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MARABÁ – PARÁ
2021
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Orientadora:
Profa. Dra. Maria Clara Sales Carneiro Sampaio
MARABÁ – PA
2021
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4
Dedico este trabalho à minha mãe, meu esposo e filhas, por todo
apoio durante o desenvolvimento do mesmo.
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso pretende realizar um estudo sobre o ativismo feminino
no enfrentamento da violência contra a mulher no âmbito social e doméstico. No primeiro
momento propõe apresentar uma visão historiográfica sobre os movimentos feministas para
libertação da mulher do jugo de opressão e domínio masculino. Conceituar entre outros, o
termo feminicídio, o qual legitima o assassinato da mulher, em razão da condição de ser
mulher, além de fazer considerações a cerca do aumento relevante da violência e assassinatos
cometidos contra a mesma em uma escala nacional e regional, bem como sobre a desigualdade
de gênero gerada pela construção social baseada no patriarcalismo que define a condição
discriminatória da mesma, inferiorizando-a frente a supremacia do homem. Em seguida
almeja analisar a forma como o Jornal Correio de Carajás, estabelecido em Marabá, atuando
há 36 anos e com grande alcance popular, aborda o conceito de feminicídio e noticia o crime
nas matérias jornalísticas divulgadas na região sul e sudeste do Pará, no período de 2015 a
2019, além de extrair do mesmo, relatos de três casos ocorridos na região que tiveram grande
repercussão. E como última etapa do trabalho, e através de uma pesquisa com um grupo de
alunos da Escola E. E. M. Dr. Gaspar Vianna, analisar a concepção destes frente a tal
violência.
.
ABSTRACT
The presente paper aims to contribute to the analysis of women’s activism towards multiple
realities of gender violence is the social and domestic environments. In the first part,
historiographical debates around the origins and the definitions of the concept of feminicide
will be presented. The apparent surge in the number of feminicide cases in Brasil, since the
passing of the legislation in 2015, entails our analysis of how the subject is portrayed in the
36 years old newspaper Correio de Carajás (JCC), as one of the main news outlet of the
southwest region of the Brasilian, state of Pará. Around 3 specific cases of femicide in region
were chosen to be further analyzed interms on how the crime and the victims were portrayed
by the journalists of JCC, between 2015 and 2019. At last, the seraech on the meaning of the
term feminicide among students of the Dr. Gaspar Vianna state high school will also be
described.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO. ........................................................................................... 10
2. CAPÍTULO I. UM HISTÓRICO DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS E O
RECONHECIMENTO DA CIDADANIA ................................................... 12
2.1 Apresentação do tema da pesquisa ............................................................. 12
2.2 Mulheres, história, o Brasil e o ocidente .....................................................12
2.3 O reconhecimento da Cidadania da Mulher.................................................19
2.4 O Conceito de Femicídio/Feminicídio a partir das Ideias da jurista
Carmen Hein de Campos e da antropóloga Marcela
Lagarde .............................................................................................................22
REFERÊNCIAS. ....................................................................................................... 56
1. INTRODUÇÃO
JCC abriu espaços para que esses delitos penais fossem justificados. Também foi nosso
objetivo observar como aparecem as mulheres vítimas de feminicídio e se é possível
traçar paralelos entre os três casos.
Para o terceiro e último capítulo, a pesquisa descreverá a intervenção realizada na
Escola de Ensino Médio Dr. Gaspar Viana, a partir da distribuição de questionários sobre
o tema do feminicídio para estudantes cursando o 3º ano do Ensino Médio. Buscamos,
assim, tentar compreender como a forma de noticiar o crime de feminicídio no sul
paraense pode impactar em parte a percepção de gênero desses jovens.
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Scott nos mostra, entretanto, que os feminismos nas sociedades ocidentais, contudo,
enquanto conjunto de movimentos sociais, projetos políticos e novas abordagens
epistemológicas ganharam mais força entre as décadas de 60 e 70 do século XX. A
referida pesquisa dá conta que entre os anos 1960 e 1990, as lutas se intensificaram,
geralmente influenciada (e influenciando) outros movimentos que buscavam o
reconhecimento de diversos direitos civis. A historiadora brasileira, Rachel Soihet, em
seu texto Os feminismos latino-americanos e suas múltiplas temporalidades no século
XXI, nos conduz na mesma direção:
“[...] E quase todas as primeiras feministas tiveram uma participação acentuada
nos movimentos que então se desencadeavam. Nos Estados Unidos, atuaram
em favor do movimento dos negros pelos direitos civis e na resistência à guerra
do Vietnã. Na França, o movimento desencadeador dorenascimento feminista
foi a participação no movimento de 1968. No Brasil, feministas acentuam
trajetória idêntica, como Leila Linhares Barsted, que ao referir-se ao Seminário
da ABI, em meados de 1975, do qual decorreu a criação posterior do Centro
da Mulher Brasileira (CMB), afirma que este apresentava uma conotação bem
política, até porque as organizadoras eram mulheres que vinham de militância
política.[...]”. (SOIHET, 2007. p. 414-415).
É importante frisar que o artigo acima, menciona o período como uma importante
fase do cruzamento de informações e dos debates de inclusão de uma maior quantidade
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Duarte segue nos explicando que Nísia Floresta, além de publicar, em 1832, o livro
Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens, um dos primeiros do tipo no Brasil,
declarou ter traduzido a já referida obra de Wollstonecraft. Floresta (1810-1885) trouxe
para o debate sobre a igualdade de gênero, que se iniciavam no Brasil, as principais
referências teóricas européias:
Seu primeiro livro, intitulado Direitos das mulheres e injustiça dos homens, de
1832, é também o primeiro no Brasil a tratar do direito das mulheres à instrução
e ao trabalho, e a exigir que elas fossem consideradas inteligentes e
merecedoras de respeito. Este livro, inspirado principalmente em Mary
Wollstonecraft (Nísia declarou ter feito uma “tradução livre” de
VindicationsoftheRightsofWoman), mas também nos escritos de Poulain de la
Barre, de Sophie, e nos famosos artigos da “Declaração dos Direitos da Mulher
e da Cidadã”, de Olympe de Gouges, deve, ainda assim, ser considerado o texto
fundante do feminismo brasileiro, pois se trata de uma nova escritura ainda que
inspirado na leitura de outros. Pode também ser lido como uma resposta
brasileira ao texto inglês: nossa autora se colocando em pé de igualdade com a
Wollstonecraft e o pensamento europeu, e cumprindo o importante papel de
elo entre as idéias estrangeiras e a realidade nacional. (DUARTE, 2003, p. 153)
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Não se deve esquecer que é no novo clima criado pelo evento revolucionário
que toma corpo a Declaração dos direitos do homem e do cidadão em 1789,
universalmente reconhecida como momento fundador dos modernos direitos à
liberdade e à liberdade e à igualdade. E é na época da Revolução Francesa que
se prepara a construção concreta e não linear daquele modelo de cidadania que
atravessou o Ocidente europeu nos últimos duzentos anos e do qual as
mulheres permaneceram por muito tempo excluídas. (BONACCHI e GROPPI,
1995, p. 12).
Em linhas gerais, as autoras continuam afirmando que na pauta das discussões das
mulheres, estas, pretendem os direitos para ambos os sexos, fazendo menção aos dois
lados, masculino e feminino, ao contrário do ideal masculino.
Retomando a trajetória histórica dos movimentos feministas, na luta por igualdade
de direitos, e à luz da assistente social Melanie Cavalcante Marques e da historiadora
Kella Rivetria Lucena Xavier, no artigo “A gênese do movimento feminista e sua
trajetória no Brasil”, publicado em 2018, reiteram que a primeira onda do feminismo
ocidental, em resumo, envolve as lutas das mulheres entre a metade do século XIX e XX
por direitos básicos à educação e à participação política.
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Marques e Xavier, assim, definem que “os anos seguintes ao voto, não foram de
grande desenvolvimento para o movimento feminista, que, somente em 1964, passará por
grandes agregações de conhecimento” (MARQUES e XAVIER, 2018, p, 11). Faz-se
necessário lembrar que 1964 é o ano do inicio da Ditadura Militar no Brasil e, assim,
somente após o final do regime, os movimentos feministas voltam se ampliar e se
fortalecer no campo dos estudos políticos, trazendo a público algumas das questões da
luta ligadas às questões da liberdade sexual, da maternidade e dos direitos de reprodução.
Como veremos mais adiante, a segunda onda do feminismo no Ocidente e no Brasil, se
constrói sob a luta pela igualdade social e pela igualdade de direitos. A partir desse
momento passa-se a questionar muitas das formas de submissão e desigualdade que eram
impostas as mulheres. Dentro deste processo também se cunha uma espécie de ideia de
coletividade, proveniente da força da união das mulheres - enquanto movimento capaz de
provocar alterações reais na sociedade.
A já citada historiadora Raquel Soihet, em seu artigo de 2007, Os feminismos latino-
americanos e suas múltiplas temporalidades no século XXI, parte da memória das
ativistas no Rio de Janeiro entre os anos 1970-80, para descrever como foram as adesões
e manifestações de algumas das feministas que entrevistou para sua pesquisa. Dentre elas
está Hildete Pereira de Melo, que era filiada à ala da esquerda democrática do partido
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que fez oposição ao regime militar entre
1966-1979. A entrevista com Melo mostrou que nas reuniões partidárias que
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As referidas autoras entendem que há maior autonomia nos formatos tomados pelos
coletivos, uma vez que buscam determinar suas próprias pautas, bem como as demandas
a serem debatidas e disseminadas nas redes sociais.
Saraceno defende ainda tratar-se de tensões ao mesmo tempo teóricas, e como tais
historicamente recorrentes como polaridade no debate, e políticas só parcialmente
resolvidas. Em grande medida as mulheres foram excluídas da cidadania por vezes
devido à função familiar ou por vezes devido a sua diferença em relação aos iguais, os
homens. E que face às dificuldades da posterior inclusão, não seria tanto ou apenas um
fenômeno de atrasoou de resistência, mas representava oposição constitutiva, construindo
as mulheres como não cidadãs, ou não capazes de cidadania, embora as constituíssem
como esposas e mães de cidadãos e ao mesmo tempo como sujeitos eminentemente
familiares e responsáveis pela unidade familiar. E de certa maneira, a família que é o
lugar primário da reprodução social também como lugar de reprodução das
desigualdades. O artigo reflete sobre a dependência da mulher no seio familiar e traz a
problemática da cidadania como conseqüência de uma construção histórico-social.
Partindo desse meio doméstico, que deveria ser o início do idealde igualdade justa para a
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mulher que se constitui enquanto cidadã para além da sociedade que a assiste.
Uma cidadania social completa não deve refletir apenas sobre os direitos à
diversidade. Deve refletir também sobre as várias formas de interdependência de
que é entremeada a vida a dois e da qual depende a própria qualidade e
possibilidade de vida individual. Não mencionar algumas dessas formas,
considerando-as óbvias no interior da família e nas relações “privadas”, significa
negá-las como fontes de direitos sociais e como vínculo real à cidadania plena para
que se encarrega delas. Não se trata nem de passar em bloco da dependência
privada para a pública, nem de confiar ao Estado todas as necessidades de
assistência e solidariedade. Trata-se antes de garantir a cada um, juntamente com
direitos individuais de sobrevivência, suficiente autonomia para poder negociar a
satisfação (e a definição) das necessidades, mas também para poder doar a própria
disponibilidade e reconhecer a interdependência dentro das relações de
reciprocidade autêntica e não unilateralmente definidas e esperadas como tais.
(SARACENO apud BONACCHI e GROPPI, 1995, p. 228-229).
A autora se utiliza dos termos “privado” e “público” para definir o lugar social da
mulher diante do ideário masculino, que lhe é conveniente que permaneça no privado, como
meio de permanência pela submissão e a não participação pública. E como ela bem coloca
que “as necessidades das mulheres demoraram para serem reconhecidas como direito
individuais, e ao invés foram definidas como limite para a capacidade da cidadania, e os
‘deveres’ das mulheres foram utilizados como razão da sua exclusão da própria cidadania”.
(SARACENO apud BONACCHI e GROPPI, 1995, p.206).
E por último, não menos importante, o Artigo 1°, inciso II da Constituição Federal de
1988, traz que a cidadania é um dos princípios fundamentais da República, um dos pilares
do Estado brasileiro e não está ligada apenas ao Estado e à sua administração.(BRASIL, CF,
1988). Durante o período escolar aprende-se que a “Cidadania é um conjunto de direitos e
deveres exercidos pelo indivíduo que vive em sociedade”, partindo deste princípio, busca
estabelecer um paralelo com o papel social da mulher diante da temática pesquisada, pois a
mesma é parte integrante desta sociedade.
Considerando parte desta pesquisa, entender a princípio, a trajetória histórica dos
movimentos feministas e relembrar algumas conquistas dos direitos pleiteados pelas
mulheres ao longo dos anos, além de conseguir estabelecer onde a mesma está alocada no
espaço temporal bem como o desenvolvimento do papel social da mulher. E em vistas da
atualidade, entender as razões em que a mesma permanece em situação desprotegida face ao
contínuo de crimes contra a mulher. E que embora, ascensão pública e a vitórias educacionais
e de autonomia, ainda podem ser vítimas da violência feminicida. Portanto, a partir desta
introdução continua com o estudo sobre os conceitos dos termos Femicídio e Feminicídio,
que denomina o crime que culmina em morte de mulher, os quais deverão ser utilizados nos
capítulos seguintes.
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Mas, afinal, o que é o feminicídio, e por que esse crime ocorre? Fazendo uso da obra
de Campos, em especial do artigo Violência, crime e Segurança Pública - Feminicídio no
Brasil: Uma análise crítico-feminista, será possível fazer um estudo de verificação e
entendimento da conceitualização dada ao termo “Feminicídio”.
Campos coloca que somente a partir dos anos 1990 foram aprovadas reformas legais
tipificando a violência contra as mulheres nos países latino-americanos, especialmente nas
esferas da violência doméstica e familiar. Apenas no ano de 2000 “o conceito de violência
de gênero passa a incluir também a violência feminicida” (CAMPOS, 2015, p. 105).
Então, Campos trata a violência de gênero com base na definição dada pela
antropóloga mexicana Marcela Lagarde:
Campos afirma que o mesmo tenha sido criado por Lagarde, citada anteriormente, e que
este surge a partir do termo femicídio (femicide) para revelar as mortes de mulheres
ocorridas em um contexto de impunidade e conivência do estado. Ou seja, para que o
feminicídio aconteça devem ocorrer a impunidade, a omissão, a negligência e a
conivência das autoridades do estado, por não estabelecer o mínimo de segurança para a
vida das mulheres. Desta forma Lagarde introduz um elemento político na conceituação,
que significa o estado sendo responsabilizado pela morte de mulheres. (CAMPOS, 2015,
p. 105-106).
Campos afirma ainda, que as duas expressões são sinônimas para as legislações
latino-americanas e para a literatura feminista mais que existem as diferenças conceituais
justificadas anteriormente. Então, a autora decide prosseguir o artigo fazendo uso do
termo feminicídio, uma vez que o mesmo estava disposto nos projetos de Lei que
tramitavam naquele momento no Congresso Nacional e na Lei 13.104/2015 que
introduziu a qualificadora no Código Penal. (CAMPOS, 2015. p. 106). O termo
feminicídio foi utilizado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) na
sentença do caso por ela descrito como “Campo Algodonero”, o qual definia o
feminicídio como homicídios de mulheres por razões de gênero. No tocante à tipificação
do femicídio ou feminicídio nos países da América Latina sob um continuum das leis de
criminalização da violência doméstica e familiar, Campos mostrou que, no Brasil, o tema
esteve sob os cuidados da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) por ter
investigado a violência contra a mulher, apresentando um projeto de lei tipificando o
feminicídio como uma continuidade legislativa iniciada com a Lei Maria da Penha, que
deve se justificar como um ponto de partida e não um ponto de chegada na luta pela
igualdade de gênero e pela universalização dos direitos humanos. (CAMPOS, 2015, p.
106).
Diante do panorama midiático que noticia esse tipo de crime e outras tantas
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Em 79% dos casos, o autor da violência é o marido e 28% dos agressores estão
sob efeito de álcool ou drogas. Em relação às mulheres agredidas, 37% têm
filhos e a maioria deles também sofrem agressão, sendo que 49% sofrem
violência física, 28% agressão verbal e 12% ameaça de morte, sendo que em
10% dos casos a violência ocorre há mais de um ano. Parte das agressões, 16%
delas, é praticada no período da noite e em 18% dos casos denunciados por
outras pessoas que estavam presentes no momento em que ocorreu a violência.
(SANTOS, Correio, p. 4).
apresenta o relato estatístico que em 2018, o Pará teve 19 mil ocorrências de agressão
contra a mulher, conforme dados da Polícia Civil, em todo o estado houve um aumento
de 14% em relação ao ano de 2017 nas ocorrências de violência doméstica. Os casos de
feminicídio cresceram em 20%, e considerando o site de notícias O G1 monitor de
violência em todo o Brasil, o Pará é o 7º estado com mais mulheres vítimas de
homicídios e 8º em número de feminicídios. Ainda que, “apesar de o Pará contar com 17
delegacias especializadas, vítimas relatam a falta de acolhimento no momento das
denúncias, o que propicia os sub registros desse tipo de agressão”. Para melhor entender
sobre o monitor de violência, verificou-se que o G1 é uma parceria entre o Núcleo de
Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o qual teve
início em setembro de 2017 com o objetivo discutir a questão da violência no país e
apontar caminhos para combatê-la juntando linguagem jornalística e acadêmica. (Brasil,
2017).
O feminicídio como já foi conceituado no capítulo I, trazem a memória inúmeras
questões de ordem social, que limitam a vivência feminina em espaços de igualdade com
o sexo oposto. Embora, tendo em mente a ideologia de que a mulher já alcançou posições
elevadas dentro de uma sociedade hierarquicamente construída pelo homem, ainda é um
ser desfavorecido e frágil diante da supremacia imposta por este. O homem continua
mantendo a postura de dominador, perpetuando um sistema de idéias de que todos os
demais seres existentes estão um patamar abaixo dele, gerando o desconforto da
desigualdade entre os sexos.
Este capítulo propõe relatar três casos de feminicídio divulgados pelo Jornal
Correio de Carajás, entre tantos que ocorreram na região Sudeste do Pará, no período de
2015 a 2019. Com a finalidade de analisar como esta fonte apresenta tais notícias e quais
os objetivos propostos nesta divulgação. É importante pensar em que circunstâncias
aparecem a mulher dentro da notícia e como é feita a denúncia do feminicídio.
A delegada de Policicia Federal Luciana Maibashi Gebrin e o Professor Assistente-
doutor de Direito Penal do Departamento de Direito Público da UNESP Paulo César
Corrêa Borges, definem que o “(...) femicídio/ feminicídio decorre de condições
socioculturais históricas (...), fazem um estudo sobre o Femicídio/ feminicídio quanto à
conceitualização e suas tipologias; a tipificação nas legislações ibero-americanas, além
de apresentar considerações a favor e contra a tipificação do feminicídio/feminicídio, em
seu artigo “Violência de gênero: e principalmente, tipificar ou não o
femicídio/feminicídio, do qual se destaca a seguinte definição sobre esta prática de
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homicídio:
Em suma, o femicídio/ feminicídio decorre de condições socioculturais
históricas, que geram e permitem práticas atentatórias contra a vida, a saúde, a
integridade, a dignidade e a liberdade da mulher, para as quais contribuem não
somente os autores da sociedade (família, matrimônio, comunidade), mas
também o Estado, por meio de sua omissão, ineficácia, negligência na
prevenção, deficiência na investigação, ausência de repressão e de um quadro
legal e político de governo, que favoreça a visibilidade da violência contra as
mulheres e o fim da impunidade, do silêncio e da indiferença social.
(GEBRIN; BORGES, 2014, p. 64).
2015 a 2019 as histórias que são contadas pelos repórteres em matérias do jornal chocam
e entristecem a população com o rigor e requinte das práticas hediondas de crimes
atentando contra a vida da mulher no seio da própria família. Mulheres que deixam para
trás seus filhos, os quais ficam abandonados à própria sorte, pois quando morre a mãe, o
pai foge ou vai preso deixando um futuro incerto para as crianças, cujo lar foi totalmente
desfeito. Como são os casos que seguem os relatos retirados das páginas do Jornal
Correio de Carajás.
enterrada, uma vez que o composto utilizado por ele só provoca a perda dos sentidos
letais, mas não a morte de imediato. Informação com friso de que estaria ainda pra ser
confirmada pelos peritos do Instituto Médico Legal (IML), quando da necropsia através
de laudo.
O relato consta que o corpo de Maria Pastora Gonçalves da Silva, foi encontrado
dia 29 de abril, após duas semanas de seu desaparecimento que ocorreu dia 14, e de
forte investigação da equipe do delegado de Polícia Civil Washington Oliveira, o qual,
mediante denúncias das filhas da vítima, apurou informações com testemunhos de
vizinhos do casal que afirmaram ter percebido discussão dos dois na noite anterior ao
desaparecimento da vítima, além de movimentação estranha de José Farias no quintal. O
homem então alegava que a companheira tinha costume de sumir por dia e que os dois
tinham suas chaves podendo sair e retornar quando quisessem. Então, homens do corpo
de bombeiro e do exército seguiram escavando por dois dias, dentro do quintal da casa
do casal conseguindo encontrar o corpo da senhora, sendo então, confirmado o referido
homicídio.
Quando foi intimado a comparecer para depoimento, durante as escavações e por
perceber o cerco se fechando, resolveu fugir, fato que confirmou as suspeitas sobre si. E
somente foi apanhado, em uma fazenda a 39 quilômetros de Marabá. Confessou o crime
ao delegado que o autuou em flagrante por ocultação de cadáver e adulteração de veículo
automotor, uma vez que conduzia veículo com chassi de um e placa de outro. Para esta
edição do jornal o crime de feminicídio qualificado ainda estava pra ser confirmado pela
investigação do Departamento de Homicídios da Polícia Civil.
A matéria do jornal dá conta de transmitir a crueldade demonstrada nos atos do
criminoso pela narrativa da repórter que acompanha a investigação. Além de utilizar um
título que provoca o leitor ao colocar na capa as manchetes da edição com letras grandes
em negrito e imagens para atrair atenção. Da mesma forma dispões o caso na primeira
página do caderno que aborda as matérias policiais. É importante perceber se a intenção
é levar ao conhecimento da sociedade com a finalidade de criar uma forma de repúdio ao
crime de feminicídio, ou apenas pelo sensacionalismo especulativo da notícia, e que
choca a população, mais pouco faz para coibir a onda de assassinatos de mulheres.
O que é necessário para que uma mulher possa ter segurança dentro de seu próprio
lar? Como proteger a mulher de quem ela tanto confia e prima pelo melhor de uma
relação?
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de luta corporal, com muito sangue e sinal de muita violência e vestígios de que a
vítima tinha sido atingida com um objeto contundente, além de o corpo apresentar
várias lesões indicando que a mesma havia sido atingida antes da queda. O delegado
Gabriel Henrique responsável pelas investigações, complementa as informações do
perito afirmando que foram encontradas facas escondidas embaixo do tapete, cortinas e
toalhas sujas de sangue, o que praticamente confirma ter havido briga e agressão física.
A matéria dar conta de que Dayse havia se separado de Diógenes em período
recente e teria voltado pra Marabá com sua mãe, a qual teria ingressado um pedido de
divórcio e pedido de medida protetiva pra filha, uma vez que a relação entre os dois era
muito conturbada. Como a vítima tinha o filho ainda bebê e que pedia muito pela presença
do pai, uma vez que era muito apegado a ele, então ela resolveu reatar na tentativa de
reconstruir o casamento, inclusive levando ele a participar de uma célula pra casais na
igreja que frequentava. Embora, não surtindo o efeito esperado por ela. Dayse havia
retornado para convivência com o marido em Parauapebas na casa do casal, onde morreu
pelas mãos dele.
A repercussão do acontecimento chocou a população das duas cidades e região, por
se tratar de pessoas conhecidas, ela filha de uma advogada e professora de Marabá. E ele,
que já havia trabalhado como agente do DMTU e DMTT e atualmente do DETRAN em
Parauapebas, possui um histórico de servidor público, bastante manchado, respondendo
a processo por corrupção e outros por agressão contra Dayse, inclusive condenado em um
deles.
Situações que reforçam as suspeitas sobre o agente Samaritano, foi o fato de que
não solicitou socorro e nem chamou a polícia no ato do “suposto suicídio”, fugiu do local
levando o filho do casal. Segundo apurou a equipe de reportagem junto aos familiares as
agressões começaram logo durante a lua de mel com uma surra de toalhas dada por ele
para não deixar marcas, e as agressões era sempre constante, inclusive em tempo uma
destas brigas chegou a quebrar o braço dela, o que a levou a denunciá-lo por agressão no
Ministério Público, indo embora.
O tema utilizado pelo Jornal Correio de Carajás, “Mulher teria sido jogada da janela
pelo marido” demonstra a intenção dos autores de chamar a atenção do leitor para a
matéria ao apresentar a chamada da notícia na primeira página por se tratar de um crime
hediondo e mais, é um crime contra a mulher. Ao observar a composição da matéria, as
informações são chocantes por si só, em se tratando da perda brutal de uma vida. Porém,
com relação às imagens utilizadas percebe-se que houve certo respeito com a vítima, ao
preservá-la da exposição de seu corpo, e também com o leitor. tomando alguns cuidados
ao relatar a notícia. No entanto, os relatos das agressões pelos quais a Dayse passou, criam
uma comoção geral, e ao voltar as lembranças da notícia e a repercussão, as pessoas
demonstravam um enorme pesar e ficam chocadas com tamanha crueldade, e ainda pelo
desconforto da sensação de insegurança e abandono social.
A Dayse Diana representava nas imagens do jornal, uma moça bem apessoada,
branca e com certeza foi educada para um nível de vida com conforto e respeito. E no seu
caminho encontrou alguém que não soube valorizar sua vida, destruindo os sonhos de um
casamento pelo menos bom. Interrompeu o desabrochar de uma mãe em potencial
tirando-lhe a chance de criar e educar ela própria o seu filho.
Após esses relatos, observa-se que os crimes estão acontecendo em todos os meios
sociais para todas as idades, independente da cor, raça ou a classe social, ou mesmo o
grau de instrução das mulheres, nada tem diminuído ou refreado a ação violenta de muitos
homens. Esta teoria entra em conformidade com o texto escrito pela Advogada e
professora Universitária Aline Amaro Correia, publicado no referido jornal sob o título
“A violência não escolhe classe social”.
É importante pensar uma forma de desconstruir essa imagem em que a mulher foi
colocada à margem da sociedade para os homens ou outros que a vêem como objeto. Pois
para além do objeto, da propriedade, e de possuir um belo corpo ou rosto, ela precisa ser
reconhecida com indivíduo com identidade própria a qual deve ser empoderada e elevada
a uma posição que imponha respeito do seu companheiro, das pessoas que a circundam.
Ressalta-se o que as histórias destas mulheres acima relatadas, têm em comum,
além do fato de serem mulheres, é o de se encontrarem em um mundo em que os homens
de suas relações íntimas sentiram-se superiores a elas, puderam subjugá-las e dominá-las,
para além de terem sido privadas da vida. É importante pensar que em todo o mundo,
muitas mulheres sofrem situações semelhantes, de agressão, de humilhação e até mesmo
encarceramento por seus parceiros ou em situação de abuso sexual, podendo ter suas vidas
ceifadas dependendo apenas da boa vontade do seu captor. A mulher tem a face da
vulnerabilidade, que exige mais segurança, atenção do Estado e o desenvolvimento
econômico de inclusão, bem como da democracia social que lhe permita um papel
inclusivo e participativo em pé de igualdade com o homem.
Então o que fazer para dar um basta nesta situação de violência contra a mulher? É
aí, que a atenção retorna para a forma como é constituída a sociedade, observando que
papel a mulher ocupa neste meio atualmente, como se dá a orientação sexual das crianças,
buscando formas para modificar a visão sobre a mulher.
Portanto, é neste sentido que o terceiro capítulo do referido Trabalho de Conclusão
de Curso será construído. Buscando compreender como ocorre a percepção dos alunos da
escola, na qual foi realizado o estágio supervisionado e desenvolvido atividade prática de
intervenção em sala de aula sobre a violência contra a mulher e dos crimes noticiados no
jornal Correio. Além tentar entender a ideia formada por meio da sociedade em geral
manifestada pela intervenção das reportagens quanto à crescente onda de violência
cometida contra a mulher e quais as perspectivas de mudança conceitual em favor da
mesma.
Também se percebe a necessidade de suscitar uma discussão acerca de movimentos
de empoderamento da mulher, através da educação das crianças no meio escolar,
principalmente. Objetivando uma mudança, embora que em longo prazo, quanto à forma
de olhar o papel social que tem a mulher em seu meio.
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Schmidt e Garcia, destarte, nos apontam como a educação precisa cumprir com seu
papel social, que é a formação do aluno para o pleno exercício da cidadania,
possibilitando-o desenvolver o conhecimento da realidade que o cerca e fazer a
interpretação necessária para reconstruir as histórias dentro do seu contexto social.
(SCHMIDT e GARCIA, 2005, p. 300).
O contexto social desta pesquisa foi o da EEEMDGV que, segundo o Projeto
Político Pedagógico (2009), da instituição (disponível para consulta na secretaria), foi
fundada em 21 de Abril de 1985. Começou-se com apenas 3 (três) salas de aulas em um
prédio provisório. Atualmente esse prédio faz parte da Unidade I do Campus Sede da
UNIFESSPA, no núcleo da Nova Marabá, em Marabá (PA). Em 1986, contudo, a
EEEMDGV foi transferida para outro prédio, onde permaneceu até metade do ano de
2018. Atualmente a EEEMDGV funciona novamente em um prédio provisório na Folha
30 – também na Nova Marabá - em razão de problemas estruturais do edifício permanente
na Folha 16. Faz-se importante mencionar que a EEEMDGV também possui um anexo
na Folha 33, no mesmo núcleo urbano, que de acordo com o Projeto Político
Pedagógico (2009): “foi a primeira escola dentro da história da Educação de Marabá a
implantar um colegiado, Conselho Escolar, a primeira a organizar e realizar eleição para
diretor e a criar um Grêmio Estudantil” (PPP, EEEMDGV, 2009, p. 7).
Essa chama da luta pela implantação da escola continua acesa, tanto que foi a
primeira escola dentro da história da Educação de Marabá a implantar um
colegiado, Conselho Escolar, a primeira a organizar e realizar eleição para
diretor e a criar um Grêmio Estudantil. No convívio desse espaço democrático,
cidadania e educação é que nos faz usar até porque nossas ações são realizadas
coletivamente com as idéias e práticas vindas dos alunos, professores, pais,
direção, corpo técnico, serviços de apoio, havendo sintonia e cumplicidade
desses componentes, porém não acontecendo o apoio governamental. (PPP,
EEEMDGV, 2009, p. 7).
Ou seja, a conexão relativa à citação acima se refere em pensar que muitos dos
ganhos sociais na área de direitos adquiridos na história do Brasil se fizeram e fazem até
hoje, mediante lutas populares e enfrentamentos intelectuais. Como bem escreveu a
socióloga Maria da Glória Marcondes Gohn, acerca dos movimentos sociais:
Na realidade histórica, os movimentos sempre existiram, e cremos que sempre
existirão. Isso porque representam forças sociais organizadas, aglutina as
pessoas não como força-tarefa de ordem numérica, mas como campo de
atividades e experimentação social, e essas atividades são fontes geradoras de
criatividade e inovações socioculturais. A experiência da qual são portadores
não advém de forças congeladas do passado – embora este tenha importância
crucial ao criar uma memória que, quando resgatada, dá sentido às lutas do
42
A busca pela igualdade de gênero permanece. Apesar dos espaços ocupados pelas
mulheres, reconhecemos que elas ainda enfrentam muita desigualdade, como vemos na
reportagem de Mariana Tokarnia da Agência Brasil, divulgada no Jornal o Correio da
Bahia em 08 de março de 2020, sob o título após 7 anos em queda, diferença salarial de
homens e mulheres aumenta, conforme seguem os dados divulgados:
Historicamente, no Brasil, homens ganham mais que mulheres. Após sete anos
de quedas consecutivas, em 2019, houve um aumento da diferença dos salários
de mulheres de 9,2% em relação a 2018. Em 2011, homens com ensino
superior ganhavam, em média, R$ 3.058, enquanto as mulheres com o mesmo
nível de formação ganhavam, em média, R$, 1.865, o que representa uma
diferença de salário de 63,98%. Em 2012, essa diferença começou a cair,
passando de 61,78. Em 2018, chegou a ser 44,7%, com homens ganhando, em
média, R$ 3.752 e, mulheres, R$ 2.593. Em 2019, a diferença aumentou e
passou a ser de 47,24%, com homens ganhando em média R$ 3.946 e,
mulheres, R$ 2.680. Os dados foram compilados para a Agência Brasil pela
Quero Bolsa, plataforma de bolsas e vagas para o ensino superior, com base
nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
(TOKARNIA, Correio 24hs. Bahia. 2020).
Por essa força de transmissão de fatos surge a relação do JCC como fonte
documental para pesquisa dos crimes de feminicídio, além de correlacionar com o
ambiente educacional, como ferramenta de informação aos leitores e leitoras. Depois de
pensarmos sobre o meio, fez-se necessário discutir o conteúdo: De que forma é descrita
a situação de violência contra as mulheres? A notícia choca o(a) leitor(a) (ou já se tornou
de alguma forma banal frente ao altíssimo número de crimes noticiados)? Como os(as)
repórteres e jornalistas trabalham a notícia? De que forma são narrados os fatos, motivos
e as análises? O texto publicado pelo JCC tem o objetivo, por exemplo, de constranger os
agressores ou dá maior destaque aos comportamentos das vítimas?
Estas foram as questões que nortearam o início do exercício de reflexão quanto ao
tema entre estudantes da EEEMDGV. Entender o impacto deste tipo de notícia sobre os
alunos e alunas nos permitiu pensar em formas de se abordar didaticamente a
conscientização a respeito da situação que ainda persiste quando se trata do assassinato
de mulheres por conta do gênero. Trata-se, portanto, de uma oportunidade de trabalhar
também a empatia, a solidariedade e a alteridade.
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade
e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996, Art.2º).
45
20
15
10
5
0
Opções be c Todas asopções Nenhumas das opções
1º Momento 2º Momento
Esta primeira questão consistiu em perguntar aos alunos sobre seu entendimento
quanto às ações que representam atos de violência contra a mulher. Dos 20 respondentes,
16 selecionaram tanto no primeiro como no segundo momento, a segunda alternativa,
concordando que todas as opções representavam a violência; 4 deles marcaram a primeira
alternativa, selecionando somente 2 opções como sendo agressão. Os números nos
mostram que estes alunos já detêm conhecimentos sobre essas ações, conforme mostram
a tabela e o gráfico correspondente de análise comparativa.
2) Razão para que o homem se sinta superior à mulher, dentro de uma relação, mesmo
que seja o esposo:
a) Pelo poder econômico.
b) Pela classificação: “sexo frágil” dada à mulher em uma sociedade de raízes
patriarcal.
c) Diz respeito à maneira como o homem foi ou é educado.
d) A mulher deve submissão pelos princípios religiosos.
e) Está relacionado com a educação da mulher face à sociedade que espera por uma
pessoa sempre dócil e submissa.
15
10
5
0
alternativas (b e d) letras (a, c e e) Nenhuma
1º Momento 2º Momento
3) Ações adotadas por alguns maridos que podem deixar a mulher em estado de
vulnerabilidade caso o casal decida pela separação, uma vez que a mulher, quase sempre
assume a responsabilidade pelos filhos e não tem renda própria. Tais ações possibilitam
a submissão da mulher ao marido:
a) Uso ou apropriação de bens materiais que eram da mulher pelo homem durante a
convivência conjugal.
b) Registros de bens em nome de outros durante a construção familiar, para não dividir
de igual modo entre as partes em caso de separação.
c) Negação de Pensão alimentícia para os filhos.
d) Abandonar emprego formal ou esconder seus ganhos para não ter que pagar pensão
alimentícia.
20
15
10
5
0 Todas as alternativas Nenhuma alternativa
1º Momento 2º Momento
Nesta questão, já no primeiro momento, a maioria dos alunos entendeu que alguns
maridos se apropriam de meios inconvenientes para sujeitar a mulher. E houve apenas
um aluno que mudou sua opção no segundo momento, mas não altera o resultado.
4) Em geral, ou na maioria das vezes, as brigas conjugais giram em torno de:
As opções acima são razões justificáveis para que o homem venha agredir ou
mesmo matar a esposa, companheira ou ex-esposa | e ex-companheira?
1- Sim.
2- Não.
20
10
0 Sim Não
1º Momento 2º Momento
1- Ciúme.
2- Não aceita perder, por isso não aceita o fim da relação.
3- Não quer mais, mas não admite que ela possa ser feliz com outro.
4- O fascínio do poder por ser o provedor do lar e não pode ser questionado.
5- Nenhuma das alternativas anteriores justifica o ato de matar alguém.
15
10
5
0
Ciúme Não aceita Não quer mais Provedor do Nenhuma das
perder lar alternativas
1º Momento 2º Momento
6) O que é feminicídio?
As respostas foram classificadas em:
RESPOSTA 1º 2º
Momento Momento
1 16 14
2 1 1
3 3 5
O que é feminicídio?
20
15
10
A resposta dos alunos para esta questão permite perceber que a maioria tem uma
pré-noção sobre o que é o feminicídio logo no primeiro momento, bem como o quanto a
mesma afeta a sociedade. 16 alunos entenderam que feminicídio são agressões que
culminam em morte de mulheres, 1 aluno não respondeu e 3 entenderam tratar-se apenas
de agressão, isto para o primeiro momento. Já no segundo momento, 14 alunos marcaram
a alternativa 1, 1 aluno não respondeu e 5 optaram pela alternativa 3. No entanto, o
resultado demonstra que quase todos têm noção sobre o crime de feminicídio.
1- Não respondeu;
2- Não atende ao que foi perguntado;
3- Não acessa ao jornal;
3- Descreve as ações de forma a sensibilizar ou chocar o leitor.
52
12
10
8
6
4
2
0
Não respondeu Não atende ao que Não acessa ao Descreve as ações
foi perguntado jornal de forma a
sensibilizar ou
chocar o leitor
1º Momento 2º Momento
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
“entre as 3,8 mil cidades que possuem até 20 mil habitantes, apenas nove
possuem este tipo de estrutura. Por outro lado, elas existem em 58,7% dos
municípios com mais de 500 mil habitantes. Segundo o IBGE, as casas-abrigo
propiciaram, em 2018, atendimento a 1.221 mulheres e 1.103 crianças. A
principal atividade ofertada foi o atendimento psicológico individual.
Dependendo da unidade, também há oferta de atendimento jurídico e
creche.(...)
De 2013 para 2018, houve um aumento no número de Planos Estaduais de
55
Ainda através do Portal R7, a repórter Ana Vinhas em uma matéria publicada em
onze de março de 2020, que segundo a presidente da Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) do Senado, Simone Tebet MDB-MS, está para ser votado “um pacote de 11
projetos de lei que vão do combate à violência ao fortalecimento do protagonismo da
mulher na política. As pautas femininas ganharam prioridade no mês de março, quando
se celebra o Dia Internacional da Mulher”.
Diante desses dados, tem-se a ideia de que uma imensa maioria de mulheres não é
atendida ou acompanhada em seus processos de violência doméstica, e muitas sofrem
agressões até culminar em morte, feminicídio. Desta forma, o primeiro capítulo deste
trabalho trouxe algumas indicações teóricas e algumas definições importantes. O segundo
capítulo, por sua vez, teve a função de relatar alguns casos como forma de demonstrar o
tamanho do problema. O terceiro capítulo, por fim, discutiu como se pode colocar a
questão em sala de aula e encontra nesse espaço possibilidades de mudanças.
A pesquisa nos aponta para um caminho em que a educação seja ferramenta de
combate à discriminação e inferiorização da mulher, a partir de esclarecimentos, debates,
valorização da vida humana e respeito como parte de uma orientação sistemática. Projetos
educacionais sejam desenvolvidos, englobando o tema de empoderamento, trabalhando
as questões de humanização e igualdade de gênero, além de trazer possibilidades reais
para o educador de um modo geral, bem como professor da disciplina de História não
devendo abandonar ou esquecer quando realizar o planejamento de sua atuação em sala
de aula.
56
REFERÊNCIAS
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formação docente: memórias vivenciadas no estágio supervisionado. Educação Santa
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57
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MARSCHALL, Luciana. Morte Cruel. Matou esposa idosa e enterrou no quintal de casa.
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MARSCHALL, Luciana. Vítima sofria verdadeiro terror nas mãos de Diógenes, diz
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Carajás. Marabá. 20 e 21 de dez.2016. Edição nº 3070. Ano XXXIV Caderno B. Polícia.
P. 1. Disponível em <
http://jornalcorreiodigital.com.br/pub/jornalcorreio/index.jsp?serviceCode=login&edica
o=30201#page/12 >. Acesso em 11 de mai. 2019.
Questionário:
2 - Há uma razão para que o homem se sinta superior à uma mulher, dentro de uma
relação, mesmo que seja o esposo?
a) Pelo poder econômico
b) Pela classificação: “sexo frágil” dada à mulher em uma sociedade de raízes patriarcal.
c) Diz respeito à maneira como o homem foi ou é educado.
d) A mulher deve submissão pelos princípios religiosos.
e) Está relacionado com a educação da mulher face à sociedade que espera por uma pessoa
sempre dócil e submissa.
-Assinale a alternativa correta.
( ) Nenhuma das alternativas.
( ) As alternativas (a, b, c, d, e e), estão corretas.
3 - O que o homem pode fazer que coloca a mulher em estado de vulnerabilidade em caso
de separação, uma vez que a maioria fica responsável pelos filhos e não tem renda própria?
a) Uso ou apropriação de bens materiais que eram da mulher pelo homem durante a
convivência conjugal.
b) Registros de bens em nome de outros durante a construção familiar, para não dividir de
igual modo entre as partes em caso de separação.
c) Negação de Pensão alimentícia para os filhos.
d) Abandonar emprego formal ou esconder seus ganhos para não ter que pagar pensão
alimentícia.
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