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Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR

Tainá Schadek Turma:S15

Fundamentos da Ética
(Questão 3)

Curitiba-PR
20/06/2023
Por que Sartre defende o ateísmo como um princípio para a responsabilidade
moral do ser humano ? Pois segundo ele “o homem nada mais é que o conjunto de
seus atos, nada mais que sua vida”, ou seja aquilo que eu faço define quem eu sou.
Além disso para Sartre o existencialismo deveria ser ateu já que “a existência
precede a essência“ o que não se pode supor com uma ênfase religiosa de Deus, ou
um mundo espiritual, pois esse fato tira do homem a liberdade da definição de seus
próprios atos. Ele argumenta que, sem um Deus ou uma ordem moral pré-
determinada, a humanidade é livre para criar seus próprios valores e determinar seu
próprio propósito na vida.
Para Sartre, a existência humana é caracterizada pela liberdade radical, o que
significa que não há uma natureza humana fixa ou um plano divino que determine
nosso comportamento. Portanto, não podemos depositar nossa responsabilidade
moral em uma entidade superior. Ao contrário, cada indivíduo é responsável por
suas próprias escolhas e ações, e deve enfrentar as consequências morais de suas
decisões. Ele argumenta que, sem um Deus ou uma ordem moral pré-determinada, a
humanidade é livre para criar seus próprios valores e determinar seu próprio
propósito na vida.Para Sartre, a existência humana é caracterizada pela liberdade
radical, o que significa que não há uma natureza humana fixa ou um plano divino que
determine nosso comportamento. Portanto, não podemos depositar nossa
responsabilidade moral em uma entidade superior. Ao contrário, cada indivíduo é
responsável por suas próprias escolhas e ações, e deve enfrentar as consequências
morais de suas decisões. Portanto, para Sartre, o ateísmo não é apenas uma posição
filosófica, mas uma condição que nos leva a assumir a total responsabilidade pela
nossa própria existência e pelo impacto que temos no mundo.
Assim como grande parte da população mundial é inserida em um meio religioso, é
comum sempre que algo da certo ouvir a frase ‘’graças a Deus’’, ou algo que de
errado ‘’Deus pode ter outros planos pra você’’ ou então quando vamos fazer algo
novo ou diferente ‘’seja o que Deus quiser’’, são frases de conhecimento básico,
porém se analisadas do ponto de vista de Sartre fazem sentido o porque ele defende
o ateísmo como responsabilidade moral, pois nós mesmos deveríamos ter
consciência dos nossos atos e sermos culpados ou agraciados por eles, o que
claramente não fazemos a responsabilidade por nossos atos colocamos em conta de
Deus, ou algo espiritual.
Então para a tese de Sartre temos que assumir as consequência que a liberdade
nos da, a culpa e apreciação pelos nossos atos, sendo apenas e completamente
nossos, ou seja teríamos que aprender a parar de dar desculpas e consequências a
outro ser se não nós mesmos, nossos atos nossa consequência, o filosofo declara que
:“De fato, tudo é permitido se Deus não existe. Para começar, o homem não
encontra desculpas. Estamos sós e sem desculpas; o homem é responsável por tudo
aquilo que faz”.
Temos ainda que levar em consideração o fato do ateísmo ainda não ser muito
bem-visto pela sociedade, pois a sociedade faz com que você seja inserido em algum
meio de religiosidade seja qual for ele, e como o ateísmo não é de acordo com essas
questões ainda são malvistos em geral. O que simplesmente acaba atrapalhando a
ideia de Sartre de ser um princípio de responsabilidade moral, porque pra isso ter um
impacto muitas pessoas têm que entender o que ele quer dizer, o que pra quem é
religiosa é difícil ir contra seus princípios, além do fato de assumirmos
responsabilidades, o que com certeza não estamos familiarizados.
A liberdade é a ideia de que o homem constrói a si próprio. A noção de liberdade é
de suma importância para o pensamento de Sartre, que além de trazer as
responsabilidades ao homem, mostra-se a dúvida da pergunta ‘’Deus existe ou
não’’pois para aqueles que acreditam em Deus, foi ele que proporcionou liberdade
aos homens o tão conhecido livre arbítrio “Podes escolher segundo tua vontade,
porque te é dado” (Moisés 3:17), ou seja ele não interfere nas escolhas que vamos
fazer, ou seja mesmo com a existência de Deus somos livres para fazermos escolhas.
A existência de Deus não é um problema para Sartre, já que o único problema seria o
homem entender suas responsabilidades, já que o homem tende a justificar suas
ações com base em “temor a Deus” acaba escapando da própria liberdade “O
existencialismo não é tanto um ateísmo no sentido em que se esforçaria por
demonstrar que Deus não existe. Ele declara, mais exatamente: mesmo que Deus
existisse, nada mudaria; eis nosso ponto de vista. Não que acreditamos que Deus
exista, mas pensamos que o problema não é o da sua existência; é preciso que o
homem se reencontre e se convença de que nada pode salvá-lo dele próprio, nem
mesmo uma prova válida da existência de Deus” (SARTRE, 1987, p. 22).
O homem é livre mesmo com a existência de Deus e como exemplo disso temos a
narrativa bíblica de Abraão, que recebe uma ordem de Deus para sacrificar seu filho,
assim como Abraão teve que decidir sozinho se obedeceria ou não a ordem que o
anjo lhe passou, isso significa que o homem é o único responsável pelo seu modo de
entender a realidade a qual se encontra. “Havia uma louca que tinha alucinações:
falavam-lhe pelo telefone dando-lhe ordens. O médico pergunta: “Mas, afinal, quem
fala com você?” Ela responde: “Ele diz que é Deus”. Que provas a tinha que, de fato,
era Deus? Se um anjo aparece como saberei que é um anjo? E se escuto vozes, o que
me prova que elas vêm do céu e não do inferno, ou do subconsciente ou de um
estado patológico? [...] Se uma voz se dirige a mim sou eu mesmo que terei de
decidir que essa é a voz do anjo” (Sartre, 1987, p. 7-8). Para entender a liberdade de
acordo com Sartre é entendê-la a partir de um rigor moral que vem das decisões as
quais tomamos sozinhos.
‘’É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado
porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao
mundo, é responsável por tudo quanto fizer” (SARTRE, 1973, p. 15). Fica entendi por
Sartre a que a liberdade tem um sentido de condenação, que significa que não
podemos escapar da liberdade de nossas ações e responsabilidades. Para Sartre, o
homem é homem pela sua condição de ser livre. O homem é fruto de sua liberdade
porque quotidianamente escolhe as ações que irá praticar. Dessa forma, a liberdade
não é uma conquista humana, ela é uma condição da existência humana: Com efeito,
sou um existente que aprende sua liberdade através de seus atos; mas sou também
um existente cuja existência individual e Única temporaliza-se como liberdade [...]
assim, minha liberdade está perpetuamente em questão em meu ser; não se trata de
uma qualidade sobreposta ou uma propriedade de minha natureza; é bem
precisamente a textura de meu ser... (SARTRE, 1998, p. 542/543). Isso significa que
para Sartre o homem é livre para escolher, já que possui consciência. Que é a que
gera a intensidade dessas ações praticadas.
O ateísmo é realmente necessário para superar o determinismo inerente as
perspectivas religiosas, de modo que o homem se sinta responsável pelo que é, bem
como aquilo que faz? Na visão de sorte seria o correto a se fazer, pois determinismo
afirma que há “um conjunto de condições que determinam as ações dos sujeitos no
mundo”, então o determinismo como uma corrente filosófica afirma que há uma
“cadeia de relações causais”, ou seja, que crê que a padrões para a construção do
mundo e isso que acaba intervindo nas ações assim como também na vida das
pessoas. A ideia de que o homem se sinta responsável por suas ações como também
pelo que é, ou seja sem impor que suas ações não são suas consequências além de
quem dita sua vida não é você mesmo. Por isso faz menção ao ateísmo como
principal fonte para superar o determinismo, pois para o determinismo basicamente
as ações têm consequências seja geneticamente ou espiritualmente, ou seja, vem a
mensagem de que não somos nós que fazemos tal escolha de nossos atos, a algo ou
alguém por trás disso. Afirmando como o determinismo funciona de que a maneira
como as coisas se encontram futuramente é apenas o resultado de como as coisas se
encontram agora, ou seja, baseada nas leis da natureza ‘’condições iniciais’’, então
para se ter a afirmação de que o mundo é determinista, tem que se acreditar que o
futuro é resultado de uma condição preexistente.
O determinismo é uma teoria que afirma que todos os eventos são causados por
antecedentes que os determinam de maneira irrefutável. Segundo essa visão, nossas
ações e escolhas são pré-determinadas por uma cadeia causal que remonta a
eventos passados, como fatores genéticos, influências ambientais e até mesmo leis
universais. Nesse contexto, a liberdade é obscurecida e considerada ilusória. O
determinismo nega a capacidade do indivíduo de agir de forma autônoma e sustenta
que não temos controle sobre nossas vidas, sendo meros joguetes nas mãos do
destino. "Nenhum determinismo pode obrigar o homem a agir de uma certa
maneira; a escolha final é sempre dele."O determinismo não é uma desculpa para a
falta de responsabilidade; mesmo em um mundo determinista, somos responsáveis
por nossas escolhas porque somos nós que as fazemos." (Sartre). Por outro lado,
Sartre se posiciona em oposição ao determinismo, enfatizando a liberdade como
uma característica inerente ao ser humano. Para Sartre, somos seres livres e
responsáveis por nossas ações, independentemente das circunstâncias externas que
possamos enfrentar. Em sua filosofia existencialista, Sartre coloca o ser humano
como "condenação à liberdade", uma condição que nos obriga a tomar decisões e
assumir a responsabilidade por elas. "O homem é condenado a ser livre; condenado
porque ele não criou a si mesmo, e ainda assim é livre porque, quando se joga no
mundo, é responsável por tudo o que fizer."(Sartre)
Conforme a visão de Sartre, nossa existência precede a essência, o que significa
que somos lançados no mundo sem um propósito pré-definido. Somos livres para
moldar nossa própria essência por meio de nossas escolhas e ações. Para Sartre, não
existe uma natureza humana determinada e fixa, pois somos constantemente
moldados pelas escolhas que fazemos. Nesse sentido, a liberdade é vista como um
fardo, uma fonte de angústia e vertigem, uma vez que somos compelidos a assumir a
responsabilidade de criar nosso próprio significado e enfrentar as consequências de
nossas ações. Enquanto o determinismo sustenta que não podemos escapar da
determinação causal dos eventos, Sartre argumenta que mesmo em face das
restrições impostas pelo mundo ao nosso redor, continuamos sendo agentes livres
capazes de escolher e agir de acordo com nossa consciência. A liberdade, para Sartre,
envolve assumir a plena responsabilidade por nossas decisões, aceitando as
consequências que delas decorrem. "A liberdade é o reconhecimento da
necessidade."(Sartre).
Além disso existem várias áreas em que o determinismo pode ser observado nos
dias atuais, como o determinismo genético que acredita que são os nossos genes que
influenciam em diversos aspectos de nossas vidas, como saúde, personalidade e
nossas habilidades, esse determinismo genético argumenta que esses fatores
genéticos definem em grande parte quem somos e o que nós podemos fazer.
Determinismo socioeconômico, esse argumenta que o ambiente socioeconômico ao
qual nascemos e vivemos determina nossas oportunidades e nossas limitações, que
significa por exemplo alguém nascido em um ambiente pobre pode ter menos
chances de acesso a uma boa educação e emprego, o que pode influenciar seu
sucesso e suas escolhas futuras. Determinismo tecnológico o avanço da tecnologia
tem impacto nas nossas vidas cotidianas. Argumenta-se que essas inovações
tecnológicas determinam quem somos e como vivemos, moldando nossas
preferencias e até mesmos nossa identidade. E além disso o determinismo
cultural,que as normas ,valores e tradições culturais de uma sociedade pode
influenciar significativamente nossas crenças e açõe,argumenta-se que nossa cultura
nos determina, limitando nossa liberdade de escolha e moldando nossas
identidades.Embora essas influencias possam ter um impacto significativo em nossas
vidas,a visão determinista de Sartre argumenta que ainda temos a capacidade de
transcende-las e exercer nossa liberdade por meio de reflexão e da escolha
consciente. "O determinismo é a desculpa dos covardes."(Sartre).Embora existam
influências externas em nossas vidas, somos responsáveis por nossas escolhas e
ações, e a liberdade é uma característica essencial da existência humana. "A
liberdade é o que fazemos com o que fizeram de nós."(Sartre).
Para Sartre, o determinismo e a liberdade são conceitos opostos e irreconciliáveis.
Sartre enfatiza que, mesmo em circunstâncias adversas ou limitações externas, os
seres humanos têm a capacidade de transcender essas condições e tomar decisões
que moldam suas próprias vidas. A liberdade, para Sartre, não está apenas na
possibilidade de escolher, mas também na responsabilidade que temos de assumir
pelas consequências de nossas ações.Portanto, para Sartre, o determinismo nega a
liberdade humana, reduzindo-nos a meros joguetes do destino ou das circunstâncias
externas. A liberdade, por sua vez, é vista como uma característica essencial da
existência humana, que nos permite criar nosso próprio significado e assumir a
responsabilidade por nossas escolhas e ações.
De acordo com Sartre, a liberdade não é apenas a capacidade de fazer escolhas, mas
também implica uma responsabilidade pelo que escolhemos fazer. Ele argumentava
que, mesmo em situações em que somos influenciados por fatores externos, como
circunstâncias sociais ou determinações biológicas, ainda assim sempre temos a
liberdade de escolher como responder a esses estímulos.No entanto, Sartre também
enfatizava a angústia e a responsabilidade associadas à liberdade. Ele argumentava
que a liberdade implica em uma incerteza constante, uma vez que não há uma regra
ou padrão predefinido para seguir. Isso pode ser perturbador para algumas pessoas,
que podem preferir se esconder atrás de sistemas de crenças dogmáticos ou
estruturas institucionais que lhes digam o que fazer.Portanto, para Sartre, a
liberdade é uma condição humana central, mas também traz consigo uma
responsabilidade individual e um peso existencial, já que cada indivíduo é
responsável por criar seu próprio significado e tomar suas próprias decisões em um
mundo aparentemente vazio e sem sentido. "O homem é condenado a ser livre;
condenado, porque não criou a si mesmo, mas, liberto, uma vez que se encontra
lançado para lá de si mesmo em direção ao futuro."O homem é livre e, em última
análise, é sempre livre para decidir o que fazer de sua própria existência "A escolha é
sempre possível até o último momento da vida humana." "Todas as condenações,
toda a pressão, há de quebrar diante da liberdade humana."(Frases retiradas do livro
‘’O existencialismo é um Humanismo’’ por Jean Paul-Sartre,sobre sua visão da
liberdade) Sartre também critica a ideia de que somos apenas produtos de nosso
ambiente social e histórico. Embora ele reconheça que esses fatores podem
influenciar nossas circunstâncias e opções disponíveis, ele enfatiza que, no final,
somos nós que decidimos como responder a essas influências e agir em relação a
elas.
Em suma, determinismo e liberdade representam concepções opostas no debate
filosófico sobre a ação humana. Enquanto o determinismo defende a ideia de que
todos os eventos são causados e predestinados, a visão de Sartre sobre a liberdade
enfatiza a capacidade inata do indivíduo de agir autonomamente, mesmo diante das
restrições impostas pelo mundo ao seu redor. Para Sartre, a liberdade é uma
condenação que exige que cada um de nós assuma a responsabilidade plena sobre
nossas escolhas e ações. Ao entender essas diferenças, podemos refletir sobre o
significado e a importância de nossa liberdade individual, bem como sobre os
desafios e a responsabilidade que ela implica em nossas vidas.

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