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MÓDULO IV – U2

A EUROPA DOS ESTADOS ABSOLUTOS E A EUROPA DOS


PARLAMENTOS

APRENDIZAGENS RELEVANTES

Compreender os fundamentos da organização político-social do Antigo Regime e as


expressões que a mesma assumiu

Compreender a importância da afirmação de parlamentos numa Europa de Estados


Absolutos

Compreender que o equilíbrio político dos estados no sistema internacional dos séculos
XVII e XVIII se articula com o domínio de espaços coloniais

CONCEITOS

Antigo Regime; Monarquia Absoluta; Ordem/Estado; Estratificação Social; Mobilidade Social,


Sociedade de Corte; Parlamento
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E PODER POLÍTICO NAS SOCIEDADES DO ANTIGO
REGIME

Uma sociedade de ordens assente no privilégio

Durante os séculos XVII e XVIII, a maior parte das sociedades europeias manteve a
estratificação em “ordens”, herdada da Idade Média, e baseada na desigualdade natural,
funcional e jurídica dos seus estratos.

Constituíam sociedade estratificadas em três grandes grupos sociais, juridicamente


diferenciados segundo o nascimento e/ou o prestígio da função que desempenhavam
para todo o social, independentemente da sua real condição económica ou do seu papel
na produção de bens materiais.

Nas sociedades europeias do Antigo Regime existiam três ordens ou três estados: Clero
ou primeiro estado, Nobreza ou segundo estado e Povo ou Terceiro Estado.
CLERO

Recebia doações, quer do rei, quer de particulares;

Recebia a dízima;

Recebia ainda dos camponeses, variadas rendas;

Tinha foro privativo (tribunais e leis próprias);

Estava isento de impostos e da prestação de serviço militar;

Gozava de direito de asilo;

Alguns dos seus membros ocupavam altos cargos;

Tinham grande prestígio e influência junto da população.

Dentro do Clero havia o alto clero (cardeais, arcebispos, bispos) e baixo clero
(monges e párocos).
NOBREZA

Ocupava altos cargos administrativos;

Possuía extensas propriedades;

Recebia rendas e prestação de serviços dos camponeses que trabalhavam nas suas terras;

Não pagava impostos;

Recebia títulos e pensões da parte da Coroa;

Não estava sujeita a “penas infamantes”.

Categorias de Nobreza

Nobreza de espada, que detinha altos cargos na corte, no exército e na administração;

Nobreza de toga, constituída por funcionários e magistrados, muitos deles oriundos da


burguesia;

Nobreza de província, administrava as suas propriedades senhoriais.


POVO

O povo, a ordem não privilegiada, era constituído por numerosos grupos: camponeses,
artesãos, vendedores, criados domésticos, marginais e pedintes;

Grande parte do povo vivia na miséria;

Neste grupo social destacava-se, pelo poder económico, a Burguesia, normalmente


cristãos-novos, conhecidos por “homens de negócios”, que se tinham dedicado ao
comércio colonial.

A grande burguesia adquiria cada vez mais poder económico, emprestando dinheiro a reis
e a particulares; comprava também grandes propriedades, tentando imitar a Nobreza.

Da burguesia faziam ainda parte: proprietários, pequenos comerciantes, mestres de ofício,


homens-bons dos concelhos, funcionários da administração e membros de profissões
liberais.
A diversidade de comportamentos e de valores

A evolução política e económica foi provocando uma lenta mutação social que tornou cada vez
mais heterogénea a composição de cada ordem ou estado; estavam organizadas em grupos, ou
categorias, segundo a profissão, a riquezalenta
e a mutação
cultura.social— mudanças em sociedade
heterogenea a composição de cada ordem ou estado— uma coisa
diferente,, subdividido ex:alto clero ou
No entanto, e apesar da heterogeneidade das
baixoordens,
clero estas mantiveram no sistema jurídico
das
sociedades do Antigo Regime uma notável coesão e permanência, devidas sobretudo às leis que
as institucionalizaram e consagraram na orgânica dos estados e à mentalidade dominante, que,
profundamente tradicionalista, manteve viva a hierarquia social nas representações mentais da
população.

Assim, “manter-se cada um no lugar que lhe é devido” pela hierarquia e “afirmar a sua categoria
cumprindo e fazendo cumprir o estatuto das ordens” era sinal de bom comportamento social,
pois cada estrato tinha as suas insígnias.

No quotidiano, o comportamento de nobres, clérigo, burgueses e populares distinguiam-se:

pelos trajes;
pela maneira de se apresentar em público;
pelas formas de saudação e tratamento;
pela maneira como conviviam uns com os outros.
texto
A mobilidade social havia mobilidade fraca nao era inexistente apenas fraca

A Burguesia procurava por todos os meios de trabalho e mérito pessoal elevar-se acima da
sua condição e ascender aos estratos superiores. A sua atitude de inconformismo foi fator
determinante na evolução e na transformação progressiva das sociedades do Antigo
Regime.

Apesar da fraca mobilidade social ser regra na Europa do Antigo Regime, não foi geral. Em
regiões como a Itália, a Holanda e a Inglaterra – zonas que conheceram conjunturas
político-económicas mais dinâmicas, as sociedades foram mais móveis e assumiram um
cariz menos aristocrático e mais burguês.

A estrutura social do Antigo Regime, ainda que lenta e silenciosamente, assistiu a uma
mutação interior, escondida pela mentalidade que a consolidou.

As mutações sofridas estiveram relacionadas e condicionadas pelas alterações conjunturais


entretanto ocorridas – diferentes ritmos demográficos, económicos e políticos que ora
valorizavam, ora desvalorizavam determinados grupos.
Estes ritmos conjunturais atuaram diferentemente consoante as épocas e as regiões,
mas poderão sintetizar-se em três tendências:

qa do séc. XVI, durante o qual, mercê do dinamismo económico imposto pelo


desenvolvimento comercial e da acelerada centralização régia, se registou uma maior
mobilidade social, concretizada sobretudo pelo enfraquecimento da ordem
nobiliárquica, face à ascensão da burguesia urbana e mercantil, de cariz já capitalista;

qao longo do séc. XVII, marcado pela reação nobiliárquica que, usufrui da política
absolutista régia, e, do facto dos monarcas interessados em desenvolver o seu poder,
lhes atribuírem cargos de Estado, como forma de a manter sob controlo direto. A
sociedade estabilizou-se pelo endurecimento da ordem instituída;

qe a do séc. XVIII, período que conheceu novo quadro económico ascendente, que
reanimou as forças sociais e a mobilidade entre os estratos.
As vias de ascensão da Burguesia

Acumulação de importantes fortunas pecuniárias, obtidas ao longo do séc. XVI, pelo


desenvolvimento comercial;

Superior preparação intelectual e escolar que lhe permite competir no desempenho de


cargos públicos, com o Clero e a Nobreza;

Aplicando parte da sua riqueza para comprar terras à aristocracia falida e títulos
nobiliárquicos ou negociar casamentos vantajosos;

Desempenhando cargos públicos que permitiam a ascensão à nobreza togada.

A degradação da pequena Nobreza e do Baixo Clero

A economia mercantil do séc. XVI foi adversa para o Clero e a Nobreza tradicionais, que viram
desvalorizados os seus rendimentos agrícolas.

A degradação material destes grupos sociais, coloca-os nas condições reais de vida,
aproximando-os da média burguesia
As amotinações populares

Consequência das más condições em que vivia, o povo não para de se revoltar contra quem o
oprimia: o Estado, o senhor feudal, as tropas armadas e as conjunturas desfavoráveis.

No séc. XVI, as principais sublevações foram urbanas. Mas foram as revoltas camponesas,
verificadas nos finais do século, e, sobretudo, no século seguinte, que marcaram as
confrontações sociais do Antigo Regime.

O aumento de impostos, a opressão da aristocracia e da administração regional ou local e


carestia de vida, foram os principais motivos que fizeram despoletar as revoltas populares.

Apesar de energicamente reprimidas pelas autoridades, estas revoltas tiveram, a longo prazo,
um saldo positivo, obrigando o Estado e os senhores a melhorar a suas condições de vida.

Concluindo: É lícito afirmar, que a fórmula da evolução social deste período “é a de uma
sociedade de ordens que se transforma lenta e profundamente, numa sociedade de classes”.
O absolutismo régio

Na sociedade do Antigo Regime, em que se chocavam interesses opostos, tornava-se


necessário reforçar a autoridade política. Com efeito, os monarcas assumiram um poder
absoluto a fim de conseguirem manter a ordem social dominada pelos privilegiados. Para
sujeitarem todos os súbditos à sua vontade, precisaram de criar instrumentos de poder
que vieram a construir as bases do Estado moderno.
Absolutismo regio- todo o poder, direito e conduta acumulado numa só pessoa: o rei.
Venerado e respeitado como deus. Governa todo o povo e restantes classes, onde os guia da mesma maneira
que os restringe dependendo da sua vontade ou pensamento e de uma forma “sagrada, paternal e absoluta”.
Os fundamentos do poder real

O monarca detém todos os poderes, a saber: legislativo, executivo e judicial. Os


poderes dos reis eram iguais aos poderes do Estado, identificando-se um com o
outro.(«L´ état, c´est moi !>> Luis XIV, Rei Sol).

O poder dos monarcas era-lhes reconhecido de direito.

A soberania régia era um legado divino, recebido pelos reis no dia da sua coroação,
sacralizados como imagens de Deus sobre a terra.

Por outro lado, era paternal – o rei era considerado como um pai que deveria satisfazer
as necessidades do seu povo, proteger os fracos, garantindo a unidade e a ordem, pela
boa governação.
Trata-se, igualmente, um poder absoluto em que o rei, apesar da amplitude de
poderes, é limitado, segundo os próprios teóricos do absolutismo, pelas leis de
Deus, da justiça natural dos homens e fundamentais de cada reino.

Assim sendo, o poder real está submetido à razão, pois a soberania <<ganhava>>
ao uso da força.

Na prática, os monarcas absolutos concentram nas suas mãos todos os poderes,


deixando inclusivamente de consultar as cortes.
O absolutismo régio como garante da hierarquia social

Nos séculos XVII e XVIII, a Europa estava longe de possuir uniformidade nos regimes
políticos que governavam os seus reinos e os seus Estados. No fundo, podemos falar
de duas correntes políticas na Europa do Antigo Regime: a Europa dos Estados
Absolutos e a Europa dos Parlamentos.

Apesar desta diversidade política, o regime dominante era o da monarquia de


carácter absoluto.

O absolutismo régio surge numa conjuntura de ressurgimento do mundo urbano e


duma economia mercantil. O desejo da ascensão da burguesia enriquecida, numa
época de decadência da sociedade da sociedade senhorial, o desenvolvimento
cultural e o renascimento do Direito Romano (Estado Centralizado), o crescimento
económico e o alargamento geográfico dos países, impunham uma soberania
centralizada e imparcial.
Estes fatores conjugaram-se para valorizar a figura do rei junto das comunidades da
época, fornecendo-lhe assim, os necessários apoios sociais, económicos e jurídicos.

Foi com esses apoios que os reis europeus dos séculos XV – XVII, lutaram contra os
privilégios e as imunidades das ordens, disciplinaram os privilegiados, rodearam-se
de aparelhos de Estado cada vez mais complexos e construíram as monarquias
absolutas ao mesmo tempo que lançavam os fundamentos do Estado, no sentido
moderno.

Os reis absolutos foram a primeira e mais poderosa figura dos seus Estados a
exercerem o poder de forma pessoal, absoluta e única.
As cortes régias e a encenação do poder

A institucionalização do poder absoluto dos reis acarretou transformações


importantes na orgânica dos Estados e na imagem pública dos soberanos, imposta
não apenas como símbolo do poder político e do Estado, mas como a própria fonte do
poder.

As moradas dos reis – as cortes, tornaram-se, por isso, os locais mais importantes de
cada reino. Aí, funcionavam todos os órgãos político-consultivos, repartições da
Administração Central, Supremo Tribunal do Reino e Tesouraria Régia.

A centralização das funções e das decisões mais importantes da vida pública nas
cortes fez delas um polo de atração para todos os que dependiam e colaboravam com
o poder real, ou nele procuravam favores e mercês, nomeadamente, os Nobres, que
assim, ficaram sobre a fiscalização e controlo do Estado.
O rei utilizava a vida em corte para mais facilmente controlar a Nobreza e o Clero.

O grupo que rodeava o rei (sociedade de corte) estava constantemente sujeito à


vigilância deste.

Em França, o centro da vida de corte desenrolava-se no Palácio de Versalhes, onde


habitavam orei e a alta nobreza.

O Palácio era, simultaneamente, lugar de governação, de ostentação do poder e de


controlo das ordens privilegiadas.
Todos os atos quotidianos do rei eram ritualizados, “encenados” de modo a endeusar a
sua pessoa e a submeter as ordens sociais. Cada gesto tinha um significado social ou
político, pelo que, através da etiqueta, o rei controlava a sociedade. Um sorriso, um
olhar reprovador assumiam um significado político, funcionando como recompensa ou
punição de determinada pessoa. O cerimonial do acordar do rei Luís XIV, conhecido
como “entradas”, destinava-se ao enaltecimento do Rei-Sol, submetendo a corte a uma
hierarquia rigorosa.

A estética barroca cuja principal característica é a exuberância das formas, aliada a


uma forte dramaticidades e espírito lúdico, pautava o ambiente da corte, constituindo
um estilo de vida associado à vivência palaciana e aos jogos de poder característicos do
absolutismo monárquico.
Sociedade e poder em Portugal

O absolutismo régio em Portugal assistiu a três fases de construção:

Período entre D. João I e D. João II (século XV) – o rei era o chefe militar, remunerador
dos vassalos e reservava para si a suprema jurisdição. O absolutismo desta época foi
fortemente reforçado por D. João II que reprimiu e subordinou a nobreza;

Período de D. Manuel I a D. João V (século XVI ao século XVIII) – estabelecimento do


poder pessoal dos reis;

Período do reinado de D. José I e a atuação do Marquês de Pombal (Sebastião José de


Carvalho e Melo) – Criação de novos organismos estatais (Junta do Comércio – 1756,
Erário Régio – 1760, Junta da Providência Literária – 1772), permitiu que a autoridade
régia fosse exercida diretamente em todos os setores da vida pública, mesmo naqueles
em que era costume entregar a particulares.

Após a morte de D. José I e do consequente afastamento do Marquês de Pombal, a


monarquia absoluta entrou em decadência até à Revolução Liberal (1820), quando foi
extinta, dando lugar à governação de D. Pedro IV, que pôs em prática as reformas
liberais.
Preponderância da nobreza fundiária e mercantilizada

A sociedade portuguesa dos séculos XVI e XVII continuou estruturada em ordens ou


estados.

A nobreza detinha os mais altos cargos administrativos e militares do reino, assim como
postos e funções do Império (governadores das possessões ultramarinas; comandantes de
praças militares; feitores, comandantes de expedições; etc.).

Estes cargos proporcionavam honras e mercês públicas (doações régias, títulos, rendas, …)
e oportunidades em negócios lucrativos. Assim se foram afirmando os fidalgos-
mercadores.

Grande parte dos lucros obtidos na Expansão Ultramarina foi repartida entre os nobres e
a Coroa, compensando-os da quebra de rendimentos fundiários e dos direitos senhoriais.
A nobreza aplicou esses lucros em bens de luxo e bens de raiz, aumentando
a sua riqueza e poder fundiários, reforçando assim o senhorialismo.

A concentração de terras nas mãos da alta nobreza foi consequência das


doações régias aos membros dessa ordem, e a institucionalização dos
vínculos, das comendas e dos morgadios*.

A Igreja e o clero, particularmente, foram também beneficiados com


doações régias, vendo o seu património fundiário crescer.

Durante o domínio Filipino (*) e na época da Restauração, foram criadas


condições para o crescimento da burguesia: decadência do monopólio régio
e viragem para uma economia açucareira (Brasil), reforço da nobreza de toga
(saída do seio da burguesia e nobilitada por funções especializadas que
prestava à Coroa).

(*) ESCRIVÃO DE PURIDADE – era a designação dada ao escrivão responsável pelos documentos particulares do rei. Assim, possuía o selo
que autenticava os documentos régios; ORDENAÇÕES FILIPINAS – Código mandado elaborar por Filipe I, e que, na sua essência, concretiza
a reforma das leis manuelinas. Após a Restauração, D. João IV assegurou este corpo de leis. Podemos considerar que, tratando-se, apenas,
de uma atualização do código manuelino, a intenção do monarca espanhol, passava pela vontade de respeitar a tradição e a identidade
portuguesas.

*Vínculos - conjunto de bens que se encontravam unidos de modo indissolúvel a uma família; Comendas - atribuições do usufruto de
bens de ordens religiosas e militares; Morgadios - uma das espécies de vínculos que se transmitiam apenas ao primogénito varão.
Criação do aparelho burocrático do Estado absoluto no século XVII

O aparelho burocrático do Estado era constituído por órgãos, sofrendo


algumas reformas e esvaziamento e competências, durante o domínio
filipino.

Com a subida de D. João IV ao trono de Portugal – restauração da


independência, uma das primeiras preocupações do rei foi criar
rapidamente novas instituições que legitimassem a sua autoridade.

Foi criado, em 1640, o Conselho de Guerra: responsável pela gestão


logístico militar e jurisdicional.

Reorganizou-se o Conselho de Estado (conjunto de secretários de Estado


e o rei) com a criação:
§do Conselho Ultramarino: recebia todas as cartas e despachos do
Ultramar; cabia-lhe o provimento dos ofícios (justiça, guerra e fazenda),
expedição de naus.
§da Junta de Três Estados: competia a administração e supervisão da
recolha de impostos.
Reformas políticas e governação

O absolutismo traduziu-se no fortalecimento do poder real e na expansão das


áreas de influência do Estado, numa maior submissão da nobreza, na não
convocação das cortes e pelo governo estados com maiores competências pelo
rei.

O absolutismo joanino grandeza e fausto do rei e da corte

O absolutismo joanino, à semelhança dos seus congéneres, caracterizou-se pela


grandeza e luxo da corte e pela reforma e criação de instituições políticas e
governativas.

O período de governação de D. João V foi marcado pela exploração de ouro no


Brasil, o que deu ao reino um conforto financeiro que possibilitou a construção de
diversas obras, nomeadamente o Convento de Mafra, Aqueduto das Águas Livres,
Igreja das Necessidades).
O apoio às artes visava criar um ambiente de luxo e ostentação na corte,
tentando assim, igualar a corte de Luís XIV. O luxo desta corte joanina
transparecia em saraus, festas e óperas.

A ação de D. João V como mecenas manifestou-se no apoio ao teatro, à


música, no financiamento de bibliotecas e na criação da Real Academia de
História e da Academia de Roma, bem como outras instituições culturais,
artísticas e religiosas.
A política cultural de D. João V

A prosperidade económica e a paz foram determinantes para o desenvolvimento das letras,


das ciências e das artes.

As ideias de progresso e de Razão foram sendo introduzidas em Portugal pelos diplomatas


portugueses que serviam nas cortes estrangeiras.

A intensidade dos contatos internacionais resultou numa vida cultural bastante rica: em
peças literárias barrocas, na produção de comédias, farsas e tragédias, a familiarização com
a música e com a arte, em óperas e concertos.

D. João V também se preocupou com o ensino da música, com o movimento científico mas
apesar dos grandes progressos culturais verificados no período joanino, o grande salto que
iria significar a introdução da cultura iluminista produziria os seus melhores resultados.

5 condições da arte que tenha sido importante para o desenvolvimento das artesmudança do estatuto do artista
paz, riqueza
O barroco joanino

O barroco* constituiu uma expressão artística adequada à imagem de grandeza e de


magnificência de D. João V. De facto, o barroco joanino, com os seus efeitos de riqueza
e movimento, era uma arte de corte e de luxo, tendente a fascinar e a provocar a
admiração dos seus súbditos.

Grandiosas obras régias de arquitetura, como igrejas, conventos, palácios e solares,


foram construídos nesta época. Foi nos interiores que o barroco joanino se revelou
mais original: nos trabalhos de talha dourada e azulejos e de outras artes decorativas,
como a ourivesaria e o mobiliário.

A decoração barroca distingue-se pela riqueza e abundância dos materiais empregues,


pela magnificência das peças e por algum exagero ornamental.
*O Barroco é um estilo artístico que surgiu no século XVI e se estendeu até o começo do século XVIII, caracterizado por ter uma estética com
“extravagante”, em termos de ornamentação e representação do divino. O estilo barroco é marcado requinte, pelo “exagero” dos adornos, patentes nas
cortes régias, na maneira de vestir, pentear… enfim, uma arte que de acordo com a mentalidade da época, serve o monarca absolutista, no que à
ostentação do poder, diz respeito.

De recordar a flexibilização entre o Português e a História A, em termos de abordagem de conteúdos.

Barroco com D.joao V- relacionam se de modo à arte ser extravagante e abosluta tal como d.joao v gostaria de
ser reconhecido cada vez mais, ( o ouro em demasia, o exagero da arte).
A EUROPA DOS PARLAMENTOS: SOCIEDADE E PODER POLÍTICO
Tudo sobre a sociedade e politica holandesa no sec. XVII

Holanda-republica e por natureza nao aceita poder a ninguem.


A Holanda e a Inglaterra constituíram dois modelos de sociedades e de Estados que
tinham como principais marcas a afirmação política da burguesia, a recuso do
absolutismo, a defesa da tolerância e do parlamentarismo.

Afirmação política da burguesia nas Províncias Unidas, no século XVII

A população holandesa era urbana e a estrutura da sociedade apresentava um


aspeto diferente do das restantes sociedades europeias:

§ no incremento das atividades produtivas internas;

§ no alargamento das redes marítimo-comerciais externas: a nível europeu com o


transporte de produtos e a nível mundial com o tráfico dos produtos;

§ A sua nobreza era numericamente reduzida;

§A burguesia capitalista cultivava um espírito de tolerância e liberdade.


A maior parte da sua população pertencia à burguesia que dominavam a vida
económica e o aparelho político-constitucional.

A burguesia holandesa teve um papel fundamental na formação de uma “república


de mercadores”. Isto foi possível porque a Holanda desenvolveu-se de uma forma
extraordinária a nível económico e social, o que permitiu o comércio mundial.

A prosperidade da Holanda teve por base um poder político caracterizado como uma
federação de estados (primazia das províncias da Holanda), com um regime
republicano e parlamentar; uma administração do Estado a cargo da burguesia e uma
defesa do Estado a cargo na nobreza.

O nível de vida da sua população era dos mais elevados da Europa.

União de Utrecht /Tratado de Utrecht (1713-1715) acordo que põe fim à Guerra de Sucessão Espanhola e mudou o mapa da Europa. Através deste
Tratado, a Grã-Bretanha reconhecia como rei da Espanha o francês Filipe de Anjou. Por sua parte, a Espanha cedia Menorca e Gibraltar à Grã-Bretanha.

Tratado de Munster – foi assinado pelas Províncias Unidas dos Países Baixos e a Espanha, em 1648 . Foi um tratado histórico para as Províncias Unidas e
um dos principais eventos da história holandesa. Efetivamente, este tratado reconheceu, por parte de Espanha, a independência das Províncias Unidas.

Stadhouder - cargo político das antigas províncias do norte dos Países Baixos com funções executivas. Aquando da União de Utrecht, foi criado um cargo
supremo: o de Stadhouder e Capitão Geral das Províncias Unidas dos Países Baixos, controlado continuamente pelos Estados Gerais. Suas funções eram
dirigir a política e as atividades militares das províncias neerlandesas. Em 1747, após uma revolta, o cargo tornou-se hereditário.

Grande Pensionário – funcionário público responsável pela administração de uma província.


Grócio e a legitimação do domínio dos mares

Legitimação do domínio dos mares com Hugo Grotius: rejeita a doutrina do mare
clausum e defende a doutrina do mare libertum.

Ação militar e comercial das companhias comerciais monopolistas (Companhia das


Índias Ocidentais e Orientais).

Em África conquistaram a Mina aos portugueses.

No Oriente expulsaram os portugueses de Mascate, Ormuz, Ceilão, etc.

A sua principal área de implantação estabeleceu-se, contudo, na Insulíndia, região


onde se situaram as suas mais importantes feitorias.

Nas Américas fundaram a colónia de Nova Amesterdão (futura Nova Iorque) que
perderam para os ingleses.
Recusa do absolutismo pela sociedade inglesa

O absolutismo não era bem aceite pelos ingleses que, desde o século XIII (com a Magna
Carta, 1215), negavam ao rei o direito de, só por si, fazer leis e aumentar impostos, sendo
obrigado a convocar regularmente o Parlamento, para aí serem votadas as leis e serem
concedidos os subsídios pedidos, limitando, assim, o poder régio.

Sob o ponto de vista religioso, Jaime I era favorável à hierarquia anglicana, tendo perseguido
com ferocidade os católicos, que foram excluídos das funções públicas e proibidos do
exercício de certas profissões liberais.

Muitos puritanos que se recusavam a praticar o rito anglicano foram também perseguidos,
tendo, por isso, emigrado em grandes contingentes para as colónias da América do Norte.
Depois de Jaime I ter morrido sucedeu-lhe o seu filho Carlos I, que herdou do pai,
além do trono, as ideias despóticas e intolerantes. Logo no primeiro ano do
reinado de Carlos I, o Parlamento recusou votar favoravelmente os impostos
solicitados pelo rei e apresentou-lhe a Petição de Direitos.

O rei aceita a Petição que se destinava a garantir a soberania do Parlamento em


matéria de impostos, mas continua a governar de forma absoluta, lança impostos
que estavam suspensos e alarga o ship money* a todo o reino.

Posteriormente, impõe o anglicanismo a todo o país.

Estas atitudes tiveram consequências como a invasão da Inglaterra por parte dos
escoceses que se recusaram a aceitar as imposições de caráter religioso.

O rei reage com um golpe de estado, ordena prisões e encerra o parlamento.

Dão-se combates violentos contra a ditadura do rei e dos seus ministros e, ainda, a
guerra civil entre os adeptos do rei e os adeptos do Parlamento.
* ship money - ou dinheiro do navio era um imposto cobrado pelos ingleses, até meados do século XVII. Com especial impacto nos habitantes das
áreas costeiras, os monarcas ingleses podiam cobrá-lo por prerrogativa sem a aprovação do Parlamento .
1ª republica inglesa como correu? nao ha liberdade, igualdade, poder no ditador, nao cumpriram o
A 1.ª Revolução que prometeram

Inicia-se assim, um período de guerra civil. O rei refugia-se em Oxford e mais tarde na
Escócia.

Em londres, o Parlamento ficou a governar e organizou um exército constituído


sobretudo por burgueses, os Cabeças Redondas, que defrontaram os Cavaleiros,
formados pela Alta Nobreza e alguma Nobreza rural.

Os Cabeças Redondas liderados por Cromwell saem vitoriosos. O rei é preso e mais
tarde decapitado 1649.

A monarquia é abolida e instituída a República que duraria 12 anos. É neste período


que Cromwell promulga o Ato de Navegação (1651) que marcará o crescimento naval
inglês.

O próprio Cromwell acabará por governar de uma forma autoritária até 1658, ano da
sua morte.

Neste contexto, General Monk chefia um exército escocês, entra em Londres e


proclama Carlos II, rei de Inglaterra. Os Stuart regressam ao poder – fracassa a 1.ª
revolução.
A 2.ª Revolução “Glorious Revolution”

Carlos II tenta reafirmar o absolutismo régio, mas fracassa.


O seu reinado é marcado pela instabilidade política e com a promulgação de leis
referentes às liberdades individuais, tais como o Habeas Corpus.

Sucede-lhe Jaime II, seu irmão, católico e autoritário que acabará por deposto pelo
genro.

Em 1689, o Parlamento proclama Guilherme e Maria de Orange como reis de Inglaterra


e juram, solenemente governar de acordo com os princípios da Declaração dos Direitos
– Bill and Rights.
* Habeas corpus - medida que visa proteger os direitos do ser humano e que é capaz de cessar a violência e coação que indivíduos.
*Bill of test - código de leis penais inglesas do século XVII, que instauraram a revogação de diversos direitos cívicos, civis ou de família para os católicos.
*Act of Settlement - Decreto do Parlamento da inglês, aprovado em 1701, para colocar a sucessão das coroas inglesa e irlandesa na Sofia de Hanôver (neta
de Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra) e dos seus herdeiros protestantes.
Locke e justificação do parlamentarismo

O ambiente de maior liberdade que se viveu em Inglaterra, nos séculos XVII e XVIII,
favoreceu o desenvolvimento do pensamento filosófico e das teorias políticas.

A rejeição do absolutismo e o facto de as barreiras sociais se terem esbatido abrem


caminho aos ideais de uma classe média interventiva politicamente e
economicamente.

Dos vários pensadores ingleses desta época, Locke destacou-se como filósofo e
especialista em matéria política. O seu pensamento fundamentou-se na experiência
vivida na Inglaterra do século XVII, marcada pela resistência absolutista a uma nova
ordem política, baseada na liberdade e na separação dos poderes.
Locke deixou-nos várias reflexões sobre educação, economia, religião, moral e política, em
obras como Ensaio Sobre o Entendimento Humano, Cartas Sobre a Tolerância e Dois
Tratados Sobre o Governo Civil.

No segundo tratado defende que o poder político deve respeitar o Homem como ser livre.
Sendo os homens todos iguais, física e psicologicamente, e usando as mesmas
capacidades, não pode haver a subordinação de uns em relação aos outros. É a ordem
natural que o determina.

As relações que se estabelecem entre os homens, devem assentar, portanto, na


autonomia, na liberdade e no respeito que decorre da ordem natural.

Quanto aos bens que cada homem possui, são adquiridos pelo seu trabalho e por isso são
legítimos e devem ser respeitados.
Locke parte do pressuposto que o poder político tem de existir para interpretar e regular a
lei natural e para garantir o bem estar, a segurança e a paz. É o povo que tem o poder de
criar esse poder político, constituindo os órgãos que detêm o poder de legislar, de executar
e de julgar.

Na prática, a existência de um Parlamento, com uma grande representatividade, será a


garantia do respeito pelas liberdades individuais.

Este filósofo foi o precursor do pensamento iluminista.

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