entendimento” (BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Pro-
cesso Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 16 mar. 2015. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 30 mar. 2020).

36 A j ustificação de decisões no Supremo


tes e é, em geral, a partir deles que os dados obtidos em qualquer pesquisa
sobre o assunto serão compreendidos.
Uma primeira proposta, apresentada, por exemplo, por Adriana de Mo-
raes Vojvodic,23 distingue esse como em duas grandes categorias que podem
ser descritas de forma simples pelas concepções positivistas e argumen-
tativas. Na concepção positivista, o precedente seria utilizado pelo julga-
dor como uma regra, equiparável às regras editadas pelo Legislativo, a ser
aplicada sem maiores considerações sobre os fundamentos que levaram à
solução consolidada no precedente ou os fatos considerados relevantes na
ocasião, em comparação com os eventuais fatos da causa a ser julgada. De
outra parte, para a concepção argumentativa o precedente será considerado
no contexto da nova decisão como um conjunto de argumentos, sendo que a
pertinência de sua aplicação será avaliada à luz dos fatos considerados pela
ratio decidendi e dos fatos do caso a decidir.
Uma outra proposta, formulada por Antonio Moreira Maués, a partir das
discussões de F. Schauer, C. Sunstein e R. Dworkin, cogita que as Cortes podem
lidar com precedentes de três modos distintos: como regras, como princípios
ou como analogias.24
Na concepção dos precedentes como regras, tal qual desenvolvida por F.
Schauer,25 os precedentes correspondem a generalizações enraizadas. Isso signi-
fica, de forma simples, que, diante de experiências recalcitrantes, isto é, situações
que podem colocar em xeque a correção do precedente e, portanto, sua aplicação
a um caso futuro, a opção padrão continua a ser pela aplicação do precedente.

23. VOJVODIC, Adriana. Precedentes e argumentação no Supremo Tribunal Federal: entre a


vinculação ao passado e a sinalização para o futuro. 2012. 269 f. Tese (Doutorado em Direito) —
Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: https://www.
teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-27092012-094000/publico/tese_Adriana_Vojvodic.
pdf. Acesso em: 30 mar. 2020.
2 4. MAUÉS, Antonio Moreira. Jogando com os precedentes: regras, analogias, princípios. Revista
Direito GV, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 587-623, jul. 2012.
25. SCHAUER, Frederick. Thinking like a lawyer: a new introduction to legal reasoning. ­Cambridge:
Harvard University Press, 2009. p. 50.

Introdução 37
A lógica subjacente a essa concepção envolve uma comparação entre os
custos e os riscos de dois tipos de erros distintos com os quais o sistema ju-
rídico precisa lidar: de um lado, os possíveis erros resultantes da aplicação
dos precedentes a hipóteses que não se adéquam a suas justificativas; e, de
outro, os custos e os riscos dos possíveis erros dos vários agentes encarre-
gados de travar um diálogo com as justificativas e as circunstâncias fáticas
do precedente para avaliar se ele deve ou não ser aplicado. Para essa concep-
ção, os custos e os riscos envolvidos no erro dos agentes são potencialmente
maiores, de modo que, como regra geral, a aplicação do precedente deve ser
prestigiada no modelo de uma regra.
A partir das concepções de R. Dworkin, por seu turno, os precedentes
seriam compreendidos como princípios no contexto de uma comunidade
que compartilha determinados elementos básicos comuns relacionados à
integridade e às obrigações associativas que deles decorrem, ainda que as
pessoas discordem de princípios substantivos de moralidade política. A for-
ma como os precedentes seriam aplicados nesse ambiente de construção e
de manutenção de integridade é ilustrada por Dworkin na famosa imagem
de um romance em cadeia, no qual cada novo escritor escreve um novo ca-
pítulo, mas tem o dever de manter a unidade com os capítulos anteriores.26
Do ponto de vista dos precedentes, isso significa que o julgador do futuro
não estará propriamente vinculado ao que foi decidido anteriormente. Seu
dever é o de manter a integridade relativamente aos princípios subjacentes
às decisões do passado, princípios esses que lhe cabe desenvolver à luz da
nova realidade a ser decidida. Isso poderá significar aplicar o precedente ou
não, dependendo dos princípios em atuação em cada caso e da compreensão
que o intérprete tenha deles.27

26. DWORKIN, Ronald. Law’s empire. Cambridge/London: Harvard University Press, 1996. p. 225 ss.
27. VOJVODIC, Adriana; MACHADO, Ana Mara França; CARDOSO, Evorah Lusci Costa. Escrevendo
um romance, primeiro capítulo: precedentes e processo decisório no STF. Revista Direito GV,
São Paulo, v. 5, n. 1, p. 21-44, jan./jun. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdgv/v5n1/
a02v5n1. Acesso em: 30 mar. 2020.

38 A j ustificação de decisões no Supremo


Na concepção dos precedentes como analogias, diversamente, tal como
preconizado por C. Sunstein, 28 os precedentes não deveriam ser conside-
rados nem como regras, nem como princípios, mas como acordos teóricos
incompletos. A premissa aqui é a de que os precedentes visam a solucionar
questões específicas, gerando estabilidade social em meio a um ambiente
de diversidade e pluralidade no qual há profunda divergência acerca dos
princípios gerais que devem ordenar a sociedade.
Destarte, considerar os precedentes como analogias seria melhor do
que encará-los como princípios, pois essa concepção confere maior pre-
visibilidade ao sistema e evita que os juízes recorram a justificações fi-
losóficas para suas decisões, que tendem a ser amplamente divisivas. De
outra parte, seria melhor compreender os precedentes como analogias
do que como regras, uma vez que isso permitiria ao juiz dos casos futu-
ros um espaço maior de avaliação e de justificação no que diz respeito às
semelhanças e às diferenças relevantes entre o caso decidido pelo pre-
cedente e o caso que lhe cabe decidir.
Alguns trabalhos já produzidos no Brasil têm apurado conclusões di-
ferentes acerca de como o STF lida com seus precedentes a partir dessas
diferentes categorias. Antonio Moreira Maués, por exemplo, examinou de-
cisões do STF relacionadas à interpretação e à aplicação, bem como com a
não aplicação, de três súmulas vinculantes (as SVs 3, 5 e 13). Sua conclusão
foi no sentido de que a concepção de Dworkin acerca dos precedentes —
precedentes como princípios — seria a que melhor explicaria o comporta-
mento da Corte no particular.29 Adriana de Moraes Vojvodic, por seu turno,
examinando decisões do STF relativas a direitos fundamentais publicadas
no Informativo do STF de 1995 a 2008, 30 concluiu que a Corte utiliza seus

2 8. SUNSTEIN, Cass R. Legal reasoning and political conflict. New York: Oxford University Press,
1996. p. 72.
29. MAUÉS, Antonio Moreira. Jogando com os precedentes: regras, analogias, princípios. Revista
Direito GV, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 587-623, jul. 2012.
30. Segundo a autora reporta, foram examinadas 265 decisões (fls. 127).

Introdução 39
precedentes sobretudo como regras, de acordo com a categoria positivista
referida anteriormente. 31
Para além desses dilemas estruturais, especificamente sobre como o
Supremo lida com o seu estoque de decisões para fundamentar decisões
atuais, é de se questionar, ainda, o que costuma ser anunciado como pre-
cedente da Corte. Ementas? Passagens gerais da ratio decidendi desvincu-
ladas do problema enfrentado ou do caso decidido? 32 Obiter dicta? E, do
ponto de vista institucional, como se dão as interações entre o plenário, as
turmas e as manifestações dos ministros em decisões monocráticas? Deci-
sões monocráticas e de turmas são usadas como “decisões do Supremo”?33
Esses são problemas de pesquisa relevantes para uma compreensão ampla
do manejo de supostos precedentes pelo tribunal. 34
Por fim, a quarta questão relevante sobre os precedentes envolve saber
que função eles desempenham na fundamentação das decisões ou que fim
ou fins eles promovem. Aqui, também, há diferentes modelos sugeridos pela
doutrina, valendo referir alguns deles. Algumas dessas funções têm nature-
za mais descritiva, ao passo que outras apresentam pretensões claramente
normativas e outras ainda são uma mescla dessas duas perspectivas. Nada
impede que diferentes funções sejam desempenhadas simultaneamente.

31. VOJVODIC, Adriana. Precedentes e argumentação no Supremo Tribunal Federal: entre a


vinculação ao passado e a sinalização para o futuro. 2012. 269 f. Tese (Doutorado em Direito) —
Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: https://www.
teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-27092012-094000/publico/tese_Adriana_Vojvodic.
pdf. Acesso em: 30 mar. 2020.
32. LEAL, Fernando A. R. Uma jurisprudência que serve para tudo. Jota, 13 mai. 2015. Disponível
em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/24340/Uma_jurispruden-
cia_que_serve_para_tudo_-.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 31 mar. 2020.
33. Sobre o emprego de monocráticas como precedentes, ver ARGUELHES, Diego Werneck; RIBEI-
RO, Leandro Molhano. O Supremo individual: mecanismos de atuação direta dos ministros sobre
o processo político. Direito, Estado e Sociedade, [s. l.], n. 46, p. 121-155, jan./jun. 2015.
3 4. Sobre esses e outros problemas da prática decisória da Corte, ver LEAL, Fernando. Força au-
toritativa, influência persuasiva ou qualquer coisa: o que é um precedente para o Supremo
Tribunal Federal? Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 205-236,
jan./abr. 2020.

40 A j ustificação de decisões no Supremo


É frequente a referência dos autores a que a utilização dos precedentes,
e sobretudo sua observância, desempenha, ou deve desempenhar, a função
de promover segurança jurídica na vertente de garantir a estabilidade e a
previsibilidade dos entendimentos acerca do Direito ao longo do tempo e no
espaço. Uma outra função nesse mesmo contexto seria a de assegurar igual-
dade, isto é, isonomia perante a lei, na medida em que proporcionaria aos
jurisdicionados a mesma resposta para casos equiparáveis, independente-
mente da variedade de órgãos jurisdicionais encarregados de decidir casos.35
Uma terceira função na utilização dos precedentes pela fundamentação
das decisões seria a de promover a coerência da jurisprudência e do Direito.
A coerência envolverá não necessariamente o eventual respeito ao prece-
dente e sua aplicação, mas o exame de seus fundamentos e das circunstân-
cias de fato que lhe deram origem, de modo a justificar sua aplicação ou sua
eventual não aplicação.36 Uma particularidade dessa função seria assegurar
a proteção consistente e específica de direitos fundamentais.
Uma quarta função dos precedentes seria a de bloqueio para o fim de con-
trole da demanda de processos e/ou gestão da massa de ações submetidas ao
órgão jurisdicional. Isto é: os precedentes seriam utilizados para inviabilizar
o cabimento de recursos ou permitir soluções monocráticas no âmbito de

35. MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters/
Revista dos Tribunais, 2011.; MARINONI, Luiz Guilherme. Os precedentes na dimensão da se-
gurança jurídica. In: MARINONI, Luiz Guilherme. (Org.). A força dos precedentes: estudos dos
cursos de mestrado e doutorado em direito processual civil da UFPR. 2. ed. rev. ampl. e atual.
Salvador: Juspodivm, 2012. p. 559-575.; SERRA JÚNIOR, Marcus Vinícius Barreto. A vincula-
ção do precedente judicial e a segurança jurídica. Revista de Informação Legislativa, Brasília,
v. 54, n. 214, p. 131-152, abr./jun. 2017.
36. SOUZA JÚNIOR, Fredie Didier. Sistema brasileiro de precedentes judiciais obrigatórios e os
deveres institucionais dos tribunais: uniformidade, estabilidade, integridade e coerência da ju-
risprudência. Revista da Faculdade Mineira de Direito — PUC Minas, Belo Horizonte, v. 18, n.
36, 2015.; NUNES, Dierle; HORTA, André Frederico. Aplicação de precedentes e distinguishing
no CPC/2015: uma breve introdução. In: DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da;
MACÊDO, Lucas Buril de; ATAIDE JR., Jaldemiro R. de. Coleção Grandes Temas do Novo CPC:
Precedentes. Salvador: Jus Podivm, 2015. v. 3. p. 301-334.; CUNHA, Leonardo Carneiro da; MA-
CÊDO, Lucas Buril de; ATAIDE JR., Jaldemiro R. de. (Org.). Coleção Grandes Temas do Novo
CPC: Precedentes. Salvador: Jus Podivm, 2015, p. 301-334. v. 3.

Introdução 41
tribunais, de modo a tornar mais célere a prestação jurisdicional e o encer-
ramento do litígio. Por fim, ainda uma quinta função seria o uso estratégico
dos precedentes por parte de magistrados no âmbito de colegiados. Os re-
latores, em particular, selecionariam precedentes dos demais integrantes
do colegiado, ou mesmo de outros magistrados, com o objetivo de angariar
apoio para o fim de formar maiorias. 37
É fácil perceber que existem conexões possíveis entre como os prece-
dentes são aplicados e a função que eles eventualmente desempenham na
fundamentação das decisões que os empregam. Na função de bloqueio, por
exemplo, o precedente, provavelmente, será utilizado como uma regra.
Para o desempenho das funções relacionadas à coerência e à proteção dos
direitos, é mais provável que os precedentes sejam encarados de forma ar-
gumentativa, como analogias ou mesmo princípios. A forma de aplicação
do precedente poderá facilmente variar na função estratégica, dependendo
dos precedentes disponíveis.
A construção de respostas para as quatro perguntas centrais dos blo-
cos apresentados — O que é ou deve ser um precedente? Precedentes estão
efetivamente sendo utilizados na fundamentação de decisões judiciais?
Como os precedentes são utilizados pelos julgadores? Que funções os
precedentes desempenham na fundamentação de decisões judiciais? — e,
portanto, a compreensão de como, afinal, os alegados precedentes estão
sendo aplicados no Brasil parte, necessariamente, em primeiro lugar, do
levantamento e da compreensão dos dados acerca das decisões e dos su-
postos precedentes por elas mencionados. A presente investigação visa
exatamente a contribuir para a realização desse objetivo, iniciando pela
jurisprudência do STF e enfrentando, sempre que possível, a maior parte

37. VOJVODIC, Adriana. Precedentes e argumentação no Supremo Tribunal Federal: entre a


vinculação ao passado e a sinalização para o futuro. 2012. 269 f. Tese (Doutorado em Direito) —
Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: https://www.
teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-27092012-094000/publico/tese_Adriana_Vojvodic.
pdf. Acesso em: 30 mar. 2020.

42 A j ustificação de decisões no Supremo


dos problemas de pesquisa apresentados tanto em relação ao emprego de
decisões passadas (alegados “precedentes” da Corte) quanto os que dizem
respeito à extensão das decisões do tribunal.

2. 3 ESTRUTUR A

O presente trabalho se organiza em três partes. A primeira se dedica à ex-


tensão das decisões do Supremo. Serão exploradas as médias de caracteres
das decisões da Corte por órgão, especificamente das turmas, pelo tipo de
decisão e por classe processual no STF. Finalmente, serão apresentadas as
decisões mais longas do plenário, das turmas e, com foco no comportamen-
to individual dos ministros, as proferidas monocraticamente.
A segunda parte cuida do recurso a decisões anteriores da Corte nos
processos de fundamentação de seus julgados. Nesse momento, em que se
buscam pistas sobre a existência e o funcionamento de uma prática de pre-
cedentes na Corte, serão analisadas nove dimensões: (i) a proporção de de-
cisões que mencionam outras decisões do Supremo; (ii) a média de citações
a manifestações anteriores por órgão da Corte; (iii) as citações de decisões
passadas em cada uma das turmas; (iv) as citações por resultado em decisões
monocráticas; (v) as citações a manifestações anteriores da corte por tipo
de decisão; (vi) a proporção de citações a decisões por classe processual, em
que se apreciará, por exemplo, o papel das decisões no controle concentrado
na orientação de outras decisões, a eventual força das decisões monocráti-
cas e o possível destaque dos habeas corpus nos processos de fundamenta-
ção de decisões da Corte; (vii) as relações temporais entre decisões citadas
e citantes, com o objetivo de averiguar a existência de eventual tradição no
diálogo estabelecido entre decisões atuais e decisões passadas do tribunal;
(viii) a proporção de decisões que citam súmulas; e (ix) as decisões mais ci-
tadas pela Corte. Nesse último aspecto, busca-se identificar as decisões mais
mencionadas nos julgados da Corte em cinco perspectivas distintas: em todo

Introdução 43
o universo de decisões do STF; por classe processual entre todas as decisões
do STF; por ramo do Direito no universo total de decisões da Corte; por clas-
se processual dentro do universo da mesma classe; e por ramo do Direito,
segundo a classificação do próprio tribunal, no universo do mesmo ramo.
A terceira parte, por fim, debruça-se sobre o comportamento individual
e as interações entre os ministros relativamente às referências a decisões
uns dos outros nos processos de fundamentação dos seus votos. Nessa par-
te, serão exploradas as menções às próprias manifestações anteriores dos
ministros (as autocitações) e as referências a decisões de outros ministros
(as heterocitações). Análises serão feitas levando-se em consideração tan-
to a composição do Supremo em 2018, último ano abrangido pela base de
dados, quanto a menção a integrantes anteriores. A existência de possíveis
redes, por meio de gráficos de calor, também será investigada. A última se-
ção desse último capítulo, por fim, analisa individualmente as referências
a manifestações anteriores de outros ministros, além dos 11 integrantes
do tribunal naquele momento, mais o ministro Teori Zavascki, em três
dimensões: no total de manifestações proferidas por cada ministro, nas
decisões colegiadas e nas monocráticas.

44 A j ustificação de decisões no Supremo


Introdução 45
3 . Metodologia

3 .1 IDENTIFICAÇÃO DE
ARQUIVOS DE DECISÃO

Para a elaboração do presente estudo, a equipe do projeto Supremo em Nú-


meros realizou uma densa revisão dos arquivos de texto de decisão do Supre-
mo Tribunal Federal contidos na base de dados do Supremo em Números. A
base de dados possui duas origens: (i) os dados fornecidos pelo próprio STF
e (ii) os dados extraídos pelo sistema de coleta do site da Corte.
O primeiro grupo de arquivos foi recebido durante acordo não oneroso
de cooperação para cessão de dados e realização de pesquisa, estabelecido
entre a Fundação Getulio Vargas e o Supremo Tribunal Federal. O acordo
envolvia a cessão de dados estruturados e não estruturados (arquivos de de-
cisão), mas foi descontinuado em 2014. Em razão disso, o projeto armazena
um conjunto grande de arquivos de decisões proferidas até o final de 2013 que
foram cedidas pelo próprio tribunal. O segundo grupo de arquivos resulta
de consultas e download de arquivos feitos diretamente do site do tribunal.
Esses dois grupos, contudo, não eram inteiramente conectados até então.

47
Além de uma simples fusão, a atividade de uni-los consistiu em vincular cada
arquivo de decisão ao julgamento que originou a mesma decisão e a sua data
de publicação em meio oficial, e ambos aos andamentos processuais que os
referenciam. Isso significa compor com precisão um conjunto de informa-
ções sobre uma decisão: quando foi julgada, quem julgou, quando foi publi-
cada, qual o arquivo, qual o resultado e qual o conteúdo textual da decisão.
Todo julgamento é informado nos andamentos do processo, bem como
as publicações das decisões. No entanto, nem sempre esses dados são facil-
mente correlacionados. Um exemplo é ilustrado na Figura 1, que apresenta
um trecho da publicação dos andamentos da ADI 5763,1 em que a publicação
da decisão ocorreu apenas dois dias após o andamento que informa o julga-
mento (destaques em azul) e logo após o lançamento de outro julgamento
no dia 20/09/2017 (destaque em amarelo).

Figura 1. Trecho dos andamentos da ADI 5763 extraído da página de acompanhamento


do processo. Em destaque em azul, o lançamento do julgamento e da publicação da
decisão que aconteceu após o lançamento de outro julgamento (em amarelo).

1. Para mais informações, acesse: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconsti-
tucionalidade 5763. Requerente: Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil —
ATRICON. Intimado: Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Relator: Ministro Marco Auré-
lio, 2017-2019. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5249161.
Acesso em: 31 mar. 2020.

48 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Para corretamente correlacionar essas informações, foi desenvolvido um al-
goritmo que compara diferentes dados, identifica relacionamentos, efetiva as
correlações na base de dados e, quando uma incoerência ou ambiguidade é
identificada, aponta erros sem efetivar relacionamentos. Um exemplo de in-
coerência é a não identificação do julgamento associado à decisão. Um exem-
plo de ambiguidade pode ser visto quando um mesmo arquivo parece estar
associado a mais de uma decisão e o algoritmo não é capaz de decidir qual é
o mais apropriado. O mesmo processo que executou esse algoritmo também
extraiu dos arquivos características como tamanho em bytes, total de letras
na decisão — para mensurar o tamanho do conteúdo textual.
Em função das características dos arquivos de decisão, integridade e padro-
nização dos dados estruturados e conveniência do recorte para a pesquisa, ado-
tou-se um recorte temporal de 20 anos — 1998 a 2018. Sabemos que, entre janeiro
de 1998 e dezembro de 2017, o Supremo realizou pelo menos 2.042.331 decisões
(de forma monocrática ou colegiada). Desse total, temos indexados em nossa base
1.716.768 dos arquivos com o conteúdo das decisões, o que corresponde a 86%
dos julgamentos. O melhor caso envolve o ano de 2016, em que temos 97% dos
arquivos. Quando comparados os números de decisões da base do Supremo em
Números com aqueles apresentados na edição do relatório Supremo em Ação
de 2017 (de autoria do Conselho Nacional de Justiça), é possível observar que os
números estão em relativa consonância, o que pode ser observado na Tabela 1.

Tabela 1. Comparativo: Supremo em Números vs. Supremo em Ação 2

Supremo em Números Supremo em Ação


Ano Total Percentual de Percentual Total Percentual de Percentual
monocráticas de acórdãos monocráticas de acórdãos

2016 111456 87,29% 12,71% 117426 87,63% 12,37%

2. O Supremo em Ação apresenta apenas os números relativos ao intervalo entre 2009 e 2016 (CON-
SELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Supremo em Ação. CNJ, [s. d.]. Disponível em: http://www.
cnj.jus.br/pesquisas-judiciarias/supremo-em-acao. Acesso em: 31 mar. 2020).

Metodologia 49
Supremo em Números Supremo em Ação
Ano Total Percentual de Percentual Total Percentual de Percentual
monocráticas de acórdãos monocráticas de acórdãos

2015 110896 84,55% 15,45% 116570 84,81% 15,19%

2014 111182 84,92% 15,08% 114354 85,08% 14,92%

2013 87610 84,10% 15,90% 90161 84,37% 15,63%

2012 82869 85,59% 14,41% 89752 86,56% 13,44%

2011 97108 86,73% 13,27% 102209 87,22% 12,78%

2010 102346 89,08% 10,92% 109431 89,68% 10,32%

2009 95187 83,25% 16,75% 105428 84,80% 15,20%

Total 798654 85,73% 14,27% 845331 86,30% 13,70%

O processo de identificação das decisões do Supremo que cita outras deci-


sões do tribunal foi desenvolvido em Python a partir da utilização de expres-
sões regulares para identificar menções a classes processuais e números de
processo. Dessa maneira, de posse de um arquivo de decisão, a ferramenta
foi capaz de identificar no arquivo os termos que representam referências
a outros processos.
Em processos de análise de dados, esta etapa é conhecida como “enriqueci-
mento”, pois os dados brutos são lidos, enquanto outros dados, que podem ser
chamados de “analisáveis”, são criados a partir dos brutos — ditos metadados.
Os “analisáveis” partem dos dados originais, mas agregam novo conhecimento.
Os metadados são, então, regravados como features de cada documento. Desse
modo, as referências às decisões que poderiam funcionar como precedentes
contidas em cada texto são extraídas e regravadas na base de dados de arqui-
vos de decisão em Elastic Search,3 onde já estavam armazenadas, em associa-
ção ao seu documento, para facilidade de posterior disponibilização e análise.

3. ELASTICSEARCH. Home. Elasticsearch B. V., 2020. Disponível em: https://www.elastic.co/.


Acesso em: 31 mar. 2020.

50 A j ustificação de decisões no Supremo


Inicialmente, todos os textos extraídos são armazenados em uma base
de dados não relacional, chamada índice. Em sua função original, índices
textuais armazenam grandes quantidades de texto livre em estruturas de
dados otimizadas para encontrar e rapidamente retornar os documentos
mais relevantes. Sua grande vantagem é a rapidez na execução de com-
plexas consultas — o que se revela essencial na etapa de disponibilização
de dados. Para tal fim, os dados textuais de cada arquivo de decisão são
indexados, utilizando-se a ferramenta Elastic Search, que, por sua vez,
baseia-se no benchmark internacional de índices textuais Apache Luce-
ne 4 . O Elastic Search permite o armazenamento distribuído dos dados
de forma transparente ao usuário. Isso significa que mais de um compu-
tador físico pode atuar em conjunto para prover melhor desempenho no
ato da gravação e posterior busca aos dados.
Após uma primeira versão de identificação das decisões que mencionam
outras decisões finalizada em 2016, foi elaborada e consolidada em 2018
uma segunda versão do algoritmo. Essa nova versão foi capaz de extrair 40%
mais decisões mencionadas em outras decisões do que a versão anterior.
Enquanto a versão anterior coletou uma média de 2,92 de menções a outras
decisões por decisão da Corte, na versão atual essa média alcançou 4,10. O
recall (métrica relativa à quantidade de verdadeiro-positivos) aumentou de
39% para 85%, o que evidencia que a nova versão foi capaz de identificar
corretamente 85% das menções que foram identificadas manualmente em
580 decisões pelos anotadores do projeto Supremo em Números — um va-
lor 2,65 vezes maior do que o obtido na versão anterior.
Além de coletar supostos precedentes, a versão atual do extrator faz
a verificação e a validação da citação, identificando a origem do proces-
so citado e localizando dados referentes ao processo na base de dados do
projeto Supremo em Números. Essa verificação reduz a probabilidade de

4. APACHE LUCENE. Home. The Apache Software Foundation, 2011-2020. Disponível em: https://
lucene.apache.org/. Acesso em: 31 mar. 2020.

Metodologia 51
uma identificação errada e, consequentemente, aumenta a confiança na
qualidade dos dados coletados.

3 . 2 A S CATEGORIAS DE
J URISDIÇÃO DO STF

Em termos da fundamentação de suas decisões, assim como sob tantos outros


aspectos, a atuação do Supremo como Corte constitucional não é idêntica à
sua atuação como Corte recursal ou penal de primeira instância. Para ga-
rantir que essas distinções não atrapalhem a análise do perfil das decisões,
as classes processuais com maior número de decisões no período recortado
foram agrupadas em quatro grandes universos.
No conjunto do controle concentrado de constitucionalidade, estão as
ADIs, ADFPs, ADCs, ADOs e as PSVs (propostas de súmulas vinculantes).
O Supremo recursal abrange os REs e AREs. A terceira categoria é forma-
da por HCs e RHCs. A quarta é formada por MSs e RMSs. As duas últimas
categorias, embora também pudessem estar no grupo “Supremo recursal”,
guardam peculiaridades que justificam a sua apreciação em separado. Ade-
mais, essa segmentação observa a mesma organização utilizada no primeiro
relatório do projeto Supremo em Números, o que garante consistência entre
as análises que constituem as diferentes publicações do projeto. Quanto aos
processos que não se enquadravam em nenhuma dessas categorias, escolhi-
das pela sua importância, no caso do controle concentrado, ou por conta de
seu volume, no caso das três outras categorias, todos foram agregados em
um grupo residual denominado “outros”.
Após o início das análises, percebemos uma quantidade despropor-
cional de citações aos processos da classe AO (Ação Ordinária). Notamos,
também, que quase todas as citações eram falsos positivos, haja vista a
utilização de expressões como “ao 1º dia”, “ao 1º recorrente” e assim por
diante. Essas expressões eram capturadas pelo método descrito e classi-

52 A j ustificação de decisões no Supremo


ficadas como citações à AO 1, o que não corresponde à realidade. Como
essa classe contém apenas 1.872 processos protocolados no STF durante o
recorte dessa pesquisa (representando um percentual de 0,1% do total de
1.763.338 processos que pertencem ao nosso recorte), optamos por excluir
todas as citações a AOs das análises subsequentes.

3 . 3 POR QUE NÃO USAR A


PAL AVR A “ PRECEDENTE” ?

O último esclarecimento metodológico é propriamente substantivo. Em


um estudo preocupado com a utilização de “precedentes” pelo Supremo,
optou-se explicitamente por não usar a palavra “precedente” ou, ao me-
nos, não mencioná-la sem qualificativos que possam colocar em dúvida o
caráter de “precedente” da decisão citada em julgamento atual do Supre-
mo. Essa é uma maneira de evitar juízos de valor não só conceitualmente
controvertidos sobre o que caracteriza um precedente e as suas partes
importantes como também afirmações que exigiriam análises qualita-
tivas a respeito do papel desempenhado pela menção à decisão anterior
da Corte como, de fato, a de articulação de um precedente para a funda-
mentação da decisão do caso atual.
Por meio dessa opção, acredita-se que o trabalho é capaz de transmitir
informações relevantes a partir de grandes dados sobre o recurso a decisões
anteriores do tribunal em seus julgados, mas sem adentrar e propor solu-
ções para problemas como os que envolvem (i) a possibilidade de sustenta-
ção de “precedentes persuasivos”, (ii) as distinções entre ratio decidendi e
obiter dicta e mesmo algumas questões institucionais, como as que passam
(iii) pela identificação do que foi decidido por um tribunal que adota um
modelo seriatim (por agregação de manifestações individuais) de constru-
ção de suas decisões e (iv) pela possibilidade de se considerar decisões de
turmas e monocráticas como “precedentes do Supremo”.

Metodologia 53
3 .4 PRINCIPAIS ALTER AÇÕES
ORGANIZ ACIONAIS DO
STF DE 199 8 A 2018

Algumas alterações organizacionais do STF ao longo do período exami-


nado (1998-2018) podem ter repercussões nos dados apurados — tanto em
relação ao tamanho das decisões quanto em relação ao uso dos supostos
precedentes — e, por isso, devem ser registradas.
Em primeiro lugar, houve significativa alteração da composição do
STF de 1998 a 2018. Apenas os ministros Celso de Mello (1989) e Mar-
co Aurélio (1990) integram a Corte durante todo o período. De 2009 a
2018, foram nomeados sete novos ministros — Dias Toffoli (2009), Luiz
Fux (2011), Rosa Weber (2011), Teori Zavascki (2012-2017), Luís Roberto
Barroso (2013), Edson Fachin (2015), Alexandre de Moraes (2017) — al-
terando, portanto, sua composição majoritária. Ao menos quatro desses
novos ministros são também professores e escrevem e publicam material
doutrinário com relativa frequência (Luiz Fux, Luís Roberto Barroso,
Edson Fachin e Alexandre de Moraes).
Para representar de modo adequado a história recente do tribunal, re-
solvemos fazer análises por ministro incluindo não só os membros que
compunham o STF ao final do recorte (Alexandre de Moraes, Cármen
Lúcia, Celso de Mello, Dias Toffoli, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Luiz
Fux, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Roberto Barroso e Rosa
Weber), mas também aqueles ministros que se desligaram do tribunal após
2010 (Cezar Peluso, Ellen Gracie, Eros Grau, Joaquim Barbosa e Teori Za-
vascki). O critério escolhido, apesar de deixar de fora nomes importantes
da corte, que algumas vezes são incluídos para fins de comparação (como o
ministro Nelson Jobim, que deixou o STF em 2006, o ministro Sepúlveda
Pertence, que se aposentou em 2007 e o ministro Moreira Alves, cuja saída
do tribunal data de 2003), nos ajuda a revelar as relações dos membros do
tribunal com seu passado mais recente.

54 A j ustificação de decisões no Supremo


No que diz respeito às turmas, duas alterações podem ser relevantes. Até
a emenda ao Regimento Interno do STF 25/2008, a presidência das turmas
era exercida pelo ministro mais antigo sem limitação de prazo. A emenda
passou a prever que a presidência seria exercida de forma rotativa por todos
os seus membros pelo período de um ano, vedada a recondução em ordem
decrescente de antiguidade. A partir de 2009, portanto, as turmas têm novas
presidências todos os anos. Além disso, as emendas ao Regimento Interno do
STF 45/2011 e 49/2014 transferiram várias competências do plenário para
as turmas (como, e.g., extradição, mandados de segurança contra decisões
do TCU, determinadas ações contra o CNJ e o CNMP, reclamações, crimes
comuns contra deputados federais e senadores etc.).

Metodologia 55
R E S U LTA D O S

A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


I. Tamanho das decisões

As primeiras questões que o presente estudo pretende investigar estão


relacionadas ao tamanho das decisões do Supremo. Por esse motivo, é
importante observar o número de caracteres dos arquivos contendo as
decisões do tribunal. Para fins de comparação, um documento de 10 pági-
nas em formato docx, seguindo as regras básicas de formatação da ABNT
(como fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5 cm entre
linhas etc.) tem 28.415 caracteres com espaços. No mesmo formato, uma
única página tem 2.852 caracteres com espaços. A totalidade do art. 5º da
Constituição Federal, incluindo todos os seus parágrafos e incisos, bem
como as referências, conforme constam no site do Planalto, 1 tem 13.937
caracteres com espaços.

1. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da Repú-


blica, Assembleia Nacional Constituinte, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 31 mar. 2020.

59
Nas seções subsequentes, os dados estarão agrupados de diferentes
maneiras: (i) em função do órgão julgador, ou seja, plenário ou turmas do
Supremo, com um olhar específico sobre: (ii) o processo decisório das tur-
mas; (iii) o tipo de decisão, ou seja, decisões liminares, decisões termina-
tivas (potencialmente de mérito) e decisões de recurso interno proposto
ao longo do processo; (iv) a classe processual da ação, seguindo as classi-
ficações apresentadas na descrição metodológica do presente trabalho.

1 .1  mÉDiA DE cAR AcTERES DAS


DEciSõES DO STf pOR ÓRgãO

Tamanho médio das decisões do STF (1998-2018)

Gráfi co 1.1.1 No geral, as decisões do plenário possuem um tamanho


médio maior do que as decisões tomadas por outros órgãos do STF.

O gráfico 1.1.1 mostra o tamanho médio das decisões do Supremo de acor-


do com o órgão tomador da decisão dentro do tribunal. É interessante

60 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


notar como os diferentes órgãos apresentam comportamentos muito di-
ferentes, o que ajuda a entender algumas características dos dados do
tribunal. Em primeiro lugar, destaca-se como a linha que representa o
tamanho médio das decisões do plenário varia de forma significativa ao
longo dos anos. Essa variância pode ser explicada pelo número relativa-
mente pequeno de decisões tomadas pelo plenário a cada ano e pela pre-
sença de algumas decisões extremamente longas que afetam de maneira
muito direta a média. 2 Em 2003, por exemplo, embora poucas decisões
tenham sido tomadas relativamente pelo plenário, 3 foi julgado o caso El-
lwanger (HC 82424), que gerou uma decisão substancialmente maior do
que a média das decisões da Corte. Por esse motivo, a média de caracteres
naquele ano é expressivamente maior do que a média em qualquer outro
ano. Em contraste direto com a alta variação na linha relativa ao plenário,
aquela que representa a média de caracteres das decisões monocráticas
varia muito pouco ao longo do período, apresentando leve tendência de
aumento ao longo dos anos. Isso pode ser explicado pelo fato de que es-
sas decisões são muito mais numerosas e muito mais constantes em seu
tamanho. Evidência disso é o fato de que a linha geral acompanha quase
que diretamente a linha das monocráticas. Por fim, podemos perceber
uma tendência de crescimento nas decisões das turmas desde 2013.
Um padrão interessante surge no ano de 2012. Nesse ano, as decisões
colegiadas de todos os órgãos do Supremo parecem ter sido substancial-
mente menores. Uma possível explicação para esse fenômeno está no

2. Conforme veremos, as maiores decisões do tribunal são todas do plenário.


3. Em 2003, foram tomadas 1472 decisões pelo plenário, um número muito superior ao número de
decisões tomadas em 2002 (947) e 2004 (572), mas pequeno comparado a anos mais recentes.
Por exemplo, em 2018 o plenário produziu 2671 decisões. Naturalmente, nem todas essas deci-
sões recebem a atenção completa de todos os membros do tribunal. Ver PEREIRA, Thomaz H. J.
A; ARGUELHES, Diego W.; ALMEIDA, Guilherme F. C. F. Quem decide no Supremo? Tipos de
decisão colegiada no Tribunal (1988-2018). VIII Relatório Supremo em Números. Rio de Janeiro:
Editora FGV Direito Rio, 2020.

Tamanho das decisões 61


julgamento da AP 470,4 processo que exigiu muita atenção dos ministros
durante aquele ano.

1 . 2  mÉDiA D E cAR AcTERES DAS


DEciSõES DAS TURmAS

Média de caracteres das decisões das turmas do STF (1998-2018)

Gráfi co 1.2.1 De maneira geral, as decisões das turmas do STF


aumentaram de tamanho médio ao longo dos anos em todos os tipos
de decisões analisados, especialmente os de mérito favorável.

4. Destaque-se que, em 22 de abril de 2013, foi publicado o acórdão da Ação Penal 470, conhecida
como “caso Mensalão”. A decisão, com as suas 8405 páginas, é a maior da história da Corte. Ver
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AP 470: baixe a íntegra do acórdão. Notícias STF, Brasília,
22 abr. 2013. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteu-
do=236494. Acesso em: 16 dez. 2019. No nosso levantamento, a decisão está quebrada em várias
decisões diferentes, que, ainda assim, figuram entre as decisões mais longas do tribunal.

62 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Média de caracteres das decisões da 1ª Turma do STF (1998-2018)

Gráfi co 1.2.2 Nas decisões da Primeira Turma do STF, as decisões de mérito


favorável foram as que mais cresceram de tamanho médio ao longo dos anos.

Média de caracteres das decisões da 2ª Turma do STF (1998-2018)

Gráfi co 1.2.3 De modo semelhante, nas decisões da Segunda


Turma do STF as decisões de mérito favorável também foram as
que mais cresceram de tamanho médio ao longo dos anos.

TAmAnhO DAS DEciSõES 63


Os gráficos apresentam as médias de caracteres das decisões das duas tur-
mas do STF ao longo dos anos, agrupados nas categorias mais relevantes
em seu processo decisório: as decisões de mérito e os recursos internos.
Nesse caso, estamos adotando uma classificação interna do tribunal. As
decisões de mérito, dentro da classificação usada pela Corte, incluem
todas as decisões terminativas, sejam elas proferidas monocrática ou
colegiadamente. Contra essas decisões, costuma ser possível interpor
agravos internos e embargos. Esses recursos compõem a classificação de
recursos internos. É possível perceber que as turmas apresentam com-
portamentos semelhantes ao longo do tempo.
De maneira geral, os gráficos anteriores mostram que houve um grande
aumento no tamanho das decisões. Além do mais, esse aumento foi espe-
cialmente elevado nas decisões de mérito favoráveis. Novamente, quando
se considera o excepcional ano de 2012, é possível notar o efeito do julga-
mento da AP 470 na prática decisória do tribunal.

64 A j ustificação de decisões no Supremo


1 . 3  mÉDiA DE cA R AcTERES
pELO TipO DE DEciSãO

Média de caracteres de decisões no STF (1998-2018)

Gráfi co 1.3.1 Nos três tipos de decisão, houve um aumento do


número médio de caracteres, porém as decisões de mérito continuam
significativamente menores do que de liminares e recursos internos.

O gráfico 1.3.1 apresenta a média de caracteres por tipo de decisão durante


o período 1998-2018, a partir de três grandes categorias: decisões de mérito,
decisões liminares e recursos internos.
A partir da análise do gráfico 1.3.1, é possível perceber que tanto as de-
cisões liminares quanto as decisões em recursos internos mantêm compor-
tamentos semelhantes entre si. Ambas apresentam uma evolução gradati-
va ao longo do tempo e um crescimento expressivo entre 2012 e 2018. No
entanto, as médias de decisões de mérito são significativamente inferiores
às médias de recurso interno e liminares. Tal resultado talvez possa ser ex-
plicado pela influência de decisões que simplesmente não admitem ações e

TAmAnhO DAS DEciSõES 65


recursos levados ao tribunal, que, pela classificação interna, contam como
decisões de mérito quando se contrapõem a um recurso oriundo de outro
tribunal (quando, por exemplo, a Corte nega seguimento a um RE) e como
decisões em recurso interno quando não conhecem, por exemplo, embargos
de declaração. Já em relação às decisões liminares, a curva que a descreve
apresenta uma expressiva queda entre os anos de 2004 e 2005, quando volta
imediatamente a apresentar um crescimento significativo.

Tamanho médio das decisões monocráticas do STF (1998-2018)

Gráfi co 1.3.2 Nas decisões monocráticas, observa-se um padrão de crescimento


no tamanho médio, a partir de 2008, em todos os tipos de decisão.

O gráfico 1.3.2 representa a média de caracteres das decisões monocráticas


no STF. É interessante ressaltar que a linha referente às liminares favoráveis
revela fortes variações até 2006, com um crescimento brusco entre 2002
e 2003, com uma queda igualmente brusca entre 2003 e 2004, voltando a
mostrar um expressivo aumento ao longo dos anos seguintes. Em 2013, as
linhas de liminares favoráveis e de mérito favoráveis quase se tocam, apre-
sentando uma média muito parecida.

66 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


É relevante perceber como, de maneira geral, as liminares favoráveis
apresentam um tamanho médio maior, o que poderia sugerir a compreen-
são, por parte dos ministros, de que existe um ônus de argumentação
mais elevado a ser superado para justificar a concessão de uma liminar
monocraticamente.

1 .4  mÉDiA DE cAR AcT ERES pOR


cL ASSE pROcESSUAL nO STf

Média de caracteres das decisões por classe no STF (1998-2018)

Gráfi co 1.4.1 Há uma tendência de aumento na média de caracteres por


decisão em todas as categorias de classes processuais analisadas.

O gráfico 1.4.1 pretende analisar a média de caracteres das decisões con-


forme a sua classe no STF. A partir dele, é possível observar a alta va-
riância da linha que representa os processos do controle concentrado de
constitucionalidade. Assim como ocorre no caso do plenário, essa com-

TAmAnhO DAS DEciSõES 67


petência do STF reúne algumas das decisões mais longas da Corte, o que
impacta a média anual de forma visível. Uma possível explicação para o
significativo aumento no controle concentrado poderia estar relaciona-
da ao número de ações julgadas pela Corte em cada ano. Em 2012, por
exemplo, ano dedicado significativamente ao julgamento da AP 470, cujo
acórdão foi publicado no ano seguinte, nota-se como o número menor de
casos julgados no ano parece explicar a queda perceptível no gráfico. Em
relação à hipótese levantada, de acordo com as estatísticas produzidas
pelo próprio tribunal, é de se destacar que, exatamente no ano de 2012, o
número de ações julgadas é bem inferior ao de outros anos. Nesse aspec-
to, porém, não há especial razão para o pico em 2016, já que, de acordo
com as estatísticas do próprio STF, a Corte apreciou 98 ações na catego-
ria “controle concentrado” (que inclui ADI, ADO, ADC, PSV e ADPF) no
ano, ao contrário, por exemplo, das 187 julgadas em 2014, como mostra
a tabela a seguir :5

Controle 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
concentrado

ADC 2 3 1 3 2 1 7 8

ADI 87 106 33 47 166 111 100 82 260 347

ADO 4 3 3 5

ADPF 2 9 2 4 14 12 15 15 35 34

PSV 4 6 19 4 3

Soma: 95 115 38 51 187 149 124 98 305 399

Por fim, o gráfico revela a existência de particularidades em cada tipo de


decisão em cada um dos grupos de classes. O gráfico mostra que as deci-

5. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Estatísticas do STF: pesquisa por classe. Brasília, DF: Por-
tal de Informações Gerenciais, 31 mar. 2020. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/
verTexto.asp?servico=estatistica&pagina=pesquisaClasse. Acesso em: 17 dez. 2019.

68 A j ustificação de decisões no Supremo


sões em controle concentrado são, de maneira geral, mais longas, enquan-
to as decisões recursais são mais curtas do que o restante das categorias.

Número de caracteres que separam cada citação


a decisões anteriores — STF (1998-2018)

Gráfi co 1.4.2 De maneira geral, o número de caracteres que separa


cada citação a decisões anteriores se mantém estável ao longo dos
anos, na maioria das classes processuais analisadas.

O gráfico 1.4.2 expressa o número de caracteres que separa cada passa-


gem contendo uma citação a decisões anteriores (decisões “citadas”) den-
tro das decisões das diferentes classes processuais (decisões “citantes”).
Há uma diferença entre uma decisão de 1.000 caracteres que cita duas
decisões e uma de 10.000 que cita duas decisões 6 e essa é exatamente a
distinção que o gráfico pretende revelar. Assim, quanto maior o número

6. A contagem de citações não inclui repetições. Ou seja, se uma decisão cita a decisão A um total
de cinco vezes e o julgado B um total de duas vezes; então, o cômputo é de duas decisões citadas.
Dessa forma, o gráfico conta a distância entre citações a decisões anteriores únicas.

TAmAnhO DAS DEciSõES 69


de caracteres que separa as citações, mais espaçadas elas estão ao longo
do texto da decisão ou menos frequentes elas são. Dessa forma, os va-
lores mais altos — que ocorrem no controle concentrado — indicam as
citações mais espaçadas, o que pode ser reflexo do aumento do tamanho
dos julgados.
O gráfico revela que, durante grande parte do período analisado, as
classes apresentaram, em sua maioria, poucas variações, o que pode ser
reflexo de uma constância no tamanho das decisões ou da quantidade de
citações que apresentam para justificar as decisões. A principal exceção
está nos processos do controle concentrado, devido à presença de decisões
que destoam muito do resto por sua extensão. Nos últimos anos, porém,
percebe-se uma tendência de redução da concentração de menções a ou-
tras decisões, sobretudo em relação às decisões de controle concentrado,
com exceção do ano de 2007, o que pode ser um reflexo do aumento do
tamanho dos julgados, já que, como veremos, houve um aumento no nú-
mero de menções a decisões pretéritas no mesmo período.

1 . 5 TAMANHO DAS DECISÕES


MONOCR ÁTICAS POR MINISTRO

Para avaliar a variação no tamanho das decisões entre ministros, restrin-


gimos o recorte às decisões monocráticas. Essa opção se torna necessária
por conta da indisponibilidade de dados sistemáticos sobre o número de
caracteres de cada voto em decisões colegiadas da Corte, o que impede a
elaboração de estudos mais amplos e aprofundados sobre o tamanho das
decisões de cada ministro.

70 A j ustificação de decisões no Supremo


Tamanho das decisões monocráticas por ministro — STF (1998-2018)

Gráfi co 1.5.1 Há diferenças significativas no tamanho das decisões de cada ministro.

O gráfico 1.5.1 é um boxplot 7 que representa a distribuição do tama-


nho, em número de caracteres, das decisões monocráticas da lavra de

7. “O boxplot é composto por um retângulo com uma barra mais escura na sua parte interior e dois
prolongamentos seguidos ou não de pontos. Trata-se de uma ferramenta muito útil para a visua-
lização de uma distribuição. Os prolongamentos são chamados de ‘cercas’ ou ‘bigodes’ e marcam
o limite superior e o limite inferior, que é como nomeamos um intervalo dentro do qual os valores
do dado são típicos, ao passo que os pontos são usados para marcar os outliers, ou valores atípicos
que se localizam para além desses limites. O retângulo é composto, no canto inferior, pela reta que
marca o valor até o qual se encontram 25% das observações no dado, também chamado de primei-
ro quartil. A barra mais escura é a mediana, o valor que separa igualmente a distribuição no meio.
Embora seja menos usual, podemos chamar de mediana de segundo quartil. Já no canto superior
do retângulo temos a reta que marca o valor até o qual se encontram 75% das observações, ou ter-
ceiro quartil. Portanto, dentro do retângulo, temos 50% das observações, metade de cada lado da
mediana. Esse espaço é chamado de intervalo interquartil e tem o tamanho dado pela diferença
do valor do terceiro quartil e o valor do primeiro quartil. O quarto quartil vai do menor valor até o
último valor, compreendendo 100% das observações” (nota de rodapé 63 do Relatório de Pesquisa
Uma análise quantitativa e qualitativa do impacto das demandas repetitivas na jurisprudên-
cia do TRT — 1ª Região, produzido pela FGV Direito Rio). No caso do gráfico 1.5.1, excluímos da
visualização as decisões que são consideradas outliers do ponto de vista estatístico.

TAmAnhO DAS DEciSõES 71


cada um dos ministros e ministras do STF em exercício e de seus cole-
gas aposentados desde 2010. Além de capturar diferenças no tamanho
típico das decisões monocráticas de cada ministro (o que nos permite
dizer, por exemplo, que as decisões monocráticas do ministro Luiz Fux
costumam ser maiores do que aquelas produzidas pelo ministro Marco
Aurélio Mello), o gráfico também nos permite avaliar o grau de disper-
são das decisões proferidas. Assim, muito embora o tamanho das deci-
sões típicas dos ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso seja similar, é
possível perceber que há muito mais variação nas decisões do ministro
Gilmar Mendes, o que indica que a produção do ministro contém uma
coleção mais variada de decisões de diferentes extensões, em vez de ser
dominada por decisões mais curtas.

Mediana do tamanho das decisões monocráticas


por ministro no STF (1998-2018)

Gráfi co 1.5.2 Observando apenas a mediana,


podemos ver alta variabilidade.

72 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


O gráfico 1.5.2 permite a visualização mais fácil das medianas: quan-
do olhamos apenas para essa métrica, que representa o valor que divide
a distribuição em duas partes iguais, notamos muita variação: a maior
mediana detectada foi a do ministro Luiz Fux, cuja mediana é mais de
dez vezes maior do que aquela aferida para o ministro com as menores
decisões monocráticas do recorte, o ministro Nelson Jobim. A tabela se-
guinte permite a avaliação mais cuidadosa da distribuição do tamanho
das decisões como um todo.

Relator Quan- Média Desvio 25% Me- 75%


tidade Padrão diana

Ministro Luiz Fux 44274 6653.79 5028.03 3266.00 5906.5 8804.00

Ministro Edson Fachin 24529 6197.26 6461.56 2720.00 4569cz 7241.00

Ministro Dias Toffoli 52904 5977.87 4115.03 3275.00 5185.0 7818.25

Ministro Cármen Lúcia 63041 5933.43 3830.04 3343.00 5136cz 7694.00

Ministro Rosa Weber 42226 5327.51 3586.16 2949.25 4709cz 7168.00

Ministro Alexandre de Moraes 15633 4643.1 3827.92 1672.00 4133cz 6156.00

Ministro Teori Zavascki 20711 3905.6 3067.69 1569.00 3152cz 4995.50

Ministro Roberto Barroso 37340 3647.45 2863.66 1226.00 3112cz 5102.00

Ministro Ricardo Lewandowski 63434 3200.05 3336.10 1267.25 2144cz 3944.00

Ministro Celso de Mello 123315 3166.94 3264.91 1210.00 2201cz 3832.00

Ministro Gilmar Mendes 90340 2757.00 3100.12 804.00 1470cz 3856.00

Ministro Marco Aurélio 109089 2300.03 2197.69 962.00 1579cz 2706.00

Ministro Joaquim Barbosa 57261 1892.96 1434.13 1014.00 1527cz 2439.00

Ministro Cezar Peluso 50179 1791.58 1523.82 664.00 1501cz 2417.50

Ministro Ayres Britto 19978 1719.37 1891.55 602.00 1044cz 2199.75

Ministro Eros Grau 41244 1701.25 2047.10 684.00 1245cz 1922.00

Ministro Ellen Gracie 52210 1259.78 1497.78 457.00 938cz 1484.00

Ministro Nelson Jobim 46815 882.53 849.52 352.00 547cz 1132.00

Tamanho das decisões 73


1 .6 MAIORES DECISÕES

Quais são as maiores decisões do STF? Quais processos receberam o maior


esforço argumentativo — medido em quantidade de caracteres — por parte
dos ministros? Para responder a essas perguntas, usamos um método um
pouco diferente daquele empregado para os gráficos de tamanho das decisões.
A forma como a rotina de atualização da nossa base de dados extrai infor-
mações do site do STF faz com que contemos a quantidade de caracteres em
cada um dos PDFs atrelados a um andamento processual identificado como
decisão. Dessa forma, até então, apresentamos o tamanho médio desses PDFs
que eram identificados como decisões em cada um dos anos. O problema é que
alguns julgamentos especialmente longos se dividem em várias sessões de
julgamento e, com frequência, os PDFs dos votos proferidos em uma sessão
são lançados de forma separada como um arquivo atrelado a um andamen-
to. Assim, da forma como foi realizada a captura, o processo do Mensalão
(AP 470), reconhecido pelo próprio tribunal como o maior acórdão de sua
história,8 tinha seus julgamentos separados em vários arquivos diferentes,
o que afetava a representação fidedigna dos processos que receberam deci-
sões mais longas. Sem dúvida, o mesmo se repetia para outros processos que
precisaram de mais de uma sessão para serem julgados.
Para resolver esse problema, somamos o tamanho de todas as decisões
proferidas por cada um dos órgãos colegiados em cada um dos processos.
Desse modo, todos os arquivos PDF identificados como originados do Ple-
nário com relação à AP 470 foram reunidos em uma única entrada na tabela.
Isso provavelmente superestima o tamanho de certas decisões, já que limi-
nares, decisões de mérito e decisões em recursos internos são incluídas na
contagem. Por outro lado, dessa forma o ranking captura de maneira ainda
melhor a quantidade de esforço retórico em número de palavras despendida
para lidar com cada um desses processos.

8. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=236494

74 A j ustificação de decisões no Supremo


A única tabela que não segue esse método é a referente às monocráticas,
já que não faria sentido que uma mesma decisão monocrática fosse dividida
em vários arquivos diferentes. Confira a seguir:

1 .6 .1 Plenário

Classe Número Ano da Número de


última decisão caracteres

AP 470 2014 5567312

ADPF 130 2009 1051745

ADPF 378 2016 988811

AP 937 2018 896909

HC 152752 2018 840219

ADI 4425 2015 839246

HC 82424 2003 758589

Pet 7074 2017 708388

ADI 4650 2015 650011

RE 827833 2016 645381

A ação com o maior número de caracteres julgada pelo STF é a Ação Penal 470,
comumente conhecida como o “caso Mensalão”, o que não é surpreendente ten-
do em vista que o julgamento durou quatro meses com 53 sessões de julgamento
e 37 réus.9 De toda forma, é importante observar que a AP 470 apresenta cinco
vezes mais caracteres do que a segunda ação com maior número de caracteres.
A segunda maior ação julgada pelo STF foi a Arguição de Descumprimen-
to de Preceito Fundamental 130, de relatoria do ministro Ayres Britto, que
questionava a compatibilidade da Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67) com a

9. Para uma síntese crítica das principais discussões desenvolvidas na época, cf. FALCÃO, Joaquim.
(Org.). Mensalão: diário de um julgamento. Supremo, Mídia e Opinião Pública. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.

Tamanho das decisões 75


atual Constituição Federal.10 A terceira maior ação é a ADPF 378, de relatoria
do ministro Edson Fachin, que discutia a validade de alguns dispositivos da
Lei nº 1.079/1950, que regulamenta o procedimento de impeachment de pre-
sidente da República no contexto envolvendo a perda do mandato de Dilma
Rousseff. Por maioria, o STF decidiu, entre outras questões, que a Câmara
dos Deputados apenas autoriza a abertura do processo de impeachment, en-
quanto o Senado deve ser considerado o órgão responsável por fazer o juízo
de instalação do procedimento.11
A Ação Penal 937 debateu em questão de ordem os alcances do foro por
prerrogativa de função. A maioria dos ministros acompanhou o ministro re-
lator Roberto Barroso para limitar o foro aos crimes que ocorreram durante
e em função do exercício do cargo privilegiado.12
Os dois habeas corpus mais longos da história do STF são o HC 152.752,
de relatoria do ministro Edson Fachin, que tinha como paciente o ex-presi-
dente Luiz Inácio Lula da Silva e pretendia impedir a execução provisória
da pena,13 e o HC 82.424, de relatoria do ministro Moreira Alves, que tinha
como paciente o editor Siegfried Ellwanger, condenado pelo crime de racis-
mo por publicar obras com conteúdo antissemita. Ambos os habeas corpus
foram negados pela maioria dos ministros.14

10. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Supremo julga Lei de Imprensa incompatível com a Cons-
tituição Federal. Notícias STF, Brasília, 30 abr. 2009. Disponível em: http://www.stf.jus.br/
portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=107402. Acesso em: 27 ago. 2020.
11. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF reafirma rito aplicado ao processo de impeachment
de Fernando Collor. Notícias STF, Brasília, 17 dez. 2015. Disponível em: http://www.stf.jus.br/
portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=306614. Acesso em: 27 ago. 2020.
12. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF conclui julgamento e restringe prerrogativa de foro
a parlamentares federais. Notícias STF, Brasília, 3 mai. 2018. Disponível em: http://www.stf.
jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=377332. Acesso em: 27 ago. 2020.
13. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF nega habeas corpus preventivo ao ex-presidente
Lula. Notícias STF, Brasília, 5 abr. 2018. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/ver-
NoticiaDetalhe.asp?idConteudo=374437. Acesso em: 27 ago. 2020.
14. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF nega habeas corpus a editor de livros condenado por
racismo contra judeus. Notícias STF, Brasília, 17 set. 2003. Disponível em: http://www.stf.jus.
br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=61291. Acesso em: 27 ago. 2020.

76 A j ustificação de decisões no Supremo


O recurso extraordinário mais longo julgado pelo STF foi o RE 827.833, de
relatoria do ministro Roberto Barroso, em que se discutiu o recálculo do va-
lor da aposentadoria por meio da desaposentação.15 Já a maior petição julgada
pelo STF foi a PET 7.074, de relatoria do ministro Edson Fachin, que decidiu
em questão de ordem e agravo regimental os contornos da delação premiada.16
Por fim, é interessante destacar que todas as dez maiores decisões do
Supremo Tribunal Federal ocorreram nos últimos vinte anos e, entre elas,
oito foram julgadas nos últimos seis anos.

1 .6 . 2 Turmas

Primeira turma

Classe Número Ano da Número de


última decisão caracteres

ARE 675945 2018 334467

RE 696533 2018 322807

AC 4327 2017 212846

AP 530 2015 186526

AP 912 2017 173252

ARE 733243 2016 172354

AP 611 2014 171398

AP 946 2017 171340

Rcl 1728 2017 162252

1 5. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Plenário decide que aposentados que receberam bene-
fício por desaposentação não precisam devolver o valor. Notícias STF, Brasília, 6 fev. 2020.
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=436392.
Acesso em: 27 ago. 2020.
16. BR ASIL. Supremo Tribunal Federal. STF conclui julgamento sobre limites da atuação do
relator em colaborações premiadas. Notícias STF, Brasília, 29 jun. 2017. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=348254. Acesso em:
27 ago. 2020.

Tamanho das decisões 77


Classe Número Ano da Número de
última decisão caracteres

AP 559 2014 157489

Segunda turma

Classe Número Ano da Número de


última decisão caracteres

Inq 3994 2018 378151

Inq 4074 2018 265037

Inq 3998 2018 263015

Inq 4011 2018 259474

MS 31667 2018 258848

AP 504 2016 245246

RE 190104 1999 236686

HC 137728 2017 231767

HC 89310 2009 215842

Inq 3997 2016 213503

Inicialmente, merece destaque o fato de que, na média, as dez maiores


decisões da Primeira Turma do STF são menores do que as dez maiores
decisões da Segunda Turma. Ademais, enquanto a maioria das decisões
longas da Primeira Turma ocorreu em sede de Ações Penais, na Segunda
Turma a maioria das decisões longas se deu em sede de Inquéritos. Além
disso, enquanto na Primeira Turma as dez ações com decisões mais longas
tiveram sua última decisão nos últimos dez anos, na Segunda oito das dez
decisões mais longas tiveram sua última decisão nos últimos dez anos, com
exceção do RE 190.104, concluído em 1999, e do HC 89.310, julgado em 2009.
A decisão com maior número de caracteres na Primeira Turma foi o ARE
675.945, relatado pelo ministro Marco Aurélio, cujo foco estava na discussão

78 A j ustificação de decisões no Supremo


sobre direitos de funcionários aposentados do extinto Banco do Estado de
São Paulo (Banespa).17 A decisão mais longa da Segunda Turma do Supremo
Tribunal Federal, por sua vez, foi o Inquérito 3.994, no qual o Ministério Pú-
blico Federal denunciou o senador Benedito de Lira e seu filho, o deputado
federal Arthur Lira, por corrupção e lavagem de dinheiro.18

1 .6 . 3 Monocráticas

Classe Número Ano da Ministro(a) Número de


decisão caracteres

Pet 7003 2018 Ministro Edson Fachin 131671

ARE 675945 2012 Ministro Dias Toffoli 121103

AO 2337 2018 Ministro Dias Toffoli 113013

Pet 7848 2018 Ministro Celso de Mello 95560

SL 1157 2018 Ministro Cármen Lúcia 95135

ACO 713 2018 Ministro Gilmar Mendes 94869

AI 546470 2008 Ministro Cármen Lúcia 87123

Inq 3995 2018 Ministro Celso de Mello 86441

ACO 945 2018 Ministro Gilmar Mendes 84744

HC 149395 2018 Ministro Alexandre de Moraes 84128

Em relação às dez mais longas decisões monocráticas, oito ocorreram em


2018, sendo apenas o ARE 675.945, de 2012, e o AI 546.470, julgado em 2008,
as exceções. É interessante destacar que das dez maiores decisões duas são

17. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Julgamento sobre remuneração de aposentados do Banespa
é suspenso por empate. Notícias STF, Brasília, 8 ago. 2017. Disponível em: http://www.stf.jus.br/
portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=351816. Acesso em: 27 ago. 2020.
18. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. 2ª Turma rejeita denúncia contra deputado federal Ar-
thur Lira e senador Benedito de Lira (PP-AL). Notícias STF, Brasília, 18 dez. 2017. Disponível
em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=365158. Acesso em:
27 ago. 2020.

Tamanho das decisões 79


dos ministros Dias Toffoli, duas do ministro Celso de Mello, duas da minis-
tra Cármen Lúcia e duas do ministro Gilmar Mendes.
Já a mais longa decisão monocrática foi do ministro Edson Fachin na
Petição 7.003, que finalizou a fase de instrução processual em relação a
possíveis irregularidades nos acordos de colaboração premiada envol-
vendo os executivos da JBS. Na petição, o ministro negou pedido feito
pelos colaboradores por novas diligências. 19 Cumpre ressaltar, ainda,
que a maior decisão monocrática possui apenas 11 páginas, enquanto a
decisão do HC 149395, que ocupa a última posição, possui seis páginas.

19. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ministro Fachin declara encerrada fase de apuração de
irregularidades em processo sobre delação da JBS. Notícias STF, Brasília, 28 fev. 2019. Dispo-
nível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=404737. Acesso
em: 27 ago. 2020.

80 A j ustificação de decisões no Supremo


Tamanho das decisões 81
II. A menção a decisões passadas
no processo decisório do STF

O segundo grande tema que o presente trabalho pretende investigar envolve


as decisões do Supremo que mencionam outras decisões também da Corte
em sua justificação. Conforme esclarecido na descrição metodológica no iní-
cio do trabalho, a equipe do Supremo em Números buscou, ao longo do tex-
to das decisões analisadas, citações que indicassem uma classe processual
seguida do número da ação, por exemplo, ADC 42. Com esse tipo de análise,
espera-se jogar algumas luzes sobre o possível trabalho com alegados pre-
cedentes no processo decisório da Corte, ainda que, como também indicado
na descrição metodológica, seja bastante problemático caracterizar decisões
evocadas pelos ministros como autênticos precedentes do tribunal, afora o
debate teórico acerca do que exatamente constitui um precedente.
Assim como na parte anterior, ao longo das seções subsequentes os dados
estarão agrupados: (i) em função do órgão julgador, ou seja, plenário ou tur-
mas do Supremo; (ii) em função do tipo de decisão, ou seja, decisões limina-
res, decisões terminativas (potencialmente de mérito) e decisões de recurso

83
interno proposto ao longo do processo; (iii) conforme a classe processual da
ação, seguindo as classificações apresentadas na descrição metodológica da
presente obra. Adicionalmente, os dados sobre as relações entre decisões to-
madas e decisões mencionadas no processo de fundamentação — os alegados
precedentes citados — estarão organizados em oito tópicos: a proporção de
decisões, em um quadro mais geral, que menciona outras decisões; a média
de citações por órgão decisor; a média de citações nas decisões das turmas; a
média de menções a outras decisões por tipo de decisão; a proporção de cita-
ção a decisões por classe processual; as relações entre decisões atuais e supos-
tos precedentes no tempo, em que se busca captar a influência da tradição no
processo decisório do tribunal; a proporção de decisões que citam súmulas; e,
por fim, tabelas com as decisões mais evocadas na Corte em diversos níveis.

2.1  pROpORçãO DE DEciSõES QUE


mEnciOnAm OUTR AS DEciSõES DO STf

Proporção de decisões que citam precedentes no STF (1998-2018)

Gráfi co 2.1.1 Após um período de queda, a proporção de decisões do


STF que cita precedentes volta a aumentar a partir de 2011.

84 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


O gráfico 2.1.1. diz respeito à proporção de decisões que citam outras decisões
também do STF. Então, dentro do universo total de decisões, o gráfico apresenta a
proporção das decisões que citam ao menos uma manifestação anterior da Corte.
Analisando o gráfico, é possível perceber que a porcentagem de decisões
que cita outras decisões variou consideravelmente ao longo do tempo, com uma
queda drástica em 2007 até atingir seu mínimo em 2010. A proporção volta a
aumentar a partir de 2011, movimento que permanece até 2014.
Após uma leve queda em 2015, a proporção volta a crescer até 2017, quando
atinge seu pico. Nesse momento, a cada quatro decisões proferidas pelo STF
aproximadamente três citavam pelo menos uma manifestação anterior, que
provavelmente funcionaria para os ministros como um suposto precedente
apto a reforçar a justificação da decisão citante.

2. 2 mÉDiA DE ciTAçõES pOR ÓRgãO

Proporção de decisões que citam decisões


anteriores do STF (1998-2018)

Gráfico 2.2.1 De maneira geral, não há uma variação expressiva na proporção de decisões
que citam decisões anteriores do STF, exceto naquelas decididas monocraticamente.

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 85


O gráfico 2.2.1 separa as informações do gráfico 2.1.1 por órgão decisó-
rio. A proporção de decisões colegiadas que cita decisões anteriores está
correlacionada: nos anos em que há crescimento na proporção de deci-
sões citadas pelo plenário, o mesmo parece acontecer em cada uma das
duas turmas. Em comparação, as decisões monocráticas se comportam
de maneira bastante diferente. Não só ocorre uma variação muito maior,
com uma queda brusca na proporção de decisões citantes entre 2007 e
2011, como os anos de queda ou aumento são, na maior parte das vezes,
diferentes do que ocorre no colegiado.
Talvez a queda observada entre 2007 e 2011 nas decisões monocráticas
guarde alguma relação com a introdução da repercussão geral na prática da
Corte (Lei nº 11.418/06), na medida em que um tema novo (a presença ou
não de repercussão geral no âmbito dos recursos extraordinários), acerca
do qual não havia qualquer manifestação passada da Corte, passou a de-
mandar apreciação específica. Pesquisas mais específicas seriam neces-
sárias para avaliar a efetiva relação entre esses fenômenos.
A partir de 2012, também há relevante crescimento na tendência de o
plenário fazer uso de suas decisões prévias nos processos de fundamen-
tação de suas decisões atuais. Mas esse aumento, contudo, não significa
que o pleno e as turmas não recorriam com frequência ao seu estoque de
decisões. Como revela o gráfico, o percentual de citação a decisões passa-
das nos órgãos colegiados do Supremo esteve neste século quase sempre
acima dos 70%, alcançando picos superiores a 90%, mesmo antes das dis-
cussões sobre precedentes no país tornarem-se centrais. Nesse sentido, os
movimentos de valorização de precedentes podem ter, como hipótese, até
contribuído para o aumento da qualidade no uso de decisões passadas, mas
eles não alteraram radicalmente a frequência com que decisões anteriores
da Corte eram evocadas para fundamentar casos atuais.

86 A j ustificação de decisões no Supremo


Número médio de citações e decisões prévias por
decisões citantes no STF (1998-2017)

Gráfi co 2.2.2 De maneira geral, há, ao longo do tempo, um


aumento no número médio de citações a decisões prévias por
decisões citantes no STF, no âmbito de todos os seus órgãos.

O gráfico 2.2.2 foca nas decisões que citam pelo menos uma decisão an-
terior e propõe uma pergunta ligeiramente diferente a respeito da práti-
ca do tribunal: quantas decisões anteriores são citadas por cada decisão
citante? A figura revela um comportamento diferente entre as turmas ao
longo do tempo, algo também notado na análise do tamanho das decisões
na seção anterior.
No que concerne à curva das decisões monocráticas, percebe-se um au-
mento na média das citações por decisão, desde 2001 até seu pico em 2014.
A partir de 2015, a média de decisões citadas por decisão monocrática co-
meça a diminuir de forma expressiva até 2017.
Já a curva referente às decisões do plenário é instável, apresentando
altos e baixos ao longo dos anos analisados, exceto por um pequeno perío-

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 87


do de quase estabilidade entre os anos de 2007 e 2009, ano em que volta a
crescer. Durante o ano de 2013, as decisões do plenário apresentam a maior
média de decisões que citam outras decisões como possíveis precedentes.
De uma maneira geral, o gráfico esclarece como a referência a mani-
festações passadas da Corte em julgados que citam pelo menos um su-
posto precedente cresceu entre o período de 1998 e 2018. Isso revela que
os ministros procuraram, no tempo, citar cada vez mais decisões quando
acharam importante dialogar com o passado do processo decisório do tri-
bunal. Três fatores poderiam explicar essa informação. O primeiro está
relacionado ao aumento do número de decisões tomadas pelo tribunal em
sua história. Com estoque de possíveis precedentes maior em um tribunal
que não julga apenas casos muito singulares, é de se esperar que, no tem-
po, mais decisões passadas possam ser evocadas para a fundamentação
de decisões atuais. Se se considera, ademais, que nem sempre a referên-
cia a um caso passado como suposto precedente da Corte guarda relação
factual com o caso atual, 1 as possibilidades de recurso ao passado para
fundamentar uma decisão aumentam ainda mais.
O segundo fator pode dizer respeito ao crescimento de debates no país
a respeito das virtudes associadas ao respeito a precedentes, que inspira-
ram, em um primeiro momento, reformas legislativas destinadas a evi-
tar a interposição de recursos repetitivos e ocuparam papel relevante no
Código de Processo Civil de 2015, que prevê mecanismos de vinculação
de decisões e métodos de trabalho com julgados passados que dialoguem,
de alguma forma, com casos decididos no presente. O terceiro, por fim,
envolve as mudanças de composição da Corte e o ingresso de ministros

1. LEAL, Fernando A. R. Uma jurisprudência que serve para tudo. Jota, 13 mai. 2015. Disponível
em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/24340/Uma_jurispruden-
cia_que_serve_para_tudo_-.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 31 mar. 2020. Ver também
os exemplos apresentados em LEAL, Fernando A. R. Força autoritativa, influência persuasiva ou
qualquer coisa: o que é um precedente para o Supremo Tribunal Federal? Revista de Investiga-
ções Constitucionais, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 205-236, jan./abr. 2020.

88 A j ustificação de decisões no Supremo


preocupados com os debates a respeito do papel de precedentes como
mecanismos de estabilização da jurisprudência. 2 Somados, os três fato-
res, ainda que não sejam interdependentes, parecem justificar por que o
número de decisões mencionadas em julgados que apelam para possíveis
precedentes do Supremo, na média, aumentou.

2. 3 ciTAçõES pOR RESULTADO E TURmA

Percentual de decisões das turmas que citam


decisões anteriores ao STF (1998-2018)

Gráfi co 2.3.1 Nas decisões de mérito, há, ao longo dos anos, uma tendência de
queda no percentual de decisões das turmas que citam decisões anteriores do STF.

2. Destaque-se, nessa linha, que o ministro Luiz Fux foi o presidente da Comissão de Reforma do
Código de Processo Civil do Senado e que o ministro Barroso escreve sobre o assunto. Ver, por
exemplo, MELLO, Patrícia Perrone Campos; BARROSO, Luís Roberto. Trabalhando com uma
nova lógica: a ascensão dos precedentes no direito brasileiro. Revista da AGU, Brasília-DF, v. 15,
n. 3, p. 19, jul./set. 2016.

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 89


Percentual de decisões da 1ª turma que citam
decisões anteriores do STF (1998-2018)

Gráfi co 2.3.2 Na Primeira Turma do STF, há uma tendência de queda no


percentual de decisões de mérito que citam decisões anteriores a partir de 2010.

Percentual de decisões da 2ª turma que citam


decisões anteriores do STF (1998-2018)

Gráfi co 2.3.3 Na Segunda Turma do STF, há uma tendência ainda maior de queda
no percentual de decisões de mérito que citam decisões anteriores, a partir de 2010.

90 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Os gráficos apresentam o percentual de decisões que citam outras deci-
sões em cada turma do tribunal. O conjunto de dados foi novamente or-
ganizado em torno de decisões de mérito e decisões de recursos internos.
É relevante perceber que as duas turmas apresentam um alto índice de
decisões que citam decisões anteriores, ficando o percentual de decisões
citantes quase sempre acima dos 40%.
Em relação à Primeira Turma, é possível perceber uma forte queda de
menções nas decisões de mérito a partir de 2010, enquanto as decisões re-
cursais favoráveis apresentam um leve aumento.
Na Segunda Turma da Corte, é evidente o mesmo movimento. A par-
tir de 2010, constata-se uma forte queda em relação ao uso de tal meca-
nismo nas decisões de mérito, atingindo a curva, em 2012, o menor índice
no universo analisado. Tal comportamento, de alguma forma, acompanha
também a redução, entre os anos de 2010 e 2018, do número de decisões
passadas citadas no universo de decisões que mencionam pelo menos uma
decisão anterior da Corte. Nesse período, portanto, os gráficos dessa seção
mostram que, no aludido período, menos decisões passadas foram citadas
por decisões de mérito. Além disso, os gráficos revelam que, nas decisões
que citam supostos precedentes, menos julgados são mencionados em com-
paração com os demais anos analisados.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 91


Número médio de decisões anteriores citadas por decisões das turmas
do STF (apenas decisões que citam pelo menos uma decisão) (1998-2018)

Gráfi co 2.3.4 Observa-se um notável aumento no número médio de decisões


anteriores citadas por decisões das duas turmas do STF a partir de 2015.

Número médio de decisões anteriores citadas por decisões da 1ª turma


do STF (apenas decisões que citam pelo menos uma decisão) (1998-2018)

Gráfi co 2.3.5 No recorte temporal, observa-se uma relativa estabilidade


do número médio de decisões anteriores citadas por decisões da Primeira
Turma do STF em quase todos os tipos de decisão analisados.

92 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Número médio de decisões anteriores citadas por
decisões da 2ª turma do STF (apenas decisões que
citam pelo menos uma decisão) (1998-2018)

Gráfi co 2.3.6 O número médio de decisões anteriores citadas por decisões da Segunda
Turma do STF variou significativamente ao longo de todo o período analisado.

Os três gráficos apresentados são relativos ao número médio de decisões an-


teriores citadas por decisões em cada uma das turmas do STF, levando em
consideração apenas as decisões que citam pelo menos uma decisão anterior
da Corte. Mais uma vez, em razão da sua relevância, as classes analisadas
são as decisões de mérito e as decisões de recurso interno.
A Primeira Turma apresenta até 2005 uma média inferior a cinco de-
cisões pretéritas mencionadas por decisão em todas as classes. Contudo,
é interessante observar o comportamento das decisões de recurso interno
favorável, que apresenta em 2010 um pico muito acima da média de todas as
outras classes ao longo de todos os anos estudados.
Em relação ao comportamento da Segunda Turma da Corte, é possível
perceber uma grande variação em relação a todas as classes ao longo de todo
o período analisado. É interessante, também, destacar o comportamento da

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 93


linha sobre as decisões de mérito favoráveis, que apresenta um crescimento
contínuo até o ano de 2010, a partir do qual há uma forte queda, que persiste
até 2016, quando a curva volta a apresentar um crescimento expressivo. Por
fim, é importante notar que o crescimento no número médio de decisões cita-
das entre 2017 e 2018 ocorre nas duas turmas, mas é especialmente destaca-
do na segunda. Valendo-se desses dados, estudos qualitativos podem tentar
aprofundar a investigação acerca das razões para as variações observadas
no comportamento das duas turmas.

2.4  ciTAçõES pOR RESULTADO Em


DEciSõES mOnOcR áTicAS

Percentual de decisões monocráticas que citam


decisões anteriores do STF (1998-2018)

Gráfi co 2.4.1 A oscilação constatada entre os anos de 2005 e 2012 é mais intensa com
as decisões monocráticas liminares do que com as decisões monocráticas de mérito.

94 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


O gráfico 2.4.1 apresenta a proporção de decisões monocráticas que men-
cionam decisões passadas no Supremo. É importante, desde logo, ressaltar
uma diminuição substancial na proporção entre 2007 e 2011. Essa oscila-
ção é mais intensa em relação às decisões liminares do que com as decisões
monocráticas de mérito.
É interessante também frisar que, no início do recorte temporal, as li-
nhas se encontram razoavelmente distantes umas das outras. Contudo, ao
final do recorte, é possível perceber um aumento na distância entre os re-
sultados das decisões liminares desfavoráveis e decisões de mérito favorá-
vel, enquanto as linhas que representam decisões liminares favoráveis e as
decisões de mérito desfavorável praticamente se tocam.

Número médio de decisões anteriores citadas por


decisões monocráticas no STF (apenas decisões que
citam pelo menos uma decisão) (1998-2018)

Gráfi co 2.4.2 Pode-se constatar um aumento no número médio


de decisões anteriores citadas por decisões monocráticas no
STF, independentemente do tipo, no período analisado.

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 95


O gráfico 2.4.2 pretende analisar a evolução das médias de decisões citadas em
decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal. Nota-se que as quatro li-
nhas estão praticamente juntas no início do intervalo temporal retratado. Entre-
tanto, no final do intervalo, a diferença das médias é de praticamente 1 entre elas.
O número médio de alegados precedentes citados nas decisões limina-
res favoráveis em 2017 foi de 5,53, enquanto a média nas decisões liminares
desfavoráveis em 2017 foi de 3,81. Já a média de decisões pretéritas evocadas
nas decisões de mérito favoráveis no mesmo ano foi de 5,57. Enquanto isso, a
média das decisões de mérito desfavoráveis foi de 4,0. Nota-se, portanto, que
as decisões favoráveis das duas categorias tiveram uma média maior, o que
corrobora as informações trazidas no gráfico anterior.

2. 5 ciTAçõES p OR TipO DE DEciSãO

Proporção de decisões que citam decisões


anteriores no STF (1998-2018)

Gráfi co 2.5.1 A proporção de decisões que citam decisões anteriores no


STF aumenta significativamente em 2011, em todos os tipos de decisão.

96 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


No contexto de decisões que citam outros julgados, as decisões liminares e
de mérito apresentam uma variação similar entre si ao longo do tempo. Já a
proporção das decisões de recurso interno que dialoga com decisões ante-
riores da Corte cresceu significativamente entre 1998 e 2003 e, desde então,
manteve-se acima de 60%. Já a proporção de decisões liminares citantes caiu
expressivamente entre 2006 e 2007. Essa proporção voltou a crescer somente
em 2011. Isso também ocorreu no caso das decisões de mérito: a proporção de
decisões que citam julgados anteriores caiu entre 2007-2010 e voltou a cres-
cer a partir de 2011. Em 2017, a proporção das decisões de mérito ultrapassou
a proporção das decisões de recurso interno pela primeira vez desde 2001.

Média de decisões citadas por decisão no STF (apenas


decisões que citam pelo menos uma decisão) (1998-2018)

Gráfi co 2.5.2 Apesar de as três distribuições evoluírem de maneira


razoavelmente similar, é possível constatar que, a partir de 2008, a média de
decisões liminares passa a ser a menor, permanecendo assim até 2017.

No contexto da média de citações por tipo de decisão no STF, percebe-se uma


evolução semelhante das curvas ao longo do gráfico. As três curvas come-

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 97


çam com médias reduzidas, passam por um período de elevação das médias
e, a partir de 2014, começam a cair, voltando, finalmente, a subir entre 2017
e 2018. Os três tipos de decisão mostram um crescimento gradual, com pou-
cos picos elevados. O que se destaca é o crescimento da média de mérito em
2014, que tem um pico mais acentuado.
Entre as três distribuições, é possível constatar que a curva relativa às
decisões liminares apresenta uma distribuição de médias em geral menor
do que as duas outras curvas. Exceção a essa regra é o ano de 2007, em que
a média de citações em decisões liminares é brevemente superior às outras
médias e, também, durante o período de 1998 a 2002. Já as curvas de deci-
sões de mérito e de recurso interno tiveram médias similares em vários anos,
sem altas diferenças entre elas, exceto em 2014, quando a média de decisões
de mérito atingiu um pico de oito possíveis precedentes citados por decisão.

2.6 ciTAçõES pOR cL ASSE pROcESSUAL

Proporção de decisões que citam decisões anteriores no STF (1998-2018)

Gráfico 2.6.1 Há uma tendência geral de crescimento ao longo do tempo na proporção de


decisões que citam decisões anteriores no STF, em todas as classes processuais analisadas.

98 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


O gráfico 2.6.1 mostra um comportamento semelhante em termos de propor-
ção de decisões por classe que citam decisões anteriores do STF ao longo do
tempo. Percebe-se uma tendência geral de crescimento da proporção entre
2011 e 2018. Além disso, nota-se que, de um modo geral, as decisões em con-
trole concentrado parecem citar decisões prévias com menos frequência do
que as outras classes, sobretudo a partir de 2011.

Média de decisões citadas por decisão no STF (apenas


decisões que citam pelo menos uma decisão) (1998-2018)

Gráfi co 2.6.2 Também há uma tendência geral de aumento


gradativo na média de decisões citadas por decisão citante do
STF, em todas as classes processuais analisadas.

O gráfico 2.6.2 traz o número médio de decisões anteriores citado por


cada decisão citante em cada um dos grupos de classes processuais no

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 99


STF. Novamente, podemos perceber uma tendência geral de aumento
gradativo do número de decisões citadas. Essa tendência é especialmente
acentuada nos últimos anos em relação a todas as classes, exceto a clas-
se recursal, que diminui gradativamente o número de decisões citadas a
partir do ano de 2014.

Média de citações recebidas por decisões de


cada classe no STF (1998-2018)

Gráfi co 2.6.3 Embora a média de citações recebidas por decisões de classe


no STF permaneça relativamente estável ao longo dos anos nas classes
processuais analisadas, destacam-se os casos de controle concentrado,
que apresentam uma queda significativa entre 2007 e 2009.

O gráfico mostra as proporções entre as citações a uma classe processual


em relação ao total de decisões nessa mesma classe processual a cada ano.
Não é feita qualquer discriminação em relação à classe processual da deci-

100 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


são na qual a citação ocorre. Por exemplo: a média é contada a partir do nú-
mero de citações que os habeas corpus receberam em decisões de qualquer
classe processual — a citação a um HC pode ter ocorrido em uma liminar
de mandado de segurança — relativamente ao número total de decisões de
habeas corpus. Outro exemplo: para efeitos dessa análise, não importa se
a citação às ADIs ocorreu em REs ou HCs.
De acordo com as variáveis disponíveis, a alteração na média de ci-
tações à classe pode se dar por dois fatores: aumento ou diminuição do
número de processos da classe e/ou aumento ou diminuição do número
de citações à classe processual. Destaca-se que; se as duas variáveis au-
mentarem ou diminuírem de maneira proporcional, a média se manteria
a mesma.
Vale lembrar que, muitas vezes, alterações legislativas nas normas pro-
cessuais e de competência fazem com que o número de processos (e, con-
sequentemente, de decisões) de determinada classe aumente ou diminua.
Esse é um potencial motivo para explicar alterações bruscas na média de
citações. No entanto, isso se justifica apenas se o número de citações não
aumenta tanto (proporcionalmente) quanto o número de decisões.
O total bruto de citações recebidas tornaria a comparação difícil, pois
o volume total de processos recursais que mencionam outros processos re-
cursais eclipsaria todas as demais classes. A média por decisão, no entanto,
permite comparar, por exemplo, 100 citações feitas a ADIs de um conjunto
de 10 ADIs decididas em um dado ano, com 10.000 citações a REs feitas a
um conjunto que contém 1.000 REs. Em ambos os casos, a média conforme
o método do gráfico seria de 10 citações recebidas.
Durante todo o período, a maior média, por larga margem, é dos proces-
sos do controle concentrado. Essa conclusão sugere a importância das de-
cisões dessa classe no processo decisório da Corte como um todo. Se, como
evidenciado desde o I Relatório Supremo em Números, a Corte recursal é
quantitativamente dominante na carga de trabalho do tribunal (o relatório
indica que 91,69% dos processos recebidos pelo STF de 1988 a 2009 são des-

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 101


sa categoria3), o presente gráfico mostra o papel qualitativo de destaque da
faceta do Supremo como, nos termos do I Relatório, “Corte constitucional”.
O gráfico seguinte repete o agrupamento das classes processuais, mas limi-
ta a análise a citações “endógenas” a cada classe, ou seja, a relações entre deci-
sões em que citante e citada compartilham o mesmo agrupamento de classe.

Média de citações recebidas por decisões de cada classe


no STF (1998-2018) (apenas citações endógenas)

Gráfi co 2.6.4 A distribuição das médias de citações por decisão ao longo dos anos
mostra que não há um padrão de crescimento similar em todas as classes processuais.

3. FALCÃO, Joaquim; CERDEIRA, Pablo de Camargo; ARGUELHES, Diego Werneck. I Relatório


Supremo em Números: o múltiplo Supremo. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, FGV DI-
REITO RIO — Série Novas Ideias em Direito, abr. 2011. Disponível em: http://bibliotecadigital.
fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10312/I%20Relat%c3%b3rio%20Supremo%20em%20
N%c3%bameros%20-%20O%20M%c3%baltiplo%20Supremo.pdf?sequence=5&isAllowed=y.
Acesso em: 16 jan. 2020.

102 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


O gráfico 2.6.4 nos mostra a média de citações à classe processual em relação
às próprias decisões da classe processual, ou seja, qual é a média, por exem-
plo, de HCs citados em decisões da classe processual HC.
Quanto ao número de citações feitas por classe processual no STF, por
ano, no período 1998-2018, percebe-se que há uma tendência de crescimento
no período de maneira geral. Mesmo a endogenia no controle concentrado,
que de 1998 a 2008 esteve sempre acima das demais classes processuais ana-
lisadas, sofre oscilações entre 2009 e 2016, momento a partir do qual se nota
um crescimento significativo de citações. O ponto mais interessante está na
comparação com o gráfico anterior: se antes a atuação do Supremo em con-
trole concentrado tinha um destaque significativo com relação aos demais
processos, quando consideramos apenas as citações endógenas vemos que
essa classe se comporta de maneira não muito diferente das demais. Isso in-
dica que muitas das citações recebidas por processos decididos em controle
concentrado se dão em outras classes processuais.
Do ponto de vista teórico, é curioso notar duas coisas. Assim como acontece
nos outros grupos, decisões no controle concentrado são bastante citadas em
seu próprio grupo. Ocorre que o controle concentrado, pelo menos em prin-
cípio, envolve debates mais singulares enfrentados pelo Supremo e, ao mes-
mo tempo, processos comumente chamados de objetivos por não envolverem
propriamente partes com interesses conflitantes em um caso concreto.4 À luz

4. Ver, nesse sentido, o voto do ministro Luís Roberto Barroso, com referência a diversos julgados
do STF na mesma linha, nos Embargos de Declaração na ADI 951/SC, no qual se lê: “o controle
de constitucionalidade exercido em âmbito concentrado tem caráter objetivo e visa a examinar a
compatibilidade da lei em tese com a Constituição, de modo a preservar a higidez da ordem cons-
titucional. Essa modalidade de controle não tem o propósito de resguardar situações subjetivas,
que devem ser objeto de tutela pela via difusa” ( BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário).
Embargos de Declaração na Ação Direta de Inconstitucionalidade 951 Santa Catarina. Con-
trole da Constitucionalidade. Embargos de Declaração. Revogação da Norma Objeto da Ação
Direta. Comunicação Após o Mérito. Desprovimento. Embargante: Assembleia Legislativa do
Estado de Santa Catarina. Embargado: Governador do Estado de Santa Catarina. Relator: Mi-
nistro Roberto Barroso, 27 de outubro de 2016, p. 7. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/pagi-
nadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13065489. Acesso em: 29 mar. 2020).

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 103


dessas duas considerações, a aplicabilidade de decisões passadas para a solu-
ção de casos atuais não deveria ser de justificação tão simples, por exemplo,
fundamentar relações de semelhança entre casos enfrentados em mandado de
segurança ou em recursos levados à Corte. Esperava-se, portanto, que a linha
azul do gráfico estivesse abaixo das outras. Uma possível explicação para esse
comportamento aparentemente contraintuitivo pode, novamente, estar no
fato de o tribunal ter uma concepção bem ampla sobre o que conta como seus
precedentes para fins de justificação de decisões atuais. Uma frase esparsa
desvinculada da questão decidida ou uma passagem que soa como meramen-
te doutrinária de um voto pode servir de insumo, como se precedente fosse,
para a construção da argumentação na tomada de decisão em casos futuros.5
Na perspectiva da realidade do processo decisório do Supremo, e considerando
também o elevado número de caracteres, na média, das decisões da Corte em
controle concentrado — particularmente o seu aumento significativo a partir
de 2016, como visto—,6 talvez haja mais referências a decisões passadas que
apenas foram facilmente recortadas e reproduzidas na solução de casos atuais.
Se o aspecto anterior evidencia um possível problema teórico em razão
da amplitude do conceito de precedente para a Corte e do uso de decisões
passadas para a justificação de decisões atuais, o segundo aspecto curioso do
gráfico já sugere o contrário. Especificamente olhando para o crescimento
praticamente contínuo, desde 2007, das referências a habeas corpus anterio-
res na solução de HCs atuais, pode-se levantar como hipótese o reconheci-
mento de algum amadurecimento no trabalho com precedentes nessa área.
Se, em uma leitura possível, o aumento a referências a HCs passados estiver
correlacionado a esforços de justificação de semelhanças entre casos e a apli-
cabilidade das razões de decidir desenvolvidas no julgamento anterior para
a sustentação do mesmo resultado no problema presente, então, talvez seja
possível localizar níveis crescentes de rigor no trabalho com precedentes.

5. Força autoritativa, influência persuasiva ou qualquer coisa: o que é um precedente para o Supre-
mo Tribunal Federal?
6. Conforme observado no tópico 1.4.

104 A j ustificação de decisões no Supremo


Tanto nesse aspecto quanto no anterior, contudo, pesquisas qualitativas
seriam necessárias para a confirmação ou refutação das hipóteses apresen-
tadas a respeito de como o Supremo lida com os seus supostos precedentes.

Citações recebidas para cada citação feita


por classe no STF (1998-2018)

Gráfi co 2.6.5 Exceto a de controle concentrado de constitucionalidade,


todas as classes analisadas tendem a uma certa estabilidade no
número de citações recebidas para cada citação feita.

O gráfico 2.6.5 representa quantas citações a classe processual recebe para


cada citação que ela faz, ou seja, dentro de cada classe processual quantas
citações são recebidas para cada citação feita. Assim, quanto mais citada a
classe processual for, e menos citações fizer, maior será o número represen-
tado no eixo vertical do gráfico.
O levantamento mostra que todas as curvas tendem a seguir um com-
portamento semelhante (proporções entre 0 e cinco citações por decisão,

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 105


na grande maioria dos anos e classes). Contudo, a curva referente às ações
de controle de concentrado é uma exceção à regra, uma vez que a média de
citações recebidas por citações feitas é significativamente superior às das
demais classes. Tal constatação representa uma clara influência das deci-
sões tomadas no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade
no processo decisório da Corte, uma vez que elas, proporcionalmente, são
bem mais citadas do que citam.

Citações recebidas para cada citação feita


por classe no STF (1998-2018)

Gráfi co 2.6.6 Em grande parte do tempo, o número de citações recebidas para


cada citação feita permanece abaixo de 2 na maioria das classes processuais.

O gráfico 2.6.6 replica as informações do gráfico 2.6.5, excluindo os proces-


sos do controle concentrado, tornando mais fácil a visualização das dife-

106 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


renças entre as demais categorias de classes. Nesse sentido, podemos notar
que os MSs gozaram de um pico de popularidade nos anos de 2000 e 2005,
enquanto a categoria “outros” foi citada com uma frequência maior do que a
comum no ano de 2014. Em contraste, HCs e processos recursais se mantêm
praticamente constantes durante o recorte.

Percentual de citações a decisões monocráticas


por tipo de decisão no STF (1998-2018)

Gráfi co 2.6.7.1 Há uma tendência geral de queda no percentual de citações a decisões


monocráticas no STF, ao longo dos anos, principalmente nas vias recursais.

O gráfico 2.6.7.1 se refere ao percentual de citações a decisões monocráticas,


conforme a classe processual no Supremo. Via de regra, a prática de citações
a decisões no STF não permite a identificação da decisão específica que está
sendo citada. Imagine que o HC 123 possui duas decisões: uma liminar mo-
nocrática e outra colegiada de mérito. Dificilmente a menção feita pelos mi-
nistros, ao fazer referência ao HC 123, possuirá informações padronizadas a
respeito de qual dessas duas decisões está sendo invocada. Assim, na grande

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 107


maioria dos gráficos deste relatório, lidamos apenas com processos citados,
e não especificamente com decisões.
Uma pergunta importante, porém, diz respeito às citações a decisões
monocráticas. Arguelhes e Ribeiro, por exemplo, alertam para a possibili-
dade de que decisões monocráticas sejam usadas para criar pretensos pre-
cedentes7. Com o objetivo de quantificar essa possibilidade, consideramos
os processos citados como monocráticos apenas nos casos em que nenhuma
decisão colegiada foi tomada nesse mesmo processo. Logo, nossa estimativa
é conservadora com relação à proporção real de citações a decisões monocrá-
ticas, já que algumas dessas referências podem ter ocorrido, por exemplo, em
momento anterior à existência de uma decisão colegiada no processo citado.
De toda forma, trata-se de uma heurística útil para compreender os padrões
de comportamento mais amplos do tribunal.
Para facilitar a visualização, separamos as classes processuais do tribu-
nal em dois gráficos diferentes. Para o primeiro gráfico, agrupamos processos
de classes recursais e HCs. A escolha de agrupamento se deu em razão do pro-
tagonismo dessas classes no processo decisório da Corte. Como o I Relatório
Supremo em Números já revelou, a Corte recursal, quando comparada com o
que se chamou de “Corte constitucional” e “Corte ordinária”, é amplamente
dominante8. Na mesma linha, no universo da “Corte ordinária”, os habeas
corpus se destacam9. Como indicado no I Relatório, os habeas corpus contam

7. ARGUELHES, Diego Werneck e RIBEIRO, Leandro Molhano. O Supremo individual: mecanis-


mos de atuação direta dos ministros sobre o processo político. Direito, Estado e Sociedade, [s.
l.], n. 46, p. 121-155, jan./jun. 2015.
8. FALCÃO, Joaquim; CERDEIRA, Pablo de Camargo; ARGUELHES, Diego Werneck. I Relatório
Supremo em Números: o múltiplo Supremo. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, FGV DI-
REITO RIO — Série Novas Ideias em Direito, abr. 2011. Disponível em: http://bibliotecadigital.
fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10312/I%20Relat%c3%b3rio%20Supremo%20em%20
N%c3%bameros%20-%20O%20M%c3%baltiplo%20Supremo.pdf?sequence=5&isAllowed=y.
Acesso em: 16 jan. 2020. p. 21.
9. FALCÃO, Joaquim; CERDEIRA, Pablo de Camargo; ARGUELHES, Diego Werneck. I Relatório
Supremo em Números: o múltiplo Supremo. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, FGV DI-
REITO RIO — Série Novas Ideias em Direito, abr. 2011. Disponível em: <http://bibliotecadigital.
fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10312/I%20Relat%c3%b3rio%20Supremo%20em%20

108 A j ustificação de decisões no Supremo


“com mais do que o dobro de processos do que a segunda classe processual
mais comum no Supremo Ordinário (Reclamações)”.10
Olhando para o comportamento das citações a decisões monocráticas
pelas decisões em HCs e processos de classes recursais, vemos uma leve re-
dução na maior parte das linhas ao longo do período analisado. As decisões
monocráticas são mais frequentemente citadas em HCs monocráticos.

Percentual de citações a decisões monocráticas


por tipo de decisão no STF (1998-2018)

Gráfi co 2.6.7.2 Em quase nenhum dos tipos de decisões


analisados, é possível constatar uma estabilidade no percentual
de citações a decisões monocráticas ao longo do tempo.

N%c3%bameros%20-%20O%20M%c3%baltiplo%20Supremo.pdf?sequence=5&isAllowed=y>.
Acesso em: 16 jan. 2020. p. 45.
10. FALCÃO, Joaquim; CERDEIRA, Pablo de Camargo; ARGUELHES, Diego Werneck. I Relatório
Supremo em Números: o múltiplo Supremo. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, FGV DI-
REITO RIO — Série Novas Ideias em Direito, abr. 2011. Disponível em: <http://bibliotecadigital.
fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10312/I%20Relat%c3%b3rio%20Supremo%20em%20
N%c3%bameros%20-%20O%20M%c3%baltiplo%20Supremo.pdf?sequence=5&isAllowed=y.
Acesso em: 16 jan. 2020. p. 47.

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 109


O gráfico 2.6.7.2 se refere ao percentual de citações a decisões monocrá-
ticas nas demais classes processuais. Ao longo de todo o período, as deci-
sões monocráticas em processos do controle concentrado e em mandados
de segurança foram as categorias com as maiores proporções de citações
a decisões monocráticas. As citações feitas em decisões monocráticas em
mandados de segurança vêm diminuindo proporcionalmente desde seu
pico em 2002, quando quase 35% das citações se referem a decisões to-
madas individualmente por ministros e ministras. Surpreendentemente,
o terceiro lugar no período é assumido pelas decisões colegiadas em con-
trole concentrado. Nesse caso, porém, a redução proporcional entre 1998
e 2018 é bastante clara.

2.7 A FORÇA DA TR ADIÇÃO NO


PROCESSO DECISÓRIO DA CORTE

As decisões mais citadas na Corte são antigas ou recentes? Passados mais


de 30 anos de promulgação da Constituição Federal, teria o Supremo uma
tradição no enfrentamento de certas questões que viria se reafirmando ao
longo do tempo? Para começar a responder à pergunta, é necessário iden-
tificar o ano em que a decisão foi tomada.
No âmbito desta investigação, não é possível saber a data exata de cada
decisão mencionada na fundamentação de casos atuais, já que os dados
disponíveis só possibilitam a identificação da classe processual e do nú-
mero que identificam o processo citado. Isso, porém, não é suficiente para
determinar se a citação está sendo feita à decisão de mérito, a uma questão
de ordem, a uma liminar e assim por diante. Por essa razão, adotou-se uma
convenção visando à fixação de uma data aproximada da última decisão
tomada no andamento de cada processo para que fosse possível investigar
a existência de uma cultura de utilização dos chamados precedentes am-
parada em uma tradição. Foi identificada a data da última decisão no an-

110 A j ustificação de decisões no Supremo


damento de cada processo. Desse modo, as citações feitas a esse processo
foram consideradas como feitas a uma decisão com essa data. Por exemplo:
se a última decisão do HC 123, de acordo com os seus andamentos, ocorreu
em 2003, então todas as citações feitas a ele — tanto à sua liminar, quanto
à sua decisão de mérito — por outros processos nos anos de 2008 e 2009
estão agrupadas como citações de um suposto precedente de 2003.

% das decisões do ano citadas posteriormente pelo STF (1998-2018)

Gráfi co 2.7.1 As decisões de 2012 possuem a maior porcentagem


de citação posterior em outras decisões do Supremo.

O gráfico 2.7.1 identifica os anos mais influentes, ou seja, os anos com o maior
número de decisões citadas. Para isso, foi considerada a quantidade de citações
recebida por processos de um ano, sobre a quantidade total de decisões desse
ano. Com especial destaque, está o intervalo entre os anos de 2009 e 2015, em
que o percentual de decisões citado ultrapassa os 8%, maior índice alcançado.
Nesse ponto, é interessante estabelecer um diálogo entre o gráfico 2.7.1
e o gráfico 2.7.2, a seguir, que evidencia o número de decisões tomadas por
ano no STF. Assim, é possível perceber que os anos “mais relevantes”, ou

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 111


seja, os anos com o maior percentual de decisões citadas, são também os
anos com um número menor de decisões no total da Corte.

Número de decisões tomadas por ano no STF (1988-2018)

Gráfi co 2.7.2 Em 2007, é possível observar um pico no


número anual de decisões tomadas pelo Supremo.

De todo modo, é possível perceber uma maior influência das decisões


tomadas nos anos mais recentes. Isso levanta certas hipóteses interes-
santes a respeito do ciclo de vida dos possíveis precedentes do STF. Por
quanto tempo uma decisão permanece exercendo certa influência nas
demais decisões da Corte? A partir de qual momento, as decisões deixam
de ser citadas? É de se esperar que, dado o relativamente curto tempo de
vida da Constituição Federal de 1988 e as diversas alterações na compo-
sição da Corte, não se revele uma tradição em certos assuntos por meio
da reiteração de decisões antigas da própria Corte? Os gráficos a seguir
exploram o assunto.

112 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Mapa de calor do número de processos citados por
decisões de cada ano no STF (1998-2018)

Gráfi co 2.7.3 Pode-se constatar que os precedentes mais citados quase


sempre são aqueles do ano imediatamente anterior ao da decisão citante.

O gráfico 2.7.3 é um mapa de calor que representa a frequência relativa


com que decisões de cada ano (eixo Y) são citadas por decisões proferi-
das em cada ano (eixo X). Os valores absolutos relativos ao número de
processos citados de cada ano foram normalizados, de maneira que o ano

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 113


mais citado pelas decisões de cada coluna assume o valor 1 (e, portanto,
uma cor mais escura).11
Os dados mostram um padrão claríssimo: para todos os anos citantes,
o ano mais citado é aquele imediatamente anterior, seguido pelos outros
anos mais próximos a esse. À medida que nos distanciamos de um deter-
minado ano, o número de processos daquele ano citados se reduz de ma-
neira acelerada. Logo, os primeiros anos do recorte muito raramente são
citados pelas decisões mais recentes. Há, portanto, um indicativo de ciclo
de vida relativamente curto para as decisões que possam funcionar como
precedentes, o que colocaria em xeque a possibilidade de defesa de tradi-
ções decisórias — pelo menos em grandes números — na Corte. A conclusão,
no entanto, não é surpreendente quando a realidade do Supremo é compa-
rada com a realidade da Suprema Corte dos EUA. Estudo empírico publi-
cado em 2013 mostra como precedentes da Suprema Corte sofrem rápida
depreciação na própria Suprema Corte e em tribunais de apelação (courts
of appeals), medida essa depreciação pela frequência com que os casos são
citados em novas decisões12 . Para os autores do referido estudo, quando se
compara a vida de precedente recentemente estabelecido com a de outra
decisão tomada 10 anos antes, a redução de valor da decisão em termos de
frequência de citação no tempo alcança 65% para a Suprema Corte e 72%
para tribunais de apelação. A taxa de depreciação, inclusive, tem se torna-
do maior para precedentes mais recentes.13
No caso do Supremo, opta-se, contudo, por apontar mero indicativo de
ausência de tradição porque o gráfico anterior não exclui a possibilidade de
existirem cadeias ocultas de supostos precedentes sendo indiretamente men-

11. Para sermos específicos, usamos a técnica de normalização chamada “feature scaling”, na qual
cada valor de um vetor é subtraído do valor mínimo do vetor e dividido pela diferença entre o
valor máximo e o valor mínimo.
12. BLACK, Ryan C.; SPRIGGS II, James F. The citation and depreciation of U.S. Supreme Court
precedent. Journal of Empirical Legal Studies, [s. l.], v. 10, n. 2, p. 325-358, jun. 2013.
13. BLACK, Ryan C.; SPRIGGS II, James F. The citation and depreciation of U.S. Supreme Court
precedent. Journal of Empirical Legal Studies, [s. l.], v. 10, n. 2, p. 327, jun. 2013.

114 A j ustificação de decisões no Supremo


cionados. Esta nos parece interessante hipótese a ser testada. Isso porque,
se, por um lado, é claro que as decisões mais citadas em determinado ano
são as decisões tomadas no ano imediatamente anterior, nada impede, por
outro, que a decisão do ano anterior mencionada na solução de um caso atual
também cite outro julgado decidido no ano anterior, i.e. há dois anos do caso
atual, e assim por diante. Esse é o caso quando, por exemplo, uma decisão
do ano de 2017 cita uma decisão de 2016, que, por sua vez, faz referência a
uma decisão de 2015, que, de sua parte, menciona uma decisão de 2014. Essa
sequência é plenamente compatível com o mapa de calor apresentado e, ao
contrário da conclusão que se poderia extrair apressadamente do gráfico — a
de que o Supremo seria um tribunal sem tradição —, evidenciaria que a Corte
dialoga com referências pretéritas mais distantes no tempo.
É possível argumentar, porém, que o padrão verificado, independente-
mente dos debates sobre a existência de uma tradição decisória no Supremo,
é esperado: não é o número de processos citados de um determinado ano que
informa o quão influentes são as decisões evocadas como precedentes de cada
período, mas sim o número específico de citações feitas às decisões de
cada um desses anos. Para ilustrar as duas estratégias de análise, vale con-
siderar um caso hipotético. Suponhamos que um único processo decidido
em 2015 foi extremamente importante para a jurisprudência de um tribu-
nal. No ano de 2018, esse processo foi o único citado entre todos os proces-
sos decididos em 2015 por essa corte. No entanto, devido à sua importância
esse processo recebeu 300 citações diferentes. Em contraposição, poucos
processos do ano de 2017 foram muito importantes, mas alguns deles rece-
beram citações. Três processos julgados em 2017 pela Corte hipotética foram
citados, cada um, uma única vez pelas decisões do ano de 2018. Segundo a
metodologia adotada para a confecção do gráfico 2.7.3, o ano de 2017 estaria
pintado com uma cor mais escura do que o ano de 2015. É provável, porém,
que a maior parte dos juristas esteja disposto a dizer que o ano de 2015 exerce
uma influência muito mais importante nesse cenário hipotético. Portanto,
uma avaliação completa da importância dos anos anteriores nas práticas atuais

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 115


de citação a decisões anteriores deve avaliar as duas dimensões: devemos
olhar tanto para os anos com um maior número de processos citados e para os
anos que receberam um maior número de citações, mesmo que essas citações
estejam concentradas em um número relativamente pequeno de processos.

Mapa de calor do número de citações recebidas por


decisões de cada ano no STF (1998-2018)

Gráfi co 2.7.4 De forma semelhante ao gráfico anterior, observa-se


um padrão em que precedentes mais recentes são citados mais vezes
do que os mais antigos, conforme o decorrer do tempo, no STF.

116 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


O gráfico 2.7.4 investiga a hipótese levantada ao final do parágrafo ante-
rior. Será que o número de processos citados de um determinado ano se
comporta diferentemente do que o número de citações feitas às decisões
de cada um desses anos? Ou seja, se não mais olharmos para os processos
em geral, mas apenas para o número de citações por decisões de cada ano
no STF, o cenário se alterará?
Os resultados são menos claros do que os apresentados no gráfico an-
terior. Nele, víamos que, para todos os anos, o ano mais citado era aquele
imediatamente anterior ao ano da decisão e que este era seguido imedia-
tamente pelos outros anos próximos. No caso do gráfico atual, o padrão,
embora muito claro, não é tão limpo, representando certa sobrevida de
alguns julgados mais citados múltiplas vezes por decisões posteriores. In-
vestigações mais profundas a respeito da maneira como o STF lida com
os seus alegados precedentes devem levar em conta esse comportamento,
de maneira a identificar os precedentes que, de fato, estão exercendo in-
fluência sobre as decisões posteriores do tribunal. Afinal, se há um ciclo
de citações, o simples ranking das manifestações passadas como supostos
precedentes mais citadas a cada ano provavelmente nos diz pouco a respei-
to das teses mais importantes. Para saber onde as teses foram formadas
e quais foram os momentos centrais do tribunal, precisamos de análises
mais sofisticadas.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 117


Proporção de citações recebidas por processo em função do
tempo transcorrido desde a decisão no STF (2005-2018)

Gráfi co 2.7.5 Observa-se uma tendência gradativa de diminuição no


número da quantidade de citações recebidas por processo em função do
tempo passado desde o proferimento da decisão pelo Supremo.

No gráfico 2.7.5 estão representados os gráficos de distribuição do número


de citações feitas a manifestações anteriores — supostos precedentes — pelo

118 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


número de anos transcorridos desde o proferimento da decisão citada a cada
ano desde 2005. Novamente, podemos perceber ciclos de possíveis preceden-
tes, com decisões tomadas há cerca de um ano recebendo o maior número
de citações em todos os anos citantes.
Algumas variações interessantes são percebidas em função do ano ci-
tante. Em 2005 e em 2006, por exemplo, percebe-se um segundo pico de
citações frequentes a decisões um pouco mais antigas. Algo similar acon-
tece nos anos de 2010 e 2011, com um terceiro pico se formando na cauda.
A apreciação de determinado tema sobre o qual decisões mais antigas já se
debruçaram no ano, talvez com processos julgados em bloco, seja capaz de
explicar os referidos picos. Em 2014, em comparação, três picos podem ser
notados: o referente às decisões do ano imediatamente anterior e dois picos
mais diferidos no tempo. Nos anos de 2015, 2016, 2017 e 2018, em contraste
com todo o recorte, percebemos uma distribuição mais uniforme de decisões
citadas ao longo do tempo, com picos menos bem definidos.

2. 8 PROPORÇÃO DE DECISÕES
QUE CITAM SÚMUL AS

Nos debates mais recentes sobre vinculação a precedentes e, em sentido


mais amplo, de valorização da jurisprudência no país, o Direito sumular
desempenha importante papel. A introdução da súmula vinculante por
meio da Emenda Constitucional 45, conhecida como “Reforma do Judi-
ciário”, é comumente citada como marco importante no reconhecimento,
pelo Direito positivo, da importância de se observar decisões passadas,
ainda que não tenha iniciado esse processo.14 Tanto as súmulas editadas

14. BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro: exposi-


ção sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. 7. ed. rev. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2016.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 119


por tribunais superiores15 quanto os mecanismos de uniformização de
jurisprudência e a súmula impeditiva de recurso, previstos ainda sob o
regime do Código de Processo Civil anterior, indicam que a valorização
de precedentes não é tema tão recente no país. 16 Sem embargo, em busca
da promoção de valores como segurança, estabilidade, eficiência e cele-
ridade por meio da rápida redução de estoque de processos, sobretudo
em tribunais superiores, e da comunicação clara de padrões decisórios,
súmulas vinculantes e precedentes seriam exemplos claros de esforços
constitucionais e legislativos coordenados, sobretudo após a promulgação
do Código de Processo Civil de 2015, destinados a estabelecer mecanismos
formais mais amplos de vinculação decisória. Em um país cuja tradição é
alheia ao reconhecimento de força vinculante a decisões de tribunais, os
passos dados pelo constituinte derivado e pelo legislador contribuíram
para a aproximação entre os sistemas de civil law e common law já nota-
dos em outras partes do mundo. 17
É certo, porém, que súmulas (vinculantes ou não) e precedentes não se
confundem. Ainda que compartilhem a pretensão de vincular o futuro a

15. Para Luiz Guilherme Marinoni, aos enunciados das súmulas editadas pelo STF já deveria ser
reconhecido caráter vinculante, mesmo antes da criação das súmulas vinculantes pela EC 45.
Segundo o autor, “não há como pensar que as súmulas, quando pensadas como enunciados eluci-
dativos dos precedentes que tocam em determinada questão, possam não ter eficácia vinculante.
A verdade é que o ordenamento jurídico não precisa dizer que as súmulas do Supremo Tribunal
Federal têm eficácia vinculante. Elas têm esta eficácia pela simples razão de enunciarem o en-
tendimento derivado de um conjunto de precedentes da Corte cuja missão é dar sentido único ao
direito mediante a afirmação da constituição”. Cf. MARINONI, Luiz Guilherme. Os precedentes
na dimensão da segurança jurídica. In: MARINONI, Luiz Guilherme. (Org.). A força dos prece-
dentes: estudos dos cursos de mestrado e doutorado em direito processual civil da UFPR. 2. ed.
rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2012. p. 489.
16. V. DIMOULIS, Dimitri; LUNARDI, Soraya. Curso de Processo Constitucional: controle de
constitucionalidade e remédios constitucionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 323.
17. MACCORMICK, D. Neil; SUMMERS, Robert S. (Org). Interpreting precedents: a comparative
study. Aldershot: Ashgate/Dartmouth, 1997. p. 531 ss. Para uma crítica à possibilidade de sus-
tentação da própria diferenciação, ver PARGENDLER, Mariana. The rise and decline of legal
families. The American Journal of Comparative Law, [s. l.], v. 60, n. 4, p. 1043-1074, out. 2012.
Disponível em: http://www.jstor.org/stable/41721695. Acesso em: 21 nov. 2019.

120 A j ustificação de decisões no Supremo


decisões tomadas no passado, enquanto as súmulas comunicam o padrão
decisório por meio de um enunciado geral que pretende funcionar como
uma regra de decisão que condensa certo entendimento aplicado de ma-
neira estável no tempo, 18 precedentes não exigem essas condições. Uma
única decisão, por exemplo, pode ser um precedente. O fato de a holding
não ser clara ou explicitamente formulada também não descaracteriza
uma decisão como possível precedente. Apesar das diferenças, no entan-
to, a proximidade entre súmulas e precedentes está na relação existente
entre a edição de enunciados sumulares e decisões passadas. Em outras
palavras, súmulas pressupõem os precedentes cujos entendimentos con-
solidam em linguagem geral — ainda que a existência de precedentes não
exija necessariamente a edição de enunciados —, sob pena de se caracte-
rizarem como produto de atividade legislativa imprópria dos tribunais.
Essa é razão suficiente para justificar capítulo especial sobre o papel
desempenhado pelos enunciados sumulares em um estudo destinado a
fornecer um retrato sobre o trabalho com decisões passadas — possíveis
precedentes — no processo decisório do Supremo.
Comecemos pelo número absoluto de decisões que citam súmulas no
tribunal.

18. A edição de súmulas vinculantes, por exemplo, exige, conforme arts. 103-A, CF, e 2º da Lei
11.417/06, “reiteradas decisões sobre matéria constitucional”. A relação com “entendimento
consolidado” também está presente nas súmulas de jurisprudência. Ver DIMOULIS, Dimitri;
LUNARDI, Soraya. Curso de Processo Constitucional: controle de constitucionalidade e remé-
dios constitucionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 323. V. também LEAL, Vitor Nunes. Atuali-
dade do Supremo Tribunal. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 78, p. 458, jun.
1964. ISSN 2238-5177. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/
view/26723. Acesso em: 31 mar. 2020.
Para quem: “[f]oi dessa maneira, colocando-se um pé adiante do outro, que nasceu a Súmula da
Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal. Ela atende, portanto a vários ob-
jetivos: é um sistema oficial de referência dos precedentes judiciais, mediante a simples citação
de um número convencional; distingue a jurisprudência firme da que se acha em vias de fixação;
atribui à jurisprudência firme consequências processuais específicas para abreviar o julgamento
dos Casos que se repetem e exterminar as protelações deliberadas”.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 121


Número de citações por ano às súmulas e
súmulas vinculantes do STF (2007-2018)

Gráfi co 2.8.1 Ao longo do tempo, o número anual de


citações a súmulas cresce gradativamente, principalmente
no que diz respeito às súmulas não vinculantes.

O gráfico 2.8.1 traz uma comparação entre o número absoluto de citações a


súmulas vinculantes e não vinculantes. Como a edição de enunciados de sú-
mulas vinculantes só se tornou possível a partir de 2007, não havia citações
a essa categoria antes disso.
Dois dados se destacam. Em primeiro lugar, com exceção do período
2014-2015 para as súmulas não vinculantes, o gráfico mostra o crescimen-
to do número de citações a enunciados sumulares de todas as espécies a
partir de 2012. Em segundo, o número de citações a súmulas vinculan-
tes é bem menor relativamente à quantidade de menções às súmulas não
introduzidas pela EC 45. Sobre essa variação, deve-se considerar que a
validade de um enunciado de súmula vinculante depende, nos termos do
art. 103-A da Constituição e seus parágrafos, da satisfação de diversos

122 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


critérios, 19 o que provavelmente afeta a quantidade de enunciados dessa
natureza disponíveis para citação e, assim, também o número absoluto
de referências à categoria como um todo. Vistos os números absolutos,
passa-se a apreciar o papel das súmulas no processo decisório da Corte
a partir de diferentes classes processuais.

Proporção de decisões que citam súmulas


por classe no STF (1988-2018)

Gráfi co 2.8.2 No geral, a categoria de processos que mais cita súmulas,


vinculantes ou não, é a recursal, seguida por Outros e HCs.

19. Sobre esses critérios e a sua observância nem sempre fiel pelo Supremo, ver COIRO, Adriana
Lacombe. Aos ministros, tudo?: uma análise da aplicação dos requisitos constitucionais na
elaboração de súmulas vinculantes. 2012. 82 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Direito) — Escola de Direito FGV Direito Rio, Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 11 jun.
2012. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10527/
Adriana%20Lacombe.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 31 mar. 2020.

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 123


Proporção de decisões que citam súmulas
vinculantes por classe no STF (2007-2018)

Gráfi co 2.8.3 As súmulas vinculantes são mais citadas nos


processos pertencentes à classe processual Reclamação.

Os dois gráficos anteriores evidenciam a relevância das súmulas no processo


decisório da Corte. O gráfico 2.8.2 diz respeito às decisões que citam súmulas
de todas as naturezas. O gráfico revela e organiza a evolução temporal do núme-
ro percentual relativo às citações feitas por cada classe aos pronunciamentos
sumulados pelo Tribunal. A forma de organizar os dados graficamente exibidos
anteriormente foi a divisão do número de processos com decisões que citam
súmulas em determinada classe processual e em determinado ano pelo núme-
ro total de decisões naquela mesma classe processual e naquele mesmo ano.
Dois tipos de conclusões podem ser observados a partir das curvas exi-
bidas no gráfico. A primeira linha de observação refere-se à concentração
de decisões com citações a enunciados sumulares em certa curva em de-
terminado ano. Esse tipo de análise permite concluir que, no ano de 2018,
a maior concentração de decisões com citações a súmulas do Supremo se

124 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


encontra na classe dos mandados de segurança, o que destoa do padrão nos
demais anos, quando a categoria “recursal” possui as maiores proporções
de citações a súmulas. Em comparação, as súmulas foram citadas em quan-
tidade muito menor nos processos do controle concentrado. Nesses casos, a
maior variabilidade entre os casos julgados pela Corte reduz a probabilidade
de encontro de processos que sejam claramente abrangidos pelo âmbito de
incidência de um enunciado sumular, o que pode explicar os níveis sempre
baixos de referências a súmulas nesta classe.
A segunda análise refere-se à variabilidade, ou seja, ao quão intensiva é
a tendência de uma distribuição oscilar ao longo do intervalo temporal e em
qual direção se dá essa oscilação. Nesse sentido, é possível perceber uma forte
tendência de crescimento na proporção de HCs e processos classificados como
recursais que citam súmulas, ainda que, em um quadro mais geral, seja per-
ceptível que o percentual de referência a enunciados de súmulas no processo
decisório da Corte venha em ritmo crescente a partir de 2010 para todas as
classes analisadas, ressalvado o controle concentrado, que se mantém prati-
camente estável desde então. Também é possível observar uma tendência de
crescimento — exacerbada em 2018 — da proporção de mandados de seguran-
ça que citam súmulas.
Já o gráfico 2.8.3, que segue o padrão do gráfico anterior, apresenta a propor-
ção de decisões que citam especificamente súmulas vinculantes. A informação
que se destaca é, sem dúvida, a crescente proporção de decisões que citam súmu-
las vinculantes nas decisões de Reclamações, com um crescimento permanente
desde a regulamentação desse instrumento pela Lei nº 11.417, publicada em 19 de
dezembro de 2006, mas em vigor apenas três meses após a sua publicação. É
de se notar, por um lado, que o crescimento fosse esperado, uma vez que a Recla-
mação é o remédio cabível em face de decisão judicial ou do ato administrativo
que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo
indevidamente, nos termos do art. 7º da referida lei. Por outro lado, contudo, é
curioso perceber que o percentual de decisões que citam enunciados de súmu-
las vinculantes cresce radicalmente apenas a partir de 2009, movimento que

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 125


se nota igualmente após 2016. Nos anos de 2017 e 2018, pouco mais de 40% das
decisões em Reclamações citavam alguma súmula vinculante.
O gráfico também mostra que, quanto às demais classes analisadas, os pon-
tos de maior desvinculação do eixo X das linhas que quase sempre o tangenciam
se deram em 2009 e a partir de 2012. Nesse contexto, destaca-se o pico alcan-
çado pelo controle concentrado no ano de 2009 comparativamente a todas as
demais classes analisadas (incluindo as Reclamações). Esse dado, à luz do papel
tímido exercido pelas referências a súmulas no controle concentrado reveladas
no gráfico anterior, pode ser considerado surpreendente. Por fim, cabe notar que
o aumento na proporção de mandados de segurança que citam súmulas a partir
de 2017 parece estar sendo impulsionado pelas súmulas vinculantes.
Apresentado o quadro geral das referências a súmulas nas decisões da
Corte, passa-se a análises mais específicas sobre as súmulas mais citadas.

Número de citações por ano às súmulas


mais citadas do STF (1998-2018)

Gráfi co 2.8.4 A partir de 2003, o número de citações feitas à


Súmula 279 começou a aumentar consideravelmente.

126 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


No contexto das súmulas mais citadas no Supremo, é possível perceber a visí-
vel predominância da Súmula 279, a qual, desde 2007 tem sido a mais citada. A
partir de 2010, as Súmulas 280, 282 e 356 têm índices de citações muito pró-
ximos. Já a Súmula 288, por fim, apresenta uma constante queda desde 2005,
em aparente movimento de perda constante de importância.20
A diminuição do uso da Súmula 288, que nega provimento ao agravo que não
contiver peças de traslado obrigatório, está provavelmente correlacionada à vi-
gência da Lei 12.322/2010, que extinguiu a dupla tramitação, fazendo o agravo ser
incorporado nos próprios autos. Por isso, com base na regra tempus regit actum,
a Súmula 288 só se aplica aos agravos protocolados antes da vigência dessa lei.

Número de citações por ano às súmulas vinculantes


mais citadas do STF (2007-2018)

Gráfi co 2.8.5 A partir de 2010, o número de citações à


Súmula Vinculante 10 aumentou significativamente.

20. Súmula 279: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.” Súmula 280: “Por
ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário.” Súmula 282: “É inadmissível o recurso
extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.” Súmula
288: “Nega-se provimento a agravo para subida de recurso extraordinário, quando faltar no tras-
lado o despacho agravado, a decisão recorrida, a petição de recurso extraordinário ou qualquer
peça essencial à compreensão da controvérsia.” Súmula 356: “O ponto omisso da decisão, sobre o
qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário,
por faltar o requisito do prequestionamento.”

A mEnçãO A DEciSõES pASSADAS nO pROcESSO… 127


O gráfico 2.8.5 trata especificamente das principais súmulas vinculantes ci-
tadas pelo Supremo Tribunal Federal em números absolutos de citações. No
gráfico, pode-se observar clara predominância da Súmula 10, que estabelece
a necessidade da observância da cláusula de reserva de plenário (art. 97 da
CRFB) para o afastamento de incidência, no todo ou em parte, de leis por de-
cisão de órgão fracionário de tribunal, ainda que a sua inconstitucionalidade
não tenha sido declarada, com uma tendência de crescimento constante até o
ano de 2015. A Súmula 37, que dispõe não caber “ao Poder Judiciário, que não
tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o
fundamento de isonomia”, promulgada em 2014, apresenta um constante e
expressivo aumento no número de citações desde a sua criação. O número de
referências às demais súmulas, por fim, não variou significativamente desde
as suas respectivas datas de promulgação.

2.9 DECISÕES MAIS CITADAS

Se o presente trabalho possui como um dos seus objetivos centrais explorar a


influência de decisões passadas no processo decisório do Supremo, uma pergun-
ta importante a ser enfrentada é: quais são as decisões mais citadas pela Corte?
Para responder essa questão, foram analisadas as decisões mais mencionadas
nos últimos onze anos cobertos pelos dados deste trabalho, ou seja, o período
entre 2007 e 2018. O recorte escolhido se inicia com a consolidação da reforma
do judiciário e já foi utilizado em pesquisas empíricas sobre o STF.21 Ademais,
no presente tópico serão consideradas conjuntamente as decisões monocráticas
e as decisões colegiadas de todos os órgãos do Supremo. Por fim, é importante
destacar que as classificações por ramo do Direito apresentadas nos subtópi-
cos seguintes observam as classificações apresentadas pelo próprio Supremo.

21. Ver PEREIRA, Thomaz H. J. A; ARGUELHES, Diego W.; ALMEIDA, Guilherme F. C. F. Quem
decide no Supremo? Tipos de decisão colegiada no Tribunal (1988-2018). VIII Relatório Supre-
mo em Números. Rio de Janeiro: Editora FGV Direito Rio, 2020.

128 A j ustificação de decisões no Supremo


Organizou-se a apresentação em tabelas agrupadas em cinco grandes cate-
gorias: (i) as decisões mais citadas em todo o universo de decisões da Corte; (ii)
as decisões mais citadas por classe processual no universo de todas as decisões
do tribunal; (iii) as decisões mais citadas por ramos do Direito no universo de
todas as decisões da Corte; (iv) as decisões mais citadas por classe dentro do
universo de decisões da mesma classe; e (v) as decisões mais citadas por ramo
do Direito no universo de decisões do mesmo ramo.

2. 9.1 D ecisões mais citadas em todo o


universo de decisões do STF

Decisões mais citadas do STF

Súmulas e Decisões Número de Citações

Súmula 279 195516

Súmula 282 91064

Súmula 280 72337

Súmula 356 68224

AI 664567 38987

Súmula 636 33405

Súmula 287 32200

AI 760358 30324

Súmula 284 28859

ARE 748371 26881

É interessante perceber que a decisão mais citada na Corte, na realidade, é


a Súmula 279, que determina que “para simples reexame de prova não cabe
recurso extraordinário”.22 A súmula foi citada mais do que o dobro de vezes

22. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula 279. Disponível
em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2174>.
Acesso em: 1 abr. 2020.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 129


em relação à segunda decisão mais citada: a também Súmula 282.23 Como a
tabela evidencia, das dez manifestações da Corte mais citadas entre 2007 e
2018, sete eram súmulas.
O AI 664.56724 contém, excluídas as súmulas, a decisão mais citada no STF.
Nesta ação, o plenário da Corte decidiu, em questão de ordem, que é obrigatória
a comprovação de Repercussão Geral das questões constitucionais em qualquer
RE, incluindo os que tratam de temas criminais. Além disso, definiu ser necessá-
ria apresentação formal e fundamentada da Repercussão Geral, a qual pode ser
feita tanto no tribunal de origem quanto no Supremo. Determinou, ainda, que a
exigência se aplica aos recursos interpostos após o dia 3 de maio de 2007.25 Assim,
a decisão mais citada tratou em questão de ordem de temas procedimentais. O
julgado também aparece entre os mais citados em todos os temas individuais.
A segunda decisão mais citada excluídas as súmulas ocorreu no Agravo de
Instrumento 760.358.26 A ação, de relatoria do ministro Gilmar Mendes, tratou

23. Ver SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula 282. Disponível
em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2496>.
Acesso em: 1 abr. 2020.
2 4. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo de Ins-
trumento 664.567-2 Rio Grande do Sul. Questão de ordem. Recurso extraordinário, em maté-
ria criminal e a exigência constitucional da repercussão geral. Agravante: Orlando Duarte Al-
ves. Agravado: Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Relator: Ministro Sepúlveda
Pertence, 18 de junho de 2007. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
jsp?docTP=AC&docID=485554>. Acesso em: 31 mar. 2020.
25. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo de Ins-
trumento 664.567-2 Rio Grande do Sul. Questão de ordem. Recurso extraordinário, em maté-
ria criminal e a exigência constitucional da repercussão geral. Agravante: Orlando Duarte Al-
ves. Agravado: Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Relator: Ministro Sepúlveda
Pertence, 18 de junho de 2007. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
jsp?docTP=AC&docID=485554>. Acesso em: 31 mar. 2020.
26. V. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo de Ins-
trumento 760.358 Sergipe. Questão de Ordem. Repercussão Geral. Inadmissibilidade de agravo
de instrumento ou reclamação da decisão que aplica entendimento desta Corte aos processos
múltiplos. Competência do Tribunal de origem. Conversão do agravo de instrumento em agravo
regimental. Agravante: União. Agravada: Jacileide Dantas dos Santos. Relator: Presidente Mi-
nistro Gilmar Mendes, 19 de novembro de 2009. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/pagina-
dorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=608471>. Acesso em: 31 mar. 2020.

130 A j ustificação de decisões no Supremo


em sede de questão de ordem da inadmissibilidade de Agravo de Instrumen-
to ou Reclamação em face das decisões dos tribunais de origem que aplicam
aos casos respetivos, e que aguardavam decisão da Corte, o entendimento do
Supremo em Recurso Extraordinário com Repercussão Geral. No caso, os mi-
nistros entenderam que tais decisões não podem ser alvo de recurso ao pró-
prio Supremo, a menos que haja negativa do juiz em se retratar para seguir a
decisão da Corte Suprema.27
O caso é especialmente interessante para o presente estudo, pois, duran-
te seu voto, o ministro relator destacou a importância da reforma do Judi-
ciário, que introduziu, por meio da lei 11.418/06, o art. 543-B ao Código de
Processo Civil de 1973, o qual determinava que os recursos sobre o mesmo
tema deveriam aguardar a análise de leading case pelo STF.28
Assim, segundo o ministro, se a Corte permitisse a utilização do Agravo
de Instrumento para discussão de temas já debatidos, a situação voltaria a
ser como antes, quando todos os processos, inclusive com temas idênticos,
chegavam à Corte. “Caso contrário, se o STF continuar a ter que decidir caso
a caso, em sede de Agravo de Instrumento, mesmo que os Ministros da Cor-
te apliquem monocraticamente o entendimento firmado no julgamento do
caso-paradigma, a racionalização objetivada pelo instituto da repercussão
geral, de maneira alguma, será alcançada”.29

27. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Pedido de vista suspende debate sobre aplicação da reper-
cussão geral. Notícias STF, Brasília, 26 ago. 2009. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/
cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=112430&caixaBusca=N>. Acesso em: 31 mar. 2020.
2 8. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Pedido de vista suspende debate sobre aplicação da reper-
cussão geral. Notícias STF, Brasília, 26 ago. 2009. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/
cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=112430&caixaBusca=N>. Acesso em: 31 mar. 2020.
2 9. BR ASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo de
Instrumento 760.358 Sergipe. Questão de Ordem. Repercussão Geral. Inadmissibilidade
de agravo de instrumento ou reclamação da decisão que aplica entendimento desta Corte
aos processos múltiplos. Competência do Tribunal de origem. Conversão do agravo de ins-
trumento em agravo regimental. Agravante: União. Agravada: Jacileide Dantas dos Santos.
Relator: Presidente Ministro Gilmar Mendes, 19 de novembro de 2009, p. 6-7. Disponível em:
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=608471>. Acesso em:
31 mar. 2020.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 131


Desse modo, considerando a temática sensível, o agravo aparece entre
as dez decisões mais citadas entre as decisões de Direito Administrativo e
Direito Público, Direito Civil, Consumidor e Tributário no universo de to-
das as decisões do Supremo.

2. 9. 2 D ecisões mais citadas por classe processual


entre todas as decisões do STF

É interessante destacar a equivalência existente entre a decisão mais citada


de cada classe processual tanto no universo geral das decisões do STF quan-
to no universo endógeno de cada classe. A grande exceção está nas decisões
da classe “Controle de Constitucionalidade”.

Decisões de Controle de Constitucionalidade mais citadas do STF

Decisões Número de Citações

ADI 3395 6754

ADC 16 6736

ADI 4357 5194

ADI 4425 4273

ADI 1232 1826

ADC 1 1364

ADI 1662 1328

ADC 43 1218

ADI 2323 1210

ADC 44 1133

Quando observadas as decisões de controle de constitucionalidade mais


citadas do STF, é possível perceber a grande discrepância entre o número
de citações das primeiras quatro ações mais citadas para as demais.
A ADI 3395 teve seu mérito julgado apenas em 2020, sendo possível in-
ferir, portanto, que as referências capturadas na tabela acima são à decisão

132 A j ustificação de decisões no Supremo


liminar proferida pelo Plenário em 2006. 30 Naquela ocasião, o órgão cole-
giado confirmou liminar monocraticamente concedida pelo ministro Nel-
son Jobim durante o período de recesso para dar interpretação conforme
à Constituição ao art. 114, I, da CRFB/88, introduzido pela EC 45/2004. A
interpretação adotada restringiu a competência da Justiça do Trabalho às
relações de trabalho em sentido estrito, preservando a competência da justiça
comum para julgar casos envolvendo servidores estatutários. A liminar foi
finalmente confirmada quando do julgamento definitivo do mérito em 2020.
A segunda ação mais citada é a ADC 16, que tratou da responsabilida-
de subsidiária da Administração Pública nos contratos de trabalhadores
terceirizados, declarando a constitucionalidade de dispositivo legal que
vedava a responsabilidade automática da Administração por inadimplên-
cia de seus contratados. 31 A ADI 4357, por sua vez, é a terceira ação de con-
trole mais citada no universo em análise. A ação, relatada pelo ministro
Ayres Britto, tratou da suspensão da eficácia da Emenda Constitucional

30. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Ação Direta de Inconstitucionalidade 3395
Distrito Federal. Inconstitucionalidade. Ação direta. Competência. Justiça do Trabalho. In-
competência reconhecida. Causas entre o Poder Público e seus servidores estatutários. Ações
que não se reputam oriundas de relação de trabalho. Conceito estrito desta relação. Feitos da
competência da Justiça Comum. Interpretação ao art. 114, inc. I, da CF, introduzido pela EC
45/2004. Precedentes. Liminar deferida para excluir outra interpretação. O disposto no art.
114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e
servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária. Requerente: AJUFE. Relator:
Ministro Cezar Peluso, 05 de abril de 2006. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginador-
pub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=390700>. Acesso em: 15 fev. 2021.
31. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Ação Declaratória de Constitucionalidade 16
Distrito Federal. Responsabilidade Contratual. Subsidiária. Contrato com a administração
pública. Inadimplência negocial do outro contraente. Transferência consequente e automática
dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução do contrato, à ad-
ministração. Impossibilidade jurídica. Consequência proibida pelo art. 71, § 1º, da Lei Federal
8.666/93. Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação direta de constitucionalidade
julgada, nesse sentido, procedente. Voto vencido. É constitucional a norma inscrita no art. 71,
§ 1º, da Lei Federal 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei 9.032, de 1995.
Requerente: Governador do Distrito Federal. Relator: Ministro Cezar Peluso, 24 de novembro
de 2010. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&do-
cID=627165>. Acesso em: 31 mar. 2020.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 133


62/2009, que alterou o regime de pagamento dos precatórios. 32 A ação foi
julgada em 2013 e o plenário do STF, por maioria, julgou a emenda parcial-
mente inconstitucional. Com a decisão, foram declarados inconstitucio-
nais dispositivos do art. 100 da Constituição Federal, que institui regra
geral para precatórios, e integralmente inconstitucional o art. 97 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que cria o regime
especial para o seu pagamento. 33

HCs mais citados no STF

Decisões Número de Citações

HC 118189 3606

RHC 114961 2466

HC 116875 2409

HC 109956 2409

HC 117346 2407

HC 117798 2406

RHC 114737 2396

HC 85185 2184

HC 121684 2161

HC 122381 2134

O HC mais citado diz respeito à competência do STF para receber pedidos


de habeas corpus contra decisões monocráticas do STJ, tema condizente
com o disposto pela Súmula 691, que é a decisão de Direito Penal e Proces-

32. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PEC dos Precatórios: relator pede informações a tribunais
e Secretarias de Fazenda para analisar o mérito da ação. Notícias STF, Brasília, 6 jan. 2010. Dis-
ponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=118360&-
caixaBusca=N >. Acesso em: 7 abr. 2020.
33. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF julga parcialmente inconstitucional emenda dos
precatórios. Notícias STF, Brasília, 14 mar. 2013. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/
cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=233520&caixaBusca=N>. Acesso em: 7 abr. 2020.

134 A j ustificação de decisões no Supremo


sual Penal mais citada do tribunal. Por unanimidade, a Segunda Turma
não conheceu o HC. 34

MSs mais citados no STF

Decisões Número de Citações

MS 28371 916

MS 28982 876

MS 28279 839

RMS 22307 662

MS 28440 639

MS 28551 627

MS 28273 620

MS 31445 466

MS 32060 456

MS 22604 417

É interessante perceber que o número de citações quando em cena os Man-


dados de Segurança é menor, principalmente quando comparados com as
demais classes. Nesse caso, o MS mais citado tratava da impossibilidade de
delegação de atividade notarial ou cartorária extrajudicial sem aprovação
prévia em concurso público após a Constituição de 1988. 35

3 4. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (2ª Turma). Habeas Corpus 118.189 Minas Gerais. Habeas
Corpus. Constitucional. Penal. Decisão monocrática que negou seguimento a Recurso Especial.
Supressão de instância. Impetração não conhecida. Paciente: Eliana de Lourdes Pereira. Impe-
trante: Bernardo Diogo de Vasconcelos Murta. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski, 19 de
novembro de 2013. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=-
TP&docID=5698164>. Acesso em: 31 mar. 2020.
3 5. BR ASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Agravo Regimental em Mandado de Se-
gurança 28.371 Distrito Federal. Constitucional. Mandado de Segurança. Delegação de
Atividade Notarial ou Cartorária Extrajudicial. Ingresso após a Promulgação da Constitui-
ção de 1988. Necessária Prévia aprovação em Concurso Público. Agravante: Laura Fogliatto
Dors. Agravado: Presidente do Conselho Nacional de Justiça. Agravado: Relator do PCA No
200810000009641 do Conselho Nacional de Justiça. Relator: Ministro Joaquim Barbosa,

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 135


Já o segundo MS mais citado é o 28.982, de relatoria do ministro Gilmar
Mendes, e decidido por unanimidade no plenário do tribunal em 2010. O
julgamento determinou não caber Mandado de Segurança contra ato juris-
dicional de ministro do STF e a irrecorribilidade da decisão que reconhece
a repercussão geral de uma questão constitucional. 36

Decisões recursais mais citadas no STF

Decisões Número de Citações

ARE 748371 26923

ARE 696347 13562

ARE 691595 13558

ARE 696263 13530

RE 415454 10524

RE 540410 10341

RE 416827 10115

ARE 739022 9907

ARE 760564 9864

ARE 763484 9864

A decisão recursal mais citada no STF é o ARE 748371. O julgado tratou de


agravo contra decisão de inadmissibilidade de recurso extraordinário inter-
posto em face de acórdão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O recurso

13 de dezembro de 2012. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.


jsp?docTP=TP&docID=3442542>. Acesso em: 31 mar. 2020.
36. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Agravo Regimental em Mandado de Seguran-
ça 28.982 Pernambuco. Agravo Regimental em Mandado de Segurança. Não cabe mandado de
segurança contra ato jurisdicional de Ministro do STF. Irrecorribilidade da decisão que aplica
a sistemática da repercussão geral. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.
Agravante: Associação dos Servidores Públicos Federais da Saúde. Agravado: Relator do Agravo
Regimental no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário 595725. Relator: Ministro Gilmar
Mendes, 16 de setembro de 2010. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/pagina-
dor.jsp?docTP=AC&docID=615467>. Acesso em: 7 abr. 2020.

136 A j ustificação de decisões no Supremo


extraordinário fundou-se em suposta violação ao princípio da ampla defesa,
em virtude da ausência de intimação da parte para manifestação acerca de
cálculos referentes à purgação da mora que fora requerida. 37
O recurso foi negado pela ausência de matéria constitucional, pois, se-
gundo o relator, o caso envolvia suposta má aplicação da legislação infra-
constitucional, sobretudo do Código de Processo Civil. O ministro relator
afirmou, também, que a jurisprudência da Corte é uníssona no sentido de que
a suposta afronta aos princípios do contraditório, do devido processo legal
e dos limites da coisa julgada, se dependente de prévia violação de normas
infraconstitucionais, configura ofensa meramente reflexa ao texto constitu-
cional.38 Destarte, negada a questão constitucional, restou não reconhecida
também a alegada repercussão geral ao recurso.

37. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Repercussão Geral no Recurso Extraordinário
com Agravo 748.371 Mato Grosso. Alegação de cerceamento do direito de defesa. Tema relativo à
suposta violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do
devido processo legal. Julgamento da causa dependente de prévia análise da adequada aplicação
das normas infraconstitucionais. Rejeição da repercussão geral. Reclamante: Banco Volkswagen
S/A. Reclamado: Eliane Xavier. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 06 de junho de 2013, p. 2. Dis-
ponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4237636>.
Acesso em: 31 mar. 2020. No caso, o recorrido tornou-se inadimplente em relação a contrato que
houvera celebrado com a recorrente, razão pela qual ajuizou ação de busca e apreensão de bem
dado em garantia. Ocorre que o recorrido postulou a purgação da mora, nos termos do § 2º do
art. 3º da do Decreto-Lei 911/1969, o que foi deferido pelo juízo a quo. Em seguida, os autos fo-
ram encaminhados à Contadoria, para apuração do cálculo referente à purgação da mora, sem
intimação do recorrente para que se manifestasse sobre o pedido formulado.
38. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Repercussão Geral no Recurso Extraordinário
com Agravo 748.371 Mato Grosso. Alegação de cerceamento do direito de defesa. Tema relativo à
suposta violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do
devido processo legal. Julgamento da causa dependente de prévia análise da adequada aplicação
das normas infraconstitucionais. Rejeição da repercussão geral. Reclamante: Banco Volkswagen
S/A. Reclamado: Eliane Xavier. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 06 de junho de 2013, p. 6. Dis-
ponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4237636>.
Acesso em: 31 mar. 2020. No caso, o recorrido tornou-se inadimplente em relação a contrato que
houvera celebrado com a recorrente, razão pela qual ajuizou ação de busca e apreensão de bem
dado em garantia. Ocorre que o recorrido postulou a purgação da mora, nos termos do § 2º do
art. 3º da do Decreto-Lei 911/1969, o que foi deferido pelo juízo a quo. Em seguida, os autos fo-
ram encaminhados à Contadoria, para apuração do cálculo referente à purgação da mora, sem
intimação do recorrente para que se manifestasse sobre o pedido formulado.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 137


O mesmo recurso aparece entre as decisões mais citadas em Direito
Administrativo e Direito Público, Direito Civil, Direito do Consumidor
e Direito Tributário, entre todas as decisões no STF. No caso de Direito
Tributário, a ação igualmente aparece no universo de decisões do mes-
mo tema.
Logo, por se tratar de julgamento que abordou especialmente questões
processuais, e mais uma vez sobre o processo decisório da própria Cor-
te, a decisão aparece com certa frequência nas demais decisões do STF.

Outras decisões mais citadas no STF

Decisões Número de Citações

AI 664567 39155

AI 760358 30710

AI 791292 18060

RCL 7569 14469

AI 717821 13305

RCL 9471 10544

AI 820365 9864

AI 360265 8967

RCL 16356 8457

RCL 11633 7650

As três ações mais citadas na categoria “outras”, entre todas as decisões do


STF, tratam de alguma maneira sobre o tema “Repercussão Geral”. A deci-
são mais citada foi o AI 664567, que afirmou a aplicabilidade do requisito
aos processos discutindo matéria penal.39

39. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Questão de Ordem em Agravo de Instrumento
664567 Rio Grande do Sul. Ementa omitida. Agravante: Orlando Duarte Alves. Agravado: Mi-
nistério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Relator: Ministro Sepúlveda Pertence, 18 de
junho de 2007. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=A-
C&docID=485554>. Acesso em: 15 de fev. 2021.

138 A j ustificação de decisões no Supremo


A segunda decisão mais citada dentro da categoria “outras”, entre todas
as decisões do STF, é o AI 760.358, que, em sede de questão de ordem, tra-
tou sobre a possibilidade de decisões da Corte em recursos extraordinários
com repercussão geral reconhecida, que quando aplicadas pelos tribunais
de origem nos casos repetidos e que aguardavam essa decisão, não pode-
riam ser alvo de recurso ao próprio Supremo, apenas se e quando ocorresse
negativa do juiz em seguir a decisão da própria Corte.40
A terceira decisão mais citada neste recorte foi o AI 791.292. Prelimi-
narmente, em sede de questão de ordem, a Corte reafirmou a jurisprudência
consoante a qual o art. 93, IX, da Constituição Federal exige que acórdão ou
decisão sejam fundamentados, ainda que não seja estabelecido o exame por-
menorizado de cada uma das alegações ou provas apresentadas. Ademais,
para a solução da questão de ordem suscitada, o tribunal decidiu também
que o STF e outros tribunais fossem autorizados a adotar procedimentos
relacionados à Repercussão Geral sempre que as decisões contrariem ou
confirmarem a jurisprudência ora reafirmada.41

4 0. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Plenário decide que não cabe recurso ao STF para solu-
cionar equívocos na aplicação da repercussão geral. Notícias STF, Brasília, 23 nov. 2009. Dis-
ponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=116369&-
caixaBusca=N>. Acesso em: 7 abr. 2020.
41. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Repercussão Geral na Questão de Ordem no
Agravo de Instrumento 791.292 Pernambuco. Questão de ordem. Agravo de Instrumento.
Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, § §3º e 4º). Alegação de ofensa aos incisos
XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal. Inocorrência. O art. 93,
IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que
sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações
ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. Questão de ordem acolhida para
reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar provimento ao
recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à repercussão geral. Agravante:
HSBC Bank Brasil S/A - Banco Múltiplo. Agravado: Fernando Soares de Lima. Relator: Minis-
tro Gilmar Mendes, 23 de junho de 2010. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/
paginador.jsp?docTP=AC&docID=613496> Acesso em: 7 abr. 2020.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 139


2. 9. 3 D ecisões mais citadas por ramo do Direito
entre todas as decisões do STF

No presente subtópico, a maioria das decisões apontadas como a mais citada


é convergente com a decisão mais citada de algum item do subtópico anterior,
já examinada neste estudo. Uma explicação possível, conforme mencionado,
pode ser o fato de as decisões versarem sobre temas mais amplos, em geral
questões procedimentais ou ligadas ao processo decisório do Supremo, ou
seja, questões comuns aos diversos temas tratados na Corte.

Decisões Administrativas e outras matérias de Direito Público mais citadas no STF

Decisões Número de Citações

AI 664567 14410

ARE 748371 10232

AI 791292 9052

ARE 691595 6597

ARE 696347 6594

ARE 696263 6587

AI 717821 6510

AI 760358 5645

RE 870947 5071

RE 561836 3345

Decisões de Direito Civil mais citadas no STF

Decisões Número de Citações

AI 760358 7742

AI 664567 6765

ARE 835833 5842

RE 870947 4697

RCL 7569 4296

140 A j ustificação de decisões no Supremo


Decisões de Direito Civil mais citadas no STF

Decisões Número de Citações

ARE 748371 4185

ARE 739022 3639

ARE 763484 3632

AI 820365 3632

ARE 760390 3632

Decisões de Direito do Consumidor mais citadas no STF

Decisões Número de Citações

AI 760358 3503

ARE 748371 3151

AI 664567 3038

RCL 7569 2003

AI 791292 1527

ARE 739022 1462

AI 820365 1462

ARE 763484 1461

ARE 694491 1460

ARE 674019 1460

Quando o foco recai sobre as decisões envolvendo questões de Direito Penal


e Processual Penal mais citadas no universo de decisões do STF, a manifes-
tação anterior da Corte com o maior número de menções é a Súmula 691,
segundo a qual “[n]ão compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de
habeas corpus impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus
requerido a tribunal superior, indefere a liminar”.42 É de se destacar, na

42. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula 691. Diário da Jus-
tiça, 13 out. 2003. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario-
Sumulas.asp?sumula=1480>. Acesso em: 31 mar. 2020.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 141


verdade, o papel do Direito sumular no tema: das dez decisões mais cita-
das, seis dizem respeito a súmulas da Corte.

Decisões de Direito Penal e Processual Penal mais citadas no STF

Decisões/Súmulas Número de Citações

Súmula 691 20284

Súmula 279 11837

Súmula 282 6063

AI 664567 5239

Súmula 356 4171

HC 118189 3582

Súmula 699 3340

Súmula 287 2876

ARE 748371 2455

RHC 114961 2455

Decisões de Direito Tributário mais citadas no STF

Decisões Número de Citações

ARE 748371 8129

RE 540410 3962

AI 791292 3533

AI 664567 3380

AI 715423 2358

RE 593068 1955

AI 760358 1951

ARE 691595 1851

ARE 696263 1849

ARE 696347 1841

142 A j ustificação de decisões no Supremo


2. 9.4 D ecisões mais citadas por classe dentro do
universo de decisões da mesma classe

Em relação às decisões de controle de constitucionalidade, quando ana-


lisadas as decisões mais citadas dentro do universo total de decisões do
STF, o número de citações é expressivamente maior que aquele resultante
de um olhar endógeno à própria classe. A decisão de controle de constitu-
cionalidade mais citada no universo total de manifestações do tribunal,
como visto no item 2.9.2, é a ADI 3395, mencionada 6754 vezes. Já a ADI
709,43 mais citada no universo das decisões da própria classe, foi mencio-
nada apenas 145 vezes. São duas as explicações possíveis para essa redução
tão considerável. A primeira seria a significativa diminuição do universo
de decisões buscadas. A segunda explicação possível seria a diminuição de
temas repetidos na classe. Teoricamente, o tribunal não deveria enfrentar
diversas vezes temas congruentes em sede de controle concentrado, motivo
pelo qual tais decisões exerceriam uma maior influência nas decisões de
controle difuso do que nas decisões da própria classe.

Decisões de Controle de Constitucionalidade mais cita-


das entre as decisões de Controle no STF

Decisões Número de Citações

ADI 709 145

ADI 2321 97

ADI 2215 93

ADI 2060 85

4 3. Ver BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Ação Direta de Inconstituciona-
lidade 709-2 Paraná. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Objeto da Ação. Revogação Su-
perveniente da Lei Argüida de Inconstitucional. Prejudicialidade da Ação. Controvérsia. Re-
querente: Governador do Estado do Paraná. Requeridos: Governador do Estado do Paraná e
Assembléia Legislativa do Estado do Paraná. Relator: Ministro Paulo Brossard, 07 de outubro
de 1992. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&do-
cID=266503>. Acesso em: 1 abr. 2020.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 143


Decisões de Controle de Constitucionalidade mais cita-
das entre as decisões de Controle no STF

Decisões Número de Citações

ADI 2207 84

ADI 563 83

ADI 593 74

ADPF 104 69

ADI 520 66

ADI 3885 66

Decisões em HC mais citadas entre as decisões de HC no STF

Decisões Número de Citações

HC 118189 3601

RHC 114961 2466

HC 116875 2409

HC 117346 2407

HC 117798 2406

RHC 114737 2396

HC 109956 2239

HC 85185 2170

HC 121684 2161

HC 122381 2134

Decisões em MS mais citadas entre as decisões de MS no STF

Decisões Número de Citações

MS 28371 822

MS 28279 620

MS 28273 539

MS 28440 533

144 A j ustificação de decisões no Supremo


Decisões em MS mais citadas entre as decisões de MS no STF

Decisões Número de Citações

MS 22604 417

MS 25697 364

MS 25525 353

MS 24927 353

MS 30916 345

MS 28953 313

Decisões recursais mais citadas entre as decisões recursais no STF

Decisões Número de Citações

ARE 748371 25848

ARE 696347 13222

ARE 691595 13218

ARE 696263 13190

ARE 739022 9844

ARE 760564 9808

ARE 760390 9805

ARE 734010 9805

ARE 763484 9804

ARE 674019 9802

Decisões em Outros mais citadas entre as decisões Outros no STF

Decisões Número de Citações

AI 664567 11269

AI 214562 4270

AI 238917 4104

AI 436371 3886

AI 204057 3884

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 145


Decisões em Outros mais citadas entre as decisões Outros no STF

Decisões Número de Citações

AI 454352 3878

AI 431665 3874

AI 481544 3873

AI 436010 3854

AI 215724 3583

2. 9. 5 D ecisões mais citadas por ramo do Direito


no universo de decisões do mesmo ramo

Decisões em Direito Administrativo e outras matérias de Direito


Público mais citadas entre as decisões do mesmo ramo no STF

Decisões Número de Citações

AI 791292 9052

ARE 691595 6597

ARE 696347 6594

AI 717821 6510

RE 870947 5071

RE 561836 3345

AI 360265 2917

ADI 4357 2830

RE 453740 2538

MI 721 2470

A decisão mais citada de Direito Administrativo e outras matérias de Di-


reito Público entre as decisões do mesmo ramo é o AI 791.292, que tam-
bém aparece como uma das decisões mais citadas na categoria “outros”, no
universo total de decisões do STF. A segunda decisão mais citada é o ARE
691595, a qual também diz respeito à aplicação do instituto da Repercus-

146 A j ustificação de decisões no Supremo


são Geral. O recurso foi decidido em 2013 pela Segunda Turma do STF. No
acórdão relatado pelo ministro Ricardo Lewandowski, ficou decidido que
é fundamental a demonstração, nas razões do recurso extraordinário, em
preliminar formal e fundamentada, a existência de repercussão geral das
questões constitucionais debatidas no caso.44

Decisões em Direito Civil mais citadas entre as decisões do mesmo ramo no STF

Decisões Número de Citações

ARE 835833 5842

RE 870947 4697

ARE 674019 3632

AI 820365 3632

ARE 691595 1906

ARE 696263 1905

RE 140370 1559

RE 592377 1487

AI 594887 712

AI 622814 690

A decisão de Direito Civil mais citada é o ARE 835833, que tratou do


cabimento de recursos extraordinários contra decisões de Juizados Es-
peciais Cíveis estaduais. No caso, a Corte decidiu que só deveriam ser
admitidos tais recursos em situações extremamente excepcionais, nas
quais o requisito da Repercussão Geral estivesse justificado com indi-

4 4. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Segunda Turma). Agravo Regimental no Recurso Ex-
traordinário com Agravo 691.595 São Paulo. Agravo Regimental no Recurso Extraordiná-
rio com Agravo. Ausência de fundamentação da preliminar de Repercussão Geral das questões
constitucionais suscitadas. Agravo improvido. Agravante: M. F. S. A. Representada por Genusia
Maria da Silva. Agravado: Maritima Seguros S/A.. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski em
5 de fevereiro de 2013. Disponível em <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?doc-
TP=TP&docID=3433523> Acesso em: 7 abr. 2020.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 147


cação detalhada das circunstâncias concretas e dos dados objetivos ca-
pazes de evidenciar a relevância econômica, política, social ou jurídica
da matéria em discussão.45

Decisões do Consumidor mais citadas entre as decisões do mesmo ramo no STF

Decisões Número de Citações

AI 820365 1462

RE 956302 1330

RE 592377 967

ARE 743771 926

RE 571572 898

RE 567454 698

RE 602136 665

AI 600437 625

ARE 901963 608

AI 553872 534

Decisões do Penal e do Processo Penal mais citadas en-


tre as decisões do mesmo ramo no STF

Decisões Número de Citações

AI 664567 5234

RHC 114961 2455

HC 116875 2399

HC 117346 2397

RHC 114737 2386

HC 109956 2261

45. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REs em causas de juizados especiais cíveis são admitidos
apenas em situações excepcionais. Notícias STF, Brasília, 27 mar. 2015. Disponível em: <http://
www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=288307&caixaBusca=N>. Acesso
em: 31 mar. 2020.

148 A j ustificação de decisões no Supremo


Decisões do Penal e do Processo Penal mais citadas en-
tre as decisões do mesmo ramo no STF

Decisões Número de Citações

HC 121684 2155

HC 122381 2128

HC 122718 2060

HC 126292 1952

Decisões de Tributário mais citadas entre as decisões do mesmo ramo no STF

Decisões Número de Citações

ARE 748371 8129

AI 715423 2358

RE 593068 1955

RE 565160 1445

ADC 1 1333

ARE 745901 1302

RE 611505 1295

RE 357950 1135

RE 377457 1100

RE 256588 978

Em convergência com os demais recortes, é possível perceber que a grande


maioria das ações citadas com mais frequência nas diversas áreas do Direito
pelo Supremo Tribunal Federal envolve questões eminentemente processuais.

A MENÇÃO A DECISÕES PASSADAS NO PROCESSO… 149


III. O compor tamento indiv idual
e as interações entre os ministros

3 .1 POR QUE ANALISAR O


COMPORTAMENTO INDIVIDUAL?

Uma das linhas interessantes que podemos seguir a partir dos dados coleta-
dos no presente trabalho diz respeito ao comportamento dos ministros na
sua prática justificatória de citar decisões judiciais. Em um tribunal marcado
também pelos excepcionais poderes de agenda, de sinalização e mesmo de de-
cisão formal de que gozam, individualmente, os seus ministros,1 um retrato
abrangente sobre o processo de justificação das decisões no Supremo não po-
deria se limitar a tratar a Corte como um todo. Em uma realidade igualmente

1. ARGUELHES, Diego Werneck; RIBEIRO, Leandro Molhano. Ministrocracia: o Supre-


mo Tribunal individual e o processo democrático brasileiro. Novos Estudos CEBRAP, São
Paulo, v. 37, n. 1, p. 27, jan./abr. 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pi-
d=S0101-33002018000100013&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 21 nov. 2019.

151
marcada pelo que já se chamou de “ministrocracia”,2 observar quem são os
ministros autores das decisões citantes e das decisões citadas se mostra um
caminho útil para identificar influências e redes de relações na Corte.
Isso porque, se, por um lado, o modelo seriatim de construção de decisões e
o diagnóstico de monocratização sugerem baixos níveis de colegialidade entre
os ministros, talvez o quadro se altere quando um grande número de dados
seja analisado. Essa hipótese, na verdade, já foi especificamente testada por
Fabiana Luci de Oliveira, que analisou 1.277 ações diretas de inconstituciona-
lidade (ADINs) julgadas pelo tribunal entre 1999 e 2006, visando a identificar
“coalizões temporárias e grupos exclusivos constantes (“panelinhas”)”. 3 A
principal conclusão da autora é a de que “[m]inistros nomeados por um mes-
mo Presidente da República são mais propensos a votar em conjunto do que
a dividir os seus votos e que a coesão verificada entre os Ministros nomeados
por um mesmo Presidente é maior que a coesão da corte de maneira geral”.4
Diante desse contexto, colocam-se dois problemas iniciais de pesquisa
nesta parte do trabalho: (i) os ministros costumam citar decisões de sua
própria relatoria?; (ii) quais são as relações mais comuns de citações entre
os diferentes ministros? Essa segunda pergunta ainda pode ser desdobrada
em outras duas mais específicas: para cada ministro, quais são os colegas
que ele mais cita e quais são os colegas que mais o citam?
É importante perceber que, conforme apontado por Danilo Almeida e An-
dre Bogossian, a maioria absoluta dos acórdãos, sobretudo após 2005, conta
apenas com o voto do ministro relator, enquanto os demais ministros limitam-

2. ARGUELHES, Diego Werneck; RIBEIRO, Leandro Molhano. Ministrocracia: o Supre-


mo Tribunal individual e o processo democrático brasileiro. Novos Estudos CEBRAP, São
Paulo, v. 37, n. 1, p. 27, jan./abr. 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pi-
d=S0101-33002018000100013&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 21 nov. 2019.
3. OLIVEIRA, Fabiana Luci de. Processo decisório no Supremo Tribunal Federal: coalizões e “pa-
nelinhas”. Revista Sociologia Política, Curitiba, v. 20, n. 44, p. 139-153, nov. 2012.
4. Id. p. 152. A grande exceção é o ministro Marco Aurélio, “que apresentou um comportamento
de voto dissonante do tribunal como um todo — Marco Aurélio foi vencido em 73% das vezes em
que participou de decisões não unânimes, sendo que se comportou de modo isolado em 55% das
vezes em que se opôs à maioria do Tribunal”.

152 A j ustificação de decisões no Supremo


-se a acompanhar a sua manifestação.5 Considerando tal realidade, optou-se
metodologicamente, no presente estudo, por agrupar as decisões por relator
como o reflexo das decisões do tribunal. Para identificar o relator atual, sele-
cionamos, para cada processo, qual foi o último ministro ou ministra a proferir
uma decisão monocrática nos autos. Assim, os raros casos nos quais o relator
ficou vencido continuam sendo computados, nas estatísticas a seguir, como
relacionados ao ministro que relatou o processo. Essa é uma fonte de erro,
dado que, em geral, a citação posterior é feita levando em consideração a posi-
ção vencedora. Acreditamos, porém, pelas razões supra, que a quantidade de
erro é suficientemente pequena para justificar a presente estratégia. De toda
forma, reportamos em separado as análises circunscritas aos universos de
decisões colegiadas (onde há esse erro) e monocráticas (onde ele não ocorre).
Essa opção foi feita por dois motivos: em primeiro lugar, porque o desafio
envolvido em identificar quais pontos de cada acórdão contêm as manifesta-
ções de cada ministro é elevado; em contrapartida, sabemos quem é o ministro
relator em cada processo e que, na maioria das vezes, este é o único voto subs-
tantivo. Em segundo lugar, porque a exclusão das decisões colegiadas envol-
veria ignorar algumas das decisões mais importantes do tribunal a partir de
perspectivas jurídicas ou políticas. Inquestionavelmente, porém, pesquisas fu-
turas devem se aproveitar de métodos mais sofisticados para analisar de forma
mais precisa a dinâmica de citações entre ministros em decisões colegiadas.
Na presente parte desta investigação, pretendemos enfrentar as ques-
tões mencionadas na ordem em que foram apresentadas. Para saber qual
era o relator da decisão, usamos o dado relativo ao relator atual do processo.
Naturalmente, essa heurística significa que teremos alguns erros de atribui-
ção. Isso acontece porque pode ser que tenha havido uma troca de relatoria
durante o processo, de maneira que o relator da decisão citada não era mais
o relator atual no momento da nossa pesquisa. É preciso, por isso, assumir

5. ALMEIDA, Danilo dos Santos; BOGOSSIAN, André Martins. Nos termos do voto do relator:
considerações acerca da fundamentação coletiva nos acórdãos do STF. Revista de Estudos Ins-
titucionais, [s. l.], v. 2, n. 1, p. 263-297, jul. 2016.

O COMPORTAMENTO INDIVIDUAL E AS INTER AÇÕES … 153


algum nível de erro nas análises que se seguem. Por outro lado, conforme
mencionado, o fato de que a maioria das decisões colegiadas são guiadas pelo
voto do relator deve nos dar alguma segurança a respeito dos dados.

3 . 2 MÉTODO

Neste capítulo, foram usadas as mesmas técnicas empregadas ao longo deste


estudo para identificar citações a decisões do STF. Cada citação envolve, ne-
cessariamente, uma decisão citante e um processo citado. Conforme explica-
do ao início deste trabalho, na parte destinada ao método, porém, é possível
definir o processo citado, mas não se sabe exatamente qual foi a decisão ci-
tada entre todas as possíveis no processo — por exemplo, liminar ou mérito.
A partir da identificação desses dois elementos (processo citante e processo
citado), as informações na base sobre quem era o ministro relator do processo
citante e quem era o ministro relator do processo citado foram buscadas. Em
ambos os casos, a informação se refere ao relator atual do processo segundo
a classificação feita pelo próprio STF. Quando o ministro relator desses dois
processos era o mesmo — e.g., quando uma decisão em um processo sob re-
latoria da ministra Cármen Lúcia citava outro processo sob sua relatoria —,
as citações foram consideradas como autocitações. Quando os relatores eram
diferentes, as citações foram consideradas como heterocitações.
Cada um desses passos envolve simplificações que podem levar a erros.
Portanto, pode ser que tenha existido uma troca na relatoria de um processo
e algumas das citações que estão sendo contadas como autocitações sejam,
na verdade, heterocitações — e vice-versa. Por outro lado, é possível que um
ministro esteja citando um voto vencido em uma decisão colegiada, com
possíveis implicações para a nossa categorização, já que a citação não será
do ministro que terminou como relator do processo. Partindo, em suma,
das premissas de que (i) alterações de relatoria são relativamente raras, (ii)
o único voto substantivo na maior parte das decisões colegiadas é produzi-
do pelo ministro relator, (iii) poucas decisões possuem votos vencidos e (iv)

154 A j ustificação de decisões no Supremo


poucas citações são de votos vencidos, acreditamos que as simplificações não
afetem significativamente as análises que se seguem.
O universo de ministros analisados inclui os 11 que atualmente integram
a Corte. Como o relatório foi construído com o uso de informações até o ano
de 2018, optou-se também por incluir o ministro Teori Zavascki, que fale-
ceu no dia 19 de janeiro de 2017 e permaneceu no tribunal por quatro anos.6
Além disso, as análises subsequentes incorporam ministros considerados
pelos autores influentes na trajetória do tribunal desde a promulgação da
Constituição Federal. São eles os ministros Moreira Alves, Sepúlveda Perten-
ce, Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Ellen Gracie, Eros Grau e Cezar Peluso.

3 . 3 AUTOciTAçõES E hETEROciTAçõES

Percentual de citações e decisões próprias por ministro — STF (1998-2018)

Gráfi co 3.3.1.1 A ministra Cármen Lúcia apresenta o maior


percentual de citações feitas às próprias decisões.

6. Ver SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Teori Zavascki foi ministro do STF por quatro anos.
Notícias STF, Brasília, 20 jan. 2017. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoti-
ciaDetalhe.asp?idConteudo=334228. Acesso em: 29 mar. 2020.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 155


Percentual de citações e decisões próprias por ministro
em monocráticas e colegiadas do STF (1998-2018)

Gráfi co 3.3.1.2 Nota-se que há grande diferença na porcentagem de


autocitações da primeira ministra em relação aos demais colegas.

Os gráficos anteriores mostram a porcentagem de autocitações por minis-


tro (ou seja, citações a processos de relatoria própria) em relação ao total
de citações feitas pelo ministro em suas manifestações, incluindo decisões
monocráticas e colegiadas.
É curioso notar como há uma grande diferença entre a porcentagem de
autocitações da ministra Cármen Lúcia em relação aos outros ministros, tan-
to no caso das monocráticas quanto das colegiadas, uma vez que a ministra
é a única que ultrapassa a marca de 15% de autocitações.

156 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões sob relatoria
de outros ministros — STF (1998-2018)

3.3.2 A ministra Cármen Lúcia é a mais citada em decisões


sob relatorias de outros ministros do Supremo.

Parte desse resultado pode ser explicado pela quantidade de processos que
cada ministro já relatou dentro do universo de processos do STF. Quanto
mais processos o ministro já relatou, maior o estoque de decisões relatadas
pelo próprio ministro que podem ser citadas. Isso explica porque ministros
em atividade durante um grande período ocupam as primeiras posições da
lista, como Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Mar-
co Aurélio e Celso de Mello. Outra possível explicação para o resultado é a
preferência dos ministros. Aparentemente, alguns preferem a autocitação,
enquanto outros, como o ministro Joaquim Barbosa, não.
No gráfico 3.3.2, investigamos apenas as heterocitações, ou seja, aquelas
citações a manifestações anteriores de ministros diferentes do próprio mi-
nistro citante. Para controlar as diferenças causadas pelo tempo em que cada
ministro participou da composição do tribunal, dividimos o número de hete-
rocitações recebidas pelo ministro pelo total de heterocitações que ele pode-
ria ter recebido. Assim, muito embora nosso recorte englobe todas as decisões
proferidas a partir de 1998, dividimos o total de heterocitações recebidas por

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 157


decisões de relatoria de ministros que ingressaram após esse ano na Corte
pelo número de heterocitações ocorridas após a sua posse no Supremo. No caso
do ministro Roberto Barroso, por exemplo, considerou-se no denominador o
número de heterocitações ocorridas após o dia 26 de junho de 2013, data de
sua posse no STF e, presumivelmente, quando ele passou a produzir decisões
que poderiam ter sido citadas pelos seus pares. Naturalmente, subsiste uma
preferência por ministros mais antigos: em 2015, um ministro que buscasse
embasamento jurisprudencial para sua decisão poderia consultar décadas
de decisões do ministro Celso de Mello, mas apenas pouco mais de um ano de
decisões do ministro Barroso. Nada obstante, é curioso notar como ministros
que poderiam ser considerados influentes, como Ayres Britto e Nelson Jobim,
aparecem nas últimas posições do universo de heterocitações.
Diferentemente do gráfico anterior, pode ser observado um equilíbrio
maior entre os ministros quando o que está em jogo é a apreciação dos ní-
veis de heterocitação. Apesar disso, pode ser constatada uma diferença mui-
to grande entre os líderes e os últimos listados de acordo com esta métrica.

Ministros mais citados em decisões sob relatoria


de outros ministros — STF (1998-2018)

3.3.3 A partir de outra abordagem, a ministra Ellen Gracie é a citada


em decisões sob relatorias de outros ministros do Supremo.

158 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


O gráfico 3.3.3 tem uma abordagem diferente da medição dos ministros
mais citados. Dessa vez, leva-se em conta o número de citações a processos
de relatoria do ministro em relação ao número de decisões que esse mes-
mo ministro proferiu.
A diferença em métricas produz alterações no universo de ministros
mais influentes. Sob essa nova perspectiva, enquanto a ministra Ellen Gracie
ganha protagonismo, o ministro Celso de Mello aparece entre os últimos. O
ministro Celso de Mello, que ocupava a terceira posição, passa a ser o décimo
quinto mais influente segundo esse novo critério. Isso indica que pelo menos
parte do motivo para o alto número de heterocitações recebidas pelo minis-
tro é fruto de sua alta capacidade de produzir decisões. O fato de os minis-
tros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Luiz Fux permanecerem entre
os mais influentes serve para atestar a utilidade das métricas para reforçar
a influência de ambos nos votos dos seus colegas de tribunal.
Outra característica interessante desse gráfico é a posição do ministro
Marco Aurélio. Notoriamente minoritário na Corte,7 o número de hetero-
citações a decisões de relatoria do ministro parece acontecer, quando acon-
tece, por conta do volume de decisões pretéritas produzidas pelo ministro.

3 .4 REL AÇÕES ENTRE OS MINISTROS

Visando a apreciar as interações entre os ministros e a possível existência de


redes de citações, foram produzidos mapas de calor que mostram relações
entre ministros citantes e citados. Cinco gráficos foram produzidos: (i) um

7. De acordo com matéria do portal Nexo, 71,5% das votações do plenário são unânimes. No universo
das 28,5% não unânimes, 12% contaram apenas com o ministro Marco Aurélio como vencido. V. MA-
RIANI, Daniel; LUPION, Bruno; ALMEIDA, Rodolfo. Qual é o grau de discordância e concordância
entre os ministros do Supremo. Nexo, 21 mar. 2017. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/
especial/2017/03/21/Como-os-Ministros-do-Supremo-se-aproximam-ou-se-distanciam-entre-si-
-de-acordo-com-suas-decisões. Acesso em: 31 mar. 2020. Para a análise, foram consideradas cerca
de 9 mil decisões do plenário da Corte de agosto de 2007 a fevereiro de 2017.

O COMPORTAMENTO INDIVIDUAL E AS INTER AÇÕES … 159


mapa de calor do número de citações entre os ministros; (ii) um mapa de
calor do número de citações em decisões colegiadas entre os ministros com
os atuais integrantes da Corte e outros ministros considerados influentes;
(iii) um mapa de calor do número de citações em decisões colegiadas entre
os ministros com os atuais integrantes da Corte e, em razão do corte em
2018, ano de acesso do ministro Alexandre de Moraes à Corte, mais o mi-
nistro Teori Zavascki; (iv) um mapa de calor do número de citações em de-
cisões monocráticas entre os ministros com os atuais integrantes da Corte
e outros ministros considerados influentes, conforme indicado na descri-
ção metodológica; (v) um mapa de calor do número de citações em decisões
monocráticas entre os ministros com os atuais integrantes da Corte e, em
razão do corte em 2018, o ministro Teori Zavascki.
A busca por relações de afinidade, medidas em função dos graus de con-
cordância e discordância entre os seus votos, não é um empreendimento
novo. O portal Nexo, em análise de 21 de março de 2017 assinada por Daniel
Mariani, Bruno Lupion e Rodolfo Almeida8, realizou essa tarefa “a partir de
cerca de 9 mil decisões do plenário da Corte de agosto de 2007 a fevereiro
de 2017. Os 11 Ministros apresentados na análise são aqueles que faziam
parte do Supremo em 1º de janeiro de 2017”, incluindo, assim como nas aná-
lises que se seguem do presente estudo, o ministro Teori Zavascki, morto
em 19 de janeiro9. Segundo o estudo, quando se olha para todo o universo

8. De acordo com matéria do portal Nexo, 71,5% das votações do plenário são unânimes. No universo
das 28,5% não unânimes, 12% contaram apenas com o ministro Marco Aurélio como vencido.
V. MARIANI, Daniel; LUPION, Bruno; ALMEIDA, Rodolfo. Qual é o grau de discordância e
concordância entre os ministros do Supremo. Nexo, 21 mar. 2017. Disponível em: https://
www.nexojornal.com.br/especial/2017/03/21/Como-os-Ministros-do-Supremo-se-aproxi-
mam-ou-se-distanciam-entre-si-de-acordo-com-suas-decisões. Acesso em: 31 mar. 2020. Para
a análise, foram consideradas cerca de 9 mil decisões do plenário da Corte de agosto de 2007
a fevereiro de 2017.
9. De acordo com matéria do portal Nexo, 71,5% das votações do plenário são unânimes. No universo
das 28,5% não unânimes, 12% contaram apenas com o ministro Marco Aurélio como vencido.
V. MARIANI, Daniel; LUPION, Bruno; ALMEIDA, Rodolfo. Qual é o grau de discordância e
concordância entre os ministros do Supremo. Nexo, 21 mar. 2017. Disponível em: <https://
www.nexojornal.com.br/especial/2017/03/21/Como-os-Ministros-do-Supremo-se-aproxi-

160 A j ustificação de decisões no Supremo


de decisões analisado, “[n]os julgamentos onde houve votos divergentes, é
possível encontrar alguns padrões de discordância e concordância entre
os Ministros. Se forem considerados todos os processos julgados no plená-
rio dos quais participaram, os magistrados mais ao “centro”, que tendem
a tomar decisões parecidas entre si, são Cármen Lúcia, Roberto Barroso,
Celso de Mello e Luiz Fux”.10
Diferentemente da análise do portal Nexo, porém, a presente obra não
busca possíveis relações de afinidade entre os ministros a partir do resultado
do julgado. A análise também não está limitada ao plenário e aos (relativa-
mente infrequentes) casos com votos divergentes. As análises que se seguem,
como já apresentado, centram-se nas citações feitas pelos ministros em pro-
cessos sob sua relatoria a processos anteriores sob relatoria de seus colegas.
Se esse tipo de análise pode ser menos precisa sobre como se comportam os
ministros em suas relações com as posições dos seus colegas em casos con-
cretos, ela certamente é mais abrangente: enquanto aquela análise se deu
com base em cerca de 1.475 decisões não unânimes do plenário,11 esta se dá
com base em 3.846.899 decisões de todos os órgãos da Corte e com todo o

mam-ou-se-distanciam-entre-si-de-acordo-com-suas-decisões>. Acesso em: 31 mar. 2020.


Para a análise, foram consideradas cerca de 9 mil decisões do plenário da Corte de agosto de
2007 a fevereiro de 2017.
10. De acordo com matéria do portal Nexo, 71,5% das votações do plenário são unânimes. No univer-
so das 28,5% não unânimes, 12% contaram apenas com o ministro Marco Aurélio como vencido.
V. MARIANI, Daniel; LUPION, Bruno; ALMEIDA, Rodolfo. Qual é o grau de discordância e
concordância entre os ministros do Supremo. Nexo, 21 mar. 2017. Disponível em: <https://
www.nexojornal.com.br/especial/2017/03/21/Como-os-Ministros-do-Supremo-se-aproxi-
mam-ou-se-distanciam-entre-si-de-acordo-com-suas-decisões>. Acesso em: 31 mar. 2020.
Para a análise, foram consideradas cerca de 9 mil decisões do plenário da Corte de agosto de
2007 a fevereiro de 2017.
11. Muito embora a matéria não dê esse número específico, ela explicita que as decisões nas quais
o ministro Marco Aurélio foi o único voto vencido foram excluídas da maior parte das visuali-
zações. Assim, as relações entre ministros são traçadas a partir das decisões nas quais somente
um ministro, que não o ministro Marco Aurélio, ficou vencido (9%) e decisões nas quais dois ou
mais ministros votaram contra o resultado alcançado pelo tribunal (7,5%). Aplicando-se essa
proporção (16,5%) ao universo declarado de 8940 decisões, chegamos à estimativa do volume de
dados envolvido nas visualizações.

O COMPORTAMENTO INDIVIDUAL E AS INTER AÇÕES … 161


tipo de resultado. Além disso, as práticas de citação recíproca revelam uma
outra dimensão das relações entre ministros, que pode ou não se correla-
cionar com a direção do voto. Pode ser, por exemplo, que os ministros citem
colegas em discordância deles.

Mapa de calor do número de citações entre


ministros do STF (1998-2018)

3.4.1 A ministra Cármen Lúcia é a citada mais vezes por uma


maior variedade de ministros citantes do Supremo.

162 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


A análise geral das citações — sem diferenciar entre decisões citantes mo-
nocráticas e colegiadas — mostra alguns dados interessantes. Em primei-
ro lugar, ela revela que alguns ministros recebem mais citações de seus
pares do que outros. É o caso, por exemplo, da ministra Cármen Lúcia e
dos ministros Sepúlveda Pertence e Ricardo Lewandowski. Outro dado
interessante é que as relações de citação são mais fortes entre ministros
que ingressaram no tribunal na mesma época. Desse modo, por exemplo,
o ministro Celso de Mello recebeu relativamente mais citações dos mi-
nistros Ayres Britto, Cezar Peluso e Ellen Gracie do que de ministros in-
dicados mais recentemente para o STF. O mesmo se observa com relação
a indicações mais recentes, como Luiz Fux e Dias Toffoli. Visualmente,
isso se manifesta pela presença de alguns quadrantes mais escuros, dado
que os ministros estão ordenados por data de posse no tribunal. A exis-
tência desse efeito justifica a opção por apresentar, em separado, a análise
mais geral incluindo ministros mais antigos e recortes mais localizados,
focando nos ministros da composição atual, para facilitar a identificação
de relações entre eles. Além disso, o fato de que o quadrante inferior di-
reito, capturando as relações entre os ministros da composição atual, é
mais escuro do que o quadrante discernível no canto superior esquerdo
reflete, mais uma vez, a tendência observada de aumento no número de
decisões pregressas citadas por decisões do STF.

O COMPORTAMENTO INDIVIDUAL E AS INTER AÇÕES … 163


Mapa de calor do número de citações em decisões
colegiadas entre ministros no STF (1998-2018)

3.4.2 As redes de citação se mantêm semelhantes quando


restringimos o olhar às decisões colegiadas.

Quando em análise as decisões colegiadas da Corte, é possível observar ain-


da a influência da ministra Cármen Lúcia, bem como dos ministros Ricardo
Lewandowski, Dias Toffoli e Luiz Fux entre os ministros da atual composição
do STF. Já entre os ministros mais antigos, é possível perceber a influência
do ministro Celso de Mello.

164 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Mapa de calor do número de citações em decisões
colegiadas entre ministros no STF (1998-2018)

3.4.3 Em relação às decisões colegiadas, a ministra Cármen Lúcia também é a


citada mais vezes por uma maior variedade de ministros citantes do Supremo.

O gráfico 3.4.3, que destaca apenas os ministros da composição atual, evi-


dencia como alguns ministros (Celso de Mello e Marco Aurélio) são muito
mais adeptos da prática de autocitação do que outros (Luiz Fux e Roberto
Barroso, por exemplo). Ele também permite notar o quanto a ministra Cár-

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 165


men Lúcia, seguida pelos ministros Ricardo Lewandowski e Luiz Fux, atrai
mais citações do que seus colegas.

Mapa de calor do número de citações em decisões


monocráticas entre ministros no STF (1998-2018)

3.4.4 No geral, os ministros atuais da Corte também tendem a ter um maior


número de citações em decisões monocráticas de ministros do Supremo.

Em relação ao número de citações em decisões monocráticas dos ministros do


Supremo, é possível observar o mesmo padrão apresentado na análise das deci-

166 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


sões colegiadas, ou seja, existe uma forte influência dos atuais ministros da Cor-
te, com destaque para a ministra Cármen Lúcia. A principal diferença pode ser
notada em uma menor densidade de citações no canto superior esquerdo, o que
pode revelar uma mudança de prática no STF, que parece ter passado a mencio-
nar mais decisões pregressas em decisões monocráticas com o passar dos anos.

Mapa de calor do número de citações em decisões


monocráticas entre ministros no STF (1998-2018)

3.4.5 Ao considerar somente as menções realizadas em decisões


monocráticas, a ministra Cármen Lúcia permanece sendo a citada mais
vezes por uma maior variedade de ministros citantes do Supremo.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 167


Em relação às citações em decisões monocráticas entre os ministros da composi-
ção mais recente da Corte, mais uma vez a ministra Cármen Lúcia aparece como
a mais influente, seguida pelos ministros Ricardo Lewandowski e Luiz Fux. No
gráfico 3.4.5, surpreende a forma como não parece haver diferença significativa
em intensidade e de características das relações entre ministros quando consi-
deramos citações originadas em decisões monocráticas ou colegiadas.

3 . 5 ANÁLISE INDIVIDUAL POR MINISTRO

Nesta seção, pretende-se responder ao segundo conjunto de questionamentos,


tentando mostrar, para cada um dos membros atuais e recentes do STF, quem
são os ministros que mais citam aquele integrante e quais são os ministros mais
citados por ele. Como já elucidamos na introdução, fizemos análises individuali-
zadas para todos os ministros que estão atualmente na corte (Alexandre de Mo-
raes, Cármen Lúcia, Celso de Mello, Dias Toffoli, Edson Fachin, Gilmar Mendes,
Luiz Fux, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Roberto Barroso e Rosa
Weber) ou que deixaram o tribunal após 2010 (Cezar Peluso, Ellen Gracie, Eros
Grau, Joaquim Barbosa e Teori Zavascki). Essa opção acabou por excluir nomes
importantes que constam dos gráficos anteriores, como Nelson Jobim (que dei-
xou a Corte em 2006), Sepúlveda Pertence (2007) e Moreira Alves (2003).
A justificativa para a limitação do recorte escolhido é a seguinte: estão em
exame, aqui, apenas decisões tomadas entre 1998 e 2008 e apenas um conjunto
relativamente restrito de ministros. Os ministros que atuaram apenas no iní-
cio do recorte tinham muitas interações com ministros fora do recorte, o que
causava distorções nos gráficos, fazendo com que esses ministros parecessem
menos influentes do que de fato eles foram. Como já foi observado com relação
aos gráficos de calor, os ministros tendem a citar e a serem citados com mais
frequência por colegas que participam da mesma composição. A assimetria é
particularmente destacada no caso dos gráficos em que analisamos a atuação
do ministro como citante. Quando olhamos para quais ministros do recorte

168 A j ustificação de decisões no Supremo


foram citados pelos ministros que se aposentaram antes de 2010, vemos uma
lista de citações bem menor do que aquela existente para os ministros que
restaram no recorte. Isso se explica facilmente pelo fato de que um ministro
não pode citar alguém que ainda não integra a Corte. Como a maior parte dos
ministros investigados não estava ainda no tribunal quando esse ministro se
aposentou, os gráficos em que ele aparece como citante parecem artificial-
mente esvaziados.12 Dessa forma, para evitar as discrepâncias causadas pelo
recorte temporal, adotamos o recorte do ano de saída em 2010 para a confecção
dos gráficos individuais, mantendo, porém, esses ministros como linhas nos
gráficos realizados. Em outras palavras: os ministros aparecem como citantes
e citados por outros ministros, mas não produzimos gráficos específicos que
se centram em suas figuras.
Para detalhar as informações sobre cada ministro, usamos duas métricas
diferentes, cada uma nos dois sentidos de citação: (i) a proporção de hetero-
citações recebidas (realizadas) pelo ministro citado (citante) considerando
o número total de decisões produzidas pelo ministro citado (citante); (ii) o
percentual recebido das citações feitas, ou seja, a proporção de heterocita-
ções recebidas (realizadas) considerando a quantidade total de heterocita-
ções feitas (recebidas) pelo ministro citante (citado) após a posse do ministro
citado (citante)13. Vale ilustrar a segunda métrica com um exemplo: quando

12. Como exemplo: quando Nelson Jobim se aposentou, em 2006, Ricardo Lewandowski era ministro
há menos de um mês. Sua sucessora, Cármen Lúcia, naturalmente ainda não havia assumido o
cargo e também não compunham a Corte os ministros Dias Toffoli, Rosa Weber, Teori Zavascki,
Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes.
13. Essa medida foi necessária para não inflacionar o valor do tempo no tribunal. Se considerásse-
mos a proporção de citações ao ministro Barroso em processos sob a relatoria do ministro Marco
Aurélio, encontraríamos um número baixo independentemente da influência do ministro Barro-
so sobre os votos do ministro Marco Aurélio simplesmente em virtude do fato de que o segundo
ministro passou muitos anos na Corte (e, portanto, fez muitas citações a outros processos) antes
da posse do ministro Barroso. Ao limitarmos a contagem do total de citações do ministro citan-
te ao período posterior à posse do ministro citado, mitigamos esse problema, ainda que ele não
seja totalmente eliminado, já que o ministro citante possui um acervo presumivelmente maior
de decisões dos ministros mais antigos para citar, versus um conjunto relativamente pequeno
para o ministro recém-empossado.

O COMPORTAMENTO INDIVIDUAL E AS INTER AÇÕES … 169


dizemos que o ministro Alexandre de Moraes recebeu 3,68% das citações
possíveis entre aquelas feitas pela ministra Cármen Lúcia, isso significa que,
desde que o ministro Alexandre de Moraes assumiu sua posição no tribunal,
3,68% das decisões assinadas pela ministra, que citam decisões de outros mi-
nistros, citam pelo menos uma decisão relatada pelo ministro Alexandre de
Moraes. A partir desses parâmetros, foram elaborados 12 gráficos para cada
ministro, subdivididos em outras duas categorias: (i) tipo de decisão, ou seja,
o universo de todas as decisões, apenas decisões colegiadas e apenas decisões
monocráticas e (ii) o ministro como citante e o mesmo ministro como citado.
Apesar de alguns ministros muitas vezes apresentarem veementes dis-
cordâncias e até mesmo trocarem ofensas entre si, é possível observar um
alto grau de citações entre eles. Exemplos disso são os altos graus de citações
dos ministros Roberto Barroso e Joaquim Barbosa ao ministro Gilmar Men-
des, com quem ambos já tiveram fortes desavenças durante sessões públicas
da Corte14. Naturalmente, pode ser que essas citações ocorram em contextos
em que o ministro citante discorda do ministro citado e usa a citação justa-
mente para criticar a posição pretérita. Ainda assim, é curioso notar que há
conexões fortes entre ministros que apresentam, em ocasiões, desavenças
públicas. Por outro lado, ministros que parecem ter boas relações, como
ocorre com os ministros Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Edson
Fachin15, de fato aparecem entre os mais citados uns dos outros.

14. Ver, respectivamente, RAMALHO, Renan; D’AGOSTINO, Rosanne. Sessão do STF é suspensa
após ataques entre ministros Barroso e Gilmar Mendes. G1, Brasília, 21 mar. 2018. Disponível
em: https://g1.globo.com/politica/noticia/sessao-do-stf-e-suspensa-apos-ataques-entre-Mi-
nistros-barroso-e-gilmar-mendes.ghtml. Acesso em: 31 mar. 2020.; ABREU, Diego. Ministros
do STF discutem durante sessão do tribunal. G1, Brasília, 22 abr. 2009. Disponível em: http://
g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1094745-5601,00-MinistroS+DO+STF+DISCUTEM+-
DURANTE+SESSAO+DO+TRIBUNAL.html. Acesso em: 31 mar. 2020.
15. Essas aproximações são confirmadas pela matéria do portal Nexo, publicada em 21 de março de
2017. Ver MARIANI, Daniel; LUPION, Bruno; ALMEIDA, Rodolfo. Qual é o grau de discordân-
cia e concordância entre os ministros do Supremo. Nexo, 21 mar. 2017. Disponível em: https://
www.nexojornal.com.br/especial/2017/03/21/Como-os-Ministros-do-Supremo-se-aproximam-
-ou-se-distanciam-entre-si-de-acordo-com-suas-decisões. Acesso em: 31 mar. 2020.

170 A j ustificação de decisões no Supremo


3 . 5 .1 Alexandr e de moraes

Inicialmente, é interessante mencionar que o ministro Alexandre de Mo-


raes passou a integrar o STF apenas em março de 2017, ou seja, apenas no
penúltimo ano do recorte aqui apresentado. Em relação ao universo do to-
tal menções possíveis, percebe-se tanto que o ministro Luiz Fux foi o mais
citado pelo ministro Alexandre de Moraes quanto aquele foi o ministro que
mais o citou. Quando em análise apenas as decisões monocráticas, a relação
entre os ministros Luiz Fux e Alexandre de Moraes permanece. Contudo,
quando entra em cena o universo exclusivo das decisões colegiadas, é possível
perceber que o ministro Dias Toffoli é o ministro que mais citou Alexandre
de Moraes e que os ministros Teori Zavascki e Ricardo Lewandowski são os
mais citados em decisões colegiadas sob sua relatoria.

3.5.1.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Alexandre de Moraes no STF (1998-2018)

3.5.1.1.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em decisões


do ministro Alexandre de Moraes no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 171


Ministros mais citados em decisões do Min.
Alexandre de Moraes no STF (1998-2018)

3.5.1.1.2 O ministro Luiz Fux recebeu mais de 16% de citações do total


possível em decisões do ministro Alexandre de Moraes no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Alexandre


de Moraes em decisões no STF (1998-2018)

3.5.1.1.3 O ministro Luiz Fux é o que mais citou decisões


do ministro Alexandre de Moraes no STF.

172 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Alexandre
de Moraes em decisões no STF (1998-2018)

3.5.1.1.4 O ministro Luiz Fux realizou mais de 15% de citações a decisões


do ministro Alexandre de Moraes no STF dentro do total possível.

3.5.1.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Alexandre de Moraes no STF (1998-2018)

3.5.1.2.1 O ministro Teori Zavascki é o mais citado em decisões


colegiadas do ministro Alexandre de Moraes no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 173


Ministros mais citados em decisões colegiadas do
Min. Alexandre de Moraes no STF (1998-2018)

3.5.1.2.2 O ministro Ricardo Lewandowski recebeu mais de 14% de citações do


total possível em decisões colegiadas do ministro Alexandre de Moraes no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Alexandre de


Moraes em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.1.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Dias Toffoli é o que


mais citou decisões do ministro Alexandre de Moraes no STF.

174 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Alexandre de
Moraes em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.1.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Dias Toffoli realizou mais de 15% de


citações a decisões do ministro Alexandre de Moraes no STF dentro do total possível.

3.5.1.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas do


Min. Alexandre de Moraes no STF (1998-2018)

3.5.1.3.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Alexandre de Moraes no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 175


Ministros mais citados em decisões monocráticas do
Min. Alexandre de Moraes no STF (1998-2018)

3.5.1.3.2 O ministro Luiz Fux recebeu mais de 16% de citações do total possível
em decisões monocráticas do ministro Alexandre de Moraes no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Alexandre de


Moraes em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.1.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Luiz Fux é o que


mais citou decisões do ministro Alexandre de Moraes no STF.

176 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Alexandre de
Moraes em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.1.3.4  Em decisões monocráticas, o ministro Luiz Fux


realizou mais de 16% de citações a decisões do ministro
Alexandre de Moraes no STF dentro do total possível.

3 . 5 . 2 Ayres Britto

Em relação ao ministro Ayres Britto, os ministros mais citados por ele, quan-
do consideradas todas as decisões (monocráticas e colegiadas), foram os
ministros Sepúlveda Pertence e Celso de Mello. No universo exclusivo das
decisões monocráticas, os ministros mais citados são: Moreira Alves e Cel-
so de Mello. No âmbito das decisões colegiadas, a ministra Ellen Gracie e o
ministro Celso de Mello são os ministros mais citados por Britto.
Dias Toffoli foi o ministro que mais citou Ayres Britto no universo to-
tal de decisões da Corte e no conjunto das manifestações monocráticas. No
universo exclusivo de decisões colegiadas, porém, o ministro que mais citou
Ayres Britto foi Ricardo Lewandowski.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 177


3.5.2.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Ayres Britto no STF (1998-2018)

3.5.2.1.1 O ministro Sepúlveda Pertence é o mais citado


em decisões do ministro Ayres Britto no STF.

Ministros mais citados em decisões do Min.


Ayres Britto no STF (1998-2018)

3.5.2.1.2 O ministro Celso de Mello recebeu mais de 17% de citações


do total possível em decisões do ministro Ayres Britto no STF.

178 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Ayres
Britto em decisões no STF (1998-2018)

3.5.2.1.3 O ministro Dias Toffoli é o que mais citou


decisões do ministro Ayres Britto no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Ayres


Britto em decisões no STF (1998-2018)

3.5.2.1.4 O ministro Dias Toffoli realizou mais de 12% de citações a


decisões do ministro Ayres Britto no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 179


3.5.2.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas


do Min. Ayres Britto no STF (1998-2018)

3.5.2.2.1 A ministra Ellen Gracie é a mais citada em decisões


colegiadas do ministro Ayres Britto no STF.

Ministros mais citados em decisões colegiadas


do Min. Ayres Britto no STF (1998-2018)

3.5.2.2.2 O ministro Celso de Mello recebeu mais de 16% de citações do


total possível em decisões colegiadas do ministro Ayres Britto no STF.

180 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Ayres
Britto em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.2.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Ricardo Lewandowski


é o que mais citou decisões do ministro Ayres Britto no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Ayres


Britto em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.2.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Ricardo Lewandowski realizou mais de


13% de citações a decisões do ministro Ayres Britto no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 181


3.5.2.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Ayres Britto no STF (1998-2018)

3.5.2.3.1 O ministro Moreira Alves é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Ayres Britto no STF.

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Ayres Britto no STF (1998-2018)

3.5.2.3.2 O ministro Celso de Mello recebeu mais de 18% de citações do total


possível em decisões monocráticas do ministro Ayres Britto no STF.

182 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Ayres Britto
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.2.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Dias Toffoli é o


que mais citou decisões do ministro Ayres Britto no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Ayres Britto


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.2.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Dias Toffoli realizou mais de 14%


de citações a decisões do ministro Ayres Britto no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 183


3 . 5 . 3 c ármen Lúcia

Segundo os critérios utilizados, os ministros mais citados por Cármen Lúcia


no universo global de decisões da Corte foram Ellen Gracie e Ricardo Lewan-
dowski. Lewandowski também aparece entre os mais citados no universo
das colegiadas e no conjunto das monocráticas. Além dele, aparecem ainda
com destaque os ministros Eros Grau e Ellen Gracie.
Em relação aos ministros que mais citaram Cármen Lúcia, considerando
o universo total de menções possíveis, estão os ministros Teori Zavascki e
Dias Toffoli. Já analisando exclusivamente o universo das decisões colegia-
das, os ministros mais citantes foram Teori Zavascki e Ricardo Lewandows-
ki. Por fim, considerando apenas as decisões monocráticas, os ministros que
mais referências fi zeram a decisões sob relatoria da ministra foram Teori
Zavascki e Dias Toffoli.

3.5.3.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões da Min.


Cármen Lúcia no STF (1998-2018)

3.5.3.1.1 A ministra Ellen Gracie é a mais citada em


decisões da ministra Cármen Lúcia no STF.

184 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões da Min.
Cármen Lúcia no STF (1998-2018)

3.5.3.1.2 O ministro Ricardo Lewandowski recebeu mais de 11% de citações


do total possível em decisões da ministra Cármen Lúcia no STF.

Ministros que mais citaram decisões da Min. Cármen


Lúcia em decisões no STF (1998-2018)

3.5.3.1.3 O ministro Teori Zavascki é o que mais citou


decisões da ministra Cármen Lúcia no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 185


Ministros que mais citaram decisões da Min. Cármen
Lúcia em decisões no STF (1998-2018)

3.5.3.1.4 O ministro Dias Toffoli realizou mais de 13% de citações a


decisões da ministra Carmén Lúcia no STF dentro do total possível.

3.5.3.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas da


Min. Cármen Lúcia no STF (1998-2018)

3.5.3.2.1 O ministro Eros Grau é o mais citado em decisões


colegiadas da ministra Cármen Lúcia no STF.

186 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões colegiadas da
Min. Cármen Lúcia no STF (1998-2018)

3.5.3.2.2 O ministro Ricardo Lewandowski recebeu mais de 13% de citações


do total possível em decisões colegiadas da ministra Carmen Lúcia no STF.

Ministros que mais citaram decisões da Min. Cármen


Lúcia em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.3.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Teori Zavascki é o


que mais citou decisões da ministra Cármen Lúcia no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 187


Ministros que mais citaram decisões da Min. Cármen
Lúcia em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.3.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Ricardo Lewandowski realizou mais de


9% de citações a decisões da ministra Cármen Lúcia no STF dentro do total possível.

3.5.3.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


da Min. Cármen Lúcia no STF (1998-2018)

3.5.3.3.1 A ministra Ellen Gracie é a mais citada em decisões


monocráticas da ministra Cármen Lúcia no STF.

188 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões monocráticas
da Min. Cármen Lúcia no STF (1998-2018)

3.5.3.3.2 O ministro Ricardo Lewandowski recebeu mais de 11% de citações do


total possível em decisões monocráticas da ministra Cármen Lúcia no STF.

Ministros que mais citaram decisões da Min. Cármen


Lúcia em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.3.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Teori Zavascki é o


que mais citou decisões da ministra Cármen Lúcia no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 189


Ministros que mais citaram decisões da Min. Cármen
Lúcia em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.3.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Dias Toffoli realizou mais de 14%


de citações a decisões da ministra Cármen Lúcia no STF dentro do total possível.

3 . 5 .4 celso de m ello

Os ministros mais citados pelo ministro Celso de Mello no universo total de


decisões, no universo das decisões monocráticas e entre as decisões colegia-
das foram os ministros Moreira Alves e Cármen Lúcia. A ministra sempre
aparece como a mais citada no total possível de citações, enquanto o ministro
Moreira Alves sempre aparece como o mais citado no ranking que controla
para o volume de sua produção individual.
O ministro que mais citou decisões de Celso de Mello no total de decisões
e no universo exclusivo de decisões monocráticas foi Cezar Peluso, enquan-
to no universo exclusivo de decisões colegiadas o ministro mais citante foi
Joaquim Barbosa.
É interessante notar que, apesar de terem compartilhado um longo período
na Corte, na maioria dos gráficos o ministro Marco Aurélio aparece como um
dos ministros menos citados e que menos cita votos do ministro Celso de Mello.

190 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.4.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Celso de Mello no STF (1998-2018)

3.5.4.1.1 O ministro Moreira Alves é o mais citado em


decisões do ministro Celso de Mello no STF.

Ministros mais citados em decisões do Min.


Celso de Mello no STF (1998-2018)

3.5.4.1.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 16% de citações


do total possível em decisões do ministro Celso de Mello no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 191


Ministros que mais citaram decisões do Min. Celso
de Mello em decisões no STF (1998-2018)

3.5.4.1.3 O ministro Cezar Peluso é o que mais citou


decisões do ministro Celso de Mello no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Celso


de Mello em decisões no STF (1998-2018)

3.5.4.1.4 O ministro Cezar Peluso realizou mais de 9% de citações a decisões


do ministro Alexandre de Moraes no STF dentro do total possível.

192 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.4.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Celso de Mello no STF (1998-2018)

3.5.4.2.1 O ministro Moreira Alves é o mais citado em decisões


colegiadas do ministro Celso de Mello no STF.

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Celso de Mello no STF (1998-2018)

3.5.4.2.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 15% de citações do total


possível em decisões colegiadas do ministro Celso de Mello no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 193


Ministros que mais citaram decisões do Min. Celso de
Mello em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.4.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Joaquim Barbosa é o


que mais citou decisões do ministro Celso de Mello no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Celso de


Mello em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.4.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Joaquim Barbosa realizou 6% de


citações a decisões do ministro Celso de Mello no STF dentro do total possível.

194 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.4.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Celso de Mello no STF (1998-2018)

3.5.4.3.1 O ministro Moreira Alves é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Celso de Mello no STF.

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Celso de Mello no STF (1998-2018)

3.5.4.3.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 15% de citações do total


possível em decisões monocráticas do ministro Celso de Mello no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 195


Ministros que mais citaram decisões do Min. Celso de
Mello em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.4.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Cezar Peluso é o


que mais citou decisões do ministro Celso de Mello no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Celso de


Mello em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.4.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Cezar Peluso reali zou mais de 10%
de citações a decisões do ministro Celso de Mello no STF dentro do total possível.

196 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3 . 5 . 5 cezar peluso

Os ministros mais citados por Cezar Peluso tanto no universo total de de-
cisões quanto no universo de decisões monocráticas foram os ministros
Moreira Alves e Celso de Mello. No universo das colegiadas, o ministro que
acompanha Celso de Mello como mais citado é o ministro Sepúlveda Per-
tence. No universo de citantes, o ministro Ricardo Lewandowski se desta-
ca, aparecendo na primeira posição em quase todas as métricas. A exceção
ocorre no domínio das decisões colegiadas, em que o ministro Celso de Mello
é o que mais menciona Peluso em seus votos, considerando o percentual de
citações recebidas do total possível.

3.5.5.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Cezar Peluso no STF (1998-2018)

3.5.5.1.1 O ministro Moreira Alves é o mais citado em


decisões do ministro Cezar Peluso no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 197


Ministros mais citados em decisões do Min.
Cezar Peluso no STF (1998-2018)

3.5.5.1.2 O ministro Celso de Mello recebeu mais de 38% de citações


do total possível em decisões do ministro Cezar Peluso no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Cezar


Peluso em decisões no STF (1998-2018)

3.5.5.1.3 O ministro Ricardo Lewandowski é o que mais


citou decisões do ministro Cezar Peluso no STF.

198 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Cezar
Peluso em decisões no STF (1998-2018)

3.5.5.1.4 O ministro Ricardo Lewandowski realizou mais de 17% de citações


a decisões do ministro Cezar Peluso no STF dentro do total possível.

3.5.5.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas


do Min. Cezar Peluso no STF (1998-2018)

3.5.5.2.1 O ministro Sepúlveda Pertence é o mais citado em


decisões colegiadas do ministro Cezar Peluso no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 199


Ministros mais citados em decisões colegiadas
do Min. Cezar Peluso no STF (1998-2018)

3.5.5.2.2 O ministro Celso de Mello recebeu mais de 33% de citações do


total possível em decisões colegiadas do ministro Cezar Peluso no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Cezar


Peluso em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.5.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Ricardo Lewandowski


é o que mais citou decisões do ministro Cezar Peluso no STF.

200 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Cezar
Peluso em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.5.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Celso de Mello realizou mais de 12%


de citações a decisões do ministro Cezar Peluso no STF dentro do total possível.

3.5.5.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Cezar Peluso no STF (1998-2018)

3.5.5.3.1 O ministro Moreira Alves é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Cezar Peluso no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 201


Ministros mais citados em decisões monocráticas
do Min. Cezar Peluso no STF (1998-2018)

3.5.5.3.2 O ministro Celso de Mello recebeu mais de 39% de citações do total


possível em decisões monocráticas do ministro Cezar Peluso no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Cezar Peluso


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.5.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Ricardo Lewandowski


é o que mais citou decisões do ministro Cezar Peluso no STF.

202 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Cezar Peluso
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.5.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Ricardo


Lewandowski realizou mais de 19% de citações a decisões do
ministro Cezar Peluso no STF dentro do total possível.

3 . 5 .6 Dias Tof foli

Considerando todo o universo de decisões, bem como o univer so exclusi-


vo das decisões monocráticas, as ministras Ellen Gracie e Cármen Lúcia
foram as mais citadas pelo ministro Dias Toffoli. Por sua vez, a ministra
Cármen Lúcia é a mais citada quando olhamos exclusivamente para as
decisões colegiadas.
Quem mais citou Dias Toffoli no universo total de decisões e no universo
exclusivo das monocráticas foi a ministra Rosa Weber. Contudo, quando em
análise apenas as decisões colegiadas, Luiz Fux é o ministro que mais faz
referência aos votos de Toffoli.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 203


3.5.6.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Dias Toffoli no STF (1998-2018)

3.5.6.1.1 A ministra Ellen Gracie é a mais citada em


decisões do ministro Dias Toffoli no STF.

Ministros mais citados em decisões do Min.


Dias Toffoli no STF (1998-2018)

3.5.6.1.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu quase 16% de citações


do total possível em decisões do ministro Dias Toffoli no STF.

204 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Dias
Toffoli em decisões no STF (1998-2018)

3.5.6.1.3 A ministra Rosa Weber é a que mais citou


decisões do ministro Dias Toffoli no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Dias


Toffoli em decisões no STF (1998-2018)

3.5.6.1.4 A ministra Rosa Weber realizou mais de 16% de citações a


decisões do ministro Dias Toffoli no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 205


3.5.6.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas


do Min. Dias Toffoli no STF (1998-2018)

3.5.6.2.1 A ministra Cármen Lúcia é a mais citada em


decisões colegiadas do ministro Dias Toffoli no STF.

Ministros mais citados em decisões colegiadas


do Min. Dias Toffoli no STF (1998-2018)

3.5.6.2.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 17% de citações do


total possível em decisões colegiadas do ministro Dias Toffoli no STF.

206 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Dias
Toffoli em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.6.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Luiz Fux é o que


mais citou decisões do ministro Dias Toffoli no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Dias


Toffoli em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.6.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Luiz Fux realizou mais de 11% de


citações a decisões do ministro Dias Toffoli no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 207


3.5.6.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Dias Toffoli no STF (1998-2018)

3.5.6.3.1 A ministra Ellen Gracie é a mais citada em decisões


monocráticas do ministro Dias Toffoli no STF.

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Dias Toffoli no STF (1998-2018)

3.5.6.3.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 15% de citações do total


possível em decisões monocráticas do ministro Dias Toffoli no STF.

208 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Dias Toffoli
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.6.3.3 Em decisões monocráticas, a ministra Rosa Weber é a


que mais citou decisões do ministro Dias Toffoli no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Dias Toffoli


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.6.3.4 Em decisões monocráticas, a ministra Rosa Weber realizou mais de 17%


de citações a decisões do ministro Dias Toffoli no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 209


3 . 5 .7 Edson fachin

É importante ressaltar que o ministro Edson Fachin passou a integrar o STF


em junho de 2015, motivo pelo qual, considerando o recorte temporal apre-
sentado, o número de decisões consideradas do ministro na presente seção
é significativamente menor em relação aos demais ministros. De todo modo,
os ministros mais citados por ele são Luiz Fux, Roberto Barroso, Dias Toffo-
li e Teori Zavascki, o que mostra a influência de ministros que ingressaram
mais recentemente na Corte.
Já os ministros que mais citaram o ministro Edson Fachin no universo
total de decisões e no universo exclusivo das decisões monocráticas foram
Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. No universo específico das decisões co-
legiadas, os mais citantes são os ministros Alexandre de Moraes e Dias Toffoli.

3.5.7.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Edson Fachin no STF (1998-2018)

3.5.7.1.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em


decisões do ministro Edson Fachin no STF.

210 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões do Min.
Edson Fachin no STF (1998-2018)

3.5.7.1.2 O ministro Luiz Fux recebeu mais de 13% de citações do


total possível em decisões do ministro Edson Fachin no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Edson


Fachin em decisões no STF (1998-2018)

3.5.7.1.3 A ministra Rosa Weber é a que mais citou


decisões do ministro Edson Fachin no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 211


Ministros que mais citaram decisões do Min. Edson
Fachin em decisões no STF (1998-2018)

3.5.7.1.4 O ministro Ricardo Lewandowski realizou mais de 17% de citações


a decisões do ministro Edson Fachin no STF dentro do total possível.

3.5.7.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas


do Min. Edson Fachin no STF (1998-2018)

3.5.7.2.1 O ministro Teori Zavascki é o mais citado em decisões


colegiadas do ministro Edson Fachin no STF.

212 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões colegiadas
do Min. Edson Fachin no STF (1998-2018)

3.5.7.2.2 O ministro Dias Toffoli recebeu 14% de citações do total


possível em decisões colegiadas do ministro Edson Fachin no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Edson


Fachin em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.7.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Alexandre de Moraes


é o que mais citou decisões do ministro Edson Fachin no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 213


Ministros que mais citaram decisões do Min. Edson
Fachin em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.7.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Dias Toffoli realizou mais de 10% de


citações a decisões do ministro Edson Fachin no STF dentro do total possível.

3.5.7.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Edson Fachin no STF (1998-2018)

3.5.7.3.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Edson Fachin no STF.

214 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões monocráticas
do Min. Edson Fachin no STF (1998-2018)

3.5.7.3.2 O ministro Luiz Fux recebeu mais de 13% de citações do total


possível em decisões monocráticas do ministro Edson Fachin no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Edson Fachin


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.7.3.3 Em decisões monocráticas, a ministra Rosa Weber é a


que mais citou decisões do ministro Edson Fachin no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 215


Ministros que mais citaram decisões do Min. Edson Fachin
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.7.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Ricardo


Lewandowski realizou mais de 19% de citações a decisões do
ministro Edson Fachin no STF dentro do total possível.

3 . 5 . 8 Ellen g racie

Os ministros mais citados pela ministra Ellen Gracie foram Eros Grau, Celso
de Mello, Sepúlveda Pertence (o mais mencionado em manifestações colegia-
das sob sua relatoria de acordo com os dois critérios adotados neste estudo)
e Ricardo Lewandowski.
No universo dos ministros citantes, a maior quantidade de referências
a decisões da ministra foi feita por Dias Toffoli tanto no universo global de
decisões tomadas pela Corte quanto no plano das monocráticas. Contudo,
quando em análise apenas as decisões colegiadas, os ministros que mais ci-
taram a ministra Ellen Gracie foram Celso de Mello e Luiz Fux.

216 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.8.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões da Min.


Ellen Gracie no STF (1998-2018)

3.5.8.1.1 O ministro Eros Grau é o mais citado em


decisões da ministra Ellen Gracie no STF.

Ministros mais citados em decisões da Min.


Ellen Gracie no STF (1998-2018)

3.5.8.1.2 O ministro Celso de Mello recebeu mais de 18% de citações


do total possível em decisões da ministra Ellen Gracie no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 217


Ministros que mais citaram decisões da Min. Ellen
Gracie em decisões no STF (1998-2018)

3.5.8.1.3 O ministro Dias Toffoli é o que mais citou


decisões da ministra Ellen Gracie no STF.

Ministros que mais citaram decisões da Min. Ellen


Gracie em decisões no STF (1998-2018)

3.5.8.1.4 O ministro Dias Toffoli realizou mais de 14% de citações a


decisões da ministra Ellen Gracie no STF dentro do total possível.

218 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.8.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas


da Min. Ellen Gracie no STF (1998-2018)

3.5.8.2.1 O ministro Sepúlveda Pertence é o mais citado em


decisões colegiadas da ministra Ellen Gracie no STF.

Ministros mais citados em decisões colegiadas


da Min. Ellen Gracie no STF (1998-2018)

3.5.8.2.2 O ministro Sepúlveda Pertence recebeu mais de 20% de citações


do total possível em decisões colegiadas da ministra Ellen Gracie no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 219


Ministros que mais citaram decisões da Min. Ellen
Gracie em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.8.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Luiz Fux é o que


mais citou decisões da ministra Ellen Gracie no STF.

Ministros que mais citaram decisões da Min. Ellen


Gracie em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.8.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Celso de Mello realizou mais de 8%


de citações a decisões da ministra Ellen Gracie no STF dentro do total possível.

220 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.8.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


da Min. Ellen Gracie no STF (1998-2018)

3.5.8.3.1 O ministro Eros Grau é o mais citado em decisões


monocráticas da ministra Ellen Gracie no STF.

Ministros mais citados em decisões monocráticas


da Min. Ellen Gracie no STF (1998-2018)

3.5.8.3.2 O ministro Ricardo Lewandowski recebeu mais de 19% de citações


do total possível em decisões monocráticas da ministra Ellen Gracie no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 221


Ministros que mais citaram decisões da Min. Ellen Gracie
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.8.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Dias Toffoli é o


que mais citou decisões da ministra Ellen Gracie no STF.

Ministros que mais citaram decisões da Min. Ellen Gracie


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.8.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Dias Toffoli realizou mais de 17%


de citações a decisões da ministra Ellen Gracie no STF dentro do total possível.

222 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3 . 5 . 9 Eros g rau

Os dados indicam uma forte preferência por parte do ministro Eros Grau
pelas manifestações de Sepúlveda Pertence, o ministro mais citado em todas
as dimensões e de acordo com todos os critérios adotados nesta pesquisa. O
fato de Sepúlveda Pertence ser o decano quando do ingresso de Eros Grau no
tribunal revela comportamento diferente em relação ao adotado por outros
ministros, como Edson Fachin. No plano dos ministros citantes, Cármen
Lúcia e Rosa Weber ocupam as posições de destaque.

3.5.9.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Eros Grau no STF (1998-2018)

3.5.9.1.1 O ministro Sepúlveda Pertence é o mais citado


em decisões do ministro Eros Grau no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 223


Ministros mais citados em decisões do Min.
Eros Grau no STF (1998-2018)

3.5.9.1.2 O ministro Sepúlveda Pertence recebeu mais de 22% de citações


do total possível em decisões do ministro Eros Grau no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Eros


Grau em decisões no STF (1998-2018)

3.5.9.1.3 A ministra Rosa Weber é a que mais citou


decisões do ministro Eros Grau no STF.

224 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Eros
Grau em decisões no STF (1998-2018)

3.5.9.1.4 A ministra Cármen Lúcia realizou mais de 12% de citações a


decisões do ministro Eros Grau no STF dentro do total possível.

3.5.9.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas


do Min. Eros Grau no STF (1998-2018)

3.5.9.2.1 O ministro Sepúlveda Pertence é o mais citado em


decisões colegiadas do ministro Eros Grau no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 225


Ministros mais citados em decisões colegiadas
do Min. Eros Grau no STF (1998-2018)

3.5.9.2.2 O ministro Sepúlveda Pertence recebeu mais de 21% de citações


do total possível em decisões colegiadas do ministro Eros Grau no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Eros Grau


em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.9.2.3 Em decisões colegiadas, a ministra Cármen Lúcia é a


que mais citou decisões do ministro Eros Grau no STF.

226 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Eros Grau
em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.9.2.4 Em decisões colegiadas, a ministra Cármen Lúcia realizou mais de 11%


de citações a decisões do ministro Eros Grau no STF dentro do total possível.

3.5.9.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Eros Grau no STF (1998-2018)

3.5.9.3.1 O ministro Sepúlveda Pertence é o mais citado em


decisões monocráticas do ministro Eros Grau no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 227


Ministros mais citados em decisões monocráticas
do Min. Eros Grau no STF (1998-2018)

3.5.9.3.2 O ministro Sepúlveda Pertence recebeu mais de 23% de citações do


total possível em decisões monocráticas do Ministro Eros Grau no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Eros Grau


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.9.3.3 Em decisões monocráticas, a ministra Rosa Weber é a


que mais citou decisões do ministro Eros Grau no STF.

228 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Eros Grau
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.9.3.4 Em decisões monocráticas, a ministra Cármen Lúcia realizou mais de


13% de citações a decisões do ministro Eros Grau no STF dentro do total possível.

3 . 5 .1 0 gilmar m endes

As ministras mais citadas por Gilmar Mendes são Cármen Lúcia, que lidera
em quase todas as dimensões e critérios aplicados nesta parte do presente
estudo, e Ellen Gracie, que aparece na primeira posição quando se conside-
ram, nas decisões colegiadas, as citações por decisão produzida pelo ministro.
O ministro Ricardo Lewandowski é o que mais cita Gilmar Mendes no con-
junto das decisões colegiadas da Corte nas duas métricas aplicadas e, no uni-
verso geral de decisões, quando está em jogo o percentual de citações recebidas
do total possível. A ministra Rosa Weber, por sua vez, é a que mais cita decisões
de relatoria do ministro Gilmar Mendes em decisões monocráticas de sua lavra.
Também merecem destaque as frequentes citações feitas ao ministro por Dias
Toffoli, que figura na segunda colocação dos rankings gerais de ministros citan-
tes, impulsionada pela alta frequência de citações em decisões monocráticas.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 229


3.5.10.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Gilmar Mendes no STF (1998-2018)

3.5.10.1.1 A ministra Cármen Lúcia é a mais citada em


decisões do ministro Gilmar Mendes no STF.

Ministros mais citados em decisões do Min.


Gilmar Mendes no STF (1998-2018)

3.5.10.1.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 15% de citações


do total possível em decisões do ministro Gilmar Mendes no STF.

230 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Gilmar
Mendes em decisões no STF (1998-2018)

3.5.10.1.3 A ministra Rosa Weber é a que mais citou


decisões do ministro Gilmar Mendes no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Gilmar


Mendes em decisões no STF (1998-2018)

3.5.10.1.4 O ministro Ricardo Lewandowski realizou mais de 10% de citações


a decisões do ministro Gilmar Mendes no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 231


3.5.10.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Gilmar Mendes no STF (1998-2018)

3.5.10.2.1 A ministra Ellen Gracie é a mais citada em decisões


colegiadas do ministro Gilmar Mendes no STF.

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Gilmar Mendes no STF (1998-2018)

3.5.10.2.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 14% de citações do total


possível em decisões colegiadas do ministro Gilmar Mendes no STF.

232 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Gilmar
Mendes em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.10.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Ricardo Lewandowski


é o que mais citou decisões do ministro Gilmar Mendes no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Gilmar


Mendes em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.10.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Ricardo Lewandowski realizou mais de


9% de citações a decisões do ministro Gilmar Mendes no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 233


3.5.10.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Gilmar Mendes no STF (1998-2018)

3.5.10.3.1 A ministra Cármen Lúcia é a mais citada em decisões


monocráticas do ministro Gilmar Mendes no STF.

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Gilmar Mendes no STF (1998-2018)

3.5.10.3.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 15% de citações do total


possível em decisões monocráticas do ministro Gilmar Mendes no STF.

234 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citaram decisões do Min. Gilmar Mendes
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.10.3.3 Em decisões monocráticas, a ministra Rosa Weber é a


que mais citou decisões do ministro Gilmar Mendes no STF.

Ministros mais citaram decisões do Min. Gilmar Mendes


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.10.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Ricardo Lewandowski realizou mais


de 10% de citações a decisões do ministro Gilmar Mendes no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 235


3 . 5 .11 joaquim B arbosa

Assim como constatado com o ministro Eros Grau, Sepúlveda Pertence


também lidera em todas as categorias e segundo todos os critérios como o
ministro mais citado por Joaquim Barbosa. Quando se passa para o plano
dos citantes, um padrão também é observado: enquanto o ministro Teori
Zavascki sempre está em primeiro lugar quando o critério adotado envolve
a quantidade de citações relativa à produção do ministro citante, o ministro
Ricardo Lewandowski lidera quando o critério adotado é o percentual de
citações possíveis às manifestações do ministro Joaquim Barbosa.

3.5.11.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Joaquim Barbosa no STF (1998-2018)

3.5.11.1.1 O ministro Sepúlveda Pertence é o mais citado em


decisões do ministro Joaquim Barbosa no STF.

236 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões do Min.
Joaquim Barbosa no STF (1998-2018)

3.5.11.1.2 O ministro Sepúlveda Pertence recebeu mais de 18% de citações


do total possível em decisões do ministro Joaquim Barbosa no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Joaquim


Barbosa em decisões no STF (1998-2018)

3.5.11.1.3 O ministro Teori Zavascki é o que mais citou


decisões do ministro Joaquim Barbosa no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 237


Ministros que mais citaram decisões do Min. Joaquim
Barbosa em decisões no STF (1998-2018)

3.5.11.1.4 O ministro Ricardo Lewandowski realizou mais de 11% de citações


a decisões do ministro Joaquim Barbosa no STF dentro do total possível.

3.5.11.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Joaquim Barbosa no STF (1998-2018)

3.5.11.2.1 O ministro Sepúlveda Pertence é o mais citado em


decisões colegiadas do ministro Joaquim Barbosa no STF.

238 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões colegiadas do
Min. Joaquim Barbosa no STF (1998-2018)

3.5.11.2.2 O ministro Sepúlveda Pertence recebeu 19% de citações do total


possível em decisões colegiadas do ministro Joaquim Barbosa no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Joaquim


Barbosa em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.11.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Teori Zavascki é o que


mais citou decisões do ministro Joaquim Barbosa no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 239


Ministros que mais citaram decisões do Min. Joaquim
Barbosa em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.11.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Ricardo Lewandowski realizou mais de


9% de citações a decisões do ministro Joaquim Barbosa no STF dentro do total possível.

3.5.11.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas do


Min. Joaquim Barbosa no STF (1998-2018)

3.5.11.3.1 O ministro Sepúlveda Pertence é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Joaquim Barbosa no STF.

240 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões monocráticas do
Min. Joaquim Barbosa no STF (1998-2018)

3.5.11.3.2 O ministro Sepúlveda Pertence recebeu mais de 18% de citações do


total possível em decisões monocráticas do ministro Joaquim Barbosa no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Joaquim


Barbosa em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.11.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Teori Zavascki é o


que mais citou decisões do ministro Joaquim Barbosa no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 241


Ministros que mais citaram decisões do Min. Joaquim
Barbosa em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.11.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Ricardo


Lewandowski realizou mais de 11% de citações a decisões do
ministro Joaquim Barbosa no STF dentro do total possível.

3 . 5 .12 Luiz fux

Quando o foco recai sobre as citações feitas e recebidas pelo ministro


Fux, quatro ministros são particularmente relevantes. No campo dos
ministros mais citados, Dias Toffoli e Cármen Lúcia estão sempre nas
primeiras posições, com citações frequentes, também, ao ministro Ri-
cardo Lewandowski.
Em relação aos ministros que mais citam manifestações pretéritas de
Fux, um padrão é observável: o ministro Teori Zavascki e a ministra Rosa
Weber estão sempre nas primeiras posições segundo os dois critérios apli-
cados nesta pesquisa.

242 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.12.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Luiz Fux no STF (1998-2018)

3.5.12.1.1 O ministro Dias Toffoli é o mais citado em


decisões do ministro Luiz Fux no STF.

Ministros mais citados em decisões do Min.


Luiz Fux no STF (1998-2018)

3.5.12.1.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 14% de citações


do total possível em decisões do ministro Luiz Fux no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 243


Ministros que mais citaram decisões do Min. Luiz
Fux em decisões no STF (1998-2018)

3.5.12.1.3 O ministro Teori Zavascki é o que mais citou


decisões do ministro Luiz Fux no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Luiz


Fux em decisões no STF (1998-2018)

3.5.12.1.4 A ministra Rosa Weber realizou mais de 11% de citações a


decisões do ministro Luiz Fux no STF dentro do total possível.

244 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.12.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas


do Min. Luiz Fux no STF (1998-2018)

3.5.12.2.1 A ministra Cármen Lúcia é a mais citada em


decisões colegiadas do ministro Luiz Fux no STF.

Ministros mais citados em decisões colegiadas


do Min. Luiz Fux no STF (1998-2018)

3.5.12.2.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 14% de citações do


total possível em decisões colegiadas do ministro Luiz Fux no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 245


Ministros que mais citaram decisões do Min. Luiz Fux
em decisõoes colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.12.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Teori Zavascki é


o que mais citou decisões do ministro Luiz Fux no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Luiz Fux


em decisõoes colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.12.2.4 Em decisões colegiadas, a ministra Rosa Weber realizou 10% de


citações a decisões do ministro Luiz Fux no STF dentro do total possível.

246 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.12.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Luiz Fux no STF (1998-2018)

3.5.12.3.1 O ministro Dias Toffoli é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Luiz Fux no STF.

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Luiz Fux no STF (1998-2018)

3.5.12.3.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 14% de citações do


total possível em decisões monocráticas do ministro Luiz Fux no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 247


Ministros que mais citaram decisões do Min. Luiz Fux
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.12.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Teori Zavascki


é o que mais citou decisões do ministro Luiz Fux no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Luiz Fux


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.12.3.4 Em decisões monocráticas, a ministra Rosa Weber realizou mais de


11% de citações a decisões do ministro Luiz Fux no STF dentro do total possível.

248 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3 . 5 .13 marco Aurélio

O ministro Marco Aurélio é conhecido por ser o voto divergente e solitário da


Corte16, o que pode ser, de certo modo, confirmado nos gráficos a seguir pelos
baixos números absolutos de referências e baixos percentuais de menções por
outros ministros, dado o tempo de permanência do ministro na Corte. Quando
se pensa nos ministros citados, Luiz Fux aparece como o mais citado no universo
total de decisões e no universo exclusivo de decisões monocráticas. Já o ministro
Roberto Barroso é o mais citado no universo exclusivo de decisões colegiadas.
Em contrapartida, Rosa Weber e Celso de Mello são os ministros que mais
citam Marco Aurélio tanto no universo total de decisões quanto no universo
de decisões monocráticas. Já o Ministro Luiz Fux é quem mais vai citar o mi-
nistro Marco Aurélio dentro do universo exclusivo das decisões colegiadas.

3.5.13.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Marco Aurélio no STF (1998-2018)

3.5.13.1.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em


decisões do ministro Marco Aurélio no STF.

16. Por exemplo, OLIVEIRA, Fabiana Luci de. Processo decisório no Supremo Tribunal Federal:
coalizões e “panelinhas”, op. cit., p. 152.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 249


Ministros mais citados em decisões do Min.
Marco Aurélio no STF (1998-2018)

3.5.13.1.2 O ministro Luiz Fux recebeu mais de 18% de citações do


total possível em decisões do ministro Marco Aurélio no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Marco


Aurélio em decisões no STF (1998-2018)

3.5.13.1.3 A ministra Rosa Weber é a que mais citou


decisões do ministro Marco Aurélio no STF.

250 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Marco
Aurélio em decisões no STF (1998-2018)

3.5.13.1.4 O ministro Celso de Mello realizou mais de 9% de citações a


decisões do ministro Marco Aurélio no STF dentro do total possível.

3.5.13.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Marco Aurélio no STF (1998-2018)

3.5.13.2.1 O ministro Roberto Barroso é o mais citado em


decisões colegiadas do ministro Marco Aurélio no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 251


Ministros mais citados em decisões colegiadas do
Min. Marco Aurélio no STF (1998-2018)

3.5.13.2.2 O ministro Roberto Barroso recebeu 14% de citações do total


possível em decisões colegiadas do ministro Marco Aurélio no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Marco


Aurélio em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.13.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Luiz Fux é o que


mais citou decisões do ministro Marco Aurélio no STF.

252 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Marco
Aurélio em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.13.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Luiz Fux realizou mais de 10% de


citações a decisões do ministro Marco Aurélio no STF dentro do total possível.

3.5.13.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Marco Aurélio no STF (1998-2018)

3.5.13.3.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Marco Aurélio no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 253


Ministros mais citados em decisões monocráticas
do Min. Marco Aurélio no STF (1998-2018)

3.5.13.3.2 O ministro Luiz Fux recebeu 20% de citações do total possível


em decisões monocráticas do ministro Marco Aurélio no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Marco


Aurélio em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.13.3.3 Em decisões monocráticas, a ministra Rosa Weber é a


que mais citou decisões do ministro Marco Aurélio no STF.

254 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Marco
Aurélio em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.13.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Celso de


Mello realizou mais de 10% de citações a decisões do ministro
Marco Aurélio no STF dentro do total possível.

3 . 5 .14 Ricardo Lewandowski

Os ministros mais citados por Ricardo Lewandowski são Cármen Lúcia e


Cezar Peluso. O ministro que mais cita Lewandowski, quando considerado
o total de decisões produzidas pelo citante, é Teori Zavascki. Quando ana-
lisamos as citações efetivamente recebidas entre todas as que o ministro
Ricardo Lewandowski poderia ter recebido, o ministro que mais cita Le-
wandowski é o ministro Dias Toffoli, exceto no universo das colegiadas, no
qual a ministra Cármen Lúcia ocupa a primeira posição.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 255


3.5.14.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Ricardo Lewandowski no STF (1998-2018)

3.5.14.1.1 O ministro Cezar Peluso é o mais citado em decisões


do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

Ministros mais citados em decisões do Min.


Ricardo Lewandowski no STF (1998-2018)

3.5.14.1.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu 12% de citações do total


possível em decisões do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

256 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Ricardo
Lewandowski em decisões no STF (1998-2018)

3.5.14.1.3 O ministro Teori Zavascki é o que mais citou


decisões do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Ricardo


Lewandowski em decisões no STF (1998-2018)

3.5.14.1.4 O ministro Dias Toffoli realizou 12% de citações a decisões do


ministro Ricardo Lewandowski no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 257


3.5.14.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Ricardo Lewandowski no STF (1998-2018)

3.5.14.2.1 A ministra Cármen Lúcia é a mais citada em decisões


colegiadas do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Ricardo Lewandowski no STF (1998-2018)

3.5.14.2.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 13% de citações do total


possível em decisões colegiadas do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

258 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Ricardo
Lewandowski em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.14.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Teori Zavascki é o que


mais citou decisões do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Ricardo


Lewandowski em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.14.2.4 Em decisões colegiadas, a ministra Cármen Lúcia realizou mais de 10% de


citações a decisões do ministro Ricardo Lewandowski no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 259


3.5.14.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas do


Min. Ricardo Lewandowski no STF (1998-2018)

3.5.14.3.1 O ministro Cezar Peluso é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

Ministros mais citados em decisões monocráticas do


Min. Ricardo Lewandowski no STF (1998-2018)

3.5.14.3.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 11% de citações do total


possível em decisões monocráticas do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

260 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Ricardo
Lewandowski em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.14.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Teori Zavascki é o que


mais citou decisões do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Ricardo


Lewandowski em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.14.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Teori Zavascki é o que


mais citou decisões do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 261


3 . 5 .15 Rober to B arroso

Os ministros mais citados pelo ministro Roberto Barroso são Teori Zavasc-
ki e Luiz Fux, que ocupam de forma consistente as primeiras posições do
ranking conforme os diferentes recortes utilizados. Por outro lado, o mi-
nistro é citado com mais frequência pelos ministros Edson Fachin, Rosa
Weber e Luiz Fux.

3.5.15.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Roberto Barroso no STF (1998-2018)

3.5.15.1.1 O ministro Teori Zavascki é o mais citado em


decisões do ministro Roberto Barroso no STF.

262 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões do Min.
Roberto Barroso no STF (1998-2018)

3.5.15.1.2 O ministro Luiz Fux recebeu mais de 13% de citações do


total possível em decisões do ministro Roberto Barroso no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Roberto


Barroso em decisões no STF (1998-2018)

3.5.15.1.3 O ministro Edson Fachin é o que mais citou


decisões do ministro Roberto Barroso no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 263


Ministros que mais citaram decisões do Min. Roberto
Barroso em decisões no STF (1998-2018)

3.5.15.1.4 A ministra Rosa Weber realizou mais de 13% de citações a


decisões do ministro Roberto Barroso no STF dentro do total possível.

3.5.15.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Roberto Barroso no STF (1998-2018)

3.5.15.2.1 O ministro Teori Zavascki é o mais citado em decisões


colegiadas do ministro Roberto Barroso no STF.

264 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões colegiadas do
Min. Roberto Barroso no STF (1998-2018)

3.5.15.2.2 O ministro Ricardo Lewandowski recebeu mais de 12% de citações


do total possível em decisões colegiadas do ministro Roberto Barroso no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Roberto


Barroso em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.15.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Luiz Fux é o que


mais citou decisões do ministro Roberto Barroso no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 265


Ministros que mais citaram decisões do Min. Roberto
Barroso em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.15.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Luiz Fux realizou 15% de citações


a decisões do ministro Roberto Barroso no STF dentro do total possível.

3.5.15.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Roberto Barroso no STF (1998-2018)

3.5.15.3.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Roberto Barroso no STF.

266 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros mais citados em decisões monocráticas
do Min. Roberto Barroso no STF (1998-2018)

3.5.15.3.2 O mnistro Luiz Fux recebeu 14% de citações do total possível


em decisões monocráticas do ministro Roberto Barroso no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Roberto


Barroso em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.15.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Edson Fachin é o


que mais citou decisões do ministro Roberto Barroso no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 267


Ministros que mais citaram decisões do Min. Roberto
Barroso em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.15.3.4  Em decisões monocráticas, o ministro Edson


Fachin realizou mais de 14% de citações a decisões do ministro
Roberto Barroso no STF dentro do total possível.

3 . 5 .1 6 Rosa Weber

O ministro mais citado por Rosa Weber, em praticamente todas as dimen-


sões analisadas neste estudo, é o ministro Dias Toffoli. A única exceção
ocorre no universo das decisões colegiadas, em que o ministro Teori Za-
vascki aparece como o mais citado quando se considera o total de citações
produzido pela ministra.
No plano dos ministros que mais mencionam manifestações anteriores
da ministra Rosa Weber, Luiz Fux lidera em praticamente todos os critérios.
Duas são as exceções. No grande conjunto de todas as decisões da Corte, to-
mando por referência o total de decisões produzidas pelo citante, Alexandre
de Moraes está em primeiro lugar. No universo das monocráticas, seguindo
a mesma referência, Edson Fachin ocupa a primeira posição.

268 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.16.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões da Min.


Rosa Weber no STF (1998-2018)

3.5.16.1.1 O ministro Dias Toffoli é o mais citado em


decisões da ministra Rosa Weber no STF.

Ministros mais citados em decisões da Min.


Rosa Weber no STF (1998-2018)

3.5.16.1.2 O ministro Dias Toffoli recebeu mais de 13% de citações


do total possível em decisões da ministra Rosa Weber no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 269


Ministros que mais citaram decisões da Min. Rosa
Weber em decisões no STF (1998-2018)

3.5.16.1.3 O ministro Alexandre de Moraes é o que mais


citou decisões da ministra Rosa Weber no STF.

Ministros que mais citaram decisões da Min. Rosa


Weber em decisões no STF (1998-2018)

3.5.16.1.4 O ministro Luiz Fux realizou mais de 10% de citações a


decisões da ministra Rosa Weber no STF dentro do total possível.

270 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.16.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas


da Min. Rosa Weber no STF (1998-2018)

3.5.16.2.1 O ministro Teori Zavascki é o mais citado em


decisões colegiadas da ministra Rosa Weber no STF.

Ministros mais citados em decisões colegiadas


da Min. Rosa Weber no STF (1998-2018)

3.5.16.2.2 O ministro Dias Toffoli recebeu mais de 13% de citações do total


possível em decisões colegiadas da ministra Rosa Weber no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 271


Ministros que mais citaram decisões da Min. Rosa
Weber em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.16.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Luiz Fux é o que


mais citou decisões da ministra Rosa Weber no STF.

Ministros que mais citaram decisões da Min. Rosa


Weber em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.16.2.4 Em decisões colegiadas, o ministro Luiz Fux realizou mais de 10% de


citações a decisões da ministra Rosa Weber no STF dentro do total possível.

272 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3.5.16.3 Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


da Min. Rosa Weber no STF (1998-2018)

3.5.16.3.1 O ministro Dias Toffoli é o mais citado em decisões


monocráticas da ministra Rosa Weber no STF.

Ministros mais citados em decisões monocráticas


da Min. Rosa Weber no STF (1998-2018)

3.5.16.3.2 O ministro Dias Toffoli recebeu mais de 13% de citações do total


possível em decisões monocráticas da ministra Rosa Weber no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 273


Ministros que mais citaram decisões da Min. Rosa Weber
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.16.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Edson Fachin é


o que mais citou decisões da ministra Rosa Weber no STF.

Ministros que mais citaram decisões da Min. Rosa Weber


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.16.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Luiz Fux realizou mais de 10%


de citações a decisões da ministra Rosa Weber no STF dentro do total possível.

274 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


3 . 5 .17 Teori Zavascki

Apesar do pouco tempo que o ministro integrou a Corte, é possível identifi-


car a influência de seus votos sobre as decisões dos outros ministros. Como
visto, suas manifestações passadas chegam a liderar o universo dos minis-
tros mais citados por integrantes do Supremo, como nos casos dos ministros
Rosa Weber e Joaquim Barbosa. Os ministros mais citados por Teori Zavasc-
ki foram os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski. Já
os ministros que mais citaram Teori Zavascki são o ministro Alexandre de
Moraes, o seu sucessor na Corte, e a ministra Rosa Weber. Os ministros Ro-
berto Barroso e Celso de Mello aparecem em primeiro lugar quando o foco
recai sobre as menções em decisões monocráticas.

3.5.17.1 Todas as decisões

Ministros mais citados em decisões do Min.


Teori Zavascki no STF (1998-2018)

3.5.17.1.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em


decisões do ministro Teori Zavascki no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 275


Ministros mais citados em decisões do Min.
Teori Zavascki no STF (1998-2018)

3.5.17.1.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 17% de citações


do total possível em decisões do ministro Teori Zavascki no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Teori


Zavascki em decisões no STF (1998-2018)

3.5.17.1.3 O ministro Alexandre de Moraes é o que mais


citou decisões do ministro Teori Zavascki no STF.

276 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Teori
Zavascki em decisões no STF (1998-2018)

3.5.17.1.4 A ministra Rosa Weber realizou mais de 10% de citações a


decisões do ministro Teori Zavascki no STF dentro do total possível.

3.5.17.2 Decisões colegiadas

Ministros mais citados em decisões colegiadas do


Min. Teori Zavascki no STF (1998-2018)

3.5.17.2.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em decisões


colegiadas do ministro Teori Zavascki no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 277


Ministros mais citados em decisões colegiadas do
Min. Teori Zavascki no STF (1998-2018)

3.5.17.2.2 O ministro Ricardo Lewandowski recebeu mais de 16% de citações


do total possível em decisões colegiadas do ministro Teori Zavascki no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Teori


Zavascki em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.17.2.3 Em decisões colegiadas, o ministro Alexandre de Moraes é


o que mais citou decisões do ministro Teori Zavascki no STF.

278 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Teori
Zavascki em decisões colegiadas no STF (1998-2018)

3.5.17.2.4 Em decisões colegiadas, a ministra Rosa Weber realizou 11% de


citações a decisões do ministro Teori Zavascki no STF dentro do total possível.

3.5.17.3. Decisões monocráticas

Ministros mais citados em decisões monocráticas


do Min. Teori Zavascki no STF (1998-2018)

3.5.17.3.1 O ministro Luiz Fux é o mais citado em decisões


monocráticas do ministro Teori Zavascki no STF.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 279


Ministros mais citados em decisões monocráticas
do Min. Teori Zavascki no STF (1998-2018)

3.5.17.3.2 A ministra Cármen Lúcia recebeu mais de 17% de citações do total


possível em decisões monocráticas do ministro Teori Zavascki no STF.

Ministros que mais citaram decisões do Min. Teori Zavascki


em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.17.3.3 Em decisões monocráticas, o ministro Roberto Barroso é


o que mais citou decisões do ministro Teori Zavascki no STF.

280 A j USTificAçãO DE DEciSõES nO SUpREmO


Ministros que mais citaram decisões do Min. Teori Zavascki
em decisões monocráticas no STF (1998-2018)

3.5.17.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Celso de Mello realizou mais de 9%


de citações a decisões do ministro Teori Zavascki no STF dentro do total possível.

O cOmpORTAmEnTO inDiviDUAL E AS inTER AçõES … 281


Conclusão

O presente trabalho explorou duas dimensões do processo de justificação


de decisões no Supremo Tribunal Federal. A primeira envolveu o tamanho
das decisões em diversas perspectivas, abrangendo tanto as manifestações
colegiadas quanto as monocráticas. A segunda, por sua vez, cuidou do uso de
decisões passadas – indicadas como supostos precedentes da Corte – para
a fundamentação de decisões atuais. Nesse último recorte, foram também
incluídas análises sobre o recurso a manifestações anteriores pelos próprios
ministros que as enunciaram (o que chamamos de autocitações) e, na busca
por possíveis redes entre os integrantes da Corte, entre os ministros (o que
chamamos de heterocitações).
Os resultados desse empreendimento baseado em pesquisa quantitativa,
revelados com detalhes já no Sumário Executivo desta obra, realizam três
objetivos importantes de um estudo empírico. Em primeiro lugar, eles con-
firmam e frustram algumas intuições de acadêmicos, profissionais e inte-
ressados em conhecer a prática decisória do STF sobre os temas investigados

283
(como a dificuldade de identificar o que conta como “precedente” da corte; o
crescimento de importância dos “precedentes” no tempo; o maior tamanho,
na média, das decisões relacionadas ao controle de constitucionalidade; a
significativa assimetria no tamanho das decisões de cada uma das turmas;
e o impacto reduzido, em termos quantitativos, das decisões de certos mi-
nistros para a fundamentação dos votos de seus colegas). Em segundo lugar,
eles reforçam estudos anteriores realizados com bases mais restritas (como
a possível existência de redes de afinidades entre ministros e a importância
do direito sumular no tribunal). Em terceiro lugar, por fim, disponibilizam
para a comunidade novas informações sobre o funcionamento do Supremo
nas suas dimensões de órgão colegiado e de instituição marcada pela força
da monocratização – algumas esperadas; outras surpreendentes, soando,
em alguns casos, até contraintuitivas.
Para além dessas contribuições, o estudo evidencia o quão pouco ainda
sabemos e o quanto ainda há para conhecer sobre as duas dimensões anali-
sadas – e tantas outras – do processo de justificação de decisões no Supremo.
Ao mesmo tempo em que, esperamos, este estudo preenche algumas lacu-
nas, ele também pode inspirar novos debates, a (re)formulação de teorias,
propostas legislativas e o desenho de futuras investigações, reforçando a
relevância da pesquisa empírica no Direito e contribuindo para o conheci-
mento cada vez mais informado da realidade do Supremo Tribunal Federal.

284 A j ustificação de decisões no Supremo


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BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Ação Declaratória de Constitucio-


nalidade 16 Distrito Federal. Responsabilidade Contratual. Subsidiária. Contrato
com a administração pública. Inadimplência negocial do outro contraente. Transfe-
rência consequente e automática dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais,
resultantes da execução do contrato, à administração. Impossibilidade jurídica. Con-
sequência proibida pelo art., 71, § 1º, da Lei Federal 8.666/93. Constitucionalidade
reconhecida dessa norma. Ação direta de constitucionalidade julgada, nesse sentido,
procedente. Voto vencido. É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei
Federal 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei 9.032, de 1995.
Requerente: Governador do Distrito Federal. Relator: Ministro Cezar Peluso, 24 de
novembro de 2010. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Agravo Regimental em Mandado


de Segurança 28.371 Distrito Federal. Constitucional. Mandado de Segurança. De-
legação de Atividade Notarial ou Cartorária Extrajudicial. Ingresso após a Promul-
gação da Constituição de 1988. Necessária Prévia aprovação em Concurso Público.
Agravante: Laura Fogliatto Dors. Agravado: Presidente do Conselho Nacional de
Justiça. Agravado: Relator do PCA nº 200810000009641 do Conselho Nacional de
Justiça. Relator: Ministro Joaquim Barbosa, 13 de dezembro de 2012. Disponível em:
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reta de Inconstitucionalidade 951 Santa Catarina. Controle da Constitucionalidade.
Embargos de Declaração. Revogação da Norma Objeto da Ação Direta. Comunicação
Após o Mérito. Desprovimento. Embargante: Assembleia Legislativa do Estado de
Santa Catarina. Embargado: Governador do Estado de Santa Catarina. Relator: Mi-
nistro Roberto Barroso, 27 de outubro de 2016. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/
paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13065489. Acesso em: 29 mar. 2020.

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Ordem no Agravo de Instrumento 791.292 Pernambuco. Questão de ordem. Agravo

Referências 287
de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, § §3º e 4º).
2. Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da
Constituição Federal. Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige
que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem de-
terminar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas,
nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4. Questão de ordem acolhida
para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, ne-
gar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à
repercussão geral. Agravante: HSBC Bank Brasil S/A — Banco Múltiplo. Agravado:
Fernando Soares de Lima. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 23 de junho de 2010.
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Repercussão Geral no Recurso


Extraordinário com Agravo 748.371 Mato Grosso. Alegação de cerceamento do
direito de defesa. Tema relativo à suposta violação aos princípios do contraditório,
da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do devido processo legal. Julgamen-
to da causa dependente de prévia análise da adequada aplicação das normas infra-
constitucionais. Rejeição da repercussão geral. Reclamante: Banco Volkswagen S/A.
Reclamado: Eliane Xavier. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 06 de junho de 2013, p.
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Gerais. Habeas Corpus. Constitucional. Penal. Decisão Monocrática que negou se-
guimento a Recurso Especial. Supressão de instância. Impetração não conhecida.
Paciente: Eliana de Lourdes Pereira. Impetrante: Bernardo Diogo de Vasconcelos
Murta. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski, 19 de novembro de 2013. Disponível
em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=5698164.
Acesso em: 31 mar. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Ação Direta de Inconstitu-


cionalidade 709-2 Paraná. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Objeto da Ação.
Revogação Superveniente da Lei Argüida de Inconstitucional. Prejudicialidade da
Ação. Controvérsia. Requerente: Governador do Estado do Paraná. Requeridos: Go-
vernador do Estado do Paraná e Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. Relator:

288 A j ustificação de decisões no Supremo


Ministro Paulo Brossard, 07 de outubro de 1992. Disponível em: http://redir.stf.jus.
br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266503. Acesso em: 1º abr. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo


de Instrumento 664.567-2 Rio Grande do Sul. Questão de ordem. Recurso extraor-
dinário, em matéria criminal e a exigência constitucional da repercussão geral. Agra-
vante: Orlando Duarte Alves. Agravado: Ministério Público do Estado do Rio Grande
do Sul. Relator: Ministro Sepúlveda Pertence, 18 de junho de 2007. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=485554.
Acesso em: 31 mar. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo


de Instrumento 760.358 Sergipe. Questão de Ordem. Repercussão Geral. Inadmissi-
bilidade de agravo de instrumento ou reclamação da decisão que aplica entendimento
desta Corte aos processos múltiplos. Competência do Tribunal de origem. Conversão
do agravo de instrumento em agravo regimental. Agravante: União. Agravada: Jacileide
Dantas dos Santos. Relator: Presidente Ministro Gilmar Mendes, 19 de novembro de
2009. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=A-
C&docID=608471. Acesso em: 31 mar. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Mandado de Injunção 721-


7 Distrito Federal. Mandado de Injunção — Natureza. Conforme disposto no inciso
LXXI do artigo 5º da Constituição Federal, conceder-se-á mandado de injunção quan-
do necessário ao exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogati-
vas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Há ação mandamental e não
simplesmente declaratória de omissão. A carga de declaração não é objeto da impe-
tração, mas premissa da ordem a ser formalizada. Mandado de Injunção — Decisão
— Balizas. Tratando-se de processo subjetivo, a decisão possui eficácia considerada
a relação jurídica nele revelada. Aposentadoria — Trabalho em Condições Especiais
— Prejuízo à saúde do servido — Inexistência de Lei Complementar — Artigo 40, § 4º,
da Constituição Federal. Inexistente a disciplina específica da aposentadoria especial
do servidor, impõe-se a adoção, via pronunciamento judicial, daquela própria aos tra-
balhadores em geral — artigo 57, § 1º, da Lei 8.213 /91. Impetrante: Maria Aparecida
Moreira. Impetrado: Presidente da República. Relator: Ministro Marco Aurélio, 30
de agosto de 2007. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
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Referências 289
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Distrito Federal. Mandado de Injunção. Aposentadoria Especial do Servidor Público.
Artigo 40, § 4º, da Constituição da República. Ausência de Lei Complementar a disci-
plinar a matéria. Necessidade de integração legislativa. Impetrante: Creuso Scapin.
Impetrado: Presidente da República. Relatora: Ministra Cármen Lúcia, 15 de abril de
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rência consequente e automática dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais,
resultantes da execução do contrato, à administração. Impossibilidade jurídica. Con-
sequência proibida pelo art. 71, § 1º, da Lei Federal 8.666/93. Constitucionalidade
reconhecida dessa norma. Ação direta de constitucionalidade julgada, nesse sentido,
procedente. Voto vencido. É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei
Federal 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei 9.032, de 1995.
Requerente: Governador do Distrito Federal. Relator: Ministro Cezar Peluso, 24 de
novembro de 2010. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
jsp?docTP=AC&docID=627165. Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Plenário). Ação Direta de Inconstitucionalida-


de 4.357 Distrito Federal. Direito Constitucional. Regime de Execução da Fazenda
Pública Mediante Precatório. Emenda Constitucional 62/2009. Inconstitucionali-
dade Formal Não Configurada. Inexistência de Interstício Constitucional Mínimo
entre os dois turnos de votação de Emendas À Lei Maior (cf. art. 60, §2º). Consti-
tucionalidade da Sistemática de “Superpreferência” a credores de verbas alimentí-
cias quando idosos ou portadores de doença grave. Respeito à dignidade da pessoa
humana e à proporcionalidade. Invalidade jurídico constitucional da limitação da
preferência a idosos que completem 60 (sessenta) anos até a expedição do precatório.
Discriminação arbitrária e violação à isonomia (cf. art. 5º). Inconstitucionalidade
da sistemática de compensação de débitos inscritos em precatórios em proveito ex-
clusivo da fazenda pública. Embaraço à efetividade da jurisdição (cf, art. 5º, XXXV),
desrespeito à coisa julgada material (cf, art. 5º XXXVI), ofensa à separação dos po-
deres (cf, art. 2º) e ultraje à isonomia entre o Estado e o particular (cf, art. 1º, caput,
c/c art. 5º, caput). Impossibilidade jurídica da utilização do índice de remuneração
da caderneta de poupança como critério de correção monetária. Violação ao direito
fundamental de propriedade (cf, art. 5º, XXII). Inadequação manifesta entre meios
e fins. Inconstitucionalidade da utilização do rendimento da caderneta de poupança
como índice definidor dos juros moratórios dos créditos inscritos em precatórios,

294 A j ustificação de decisões no Supremo


quando oriundos de relações jurídico-tributárias. Discriminação arbitrária e viola-
ção à isonomia entre devedor público e devedor privado (cf, art. 5º, caput). Incons-
titucionalidade do regime especial de pagamento. Ofensa à cláusula constitucional
do estado de direito (cf, art. 1º, caput), ao princípio da separação de poderes (cf, art.
2º), ao postulado da isonomia (cf, art. 5º, caput), à garantia do acesso à justiça e a
efetividade da tutela jurisdicional (cf, art. 5º, XXXV) e ao direito adquirido e à coisa
julgada (cf, art. 5º, XXXVI). Pedido julgado procedente em parte. Requerente: Con-
selho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e outros. Relator: Ayres Britto, 14
de março de 2013. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
jsp?docTP=TP&docID=6812428. Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Plenário). Agravo Regimental em Mandado de


Segurança 28.371 Distrito Federal. Constitucional. Mandado de Segurança. Dele-
gação de Atividade Notarial ou Cartorária Extrajudicial. Ingresso após a Promul-
gação da Constituição de 1988. Necessária Prévia aprovação em Concurso Público.
Agravante: Laura Fogliatto Dors. Agravado: Presidente do Conselho Nacional de
Justiça. Agravado: Relator do PCA No 200810000009641 do Conselho Nacional de
Justiça. Relator: Ministro Joaquim Barbosa, 13 de dezembro de 2012. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3442542.
Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Plenário). Agravo Regimental em Mandado de


Segurança 28.982 Pernambuco. Agravo Regimental em Mandado de Segurança. Não
cabe mandado de segurança contra ato jurisdicional de Ministro do STF. Irrecorribi-
lidade da decisão que aplica a sistemática da repercussão geral. Precedentes. Agravo
regimental a que se nega provimento. Agravante: Associação dos Servidores Públicos
Federais da Saúde. Agravado: Relator do Agravo Regimental no Agravo Regimental no
Recurso Extraordinário 595725. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 16 de setembro de
2010. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=A-
C&docID=615467. Acesso em: 7 abr. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Segunda Turma). Agravo Regimental no Recur-


so Extraordinário com Agravo 691.595 São Paulo. Agravo Regimental no Recurso
Extraordinário com Agravo. Ausência de fundamentação da preliminar de Reper-
cussão Geral das questões constitucionais suscitadas. Agravo improvido. Agravante:
M. F. S. A. Representada por Genusia Maria da Silva. Agravado: Maritima Seguros

Referências 295
S/A.. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski em 5 de fevereiro de 2013. Disponível
em http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3433523.
Acesso em: 7 abr. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AP 470: baixe a íntegra do acórdão. Notícias STF,


Brasília, 22 abr. 2013. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticia-
Detalhe.asp?idConteudo=236494. Acesso em: 16 dez. 2019.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula 279.


Diário da Justiça, 13 out. 2003. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurispru-
dencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1480. Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula 282.


Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.
asp?sumula=2496. Acesso em: 1º abr. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula 691.


Diário da Justiça, 13 out. 2003. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurispru-
dencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1480. Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Plenário). Embargos de Declaração na Ação Di-


reta de Inconstitucionalidade 951 Santa Catarina. Controle da Constitucionalidade.
Embargos de Declaração. Revogação da Norma Objeto da Ação Direta. Comunicação
Após o Mérito. Desprovimento. Embargante: Assembleia Legislativa do Estado de San-
ta Catarina. Embargado: Governador do Estado de Santa Catarina. Relator: Ministro
Roberto Barroso, 27 de outubro de 2016, p. 7. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/
paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13065489. Acesso em: 29 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Estatísticas do STF: pesquisa por classe. Bra-


sília, DF: Portal de Informações Gerenciais, 31 mar. 2020. Disponível em: http://
www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=estatistica&pagina=pesquisa-
Classe. Acesso em: 17 dez. 2019.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (2ª Turma). Habeas Corpus 118.189 Minas Ge-
rais. Habeas Corpus. Constitucional. Penal. Decisão monocrática que negou se-
guimento a Recurso Especial. Supressão de instância. Impetração não conhecida.
Paciente: Eliana de Lourdes Pereira. Impetrante: Bernardo Diogo de Vasconcelos
Murta. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski, 19 de novembro de 2013. Disponível

296 A j ustificação de decisões no Supremo


em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=5698164.
Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Julgamento sobre remuneração de aposentados


do Banespa é suspenso por empate. Notícias STF, Brasília, 8 ago. 2017. Disponível
em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=351816.
Acesso em: 27 ago. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Ministro Fachin declara encerrada fase de apu-


ração de irregularidades em processo sobre delação da JBS. Notícias STF, Brasília,
28 fev. 2019. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.
asp?idConteudo=404737. Acesso em: 27 ago. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PEC dos Precatórios: relator pede informações a


tribunais e Secretarias de Fazenda para analisar o mérito da ação. Notícias STF, Bra-
sília, 6 jan. 2010. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.
asp?idConteudo=118360&caixaBusca=N. Acesso em: 7 abr. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Pedido de vista suspende debate sobre apli-


cação da repercussão geral. Notícias STF, Brasília, 26 ago. 2009. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=112430&-
caixaBusca=N. Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Plenário decide que não cabe recurso ao STF
para solucionar equívocos na aplicação da repercussão geral. Notícias STF, Brasília,
23 nov. 2009. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.
asp?idConteudo=116369&caixaBusca=N. Acesso em: 7 abr. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Plenário decide que aposentados que receberam


benefício por desaposentação não precisam devolver o valor. Notícias STF, Brasí-
lia, 6 fev. 2020. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.
asp?idConteudo=436392. Acesso em: 27 ago. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agra-


vo de Instrumento 664.567-2 Rio Grande do Sul. Questão de ordem. Recurso ex-
traordinário, em matéria criminal e a exigência constitucional da repercussão geral.
Agravante: Orlando Duarte Alves. Agravado: Ministério Público do Estado do Rio
Grande do Sul. Relator: Ministro Sepúlveda Pertence, 18 de junho de 2007. Disponível

Referências 297
em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=485554.
Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo


de Instrumento 760.358 Sergipe. Questão de Ordem. Repercussão Geral. Inadmissi-
bilidade de agravo de instrumento ou reclamação da decisão que aplica entendimento
desta Corte aos processos múltiplos. Competência do Tribunal de origem. Conversão
do agravo de instrumento em agravo regimental. Agravante: União. Agravada: Jacilei-
de Dantas dos Santos. Relator: Presidente Ministro Gilmar Mendes, 19 de novembro
de 2009, p. 6-7. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?-
docTP=AC&docID=608471. Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REs em causas de juizados especiais cíveis são


admitidos apenas em situações excepcionais. Notícias STF, Brasília, 27 mar. 2015.
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteu-
do=288307&caixaBusca=N. Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Plenário). Repercussão Geral na Questão de


Ordem no Agravo de Instrumento 791.292 Pernambuco. Questão de ordem. Agra-
vo de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, § §3º e
4º). Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93
da Constituição Federal. Inocorrência. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige
que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem de-
terminar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas,
nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. Questão de ordem acolhida
para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, ne-
gar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à
repercussão geral. Agravante: HSBC Bank Brasil S/A — Banco Múltiplo. Agravado:
Fernando Soares de Lima. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 23 de junho de 2010.
Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&do-
cID=613496.Acesso em: 7 abr. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Plenário). Repercussão Geral no Recurso Ex-


traordinário 956302 Goiás. Princípio da inafastabilidade da jurisdição. Óbice pro-
cessuais intransponíveis. Extinção do processo sem julgamento de mérito. Questão
infraconstitucional. Matéria fática. Ausência de Repercussão Geral. Inexistência de
repercussão geral. Reclamante: Rodrigo Rodrigues de Souza. Reclamado: Segurador

298 A j ustificação de decisões no Supremo


Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A. Relator: Ministro Edson Fachin em 19
de maio de 2016. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.js-
p?docTP=TP&docID=11181177. Acesso em: 12 nov. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Plenário). Repercussão Geral no Recurso Ex-


traordinário com Agravo 748.371 Mato Grosso. Alegação de cerceamento do di-
reito de defesa. Tema relativo à suposta violação aos princípios do contraditório, da
ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do devido processo legal. Julgamento da
causa dependente de prévia análise da adequada aplicação das normas infraconsti-
tucionais. Rejeição da repercussão geral. Reclamante: Banco Volkswagen S/A. Re-
clamado: Eliane Xavier. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 06 de junho de 2013, p.
2. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&-
docID=4237636. Acesso em: 31 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF nega habeas corpus a editor de livros con-
denado por racismo contra judeus. Notícias STF, Brasília, 17 set. 2003. Disponível
em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=61291.
Acesso em: 27 ago. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Supremo julga Lei de Imprensa incompatível


com a Constituição Federal. Notícias STF, Brasília, 30 abr. 2009. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=107402. Aces-
so em: 27 ago. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF reafirma rito aplicado ao processo de im-


peachment de Fernando Collor. Notícias STF, Brasília, 17 dez. 2015. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=306614. Aces-
so em: 27 ago. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF conclui julgamento sobre limites da atua-


ção do relator em colaborações premiadas. Notícias STF, Brasília, 29 jun. 2017.
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteu-
do=348254. Acesso em: 27 ago. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF nega habeas corpus preventivo ao ex-pre-


sidente Lula. Notícias STF, Brasília, 5 abr. 2018. Disponível em: http://www.stf.jus.
br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=374437. Acesso em: 27 ago. 2020.

Referências 299
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF conclui julgamento e restringe prerro-
gativa de foro a parlamentares federais. Notícias STF, Brasília, 3 maio 2018. Dis-
ponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteu-
do=377332. Acesso em: 27 ago. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDER AL. STF julga parcialmente inconstitucional


emenda dos precatórios. Notícias STF, Brasília, 14 mar. 2013. Disponível em: http://
www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=233520&caixaBus-
ca=N. Acesso em: 7 abr. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Teori Zavascki foi ministro do STF por qua-
tro anos. Notícias STF, Brasília, 20 jan. 2017. Disponível em: http://www.stf.jus.br/
portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=334228. Acesso em: 29 mar. 2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 2ª Turma rejeita denúncia contra deputado


federal Arthur Lira e senador Benedito de Lira (PP-AL). Notícias STF, Brasília,
18 dez. 2017. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.
asp?idConteudo=365158. Acesso em: 27 ago. 2020.

VOJVODIC, Adriana. Precedentes e argumentação no Supremo Tribunal Federal:


entre a vinculação ao passado e a sinalização para o futuro. 2012. 269 f. Tese (Douto-
rado em Direito) — Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-27092012-
094000/publico/tese_Adriana_Vojvodic.pdf. Acesso em: 30 mar. 2020.

VOJVODIC, Adriana. MACHADO, Ana Mara França; CARDOSO, Evorah Lusci Cos-
ta. Escrevendo um romance, primeiro capítulo: precedentes e processo decisório no
STF. Revista Direito GV, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 21-44, jan./jun. 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rdgv/v5n1/a02v5n1. Acesso em: 30 mar. 2020.

300 A j ustificação de decisões no Supremo


Referências 301
Sobre os autores

Fernando Leal | Professor da FGV Direito Rio. Doutor em Direito pela


Christian-Albrechts-Universität zu Kiel (Alemanha), com apoio do ser-
viço alemão de intercâmbio acadêmico (DAAD). Doutor e mestre em Di-
reito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Realizou estágio pós-doutoral na condição de pesquisador visitante na
Ruprecht-Karls-Universität Heidelberg.

Ana Paula de Barcellos | Professora Titular de Direito Constitucional da


UERJ, Pós-doutora – Harvard, Doutora e Mestre – UERJ, membro da Co-
missão de Estudos Constitucionais da OAB, advogada e parecerista.

Guilherme Almeida | Doutor em Teoria do Estado e Direito Constitucional


pela PUC-Rio.

303
Este livro foi produzido pela FGV Direito Rio,
composto com a família tipográfica Chronicle Text
e impresso em papel offset, no ano de 2020.
Referências c
Como o STF justifica suas decisões? Neste li-
vro, buscamos uma resposta quantitativa para
essa pergunta a partir de duas dimensões: a
extensão das decisões da corte e o recurso a
manifestações anteriores do tribunal e de seus
Ministros. Através de uma série de gráficos,
tabelas e análises, mostramos como estas duas
dimensões interagem com variáveis como o
tempo, os assuntos discutidos, as classes
processuais, os órgãos julgadores dentro do
tribunal, os Ministros relatores, dentre outras.

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