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Moral: para que é necessária?

As leis podem impedir/evitar condutas imorais

Nenhuma lei pode assegurar a generosidade, a solidariedade, a fraternidade e o amor.

Se a lei ambicionasse substituir a moral, deixaria de respeitar o que há de mais íntimo em


nós mesmos: a liberdade de colocar uma intenção no que faço, de assumir, em consciência,
deveres, direitos e responsabilidades.

Os caminhos da moralidade

O rumo que damos ao nosso viver, que orienta o nosso agir, que dá sentido à nossa ação
tem a ver com o modo como vemos o homem, o mundo e a vida. Por isso, toda a reflexão
pressupõe duas questões:

a) Uma, antropológica: qual a ideia que temos de Homem?


b) Outra, cosmológica: em que Universo vivemos?

O que torna cada um de nós um sujeito moral?

 O agir humano não é um processo meramente bioquímico ou puramente


mecânico ou programado
 Resulta de um agente consciente, que não só conhece a sua diferença entre bem e
mal, mas também age segundo a sua vontade e julga o valor dos seus atos
 O que nos torna sujeitos morais é sermos dotados de consciência. Quando falamos
em consciência, falamos da característica subjetiva que define a vida psíquica.
 A consciência que dá conta das nossas próprias vivências é a mesma que coloca
intenções, significado ou finalidades nas determinações do agir que assumimos
por vontade própria. Quando digo «gosto de ti», tenho consciência da intenção
que coloco no que digo e só eu posso responder pelo significado desta intenção.
 Essa consciência do que se passa no « interior » de cada um de nós, quando avalia
a nossa ação passada ou presente, dá sentido ao nosso agir e orienta o, tomando
valores como referência
 Dessa forma torna se numa consciência moral

Liberdade na ação humana

 Kant defendia que o ser humano, em comparação com os seres e objetivos


naturais, é um ser livre
 O homem é o único ser livre
 O Homem possui capacidade e necessidade de escolher
 No domínio da ação, o Homem não nasce pré-programado para agir de
determinada maneira, independentemente da sua decisão ou opção
 Faz parte da sua natureza ter de escolher entre diferentes alternativas de ação,
pesando as circunstâncias em que a mesma ocorre
 A liberdade não é a ausência de constrangimentos externos ou internos, nem a
possibilidade de agir independentemente de quaisquer obstáculos ou
determinismos
 Liberdade: ter a possibilidade de escolher e de decidir o que fazer e que tipo de
pessoas queremos ser, tendo em conta os fatores e condicionalismos do nosso
contexto

Liberdade e responsabilidade

 Existem princípios e normas impostas exteriormente


o Nível sociocultural e jurídico
o Nível ético moral
 O reconhecimento destes princípios e normas não significa determinismo. Traduz
a liberdade humana na medida em que existe a possibilidade e a necessidade de
cada um orientar a sua própria ação, com base nas condicionantes do contexto
 Se a ação resulta da vontade, então agir implica assumir a responsabilidade pelas
próprias ações e pelas consequências resultantes

Responsabilidade

 Responsabilidade consiste em prestar contas pelos atos e intenções perante a


sociedade civil e a nossa consciência moral
 Só é moralmente responsável o indivíduo que age livremente, sem ter sido
obrigado a fazer algo contra a sua vontade

Liberdade vs Determinismo

 Há autores que defendem o determinismo


 Há autores que defendem a vontade própria

Há ainda outras teorias que defendem o conciliar da vontade livre e do determinismo.

Naturalmente, existem fenómenos no mundo que são determinados, mas apesar disso,
algumas ações humanas são livres.

Liberdade (John Searle (1932))

 Há autoexperiência da liberdade, uma vez que quando se age existe a consciência


de que poderia ter sido escolhido ou praticado uma ação diferente
 Há argumentos que sustentam que a vontade não é livre (determinismo)
 Há ainda o compatibilismo que admite na natureza e simultaneamente considera a
vontade livre. Dizer que as ações são livres não é negar que sejam determinadas,
mas sim que não somos forçadas a fazê-las
 Só não é livre a ação que fazemos porque somos forçados

Livro Fernão Capelo Gaivota (Richard Bach)

 Por que será interrogou se Fernão que a coisa mais difícil do mundo é convencer a
um pássaro de que é livre e de que pode prová lo a si mesmo se se dedicar a
treinar um pouco
 “Falou de coisas muito simples que as gaivotas têm o direito de voar, que a
liberdade é própria de sua natureza, que todo aquele que se oponha a essa
liberdade deve ser posto de parte, quer a oposição seja motivada por ritual,
superstição ou limitação sob qualquer forma
 Tem a liberdade de ser você mesmo seu verdadeiro ser, aqui e agora, e nada
impedirá seu caminhar.

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