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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

PSICOLOGIA SOCIAL

SÃO PAULO.

OUTUBRO – 2020
Amanda Soares de Carvalho Souza
Ana Carla Barreira de Oliveira
Catarina Caldeira Graneiro
Daniela Martins de Souza
Milena Gomes dos Santos
Tatiane de Paula França
Thamiris Suellen Rodrigues Garcia
Thayne Caroline Lopes

FILME: A ONDA

Resenha crítica apresentada à universidade


Faculdades Metropolitanas Unidas orientado pelo
professor Caio Falcãocomo parte das exigências
curriculares do 2° Semestre de graduação em
Psicologia.

São Paulo – 2020

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO.............................................................................................................4

2- SÍNTESE........................................................................................................................5

3- ASPECTOS DA IDEOLOGIA....................................................................................7
4- CORRELAÇÕES COM A IMPLEMENTAÇÃO DO NAZIFACISMO E COM
OS ASPECTOS DA ATUALIDADE.........................................................................10
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................11

6- BIBLIOGRAFIAS......................................................................................................12

7- WEBGRAFIAS...........................................................................................................13

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1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma discussão e uma análise baseada no
filme “A Onda” – 2008, dos escritores Ron Jones e Todd Strasser bem como sua história, sua
linguagem e seus movimentos ideológicos, fundamentados no que vem sendo aprendido com
o conteúdo programático durante as aulas.

Para isso nosso trabalho configura-se em três partes de análise: síntese, aspectos da
ideologia e correlações com a implementação do nazifascismo e com aspectos da atualidade.

Ganhando notoriedade após a primeira guerra na Europa, o Nazismo foi um


movimento político, liderado por Adolf Hitler, que teve crescimento exponencial na
Alemanha na década de 1920. Caracterizado pelo racismo, o antissemitismo e a eugenia, o
movimento mantinha o controle da população através de suas propagandas, usando o rádio e o
cinema como ferramentas de manipulação em massa.

A aversão aos Judeus (antissemitismo) era uma das ideias inerentes a esta ideologia,
o ódio disseminado a pessoas de raças impuras (não alemães) culminou no Holocausto, fato
que resultou na morte de mais de seis milhões de pessoas em campos de concentração, sendo
maioria, judeus.

Baseado na história da ditadura imposta por Hitler, o filme nos apresenta outra
perspectiva de questões intrínsecas ao nazismo. Nesse sentido, podemos aprender com mais
clareza seus valores objetivos e a partir disso, formularmos com outro olhar o que foi o
Nazismo e como se sucede à ditadura.

Com tal objetivo, primeiro discorreremos sobre a história do filme, depois sobre
aspectos ideológicos e, por fim, as correlações com a implementação do nazifascismo e com
aspectos da atualidade. Este trabalho foi embasado com o filme, artigos, conteúdos aplicados
em aula, história e atualidade.

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2. SÍNTESE

O filme intitulado “A Onda”, lançado em 2008, trouxe para as telas do cinema alguns
episódios reais ocorridos em um ambiente escolar do ensino médio, nos Estados Unidos.

A narrativa se dá em uma escola na Alemanha, onde os alunos possuíam a concepção


de que fatos, como os que ocorreram durante o período nazista, não voltariam a acontecer na
Alemanha moderna e, portanto, não haveria mais espaço para se construir e implementar na
sociedade alemã um modelo de governo ditatorial, como o que foi vivenciado naquele país.

Reiner Wenger, o professor responsável pela matéria, decide então realizar um


experimento/dinâmico de aula assemelhada a um jogo, por meio do qual se utilizou de
estratégias de reforçamento, retóricas próprias e ideologias aplicadas com o intuito de
promover o convencimento dos alunos participantes, e, por conseguinte, a adesão deles aos
comportamentos comumente observados em um ambiente adverso e totalitário, como aquele
se vivenciou na Alemanha durante o período de domínio do Terceiro Reich.

Assim, deu-se início ao movimento dentro da escola intitulado “A Onda”, onde havia
a figura de um líder, que era o mencionado professor, bem como, a figura de um inimigo,
personalizada em outro professor e nos colegas que, por ventura, se opusessem ou
questionassem os comportamentos e concepções dos aderentes a essa ideologia.

Esses jovens alunos, ao adotarem comportamentos, gestos, vestimentas e se inteirar de


uma ideologia assemelhada àquelas constantes dos movimentos fascistas, passaram a se
identificar verdadeiramente e realisticamente como membros e defensores da chamada “A
Onda”.

Assim, esses alunos viraram replicadores desse movimento, que passou a cooptar
novos membros, segregando e reprimindo com violência àqueles que discordavam de suas
ideias, ideologias e concepções.

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Por fim, como demonstrado no filme, o comportamento do grupo acabou saindo do
controle do professor (líder) e na sua tentativa de resgatar a lucidez dos alunos, buscou, sem
sucesso, implementar novas regras, para que eles pudessem compreender que nada daquilo
era real e assim, dar por encerrado o movimento “A Onda”.

Entretanto, o movimento já havia tomado proporções do imponderável, haja vista que


os membros aderentes já demonstravam uma grande alienação, e observa-se no filme um
desfecho trágico, caracterizado pelo suicídio de um dos alunos envolvidos.

É importante ressaltar que o filme “A Onda” foi baseado em fatos reais, conforme já
mencionado, no entanto, nem todos os eventos constantes nessa obra cinematográfica foram
fidedignos àqueles que ocorreram naquela escola americana. Como, por exemplo, o final
trágico do suicídio do aluno foi uma criação de uma cena para o cinema.

Assim, na realidade vivenciada pelo professor, ao se constatar que os rumos


pretendidos resultaram diametralmente contrários ao que se objetivava com aquela dinâmica,
foi possível interromper o movimento, antes mesmo que houvesse consequências mais sérias.

Por fim, a mote central da análise desse filme não é dar ênfase aos detalhes ou
exageros trazidos para as telas do cinema, mas, sim, proporcionar uma introspecção sobre o
fato de que houve um evento real, um movimento implementado e embasado em ideologias,
pensamentos e ações conexas aos movimentos fascistas.

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3. ASPECTOS DA IDEOLOGIA

No filme “A Onda” foi possível observar a presença de uma ideologia central. Tem a
criação de um grupo, com concepções, símbolos e rituais próprios produzidos e reproduzidos
por conta das relações sociais - os alunos e o professor da mesma turma, os quais, inclusive,
foram replicadores de um movimento para outras pessoas.

Os membros do movimento passaram a ser a classe dominante naquele ambiente,


fazendo com que suas ideias se tornassem notadas e respeitadas, tornando aquela a ideologia
preponderante naquele grupo social.

Sabemos que as representações sociais são elementos simbólicos que os homens expressam mediante
o uso de palavras e de gestos. No caso do uso de palavras, utilizando-se da linguagem oral ou escrita, os
homens explicitam o que pensam, como percebem esta ou aquela situação, que opinião formulam acerca de
determinado fato ou objeto, que expectativas desenvolvem a respeito disto ou daquilo... e assim por diante.
Essas mensagens, mediadas pela linguagem, são construídas socialmente e estão, necessariamente, ancoradas
no âmbito da situação real e concreta dos indivíduos que as emitem. (FRANCO, 2004)

O que é importante enfatizar é que normalmente há uma relação de dominante (líder


respeitado) e dominado (oprimido) para se prosperar ideologias radicais como essas
mostradas no filme.
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Disso se depreende que tais ideologias apenas prosperam em campos férteis? Quem
então seriam os sugestionados? Jovens ainda não atingidos pela maturidade ou influenciados
por fatores de sua criação? Os ausentes de repertório, que possuem suas capacidades críticas
afetadas pela educação de má qualidade ou por não terem acesso à cultura? Segregação social
e racial? Talvez essa seja uma pergunta interessante a ser feita para tentar compreender como
ideologias como essas tomam corpo em uma sociedade.

Portanto, para estudá-las, em primeiro lugar é indispensável conhecer as condições de contexto em


que os indivíduos estão inseridos mediante a realização de uma cuidadosa "análise contextual". Isso porque
entendemos que as representações sociais são historicamente construídas e estão estreitamente vinculadas aos
diferentes grupos socioeconômicos, culturais e étnicos que as expressam por meio de mensagens, e que se
refletem nos diferentes atos e nas diversificadas práticas sociais. Reiterando: há que se considerar que as
representações sociais (muitas vezes idealizadas a partir da disseminação de mensagens e de percepções
advindas do "senso comum") sempre refletem as condições contextuais dos sujeitos que as elaboram, ou seja,
suas condições socioeconômicas e culturais. (FRANCO, 2004)

Um nome do qual pode ser visto como um papel importante sobre a Ideologia, é o
Martín Baró. A fim de ajudar o povo pobre de seu país, Martín Baródesenvolveu inspirado em
outros movimentos, a Psicologia da Libertação. Tal Obra refere-se à luta pela libertação das
barreiras históricas e sociais do governo. A psicologia da libertação de Martin Baró prega
totalmente o contrário de um discurso fascista, é voltada à conscientização do indivíduo em se
reconhecer parte da sociedade sem discursos extremistas e violentos.

É possível claramente verificar, elementos de alienação, onde, conforme Martín- Baró,


a norma social imposta responde aos interesses da classe dominante e fazem com que a classe
dominada passa a reproduzir, sem nem ao mesmo perceber.

No entanto, Martin-Baró afirma também que, embora dentro da ideologia, o indivíduo


não se reduz a ela, podendo transcendê-la com uma tomada de consciência. De fato, no
episódio real foi possível fazer a reversão do pensamento ideológico extremista.

Podemos notar, também, elementos do conceito de Representações Sociais de


Moscovici, em que os comportamentos e ações são elaborados por causa das relações sociais
do grupo e que Jodelet cita como:

Uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, tendo uma visão prática e
concorrendo para construção de uma realidade comum a um conjunto social.

E, por fim, na aprendizagem das ideias do grupo, do crescimento desta ideologia,


podemos notar os elementos do funcionamento de grupos operativos por Pichon-Riviére, que
demonstra que a aprendizagem é um processo contínuo em que comunicação e interação são
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indissociáveis, na medida em que aprendemos a partir da relação com os outros – constata-se
que o processo de aprendizagem da ideologia da onda foi baseado na relação dos membros do
grupo com eles mesmos, e, depois, na relação dos membros com as outras pessoas. Foi um
trabalho do grupo, com uma técnica operativa, que visava promover a aprendizagem das
ideias, e mudança da ideologia anterior como objetivo final, num processo gradativo –
iniciada pelo professor e que foi sendo repassada e perpetuada pelos próprios alunos.
Portanto, no processo de criação da ideologia da consolidação do próprio grupo – A Onda -
podemos observar, claramente, elementos da espiral dialética, pelos indicadores do processo
grupal, como afiliação e pertença, comunicação, cooperação, aprendizagem e pertinência,
citadas, também por Pichon-Riviére.

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4. CORRELAÇÕES COM A IMPLEMENTAÇÃO DO
NAZIFACISMO E COM OS ASPECTOS DA ATUALIDADE

Fazendo uma correlação com a Alemanha de Hitler, certamente muitos ainda se


perguntam como aquilo foi possível acontecer – Tem-se que Hitler, para se firmar um líder,
adotou uma retórica bastante forte e massificadora – O que se viu foi o uso de uma “retórica
simples para os simples” – o povo alemão, bastante afetado pelo desemprego encontrou nas
palavras dos discursos de Hitler um acalento para as suas sofreguidões.

O povo alemão foi, portanto, envolvido por um discurso que inflava o sentimento
nacionalista exacerbado, despertando neles um sentimento de empoderamento e que foi
amplamente reforçado pela ideologia da supremacia da raça e fomentado pela atribuição aos
judeus da culpa de todas as mazelas da sociedade alemã.

Havia naquele momento elementos certeiros e presas fáceis para se prosperar ideias,
comportamentos e ideologias adversas – havia um líder com uma ideologia e havia um povo
fragilizado. Por fim, o resultado de tudo isso é o que infelizmente é conhecido por todos:
políticas segregacionistas e cruéis – encarceramento em campos de concentração – morte e
punição física e psicológica à todos que não se enquadravam na chamada raça pura ou que
discordassem da ideologia imperante, em relação a qual se pretendia dar vazão e relevância.

Importa-nos ainda mencionar que há um paralelo a ser traçado no tempo presente, ou


seja, que se relaciona com os dias atuais. Notadamente se tem uma crescente da extrema
direita autoritária e conservadora ao redor do mundo, que se apropria da mesma retórica
simplista e se direciona principalmente a uma massa frágil e, portanto, de fácil manipulação.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todo o exposto, a reflexão ou a indagação que se faz é se haveria, a todo


momento, a possibilidade de vir a surgir novos “Hitlers” e, prosperar ideologias radicalizadas.

Assim, analisando todos os aspectos, teríamos uma resposta positiva. Portanto, nos
parece verdadeira a premissa de que sempre e a qualquer tempo estaremos sujeitos a grupos
que compartilham de pensamentos e ideologias, ainda que revestidas de um modus operandi
diferentes daqueles que relacionados aos movimentos nazifascistas na Alemanha e na Itália,
certamente não menos cruéis e devastadoras.

Com isso pode-se identificar que o indivíduo passa agir em conjunto, sem refletir e
questionar seus atos, eliminando cada vez mais a individualidade de cada um, seguindo um
padrão onde todos devem respeitá-lo e adquiri-lo, e, portanto, é possível dizer que:

As representações sociais idealizadas, a compreensão abstrata do mundo, a incorporação de meias


verdades manipuladoras, levam a discutir sua necessária desconstrução e, consequentemente, o
desenvolvimento da consciência.(FRANCO, 2004)

A psicologia atual foca para a solução do indivíduo e não para as soluções alternativas
de conflitos sociais, como se mudar o indivíduo fosse mudar o mundo lá fora, então as
proposições apresentadas por Martín Baró é um ótimo exemplo por focar na psicologia em
questões sociais e em como podemos de alguma forma desprender o individualismo extremo
junto ao autoritarismo.

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6. BIBLIOGRAFIAS.

IGNÁCIO MARTÍN-BARO. O conceito de ideologia na psicologia social. Psicologia


política vol. 16. N°35. (pp. 17-33). Jan – Abr. (2016).

IGNÁCIO MARTÍN-BARO. O papel do psicólogo. Estudos de Psicologia (1996), 2(1), 7-


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7. WEB GRAFIAS.

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, IDEOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA


CONSCIÊNCIA:Disponível em:https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
15742004000100008&script=sci_arttext&tlng=ptAcesso: 24/10/2020, às 14:30.

MAS QUEM É ESSA NOVA DIREITA QUE GANHA ESPAÇO PELO MUNDO? :
Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/22/opinion/1553264899_947348.htmlAcesso:
24/10/2020, às 12:30.

O MOVIMENTO QUE PEDE A PROIBIÇÃO DA BANDEIRA IMPERIAL DO


JAPÃO NA OLIMPÍADA DE TÓQUIO – BBC NEWS BRASIL: Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-51005924Acesso: 24/10/2020, às 12:30.

THIRD WAVE THAT CHANGED THE WORLD: Disponível em:


https://www.paloaltoonline.com/news/2017/03/17/the-wave-that-changed-history Acesso:
01/10/2020 às 08:04.

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Pessoal, esperava um pouco mais. Sei da capacidade de todos vocês e senti que o texto podia
ter sido desenvolvido mais profundamente, principalmente pelo filme proporcionar a
correlação de muitos temas da disciplina. Senti economia na discussão.
Os problemas principais estão voltados para a formatação, que não levei em conta como
critério avaliativo por não terem tido contato anterior com isso no curso.
Cuidado com afirmações de grande impacto sem utilização de referências, pois parece que
vocês apenas “acham” aquilo, uma vez que não houve amparo em nenhum autor produtor de
ciência psicológica. O achismo desvaloriza nossas produções e enfraquecem a credibilidade
das mesmas.
No entanto, atingiram o objetivo da atividade, cumprindo minimamente com o solicitado.

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