Você está na página 1de 2

Três teorias acerca do problema do livre-arbítrio

Determinismo Radical Libertismo Determinismo moderado (compatibilismo)

*Esta teoria é incompatibilista *Esta teoria é incompatibilista *Esta teoria é compatibilista

Problema central: Como compatibilizar a crença no livre-arbítrio com o determinismo que observamos no mundo?

Relativamente à questão: temos livre-arbítrio? Relativamente à questão: temos livre-arbítrio? Relativamente à questão: temos livre-arbítrio?
O determinista diz que não O libertista diz que sim O determinista moderado diz que sim

Tese central: todos os acontecimentos estão Tese central: Todos os acontecimentos estão Tese central: Todos os acontecimentos estão
determinados por acontecimentos anteriores (causas determinados por acontecimentos anteriores e por leis determinados por acontecimentos anteriores mas
anteriores) e por leis da natureza, e, por isso, não da natureza, com exceção da ação humana. temos livre-arbítrio.
temos livre-arbítrio.
Argumento 1: de acordo com o determinista radical Argumento 1: Para o libertista, não podemos Argumento: Para o determinista moderado desde que
temos a ilusão de liberdade porque desconhecemos as confundir os fatores que são tidos em conta durante o consigamos fazer o que queremos e desejamos, somos
causas que motivam à realização das nossas ações. Por processo de decisão com causas anteriores. Estes livres. Ser livre é precisamente agir de acordo com a
outro lado, estar determinado não é como ser obrigado fatores são circunstanciais e fazem parte do processo de vontade, ou seja, de acordo com as nossas crenças e
a fazer alguma coisa, no primeiro caso não temos decisão. Assim, as causas com as quais os fatores estão desejos (desde que as nossas crenças tenham surgido
consciência, até porque por vezes fazemos o que vai ao relacionados nada têm a ver connosco. através de um processo natural). Caso não seja obrigada
encontro das nossas crenças e desejos, e, por isso, por a fazer o que não quero nem impedida de fazer o que
elas somos determinados. Argumento 2: Para o libertista não podemos dissociar quero, então sou livre
a crença da liberdade do processo relacionado com as
nossas ações, ou seja, a liberdade faz parte das nossas
ações enquanto processo. Assim, agir é pressupor a
crença no livre-arbítrio.

Objeção 1: para os críticos a ideia de que não temos Objeção 1: O libertista defende que não podemos Objeção 1: Para o determinista moderado somos livres
livre-arbítrio é muito difícil de sustentar. Talvez seja confundir os fatores que temos em conta quando quando não somos coagidos a fazer o que não
fácil viver com a ilusão de que a terra está imóvel. tomamos decisões com causas determinantes. O queremos nem impedidos de fazer o que não queremos.
Três teorias acerca do problema do livre-arbítrio

Contudo, não é fácil aceitar a ideia de que não temos libertista quer dizer que esses fatores fazem parte do Ora, existem ações que resultam não da coação externa,
livre-arbítrio. As nossas ações são a manifestação da processo livre de decidir, como se tivéssemos vários mas da coação interna. Assim sendo, cabe ao
crença no livre-arbítrio. Assim, o argumento a favor da fatores a ter em conta e livremente optássemos por um. compatibilista demonstrar qual é a diferença entre um
ideia de que não temos livre-arbítrio não é convincente. Contudo, os críticos afirmam que se esses fatores a ter constrangimento interno e um constrangimento externo.
em conta são efeitos de causas anteriores, então parece Por que razão quando a coação é externa a ação não é
Objeção 2: aparentemente existe uma conexão entre claro que as nossas ações não são livres, pois esses livre, mas é livre quando a coação é interna (parte do
liberdade e responsabilidade moral. Caso não exista fatores são meros efeitos de causas anteriores. O próprio agente da ação)?
liberdade, não poderemos ser moralmente libertista parece não conseguir escapar ao
responsabilizados pelas nossas ações, pois poderemos determinismo.
alegar que já estamos determinados a fazer o que Objeção 2: a tarefa principal do compatibilista é
fazemos. Ex: um criminoso pode alegar que não é Objeção 2: Se as nossas ações não resultarem das demostrar como é possível ser livre ainda que tudo
moralmente responsabilizado por cometer crimes (não nossas crenças e desejos como causas anteriores, esteja determinado. Contudo, o compatibilista parece
sendo livre já estava determinado). apenas restará ao libertista a aleatoriedade, ou seja, falhar nessa tarefa. Não está claro como é possível ser
escolhas feitas ao acaso. Contudo, escolhas aleatórias livre sendo determinado por acontecimentos anteriores.
também não são escolhas livres, logo, se as nossas
ações não resultam de causas anteriores, então não
sabemos do que é que resultam, e, por isso, o libertista
não consegue provar que temos livre-arbítrio.

Você também pode gostar