O capítulo 3 do livro “Pistas do Método da Cartografia”, escrito por Eduardo
Passos, Virgínia Kastrup e Lilíana da Escóssia, é iniciado com uma breve apresentação sobre o que é uma pesquisa cartográfica, sento está descrita como uma metodologia que acompanha os processos, e não as representações de objetos. Essa forma de pesquisa, por sua vez, surge por conta do caráter inventivo da ciência, que não apenas a coloca em constante transformações, como também cria novos problemas e exige outras formas de investigações. Em suma, o método cartográfico tem como desafio desenvolver práticas de acompanhamento de processos inventivos e de produção de subjetividade.
No que tangência as pesquisas de campo, a metodologia do cartógrafo se
aproxima bastante das concepções da etnografia. Isso ocorre por que além de observar, o etnógrafo também se inclui na pesquisa. Outrossim, é importante ressaltar que essa inclusão, muitas vezes, gera um estranhamento no ambiente, porém, é de grande importância que o pesquisador se abra para a comunidade, deixando de lado o caráter experimental da ciência moderna, que isola o objeto de suas relações históricas e com o mundo. Ademais, o pesquisador, ao adentrar na comunidade em análise, deve ter noção de que, antes de sua chegada, já haviam relações subjetivas entre a população. Logo, além da necessidade de se habituar ao meio, deve-se também desenvolver um método que seja aceito pelo grupo.
Destarte, a pesquisa cartográfica exige que o pesquisador se situe dentro da
experiência. Esse dinamismo corrobora na transformação da experiência em conhecimento e do conhecimento em experiência. Além disso, as anotações sobre as respostas dos sujeitos, assim como a percepção do pesquisador sobre o ambiente, devem ser levadas em conta na conclusão do estudo para que não haja a representação de maneira geral ou abstrata dos participantes, valorizando assim a heterogeneidade dos sujeitos.