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PLURALISMO JURÍDICO

1 ASPECTOS HISTÓRICOS

Antes da queda do Império romano do ocidente, aproximadamente no século V


d.C., já eram perceptíveis pressões bárbaras em suas fronteiras, principalmente devido
instalação de assentamentos e a incorporação de unidades militares bárbaras aos exércitos
romanos, ocupando, progressivamente o território.

Com o declínio do Império, a ocupação intensificou-se, acompanhada de um


contexto de crises sociais e políticas. O antigo poder centralizado romano desapareceu,
em grande parte, deixando um verdadeiro vácuo, o qual acarretou crescente aumento da
violência e a frequência de guerras que, combinadas com surtos de doenças e a fome,
resultou em regressão demográfica. Tal situação fez com que muitas das cidades romanas
declinassem e as populações migrassem para o campo em busca de segurança e
subsistência.

Muitas das tribos bárbaras dispersaram-se por entre o território, e algumas


chegaram, inclusive, a formar reinos, exercendo grande influência sobre considerável
extensão territorial, como o reino dos francos. Ao contrário, outras apenas ocuparam-no,
conservando um modo de vida tribal.

Muitos desses reinos formados pelos povos bárbaros dominavam áreas em que a
população romana ainda se fazia presente e conservava determinados aspectos de sua
cultura, mesmo após a queda do Império. Houve, deste modo, um intenso choque entre
etnias, que resultou numa influencia recíproca entre romanos e germânicos, fazendo-se
perceber, igualmente, no Direito.

Há, nesse momento, um intenso processo de transição, com declínio do mundo


romano, e sua cultura e modo de vida progressivamente perdiam força diante da presença
plural das tribos invasoras. Estas que, diferentemente dos dominados, conservavam um
modo de vida bastante rudimentar, prezavam muito mais pela palavra e pela coletividade
em suas relações, opondo-se ao individualismo romano marcado por seu direito privado.

O modo de vida não pôde, portanto, resistir intacto ao declínio de toda estrutura
que o assegurava e garantia, fazendo com que, desse modo, muito do costume bárbaro
acabasse sendo incorporado à população subjugada. Sendo assim, devido a essa
pluralidade, os germânicos conservaram muitos dos aspectos jurídicos romanos por terem
respeitado, em parte, o Direito original de cada etnia.

Cabe ressaltar, por sua vez, que a Igreja católica, constituindo religião oficial do
extinto império, ganhava cada vez mais força e conquistava um maior número de adeptos
de origem germânica. Detinha o conhecimento intelectual da época e dominava o único
direito medievo aplicado universalmente: o direito canônico.

Essa instituição, uma das principais heranças do Império romano do ocidente,


exerceu grande controle sobre a sociedade. Detinha o poder de salvar as almas dos fieis,
monopolizando a verdade, e sendo intolerante com qualquer corrente que contrariasse
seus dogmas, fazendo uso de instrumentos, principalmente, místicos, psicológicos e
coercitivos.
É nesse contexto que se encontra a Europa durante o início da Alta idade Média,
época marcada pela insegurança, fome, e por doenças que dizimaram milhares,
acarretando, desse modo, um verdadeiro estado de crise social.

2 CONCEITO DE PLURALISMO JURÍDICO

Partindo em sentido inverso à tendência de unificação e concentração de poder


características do monismo, surge a concepção sobre Pluralismo Jurídico. Este passa a
configurar, então, como a necessidade de que se façam aplicáveis mais de uma norma à
mesma situação real, desde que emanadas de centros produtores distintos; ou, ainda, que
a própria sociedade seja composta de vários grupos que, embora cheguem a possuir atritos
entre si, aparece identificado com a figura estatal, por exemplo.

Igualmente, é possível estabelecer que tal pluralismo somente se concretiza, de


fato, quando esses ordenamentos possibilitam a solução interna de conflitos por meio da
interação, rejeitando posições individualistas da sociedade, visto que, ao avaliar-se o
contexto em pauta, é perceptível a limitação ou até mesmo insuficiência das tradicionais
instituições normativas no controle da diversidade presente no complexo cotidiano da
sociedade.

Como afirma Bobbio[2] (1994, p. 16), falar em concepção pluralista da sociedade


pede o entendimento claro de pelo menos três coisas, quais sejam: primeiramente, a
constatação do fato de que nossas sociedades são, efetivamente, complexas e que nelas
se formaram esferas particulares relativamente autônomas, de grupos organizados ate
grupos não organizados; em seguida, depreende-se uma preferência que julga o melhor
modo para organizar essa sociedade como aquela que permita aos vários grupos, ou
camadas expressarem-se politicamente e participarem em prol da vontade coletiva, e, por
fim, refutar que toda sociedade política assim constituída é uma antítese de toda forma
despótica.

Logo, apoiado no que já foi mencionado, pode-se entender que as esferas


particulares desenvolvem uma garantia frente ao poder central, constituindo os critérios
base da distinção do Pluralismo, que vão incluir, grandemente, a descentralização, à
medida em que há esferas fragmentadas responsáveis por deslocar o poder único; assim
como a diversidade, por conter elementos desiguais e realidades distintas e um tanto
quanto autônomas, capazes de desmistificar contradições.

Desta maneira, é importante ressaltar, ainda, o seguinte aspecto retratado por Luís
Renato Vedovato [3] (2009, p. 161) acerca do tema, que tem suscitado tantas discussões
recentes, embora constitua fenômeno social presente ao longo de toda a história da
humanidade, desde a pré-história (com a formação de comunidades que, impregnadas
pela religião plural, continham inúmeras formas de Direito), passando também pelos
direitos cuneiformes (cujo conjunto de sistemas jurídicos existia em regiões e períodos
dissemelhantes), e sendo contemplado, de maneira mais clara e evidente, durante a Idade
Média, marcado, por exemplo, pelo caráter consuetudinário devido variedade de normas
decorridas de cada uma das esferas de poder.

Assim sendo, explana-se como a situação geral de demandas e conflitos


crescentes, além de contrastes culturais também complexos, ganhou forma e se
prolongou. É a partir da análise de cada elemento que contribuiu para tal, como os Direitos
Canônico, Germânico e Romano Vulgarizado, que se explicita a supremacia de um,
dentre esse plural, em cada contexto peculiar. Seria, de uma forma resumida, aquele que,
ao dotar-se de eficácia, determinava a aplicação desta ou daquela norma em especial,
tendo em vista a desconcentração de poder, com a queda do Império Romano do
Ocidente. Ou seja, isso decorre efetivamente da ausência de coesão entre os vários grupos
de invasores (bárbaros) no que se refere à organização e estruturação estatal, provocador,
então, da instabilidade no poder, responsável, por seu turno, pela fragmentação de
atividades e consequente agregado de costumes germânicos à estrutura romana.

3 OS DIREITOS NA IDADE MÉDIA

Surgindo dos escombros do antigo império romano, e estruturando-se no contato


com os povos germânicos, a Europa, na Idade Média, acabou caracterizada pela
concorrência, e ao mesmo tempo, impasse entre diversas jurisdições.

Isso decorre, essencialmente, do declínio estatal, cujas brechas passariam a ser


ocupadas pelos costumes locais e dos povos bárbaros invasores, pelas regras religiosas e
também pelo poderio senhorial, o que acaba por estabelecer a fraqueza econômica,
política e militar, que impediu o estabelecimento de poder duradouro e incontestável.
Levou, pois, à composição do Direito Medieval como um todo e, fundamentando essa
sociedade, aparecem os Direitos germânico, canônico e romano vulgarizado.

3.1 Direito Germânico

Os povos germânicos, os quais invadiram o Império romano do ocidente, tinham


hábitos bastante distintos dos romanos, vestiam-se de forma rudimentar e possuíam um
estilo de vida bastante ligado a terra, sobrevivendo principalmente da agricultura e
pecuária. Eram organizados em clãs, desse modo, conservavam como sua principal
instituição a família, ou “Sippe”, na qual era marcante a figura do patriarca como líder.

É importante ressaltar que quando tratamos do povo germânico não estamos nos
referindo a uma unidade cultural e étnica. Na verdade, o que existia eram diversos povos
que, apesar de apresentarem costumes e modos de vida semelhantes, possuíam umas
determinadas peculiaridades. Algumas delas organizavam-se em tribos, outras, já mais
complexas, chegaram a constituir reinos, cada qual governado por um rei próprio,
mantendo tal estrutura desde período antecedente às invasões.

Dito isso, fica claro que, devido a essas diferenças sócio culturais de cada reino
bárbaro, o direito germânico não estava disposto de maneira uniforme. Por ser
predominantemente consuetudinário, variava de acordo com os costumes de cada reino
bárbaro. Desse modo, cabe aqui ressaltar, que não podemos tratar de um direito
germânico único, mas sim dos aspectos gerais que marcavam o ordenamento jurídico
desses povos. Tratando sobre o tema, assevera John Gilissen [4] (2003, p. 162) que “O
direito das etnias germânicas era essencialmente consuetudinário. De fato, não havia um
direito germânico, mas sim uma variedade de costumes, mais ou menos diferentes,
vivendo cada povo segundo seu próprio direito tradicional.”

Com a queda do Império romano do ocidente, e a concomitante invasão dos povos


germânicos, o seu direito passou a influenciar a vida das populações existentes, as quais
continuavam a conservar seu estilo de vida e a reger-se pela lei romana. Sendo assim, não
se podia evitar o conflito entre o ordenamento jurídico do invasor e do dominado, devido
à pluralidade de povos submetidos ao domínio.

Desta maneira, os invasores não poderiam impor a aceitação de seu direito a um


povo que já convivia com um aparato normativo bem mais complexo, optando por aceitar
a aplicação do chamado “princípio da personalidade do direito”, no qual cada povo era
submetido ao estatuto normativo de sua tribo de origem.

Os germânicos, a fim de atingirem maior aceitação por parte do povo dominado,


chegaram a fazer algumas compilações de leis, baseadas na consolidação dos seus
costumes, como bem aborda Flávia Lages de Castro[5] (2010, p. 128):

“Quando esses povos invadiram o Império Romano, algumas tribos


estabeleceram-se como reinos, algumas delas, para um melhor controle da população
romana conquistada, portanto diferente e acostumada com o direito escrito, perceberam a
necessidade de confeccionar um direito escrito.”

Assim, baseada no já citado princípio da personalidade do direito, conservou-se


influências, escolhendo, em determinados casos, qual direito deveria ser aplicado, como
no casamento, aplicando-se o do marido, ou em crimes, buscando fundamentação na tribo
do réu.

3.2 Direito Canônico

O Direito da Igreja Católica é conhecido como Direito Canônico, sabendo-se que,


em grego, “cânon” vem a significar regra. Para compreender a sua importância durante a
Idade Média, deve-se deixar claro que se consolidava a descentralização do poder
político, decorrente, como já mencionado, da progressiva queda do Império Romano
Ocidental e estabelecimento do feudalismo, levando o poder laico ao enfraquecimento
juntamente do poder real, dando espaço à jurisdição eclesiástica. É também essa
discordância entre os poderes vindouros da Igreja e o poder secular que percorre todo o
medievo, configurando uma das marcas da característica instabilidade do período.

A Igreja desenvolveu, então, a partir de sua progressiva imponência, mecanismos


que permitissem intervenção na sociedade sobre diversos assuntos ou temas de
pertinência, assegurando uma forma de manutenção de sua autoridade, uma vez que
chegou a sentir-se ameaçada, em parte, pelos povos bárbaros, fosse no sentido de seu
paganismo, fosse pela adesão a versões heréticas do cristianismo, utilizando para a
cristianização, instrumentos como os Concílios, ou a orientação sob forma de confissão.

Ademais, a questão de constituir o principal direito escrito à época, mesmo com a


oralidade que predominava fruto e consequência do analfabetismo imperante, permitiu
que, desse ponto em diante, conseguisse atingir relativa unidade, o que não era possível
às demais instituições ofertarem. Como afirma José Reinaldo de Lima Lopes[6] (2008, p.
67),

“O direito canônico tem uma importância enorme na história do direito tanto na


esfera das instituições, quanto na da cultura jurídica. Na esfera das instituições,
especialmente no processo e no conceito de jurisdição. É dele que parte a reorganização
completa da vida jurídica europeia, e as cortes, tribunais e jurisdições leigas, civis,
seculares, principescas, serão mais cedo ou mais tarde influenciadas pelo direito
canônico.”

É possível redimensionar, assim, que ele foi um dos principais responsáveis por
âmbitos, como o do Direito Privado, por exemplo. Isso vai decorrer, em suma, dos
tribunais eclesiásticos que julgavam não somente religiosos, mas passaram também às
infrações contra a religião católica, assim como as feitiçarias e heresias, até os casos de
adultério, contratos, juramentos, testamentos, usuras, disciplinando matrimônios, e casos
familiares, formulando ainda a teoria da personalidade jurídica.

Exemplificativamente, tem-se a unidade produtiva (o feudo) em que, para o direito


feudal, as regras de representação e responsabilidades do senhorio chegavam a confundir-
se com as de vassalagem, o que não ocorria com o direito canônico, tendo em vista a
esquematização da separação de patrimônio e dissolução de muitos enlaces conflituosos
envolvendo vassalagem ou familiares.

Além disso, no contexto do processo penal, cabe enaltecer que a atribuição de


queixas e acusações estabeleceram, por vezes, novas penas. Estas incluíam desde
banimento, multas ou reparação de danos, podendo chegar também à perda de função,
prisões, obras de caridade ou confinamento em mosteiro, para os clérigos.

Portanto, torna-se clarividente que, na realidade, não havia nítida distinção entre
o que era sacramento do que era jurisdição religiosa, mostrando-se, então, as leis como
regras comuns e abstratas, mas que deveriam ser dotadas de aspecto vinculante.

Segundo Flávia Lages de Castro[7] (2010, p. 133), demonstrativamente, as fontes


do direito canônico seriam o ius divinum, que aparece como conjunto de regras que
podem ser extraídas da Bíblia, dos escritos dos doutores da Igreja e da doutrina patrística;
a própria legislação canônica, construída pelas decisões dos Concílios e pelos escritos dos
papas; os costumes e princípios recebidos do Direito Romano.

Já numa abordagem mais interna, nas palavras de José Fábio Rodrigues Maciel[8]
(2011, p. 111),

“As fontes desse direito estão dispostas nos decretos dos concílios (reuniões de
bispos ou de bispos e nobres), nas constituições ou estatutos aprovados nos sínodos
(assembleias eclesiásticas) regionais, nos decretos e constituições pontifícias. Estas
últimas, no decorrer do processo de concentração do poder no papado, fruto de uma
analogia entre o papa e o imperador, passam a ser mais numerosas e a gozar de maior
importância. Diante da quantidade da produção normativa das autoridades religiosas,
tornou-se imperioso uma organização dos textos canônicos…”

Dessa forma, vale explicitar, ainda, que esse procedimento de organização e


hierarquia dos princípios cânones seguiu critérios como o de lex posteriori, cujo conteúdo
aplica-se ao contexto de revogação da lei anterior por lei posterior; o da matéria da lei, ao
passo que uma lei especial suplantaria a lei geral; ou o espaço de vigência da lei, processo
em que a lei local seria revogadora da lei geral. Foram esses critérios que acabaram
universalizados e constituíram o legado jurídico ocidental.
3.3 Direito Romano Vulgarizado

Como já é sabido, os germanos impuseram dominação a um povo, os romanos,


cujo sistema jurídico apresentava-se muito superior ao deles em termos de complexidade.
Tornar-se-ia, desse modo, impossível impor o direito costumeiro bárbaro a essa
população. Nesse sentido assevera Flávia Lages de Castro[9] (2010, p. 135):

“O direito romano, até por sua complexidade e sua força, não poderia deixar de
ser utilizado na Idade média e, levando-se em consideração a diferença profunda entre o
direito romano e o dos invasores, a superposição do direito desses últimos sobre a
população romana e romanizada seria impossível.”

É óbvio que esse direito não sobreviveria intacto ao declínio da civilização que o
originou. Perdeu muito de sua força, porém foi essencial como influência a determinados
reinos bárbaros, os quais tomaram seus códigos como base para a compilação de seus
costumes, a fim de consolidá-los e torná-los agradáveis aos olhos da população.

Os germanos, frente à referida força que do ordenamento jurídico romano ainda


apresentava, optaram por lidar de maneira tolerante, aplicando o chamado “princípio da
personalidade do direito”, no qual cada povo ou nação seria submetido apenas ao
ordenamento jurídico de sua tribo de origem.

Desse modo, aquele povo ainda conviveu com as práticas de seu direito original,
principalmente nas regiões do sul da Gália e nas penínsulas Ibérica e Itálica, as quais
ainda hoje possuem ordenamentos jurídicos de inspiração predominantemente
romanística.

É perceptível que os germanos tanto foram tolerantes com a conservação, como


também chegaram a incorporar determinados elementos desse ordenamento. Um claro
exemplo é a incorporação do direito público romano, a fim de fortalecer sua autoridade.
Nesse mesmo sentido, afirma John Gilissen[10] que:

“A diferença entre o nível de evolução do direito romano e o direito dos povos


germânicos era de tal modo grande que os invasores não puderam impor seu sistema
jurídico. Além disso, os reis germânicos encontravam no direito público um reforço
considerável da sua autoridade.”

Como já foi dito, muitas populações viviam nos domínios germânicos,


acostumadas com o ordenamento jurídico romanizado, marcado por códigos, editos e leis,
não eram receptíveis ao direito costumeiro.

Cientes de tal fato, os invasores bárbaros, perceberam a importância de compilar


leis inspirados em escritos desses jurisconsultos, não só para conquistar a aceitação da
população, mas também uma maior segurança jurídica, o que ficou provado pela
considerável influencia que tais compilações atingiram.

Inclui-se, entre os códigos de leis copilados, muitos textos inspirados nos romanos
clássicos, principalmente as codificações do Império de Teodósio II, que permaneceu
como principal base do conhecimento jurídico da época. Surgem, assim, as coleções como
a Lex Burgundionum, legislação do reino dos Burgúndios, de inspiração romana. E a mais
influente, a Lex Romana Visigothorum, do reino dos visigodos, a qual chegou a ser
reformada e passou por adaptações, sendo considerada a principal compilação do direito
romano vulgar ou bárbaro.

Por fim, muito da memória da legislação romana foi conservada deixando


contínua influência à sociedade medieval mesmo com o declínio do Império que o
originou.

CONCLUSÃO

Torna-se claro, após o exposto, que o período iniciado com a queda do Império
Romano do Ocidente, foi fortemente marcado pela descentralização do poder, desse
modo, não apresentando uma unidade em seu ordenamento jurídico, motivo pelo qual foi
marcante o pluralismo jurídico, que se caracteriza, principalmente, pela coexistência de
aspectos do direito clássico do extinto império, em choque com o direito consuetudinário
bárbaro, e além do direito canônico, o qual ampliava sua influencia devido o aumento do
número de adeptos da religião católica.

O pluralismo jurídico, nesse período, foi representado, então, pela convivência de


diferentes ordenamentos jurídicos que influenciavam o mesmo território. Muito do direito
romano fora conservado e era utilizado por parte da ainda população, de modo que se
tornava impossível para os povos germânicos recém-chegados impor seu direito
costumeiro.

Diante desse conflito normativo, durante esse período cada povo era regido por
seu próprio direito de origem, em casos mais complexos, avaliava-se que norma deveria
ser aplicada, desse modo apesar de existirem diferentes ordenamentos jurídicos,
dependendo das peculiaridades de cada caso um se sobressaia.

Nesse horizonte, a sociedade enfrentava um complexo sistema, com jurisdição


policêntrica, e reordenação por práticas alternativas, marcando um espaço dinâmico e
interativo, cujas praxes cotidianas associadas a esses ordenamentos se modificavam e
evoluíam a partir do contato.

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