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Processos de influência entre os indivíduos (da página 207 à 215)

Fala-se de influência entre indivíduos quando o comportamento ou a presença de uma


pessoa é capaz de provocar alterações no comportamento de outras pessoas.

A influência social diz respeito ao conjunto de fenómenos pelos quais as pessoas, em


interação com as outras, são capazes de modelar, manter, difundir e modificar os seus modos de
pensar e de agir.

Vejamos os principais processos das influências interpessoais:

– Normalização;
– Conformismo;
– Obediência

Normalização – Processo através do qual se estabelecem normas sociais a partir da


influência recíproca dos membros de um grupo de indivíduos.
O convívio e a interação continuada entre os indivíduos tendem a gerar uma certa
uniformização dos seus interesses, ideais, atitudes e condutas. Esta uniformização explica-se pelo
seguimento das normas sociais. Estas constituem uma espécie de escala de referência que define
uma margem de comportamentos, atitudes e opiniões permitidos ou condenáveis.

Leitura e análise do texto da página 207

As normas sociais funcionam de certa forma, como agentes promotores da ordem,


permitindo prever o comportamento daqueles com quem se convive.

O psicólogo Muzafer Sherif dedicou-se ao estudo do processo de normalização e explorou o


efeito autocinético para mostrar a tendência natural das pessoas para o processo de normalização.

Efeito autocinético – fenómeno ótico, de natureza psicológica. Refere-se às situações em que


um ponto fixo luminoso determina, num espetador que não tem outros visuais de referência a ilusão
de se estar a movimentar.

Ver no youtube a experiência de Muzafer Sherif.

Conclusões a que o autor chegou: Sob o efeito da influência social, os seres humanos têm
tendência para a normalização. Indivíduos e grupos ensaiam normas capazes de regular quer na
perceção das situações quer nas condutas a adotar como resposta. Com elas organizam a vida social,
dando forma e coerência a situações e a acontecimentos que, à partida, parecem incompreensíveis,
desestruturados e com um certo grau de incerteza.

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Conformismo – Tendência para aproximar as nossas atitudes e comportamentos às atitudes


e comportamentos dos grupos em que nos inserimos.

A sociedade através dos agentes de socialização (família, escola, outras instituições e por
meio das representações sociais, crenças, costumes e tradições) vai moldando as condutas
individuais. O ser humano sente-se condicionado pelo grupo, sendo induzido a executar
determinados atos e a abster-se de realizar outros consoante acha que estes serão alvo de aceitação
social ou não.
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A adaptação aos outros leva-nos a aceitar as normas sociais vigentes, sem o que não seria
possível integrar-nos de modo estável e duradoiro nos diferentes contextos sociais em que nos
movemos.

Leitura do texto 7 – página 210 (mostra até que ponto cedemos ao conformismo).

Que fatores poderão fazer com que umas pessoas se conformem e outras não?

A autoconfiança, a unanimidade e o contacto visual são fatores decisivos para o


conformismo.

Autoconfiança – O conformismo é inversamente proporcional à autoconfiança. As pessoas


independentes têm bastante autoconfiança pelo que não se preocupam com o que os outros pensam
a seu respeito. Os conformistas têm um nível mais baixo de autoestima e confiam menos nos seus
juízos. Os resultados mostram que a maior parte das pessoas tendem a conformar-se às opiniões do
grupo.

Unanimidade – O acordo unânime do grupo é um fator relevante. Há o mesmo nível de


conformismo quando um grupo tinha três, quatro, sete ou quinze pessoas. Nos casos em que um dos
cúmplices do investigador era instruído para dar respostas corretas, o nível do conformismo
declinava de 32% para 5%.

Contato visual – Outro fator do conformismo é o contacto visual. Separado o sujeito


ingénuo dos restantes elementos, de modo a não houver contacto social, os níveis de conformismo
baixam significativamente, mostrando que, quando as pessoas estão sentadas face a face, se sentem
mais compelidas a submeter-se ao grupo. (ver a experiência de Asch – texto 7 – página 210.)

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Obediência

Milgram, psicólogo norte – americano, dedicou-se ao estudo do conformismo e da


obediência. Depois de colaborar com Asch nas suas investigações sobre o conformismo, o autor,
desenvolveu a célebre e polémica experiência, conhecida por:“Experiência de Milgram,” sobre a
obediência.

Uma forma de influenciar o comportamento é através de ordens diretas. Desde cedo somos
confrontados com diversos tipos de ordens e na vida vemo-nos obrigados a responder a solicitações
de pessoas com algum tipo de autoridade: pais, amigos, professores, as leis, o Estado, a sociedade.

Que fatores influenciam este tipo de comportamento?

Milgram, como investigador, ficou intrigado e não se deixou convencer com o depoimento
de Eichmann pelos seus crimes durante a 2ª Guerra Mundial e interrogou-se até que ponto, uma
pessoa saudável, normal, se dispõe a fazer mal aos outros simplesmente porque lhe foi ordenado.

O investigador desenvolveu a experiência supra citada, uma das experiências mais


surpreendentes e polémicas da história da psicologia.

Analisar a experiência descrita no manual. Ver no youtube esta experiência.

A partir das suas investigações e de entrevistas realizadas aos participantes da experiência,


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Milgram concluiu os fatores que intervêm na obediência:

• A proximidade da figura de autoridade – as pessoas tendem a ser mais obedientes quando


a pessoa que dá as ordens está mais próxima.

• A legitimidade da figura de autoridade – as pessoas tendem a ser mais obedientes quando


aquele que dá as ordens é encarado como uma legitima figura de autoridade, devido ao seu prestígio
e à sua credibilidade moral/ ou científica ou devido ao facto de ser visto como alguém que ocupa
uma posição hierarquicamente nas sociedades.

• A proximidade da vítima - as pessoas tendem a ser mais obedientes quando a vítima é


despersonalizada, isto é, quando não sabem que é a vítima ou quando não a veem diretamente o
efeito das suas ações.

• O conformismo – as pessoas que têm baixa autoestima tendem a conformar-se com o


comportamento e as atitudes dos grupos onde se encontram inseridas, especialmente se a opinião do
grupo é unânime. As pessoas tendem a ser mais obedientes quando todos à sua volta são obedientes.
Tendem a ser mais obedientes também quando tem menos confiança em si próprios.

O papel do inconformismo na inovação

Nem sempre é correto interpretar de forma negativa o inconformismo. Nalgumas situações,


a adoção deste tipo de atitude pode desencadear efeitos sociais positivos. A nível histórico, algumas
atitudes inconformistas estiveram na origem de grandes descobertas científicas e tecnológicas e
contribuíram para a mudança de mentalidade.

Recordemos a título de exemplo a ação de grandes homens que não se conformaram com o
status quo da sociedade da época.

Copérnico - inovador na astronomia.


Galileu e Einstein - no campo da física.
Luther King e Nelson Mandela – na esfera social.
Grupos de mulheres que lutaram pelos seus direitos e pelo direito ao voto. Nota: A
propósito, hoje na RTP2, às 22. 59 h vai passar um filme sobre a luta das mulheres da Suíça para
conseguirem alguns direitos) – Título do filme: “A Ordem Divina”. É tarde, mas podem gravar ou
ver o filme na RTP play.

A autonomia do pensar tem que se revoltar muitas vezes contra a autoridade instituída. O
inconformismo e a desobediência podem ser eficazes na luta contra preconceitos sociais negativos
(racismo, xenofobia) O escritor inglês C:P. Snow afirma que: “cometem-se mais crimes em nome da
obediência do que em nome da constatação.” Se os oficiais nazis se tivessem recusado a obedecer
às ordens de Hitler, teriam evitado a ocorrência de atrocidades medonhas, das mais bárbaras da
história da humanidade, sem esquecer os horrores do tempo da Inquisição.

Relacionar o conformismo e a obediência com as notícias atuais que nos chegam sobre as
mais diversas realidades e conflitos que as sociedades vivem atualmente. Exemplos – pessoas que
ajudam os migrantes e refugiados, apesar de saberem que estão a desobedecer às normas e leis de
alguns países, pessoas que perante a quarenta imposta por causa da pandemia, não se conformam ao
isolamento social e desobedecem, preferindo pagar multas ou serem presos.

Resolução das atividades da página 215

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