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Faculdade Anhanguera de Teixeira de Freitas

Colegiado de Psicologia
Data: 20/09/2023
Aluna: Samilly Gonçalves Ribeiro

Resenha Crítica: A Onda

INTRODUÇÃO

Roteirizado e dirigido pelo alemão Dennis Gansel, o filme “A Onda” se baseia numa
história verídica de 1967 para desenvolver e clarificar a mensagem que quer passar.
Assim, a obra aborda aspectos ainda importantes para as atuais sociedades, mesmo
lançado no ano de 2008.

RESUMO

O filme conta a história de um professor, Rainer Wenger, inspirado num professor


real chamado Ron Jones, e o experimento social que conduziu nos alunos de ensino
médio do colégio em que lecionava. O objetivo era mostrar aos estudantes como
funciona o desenrolar de um regime totalitário e quais as causas e consequências. Para
isso, criou o movimento “A Onda”, que governou com mãos de ferro, impondo leis
rígidas e punições severas aos que se opunham a ele. Dessa forma, despertou-se um
forte sentimento de pertença ao grupo e a participação entusiástica dos jovens foi
rapidamente absorvida também por outras turmas, o que chegou a criar conflitos de
turma e outras situações intensas e inesperadas. Quando o projeto foi encerrado, foi
evidente que o caro professor havia obtido êxito no seu objetivo, em demonstrar como
era simples manipular massas numa atmosfera ditatorial.

ANÁLISE GERAL

Primeiramente, é interessante notar que o professor estava tentando modelar o


entendimento de que, sim, os regimes do mundo haviam mudado, mas que a fagulha de
iniciar novos movimentos extremistas estava em todo canto. De forma prática, como um
simples exercício de escola, ele foi capaz de demonstrar a facilidade com que isso
poderia ser feito, o que é ainda mais assustador se lembrarmos que este filme se trata
de uma obra baseada num caso real da Califórnia.

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O experimento drástico foi bastante relevante para ensinar o que os alunos, e os
espectadores, deveriam aprender acerca do assunto. Fica exposto que se uma
ideologia equivocada e mais absurda fosse posta naquele movimento, as
consequências e estragos teriam sido ainda piores, como a História já provou.
Principalmente em jovens, ainda sob desenvolvimento de suas identidade e
personalidade essa prática poderia acontecer tão sutilmente que mal seria notada antes
que fosse tarde.”A Onda” é um alerta contra a renovação da visão fascista.

No filme, a postura de um líder autoritário e ameaçador, que força a submissão dos


integrantes à imagem de um grupo forte e ao qual podem pertencer, aciona
rapidamente os mecanismos da psicologia de massa. Enquanto essa situação ocorre ao
redor de adolescentes, emocionalmente vulneráveis, as experiências reais de Jane
Elliot conseguem ser ainda mais chocantes.

A educadora americana mostrada no documentário “Olhos Azuis”, de 1996, revela


que foram capazes de envolver adultos ao experimento voluntário e, previamente
vindos de uma autoridade agressiva, foi gradativamente observada uma atitude
regressiva infantil. Um ótimo exemplo que compactua com a ideia do professor do filme.

É também interessante perceber que aqueles alunos que antes passavam


despercebidos na escola e que passavam por momentos sensíveis foram os maiores
envolvidos no movimento, unidos e devotos pela causa. Passaram a se respeitar entre
si e a valorizar a farda e a ideia. Isso tudo, se fosse de uma forma equilibrada, poderia
ter lados positivos que não fossem apenas os de ensinar sobre regimes.

Um outro ponto legal é como o respeito pelas autoridades e pelo poder se destacou.
Isso pode ser associado à visão de que, para a sociedade, seguir as regras está
profundamente relacionado à conduta de seguir regras, que é valioso para o avanço.

Entretanto, o certo ou errado depende muitas vezes de nossos princípios pessoais.


O professor demonstra como o exagerado causará sempre ações e situações
prejudiciais. É possível interpretar no filme que o debate saudável e o equilíbrio são
fundamentais para entender grupos sociais e aproveitar seus traços positivos.

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Integrar um grupo é essencial para o indivíduo. A ideia do "eu" e do "outro" entra
aqui, mostrando sua função crucial na identidade pessoal de cada um. Os grupos e
esse pertencimento podem mudar rumos na prevenção e tratamento de problemas
psicológicos e emocionais, como a depressão, devastador distúrbio afetivo.

CONCLUSÃO

"A Onda" é um filme que mexeu com a minha cabeça, mas de um jeito bom e, ao
mesmo tempo, assustador. A maneira que o professor mostra que as pessoas podem
ser facilmente levadas a seguir um líder e a fazer coisas descoladas da realidade
quando estão em um grupo é assustador.

Além disso, a obra ainda consegue transmitir mensagens pertinentes sobre


conformidade, manipulação de massas e autoritarismo de uma maneira envolvente,
clara e impactante. Embora, para fins dramáticos, alguns aspectos da psicologia
humana e da própria formação dos movimentos autoritários sejam simplificados, não é
de se negar que Dennis Gansel fez um trabalho eficaz em instigar reflexões críticas. A
ambiguidade do trecho final permite que o público continue discutindo e debatendo as
implicações provocadas, desafiando os espectadores a pensar profundamente no
perigo da conformidade cega e nas questões de identidade e pertencimento.

No entanto, um ponto negativo de “A Onde” é a sensação de que tudo acontece


rápido demais. É estranho ver como os alunos passam de céticos quanto ao projeto do
professor para os fanáticos que se tornam pelo emblema e pelo movimento, de uma
forma que soa forçado.

Concluindo, o trabalho do diretor Dennis permanece tão relevante quanto foi na


época dele, servindo como um chamativo lembrete das lições que a História tem a nos
oferecer acerca de extremismo, de sociedade e identidade e do dever que temos em
preservar nossa democracia.

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