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HISTÓRIA MEDIEVAL (ECONOMIA E SOCIEDADE) – Trabalhos

1. Roma e o Desagregar do Império. Os conceitos como ferramentas


" Idade Média" - 04/10
(Capítulos do Gibbon)

1. A grandeza do império romano era sustentada por uma vastidão territorial sem
precedentes ou comparação ("grandeza de Roma (...) mais de duas mil milhas de
largura").
2. A amalgama de diferenças dentro dessa mesma vastidão, toleradas ("várias
formas de culto (...) todas consideradas pelo povo como igualmente verdadeiras"), de
forma intencional, para manter a paz.
3. A manutenção da organização romana, que permitia um império abastecido e
autossuficiente ("na sua maioria terra fértil e bem cuidada", "poder romano foi erguido
e preservado pela sabedoria de vários seculos"). A sua superioridade política garantia
que a sua ordem, e não outra, era a hegemónica ("unidas pelas leis", "governo era
sábio, simples e benéfico"). A integração deste outros povos ao ideal romano, a sua
inclusão na identidade do próprio povo (essa mesma tolerância já referida, associada
ao poder de influência romano).
a. Temos uma simultânea fragmentação e globalização do império ("pedaços
fragmentados constituíram tantos reinos poderosos", que eram, contudo, "ofuscados
pela imensa dominância, força irresistível" dos romanos). Embora haja uma unidade
territorial e política, há uma aliança tácita com as diferentes realidades e culturas
autóctones dos povos anexados.
4. A questão do domínio romano versus domínio bárbaro, nomeadamente a
negligencia por parte dos imperadores romanos face aos avanços territoriais dos povos
bárbaros. Isto espelhava uma perspetiva "romano-cêntrica", aliada a um complexo
cultural de superioridade, que ignorava potenciais ameaças ("Confundiu a monarquia
romana com o globo terrestre". "Países longínquos, entregues ao gozo de uma
independência barbara").
Em conclusão, a vastidão romana, como consequência não só da superioridade
romana, das suas praticas organizadas, funcionais e incorruptas politicamente,
tolerantes, da sua capacidade de influência e integração, não só territorial,
populacional, religiosa, cultural (incomparável aos outros grandes estados pela sua
origem mais que centenar, pela sua capacidade de sobrevivência ao longo dos tempos
"sabedoria de vários seculos", mentalidade essa que criava uma mentalidade de glória
romana, que os imperadores adotavam, mas nem sempre correspondia à realidade,
alienando ainda mais a chefia romana das potenciais ameaças, negligenciando as
fronteiras do império “fingida moderação dos imperadores, eles deram-se ao luxo de
desprezar”). Mas, essas mesmas práticas que fizeram os romanos esquecer que o
mundo ia para lá das suas fronteiras, que para lá do mundo romano havia povos, a sua
ameaça ignorada.
2. A crise do séc. III e os seus antecedentes. Os aspetos políticos,
sociais e económicos da " Crise do séc. III". As movimentações bárbaras e a
crise do Império. – 11/10

(Da obra “História da vida privada”, por Georges Duby)

Introdução.
A vida privada durante a antiguidade tardia, no mediterrâneo, está em lenta
transformação. O individuo, a família, a sua própria intimidade, evoluem, como
consequência das sucessivas mudanças na vida em sociedade. É essencial
compreender a vida privada e a vida social como indissociáveis, para compreender a
transformação do “homem cívico da época dos antoninos” ao “bom cristão, membro
da Igreja católica”. Nesta época a existência do individuo estava em completa simbiose
com os valores da comunidade em que se inseria. Os homens e as mulheres deste
tempo concebiam-se totalmente em relação ao seu contexto social (“conduzem sua
existência, à luz das noções flutuantes da comunidade pública à qual têm a sensação
de pertencer”), o viver do quotidiano, da religiosidade, da cultura, funcionava
impregnado “pelos valores da comunidade”.
Ideias.
1. Portanto, os membros de uma sociedade procuravam, uma integração total,
que se funciona impercetivelmente, entre como eram e como a sociedade que os
rodeava pedia que fossem. E a caracterização do espaço em que essas sociedades se
inserem “mantêm-se surpreendentemente constantes ao longo desses séculos”. A
análise decorrerá preferencialmente sobre as cidades, cada uma delas “um pequeno
mundo”, cada uma delas consciente da sua posição, da sua relação com as suas
vizinhas.
2. Mas se há uma relação hierárquica entre as cidades, também há uma relação
hierárquica entre o individuo e a própria cidade. A posição social do individuo deriva de
uma “relação íntima e duradoura com a cidade”. Desta característica deriva uma certa
infâmia, uma consciência comum que classifica cada um como pertencente a sua
respetiva classe, impossibilitando o verdadeiro anonimato. Daí o exemplo dado pelo
autor: não se tem de conhecer a mulher em particular ou as suas circunstâncias
particulares, saber que o seu marido foi crucificado é o suficiente para atribuir a essa
mulher um particular valor, consequência da consciência comum que a sociedade tem.
A sua integração ao seu contexto social, desaparece e consequentemente a sua
pertença que até então a protegia, desaparece, a sua permanência em sociedade fica,
daí para a frente, marcada, ostracizada, e por isso o melhor conselho que todos lhe
darão será partir.
3. A hierarquia social da cidade é definida por um confronto claro e intransponível
entre as elites “os notáveis “bem-nascidos” e seus inferiores”. Este fosso social está em
constante evidencia, o estilo de vida, a cultura, os bens consumidos. A classe superior
diferencia-se propositadamente, de forma que a sua cultura e moral sejam algo
distante, inatingível às classes mais baixas. Mas daqui surge uma necessidade vital de
assimilação por todos aqueles pertencentes a este grupo, já que só assim se consegue
criar um conjunto de comportamentos considerados norma.
4. É esta norma que rege a tradição e a interação entre as pessoas desta classe, e
será aprendida através de um professor, mas em contacto direto com a cidade. A sala
de aula não se encontra apenas na cidade, num foro situado no coração da vida
urbana, mas a cidade em si também funciona como professor, já que a aula é por si
mesma um sistema de integração do individuo com os seus pares, “jovens da mesma
condição”. Também é o momento em que o professor inculca os saberes e ofícios que
preenchem a vida de alguém da classe superior. E uma parte essencial deste processo é
o conhecimento dos clássicos, “a assimilação meticulosa dos clássicos literários”, em
coordenação com a formação moral: a forma como alguém bem nascido se deve
comportar com os diferentes membros da sociedade, em todas as suas posições. Não é
apenas a linguagem, mas a postura e a socialização, a começar pela rejeição dos
insignificantes.
Perguntas.
De que forma é que as rivalidades entre as cidades se concretizavam e como é que daí
se formava a hierarquia entre elas?
Apesar de existir uma hierarquia fixa da posição social de cada individuo, será que era
possível haver uma ascensão social?
De que forma é que o programa escolar era preenchido, como é que os
comportamentos norma da classe superior eram ensinados?
Conclusão.
Em suma, a sociedade deste período caracterizava-se por uma estratificação e
estagnação quase absolutas, estabelecidas por uma educação normativa e rígida, que
procurava preencher o papel social com a qual cada classe se identificava. Esta
educação baseava-se nos clássicos literários e na interação do individuo com os seus
pares e com a própria sociedade. O fosso social entre classes era significativo e claro,
algo mantido pela necessidade vital de cada individuo se integrar plenamente no seu
papel, ditado pelo seu contexto social. Por sua vez, a interação entre estes grupos
existia em paralelo com a interação entre cidades, já que entre elas também existia um
sistema hierarquizado de posições.
3. Os últimos grandes imperadores. Aureliano, Diocleciano e
Constantino. – 18/10
(O fim do mundo antigo e o princípio da idade média, de Ferdinand Lot, páginas 29 a 34)

1. Reforma fiscal. A relevância do imposto como forma de sustentar o exército e o


fausto imperial. Esta segunda necessidade derivava da necessidade, vincadamente
política, de deslumbrar as populações.
a. Para tal, surge um novo sistema de taxação, o jugum ou caput, que avalia a
contribuição de cada um segundo uma logica de fortuna territorial. Para tal, era
essencial que o cadastro fundiário estivesse atualizado. Desta forma, o jugum era uma
unidade fiscal variável, que estabelecia o tamanho de uma propriedade, a sua riqueza e
a possível presença de cabeças de gado. O devido por cada proprietário estabelecia-se
em relação à sua cidade, e por sua vez a cidade relacionava-se com o seu domínio.
b. Esta reforma permitiu que cada circunscrição se passa “a pagar em função da
sua riqueza fundiária”, encontrava-se, portanto, estabilidade fiscal, essencial para
compreender qual a exata vastidão de recursos (ou seja, qual a exatidão do orçamento
disponível). Em conclusão, “sobretaxas e reduções de impostos passaram a ser
facilitadas”.
2. Reforma do sistema monetário. Em associação a esta medida fiscal, Diocleciano
procurou remendar a crise económica com uma moeda forte.
a. Para tal, reorganiza o sistema cambial, através de uma lógica de desvalorização
monetária (cada moeda passa a deter menos gramas de metal preço que aquilo que diz
ter).
b. Introduz ainda uma moeda de bronze argentado, que pretendia fazer baixar os
preços. Perante as “desastrosas especulações”, Diocleciano tenta estabelecer um limite
máximo de preços para os bens e compensações, contudo, “o insucesso foi total: os
mercadores esconderam os seus produtos, os preços subiram e houve tumultos”,
portanto, ninguém respeitou o édito, que será eventualmente revogado.
3. Reforma da organização territorial do império. As províncias aumentaram em
número, facto vantajoso por duas ordens de razões:
a. Sendo mais pequenas, consegue-se uma melhor administração.
b. Sendo menores os seus governadores também têm menos poder, já que
passam a deter menos recursos, e são, consequentemente, uma ameaça menor ao
poder central.
c. Mais importante ainda foi o despojar do senado da administração das
províncias: daqui para a frente estão à disposição do imperador. Surge uma nova forma
de agrupamento, a diocese, que junta várias províncias. Cada diocese o seu próprio
vigário, uma figura que faz a intermediação entre os praeses (o governador da
província) e o prefeito do pretório (que fica, consequentemente, com a sua autoridade
limitada).
4. Mudanças no quotidiano da capital, onde as reformas de Diocleciano são
menos inovadoras.
a. No seu tempo, os funcionários administrativos já estavam militarizados
(officiales, com títulos reminiscentes dos graus militares). Estas difuras apoiam os altos
funcionários (caesariani), que executam as decisões ficais. Em respeito desta temática
militar, o serviço de escritório passa a ser qualificado de milícia.
b. “O corpo que impulsiona toda a vida política e administrativa é o conselho do
príncipe, o Consistório”. Este conselho imperial é o culminar de um processo de lenta
evolução, durante três séculos, que transformou os amigos do príncipe num efetivo
órgão executivo.
c. O corpo legislativo deixado por Diocleciano é extenso e intencional, mas não
particularmente original. Procura “reprimir as fraudes, proteger os fracos, o escravo, a
mulher, o devedor, o homem livre pobre contra o rico, o colono contra o seu
«dominus», o pai contra a ingratidão dos filhos”.
d. Há também uma reforma judicial em curso: ao nível civil, o magistrado passa a
ser o único a quem compete decidir. Ao nível criminal, impõe-se um procedimento
formalista: a inquisitio cabe ao magistrado. Contudo, com estas decisões a
complexidade e qualidade da magistratura parece ser esvaziada. A tortura é
desfavorecida, tal como a polícia militarizada (preferência pelos “«frumentários»,
espiões e agentes provocadores”).
i. Outra dificuldade do direito romano deste período era a sua aplicação a povos
não romanizados, “que até então tinham usufruído de quase total autonomia”. Apesar
dos esforços, ainda não havia uma verdadeira unidade jurídica. Para rematar as
dificuldades daqui originadas, Diocleciano vai permitir que se invoquem costumes
locais e regulamentos municipais (“ainda que em casos de menor importância”).
e. Contudo,, o direito romano é um direito indissociável da cidade de Roma. Ao
contrário dos seus antecedentes, como Aureliano, Diocleciano vai ultrapassar esta
dificuldade livrando-se do obstáculo em si. Assim, a partir de 284, Roma deixa de ser a
efetiva capital do Império. Torna-se uma espécie de santuário, onde se dão as
cerimónias rituais. Com o imperador a residir no oriente (e os seus altos funcionários
em outras cidades mais úteis para as suas funções, como Maximiano, que se
estabelece em Milão, de forma a ficar mais perto da fronteira, ou seja, dos bárbaros),
Roma encontra-se, para todos os efeitos práticos, morta e deserta. O contraste com os
seus predecessores, que não abandonavam a cidade, é notório.
Perguntas:
Quais as principais funções do consistório (conselho do príncipe)?
Diocleciano introduz muito mais inovações nas províncias ou na capital?
Diocleciano consegue através destas reformas superar os resultados dos seus
predecessores, com resultados provisórios ou efetivos?

Conclusão.
Diocleciano parece, se não de forma real, pelo menos em imagem, devolver a
prosperidade ao império (até os estudos são restaurados, com a criação da escola de
Nicomédia). Por fim, estando a sua missão completa, em 304 decide abdicar o seu
lugar, em conjunto com o seu companheiro, de forma a dar espaço à nova geração. É o
fim da experiência da tetrarquia, um remédio funcional, mas meramente provisório,
para o império.
Desta forma, a tentativa de Diocleciano resolver os problemas pendentes de um
império já há muito em decadência são de cunho variado. Há na sua governação uma
intenção clara de retornar o império à sua antiga glória. Contudo, o processo de
degradação das instituições e do poder romano não vai ser revertido, nem a crise
económica, cultural e social vai ser resolvida.

4. Os novos reinos Bárbaros. Os Francos, a dinastia merovíngia. –


25/10

(“O Fim do Mundo Antigo e o princípio da Idade Média” de Ferdinand Lot, páginas 281 a 284)

Começa-se por falar acerca de Clóvis, um jovem franco de 15 anos que vai
proporcionar uma série de mudanças no Ocidente. Este vai ser um jovem muito
ambicioso tendo conseguido um grande prestígio através da sua vitória face a Syagrius.
O seu prestígio foi aumentando à medida que adquiria vitórias o que lhe confere
conhecimento e vai influenciar o seu objetivo de conduzir uma expedição rumo aos
confins da Germânia.
A guerra contra os Alamanos será o acontecimento que vai modificar a
rivalidade entre os alamanos e os francos. Os alamanos vão sair da mesma vencidos
tornando-se súbditos dos seus rivais. Nesta batalha terá sido disputado os territórios
da parte média até à inferior do vale do Reno. Foi o ponto de partida para uma
reviravolta na questão da rivalidade entre este povo e os Francos.
Conversão de Clóvis no único chefe de estado católico: Clóvis era pagão
podendo tanto converter-se ao cristianismo ou então converter-se Ariano, como os reis
bárbaros.
O ponto decisivo da sua conversão vão ser mesmo os milagres ocorridos no túmulo de
S. Martinho de Tours.
No fim do século V, Clóvis vai tornar-se no único chefe de estado católico todo o
ocidente, tendo tido um grande apoio por parte do Clero romano, que o considerava o
“novo Constantino”. Clóvis, devido ao seu batismo cristão, vai passar a ser adorado não
só dentro do seu reino, mas também em outras regiões da Gália.
Para dominar definitivamente a Gália e ultrapassar o seu maior obstáculo,
Clóvis tem de conquista do reino visigótico, sediado em Toulouse. Apesar de não ter
conseguido conquistar a Borgonha este ganhou o apoio dos borguinhões na luta contra
os visigodos. Além disso conspirou com o episcopado da Aquitânia contra os mesmos.
Para prevenir isto, Alarico II, rei dos visigodos, transferiu os bispos da região, e
de modo a ganhar o apoio da população romana promulgou, em 506, o "Breviário de
Alarico". Desta forma, a população romana poderia viver segundo o direito romano.
Ainda assim, sob influência do imperador Anastácio, Clóvis atacou os visigodos de
surpresa derrotando-os em Voutilles e matando Alarico II. Entretanto, os borguinhões e
os Francos Ripuários investiram contra os visigodos pelo Planalto Central. Toulouse foi
conquistada e incendiada pelos Francos e os seus aliados, que depois se apoderaram
do tesouro da realeza visigótica. O filho de Alarico II, Analarico, sobrevive e é enviado
para Espanha, mas ele é um mero filho bastardo de cinco anos de idade.
Termina assim a presença visigótica a norte dos Pirenéus. Apesar de ter durado
1 século, toda a sua cultura foi apagada da região (não restou um único termo da
língua visigótica e raros são os lugares nomeados por ela). Segundo o autor, os
visigóticos expandiram-se demasiado rápido, de forma insustentável, já que as suas
capacidades de colonização e administração eram insuficientes para as exigidas.
Já no fim da sua vida, Clóvis é oposto pelo rei Teodorico dos ostrogodos, que
havia formado uma aliança de reis germanos do ocidente (borguinhões, cérulos e
warins), com o objetivo de parar a expansão Franca. Apesar dos esforços, esta aliança
apenas impediu que Clóvis conquistasse a região de Provença e a região entre o baixo
Ródano e os Pirenéus. Assim, os francos ocuparam a Gália após se apoderarem do
Reino da Colónia.
Após ter alcançado a hegemonia do povo Franco, Clóvis fixou-se em Paris, onde
viveu até à sua morte em 511, com 45 anos de idade.
Conclusão.
Em suma, Clóvis foi uma figura essencial no desenvolvimento da geografia
política da Europa durante o séc. V. O seu oportunismo e astúcia permitiram-lhe tomar
a Gália, aos alamanos e derrotar os temíveis visigodos, empurrando-os ainda mais para
ocidente. Por fim, consegue derrotar uma aliança de germanos liderada pelo rei
Teodorico, que apenas consegue deter a expansão na região de Provença e Ródano.
Por último, a sua conversão ao cristianismo será um ponto de viragem para a igreja, já
que Clóvis torna-se assim no único chefe cristão da Europa neste momento.

5. As dinastias francas. O fim da dinastia merovíngia e as circunstâncias


políticas do aparecimento da Dinastia Carolíngia. – 06/11
(Sobre os Concílios de Leodegário, celebrado sob o rei Teodorico e de Meslay Le Grenet)

1. O Concílio de Leodegário (663-680) estabelece normas gerais sobre o


comportamento e as regras adotados pelos mosteiros. Apesar de ser especificamente
sobre abades e monges, as reflecções aqui apresentadas têm âmbito bastante
genérico: obrigam a que se siga os cânones, que se siga a inspiração do Espírito Santo,
dos apóstolos e da fé de Santo Anatásio. Adicionalmente, e num âmbito mais
específico, impõe a frugalidade, a obediência, a oração e a caridade fervorosa e a vida
em total comunhão, pois a negligencia destes aspetos permitem que o inimigo cresça.
Quanto a regras, estas incluem a ausência de património (pessoal), a sua presença
exclusiva nos mosteiros (se andarem a vaguear devem ser punidos adequadamente),
sem nunca contactarem ou entrarem mulheres. Também estabelece algumas
condenações: a perda de poder (por um ano se for abade, se for prepósito por dois) ou
chicotadas, perda do direito à comunhão, à mesa e à caridade (se for monge). O
objetivo é claro: “que as sementes dos vícios sejam cortadas com a foice da justiça”,
para que o mal fique longe e os mosteiros tenha sucesso e aderência.
2. Durante a decadência da dinastia merovíngia, houve uma luta pelo poder, em
que Leodegário foi castigado neste Concílio (680), as suas vestes destruídas (destruindo
a sua posição dentro do clero). O rei que procurava solidificar a sua posição, Ebroíno,
mandou, crê-se que ainda em 680, matá-lo.
3. O Concílio de Meslay Le Grenet (679-680) invocou os bispos de Nêustria e
Borgonha para abordarem o estado da igreja, a questão da paz e para julgar infiéis (um
bispo, Cramlino, que se tinha ordenado sozinho ou por falso documento, e todos o que
participaram na farsa. Foi degradado, mas foi-lhe permitido, por piedade, manter os
seus bens).
4. O Concílio de Auxerre (695) foi convocado para determinar de que maneira o
ofício divino devia ser preenchido na igreja de São Estevão. Quanto ao ofício divino
relacionado com a manutenção e gerência das providencias da igreja, ficou
estabelecido que caso houvesse negligencia na administração de bens então o
individuo responsável devia-se abster do vinho por 40 dias e se o individuo deixasse
faltar alguma coisa então devia permanecer em reclusão, com direito a apenas metade
das suas rações de pão e água.
Conclusão.
A segunda metade do século VII foi rica em concílios, convocados para debater e
decidir questões tanto ao nível religioso, como ao nível político. Estas são áreas que,
durante este período, confluem, legitimando-se entre si, por isso estes concílios
podiam acabar por misturar estas matérias.
Desta forma, os temas abordados são abrangentes em âmbito (desde um mosteiro em
particular a abordar as suas preocupações internas, até às relações entre os reinos da
altura ou à igreja a decidir sobre os comportamentos dos mosteiros em geral) e em
temas (castigos, regras, comportamentos).

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