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ASSOCIAÇ ÃO DE ENSINO E CULTURA DE M ATO GROSSO DO SUL

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Introdução a História e Estudo do Direito

Direito Romano

1. Uma Introdução

Roma Antiga foi uma civilização itálica que surgiu no século VIII

a.C. Localizada ao longo do mar Mediterrâneo e centrada na cidade de Roma,

na península Itálica, expandiu-se para se tornar um dos maiores impérios do

mundo antigo, com uma estimativa de 50 a 90 milhões de habitantes (cerca

de 20% da população global na época) e cobrindo 6,5 milhões de quilômetros

quadrados no seu auge entre os séculos I e II.

Em seus cerca de doze séculos de existência, a civilização romana pas-

sou de uma monarquia para a república clássica e, em seguida, para um império

cada vez mais autocrático. Através da conquista e da assimilação, ele passou a


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dominar a Europa Ocidental e Meridional, a Ásia Menor, o Norte da África e

partes da Europa Setentrional e Oriental. Roma foi preponderante em toda a re-

gião do Mediterrâneo e foi uma das mais poderosas entidades políticas do

mundo antigo. É muitas vezes agrupada na Antiguidade Clássica, juntamente

com a Grécia Antiga e culturas e sociedades semelhantes, que são conhecidas

como o mundo greco-romano.

A sociedade romana antiga contribuiu para o governo, o direito, a po-

lítica, a engenharia, as artes, a literatura, a arquitetura, a tecnologia, a guerra, as

religiões, as línguas e as sociedades modernas. Como uma civilização altamente

desenvolvida, Roma profissionalizou e expandiu suas forças armadas e criou um

sistema de governo chamado res publica, a inspiração para repúblicas modernas,

como os Estados Unidos e a França. Conseguiu feitos tecnológicos e arquitetôni-

cos impressionantes, tais como a construção de um amplo sistema de aquedutos

e estradas, bem como a construção de grandes monumentos, palácios e instala-

ções públicas. Até o final da República (27 a.C.), Roma tinha conquistado as terras

em torno do Mediterrâneo e além: seu domínio se estendia do oceano Atlântico

à Arábia e da boca do Reno ao norte da África. O Império Romano surgiu com o

início da ditadura de Augusto que encerrou o período da República. Os 721 anos

de Guerras Romano-Persas começaram em 92 a.C. com a sua primeira guerra

contra o Império Parta. Este se tornaria o mais longo conflito da história humana

e teve grandes efeitos e consequências duradouros para ambos os impérios. Sob

Trajano, o Império atingiu o seu pico territorial. Os costumes e as tradições repu-

blicanas começaram a diminuir durante o período imperial, com guerras civis

tornando-se um prelúdio comum para o surgimento de um novo imperador.


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Estados dissidentes, como o Império de Palmira, iriam dividir tempo-

rariamente o império durante a crise do terceiro século. Atormentado pela insta-

bilidade interna e atacado pelas invasões bárbaras, a parte ocidental do império

fragmentou-se no século V, o que é visto como um marco pelos historiadores,

que usam para dividir a Antiguidade Tardia da Idade das Trevas na Europa. A

parte oriental do império permaneceu como uma potência durante toda a Idade

Média, até a sua queda em 1453. Embora os cidadãos do império não fizessem tal

distinção, o Império Oriental é mais comumente referido como "Império Bizan-

tino" para diferenciá-lo do Estado da Antiguidade no qual ele nasceu.

A importância de fazer essa introdução é justamente o perceber que

estudar Roma Antiga é entender que essa civilização a qual seu tempo estimado

de duração foi de mil anos, passou por diferentes fases e por esse motivo o direito

dessas fases passam por modificações.


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Dessa forma, podemos dividir a antiguidade romana em 4 diferentes

fases:

- período régio ou realeza;

- período republicano;

- período do principado;

- período da monarquia absoluta.

2. Período Régio ou Realeza

Dos anos de 753 a 509 a.C., estamos nos referindo a um período

com poucos registros históricos, com registros históricos posteriores.

A principal dificuldade são as fontes relacionadas ao direito desse pe-

ríodo, Boa parte do pouco que sabemos sobre essa época vem de relatos muito

posteriores e bastante questionáveis. Um dos principais historiadores que nos

fornece informações sobre o período foi o historiador romano Tito Lívio, que vive

posteriormente a esse período, mas que vai fazer um apanhado histórico baseado
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em oralidade e justamente, por isso pode ter anacronismos e muito da época que

lhe foi contemporânea (período do principado). Nesse sentido, temos dele uma

obra chamada Ab Urbe Condita (Desde a fundação da cidade) e ela também não

sobreviveu inteira, são cerca 140 livros, mas estima que apenas 25% dessa obra

sobreviveu ao tempo. As narrativas de Tito Lívio são moralistas, ele vai narrar os

reis desse período a partir da sua visão de contemporâneo.

Havia duas classes bem distintas e opostas entre os habitantes da ci-

dade de Roma: os patrícios e os plebeus. Os primeiros, homens livres, descen-

dentes de homens livres, agrupados em clãs familiares patriarcais, que recebiam

o nome de gentes, formavam a classe detentora do poder e privilegiada. Os ple-

beus, por sua vez, não faziam parte das gentes, estando, no entanto, sob a prote-

ção do rei. Até o reinado de Sérvio Túlio, os plebeus não faziam parte da organi-

zação política de Roma.

Durante a Realeza, o Poder Público em Roma era composto por três

elementos: o Rei (rex), o Senado (senatus) e o Povo (populus romanus), este úl-

timo, como acima mencionado, constituído apenas por patrícios. Enquanto o rei,

indicado por seu antecessor ou por um senador, era detentor de um poder abso-

luto, ou imperium, com atribuições políticas, militares e religiosas, sendo ao

mesmo tempo chefe de governo e de Estado, o Senado era um órgão de assessoria

do rei, com função predominantemente consultiva. Era, pois, o Senado detentor

da auctoritas, sendo ouvido pelo rei nos grandes negócios do Estado.

O povo romano (somente patrícios, inicialmente) reunia-se em assem-

bléias, que recebiam o nome de comícios curiatos, com o objetivo de discutir e

votar as propostas de lei, sempre de iniciativa do rei. A unidade de voto recebia

a denominação de cúria. A lei, assim votada e aprovada, recebia o nome de leges

curiatae. No entanto, com as reformas empreendidas pelo rei Sérvio Túlio, a

plebe foi favorecida, quando a riqueza de cada um, e não mais apenas as suas
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origens, passou a ser base para a distinção entre as pessoas. Com isso, ganhavam

o direito de voto os plebeus contribuintes, sendo por estes entendidos aqueles

que dispunham de meios para pagar impostos e que agora tinham direito de

prestar serviço militar. Estes plebeus contribuintes votavam nos comícios centú-

rias, sendo a unidade de voto a centúria. Ao mesmo tempo, adquiriam os plebeus

o direito de praticar atividade comercial, o que favorecia, consequentemente, o

contato com outros povos e outras culturas, culturas estas que mais tarde viriam

a ser incorporados pelo Império Romano, ao mesmo tempo em que ganhava o

povo romano poder econômico, passo fundamental para se alcançar o poder po-

lítico.

São consideradas como duas as principais fontes do Direito Romano

na Realeza: o costume e a lei. O costume, ou jus non scriptum, uso repetido e

prolongado da norma jurídica tradicional não proclamada pelo Poder Legisla-

tivo, é a principal delas. A lei, de menor importância neste período, nascia com a

proposta do rei ao povo, que, reunido em comícios curiatos ou centuriatos, acei-

tavam ou rejeitavam a iniciativa do rei. Se aceita, a regra de direito, depois de

ratificada pelo Senado, tornava-se obrigatória. Vale ainda ressaltar que as leis,

durante este período, eram particulares, e não gerais, regendo verdadeiros con-

tratos entre patres da cidade.

O Senado é o conselho dos reis, mas também, no começo da monar-

quia, o rei não era hereditário, então, também faziam o processo de escolha esco-

lhiam os reis. Comícios por cúrias eram as pequenas assembleias formada por

população que geralmente estava ligado aos julgamentos e segundo Tito, no final

da realeza o Sérvio Túlio institui os comícios por centúrias que são assembleias

dos guerreiros.
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O direito era muito formal e ligado a rituais religiosos, a celebração de

um negócio jurídico é a celebração religiosa, um exemplo é narrativa de Tito Livio

da guerra entre os romanos e os albanos:

“Cada um dos reis encarregou os três irmãos de combater, por suas

respectivas pátrias. O poder caberia aos vencedores. Eles concordaram e marca-

ram a hora e o local do combate. Preliminarmente, romanos e albanos concluíram

um tratado, segundo o - qual a nação a que pertencessem os vencedores daquele

combate exerceria sobre a outra uma autoridade absoluta, mas moderada.

Todos os tratados têm suas cláusulas particulares, mas todos se reali-

zam do mesmo modo. Este foi o mais antigo tratado que a tradição nos conser-

vou. O fecial propôs ao rei Tulo esta pergunta: Rei, tu me ordenas que conclua

um tratado como pater patratus de Alba? Sim, disse o rei. “Rei, eu te peço a erva

sagrada.”. ”Toma a erva pura”, disse o rei. O fecial foi colher na cidadela a erva

pura, após o que dirigiu ao rei esta pergunta: “Rei, tu me designas como repre-

sentante real do povo romano dos quirites juntamente com meus companheiros

e meus vasos sagrados?”. “Sim”, respondeu o rei, “sem prejuízo do meu direito

e o do povo romano dos quirites.”

O fecial era Marco Valéria, que tornou Espúrio Fúsio pater patratus

tocando-lhe na cabeça e nos cabelos com seu ramo sagrado. O pater patratus es-

tava encarregado de perpetrar o juramento, que consistia em santificar o tratado.

Para isso recitou um texto complicado, uma longa fórmula litúrgica que seria

inútil reproduzir. Leu em seguida as cláusulas do tratado e acrescentou: “Escuta,

ó Júpiter, escuta pater patratus d de Alba, escuta também, ó povo albano. O povo

romano não será jamais o primeiro a se afastar destas cláusulas, tais como foram

lidas em voz alta, da primeira à última, de acordo com tábuas de cera, sem má-

fé, e tais como foram hoje claramente entendidas. Se ele for primeiro a se afastar
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por decisão pública ou má-fé, então neste dia, tu, ó Júpiter, golpeia o povo ro-

mano como eu vou golpear este porco, neste lugar e nesse dia, e que o golpe seja

tanto mais violento quanto maiores são tua força e poder”. Ditas estas palavras,

ele esmagou o porco com uma pedrada. Do mesmo modo os albanos prestaram

juramento segundo seus ritos, por intermédio de seu ditador e de seus sacerdo-

tes. “

*Feciaís constituíam um colégio de vinte membros encarregados da

observância do direito internacional. Tinham por missão sacralizar a declaração

de guerra e o tratado de paz no quadro das decisões tomadas pelos magistrados

e pelo povo.

*Pater Patratus é o chefe da delegação dos feciaís cuja a missão era

bgarantir pela forma corrente, a inviolabilidade do tratado (patrare = sacire = imi-

tir-se na posse)

3. Período da República

A República Romana tem sua origem no ano de 509 a.C a 27 a.C.,

quando o último rei etrusco é deposto e o Senado assume as funções de go-

verno.

Após a experiência monárquica, os romanos optam por não deixar

o poder nas mãos de um só indivíduo. Por isso, eliminaram a figura do rei e

todos os cargos deveriam ser exercidos por duas ou mais pessoas.

Assim, não havia a figura de um só governante, mas dois, chama-

dos cônsules. Estes tinham um mandato de um ano e deviam controlar-se

mutuamente.
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Importantes instituições a serem mencionadas:

Senado – ocupava-se da política internacional e da supervisão das ma-

gistraturas e era convocado pelos cônsules, pretores ou pelo tribuno da plebe.

Chegou a ter 300 membros e cargo era vitalício. Os senadores eram patrícios que

haviam desempenhado alguma magistratura ou tinham feito algo relevante para

a República.

Magistratura – para ser magistrado era preciso ser cidadão romano e

dispor de uma renda de acordo com o cargo desempenhado. Os magistrados ti-

nham lugares privilegiados em cerimônias públicas e espetáculos, bem como o

uso de cores diferenciadas de acordo com seu cargo.

Cônsul – exercia o comando militar. No caso de guerra ou do impedi-

mento de um dos cônsules eram substituídos por um ditador. Este tinha um ano

de mandato e poder absoluto sobre os cidadãos romanos.

Pretor – tinha a função de administrar a Justiça.

Edil - responsável por fiscalizar o comércio e conduzir a cidade.

Censor – se encarregava de contar a população, fiscalizar os candida-

tos a edil e vigiar a conduta moral do povo romano.

Questor – cobrava impostos e custodiava o patrimônio romano.

a. Relação de Classes

A sociedade romana estava organizada entre patrícios, plebeus, escra-

vos e clientes. As mulheres não eram consideradas como cidadãs e não participa-

vam da política.

Vejamos a origem e a função social que cada extrato possuía:


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Patrícios – pertenciam às famílias mais antigas de Roma, possuíam

grandes propriedades de terras e eram os mais ricos.

Plebeus – Inicialmente, todos aqueles que não eram patrícios e não

eram escravos, denominavam-se plebeus. No princípio não possuíam direitos

políticos, mas por conta dos escândalos de corrupção do Senado, pouco a pouco

foram sendo cooptados para as instituições romanas. Como eram a classe mais

poderosa havia grande diversidade entre eles. Basicamente, estavam compostos

por homens que haviam se enriquecido através do comércio, cavaleiros que ti-

nham feito fortuna com as guerras de conquista, médios e pequenos proprietá-

rios.

Escravizados – a escravidão romana era a base da sociedade, e tanto

patrícios como plebeus possuíam escravizados. Estes eram obtidos através das

guerras de conquistas. Além disso, qualquer homem livre poderia ser escravi-

zado, pois as dívidas podiam ser pagas com a escravidão temporária. Não neces-

sariamente eles realizavam sempre os piores trabalhos, pois aqueles que sabiam

ler e escrever eram empregados como escribas, contadores e administradores.

Clientes – plebeus que para ascender socialmente serviam a uma fa-

mília patrícia em troca de proteção e posição social.

Caracterizava-se por ser uma República Aristo-

crática, onde a administração se subdividia em várias ma- O Direito na

gistraturas. República

O poder consular, ou dos cônsules, substitui o

rei, enquanto detentores do imperium. Encarnavam a suprema magistratura. Es-

tes cônsules eram eleitos em número de dois para um período de um ano, cada

um deles governando alternadamente um mês cada. Assim, enquanto um gover-

nava, o outro fiscalizava, tendo contra o primeiro o direito de veto, ou intercessio,


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em caso de discordância. No entanto, o grande desenvolvimento da população

romana fez com que as funções consulares se repartissem por outras pessoas. Foi

assim que surgiram cargos como questores (responsáveis pela administração das

finanças), censores (encarregados de promover o recenseamento e de fiscalizar

os costumes), pretores (importantes magistrados para o Direito. Estavam encar-

regados da administração da justiça), edis curis (cuidavam da fiscalização do co-

mércio e do policiamento da cidade), governadores das províncias, ou procônsu-

les (encarregados de distribuir a justiça).

Além dos cônsules, a organização política de Roma na República

ainda era composta pelo Senado e pelo povo. O Senado, nesta época, era um ór-

gão consultivo e legislativo composto por 300 patres, nomeados pelos cônsules.

Os atos oriundos do Senado eram os senatusconsultus.

O povo (populus romanus), por sua vez, agora era composto por pa-

trícios e plebeus, que reuniam-se em comícios (comícios curiatos, comícios cen-

turiatos e comícios tributos) para votar. A plebe, cuja maior conquista na época

foi a criação do tribuno da plebe (magistrados plebeus invioláveis e sagrados,

com direito de veto – intercessio – contra decisões a serem tomadas), também se

reunia sozinha no concilia plebis, onde se votavam os plebiscitos.

As fontes do Direito Romano na República são as seguintes: costume,

lei, plebiscito, interpretação dos prudentes e os editos dos magistrados. O cos-

tume, apesar de conservar extrema importância na sociedade romana, tornava-

se, pela incerteza a ele inerente, importante arma de que dispunham os patrícios

contra os direitos da plebe.

A lei, por sua vez, é a segunda fonte de Direito Romano na República.

É redigida, apesar de muita resistência por parte dos patrícios e do Senado, a Lei
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das XII Tábuas, cuja importância é incontestável, sendo considerada pelos pró-

prios romanos como a fonte de todo o direito público e privado. O cunho de ro-

manidade presente em suas disposições garantiu-lhe imediata aceitação por

parte de todos, passando a reger as relações jurídicas do povo romano. Mais

tarde, numerosas outras leis surgiram também com o intuito de reger as relações

dos povos de Roma e dos territórios submetidos, como a leges rogatae e a leges

datae.

O plebiscito é aquilo que a plebe deliberava por proposta de um ma-

gistrado plebeu, aplicando-se, a princípio, unicamente à plebe, adquirindo, a par-

tir da Lei Hortênsia, valor de lei.

Os prudentes, ou jurisprudentes,são jurisconsultos encarregados de

adaptar os textos legais às mudanças do direito vivo, preenchendo, assim, as la-

cunas deixadas pelas leis. A interpretação dos prudentes corresponde ao que atu-

almente chamamos de doutrina, diferindo, portanto, do que atualmente enten-

demos por jurisprudência (decisões repetidas dos tribunais). Tais pareceres, ou

seja, a interpretação dos prudentes, passaram a influir na formação do direito.

Por fim, são também fontes do direito romano os editos dos magistra-

dos, conjunto de declarações (edicta) destes, em que expunham aos administra-

dos os projetos que pretendiam desenvolver. Para o Direito Republicano Ro-

mano, assumem maior relevância os editos dos pretores, e, em especial, os editos

urbanos. O pretor, como magistrado que o era, era detentor do poder de fazer

editos, contribuindo assim para o florescimento, em oposição ao jus civile (for-

malista e rigoroso), do jus honorarium, mais humano, pois com ele se fazia uso

da equidade, instrumento através do qual o pretor adequava a justiça ao caso

concreto, abrandando-se a impessoalidade do caso concreto.

Destaca-se, então, as seguintes legislações:


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 a criação do cargo de tribuno da plebe, que tinha poder de veto

no Senado;

 a Lei das Doze Tábuas (450 a.C.), que compilou o primeiro có-

digo de leis escritas de Roma;

 a Lei Canuleia, que autorizou o casamento de plebeus com pa-

trícios;

 a Lei Poetélia Papíria, proibindo a escravidão por dívidas.

E apenas para fins de esclarecimento, vemos da Lei das 12 tábuas”:

“TÁBUA PRIMEIRA

Do chamamento a Juízo

1. Se alguém for chamado a Juízo, compareça.

2. Se não comparecer, aquele que o citou tome testemunhas e o prenda.

3. Se procurar enganar ou fugir, o que o citou poderá lançar mão sobre

(segurar) o citado.

4. Se uma doença ou a velhice o impedir de andar, o que o citou lhe

forneça um cavalo.

5 . Se não aceitá-lo, que forneça um carro, sem a obrigação de dá-lo

coberto.

6. Se se apresentar alguém para defender o citado, que este seja solto.

7 . O rico será fiador do rico; para o pobre qualquer um poderá servir

de fiador.

8. Se as partes entrarem em acordo em caminho, a causa estará encer-

rada.

9. Se não entrarem em acordo, que o pretor as ouça no comitium ou

no forum e conheça da causa antes do meio-dia, ambas as partes presentes.


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10. Depois do meio-dia, se apenas uma parte comparecer, o pretor de-

cida a favor da que está presente.

1 l. O pôr-do-sol será o termo final da audiência.”

4. O Direito no Principado (Alto Império)

O principado (27 a. C a 284 d. C.) é o período histórico que compreende

desde o reinado de Augusto (Otaviano sob o título recebido do Senado de Au-

gustus) até o falecimento de Diocleciano. Nessa época, o imperador dividia o po-

der com o Senado. A partilha deu-se graças à imposição de Otaviano como con-

dição para não abdicar de seus poderes extraordinários.

 Caracterização

Se em Roma o principado poderia ser analisado como monarquia ate-

nuada, na qual o príncipe desempenha o papel de primeiro cidadão e respeita as

instituições políticas da república, nas províncias imperiais configurava uma mo-

narquia absoluta, tendo o princeps poderes ilimitados. Caminhava, portanto, em

direção ao absolutismo.

 Organização Política

Não há um consenso entre os autores acerca da natureza do regime.

Mommsen afirma que trata-se de uma diarquia, enquanto para Arangio-Ruiz é


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um pretorado, De Francisci, por sua vez, observa a superposição do princeps às

instituições republicanas. Sendo importante conceituar

1. O príncipe:

A posição do príncipe, primeiro magistrado, era inviolável e sagrada,

Reunindo poderes quase ilimitados. Era o chefe supremo das forças armadas,

podendo nomear indivíduos para cargos militares e civis, declarar guerra e cele-

brar a paz.

Devido ao poder tribunício que recebia do povo ao ser coroado, o

mesmo detinha autoridade máxima, sendo que poderia interferir em tudo, inclu-

sive na administração das províncias imperiais e zelar pelo tesouro privado, ha-

vendo livre iniciativa para convocar o Senado e a ele apresentar propostas.

1.1 Modo de designação

O princípio da hereditariedade e o puramente eletivo não vigoravam

para a escolha do novo princeps. A designação dava-se por parte de seu anteces-

sor, apesar disso, o exército detinha grande influência no processo. O selecionada

era, após a escolha, consagrado pelo voto do Senado e do povo (apenas por for-

malidade), recebendo a sua investidura pela Lex de império.

1.2. Prerrogativas:
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Além de ocupar a cadeira curul, sentava-se entre os dois cônsules. Ves-

tia, na maioria das vezes, a toga praetexta e usava a coroa de louros. Possuía a

efígie cunhada nas moedas, sendo divinizado quando falecia.

2. Os funcionários Imperiais

Os funcionários imperiais se dividiam em: legados, prefeitos, procu-

radores e auxiliares. Legados eram os lugares-tenentes na administração das pro-

víncias, sendo que os prefeitos era aqueles que representavam o próprio prin-

ceps, os procuradores eram mandatários do mesmo especialmente em relação à

administração financeira e os auxiliares desempenhavam diferentes atividades

de secretariado.

3. Prefeitos

Por representarem o próprio príncipe, os prefeitos podiam ser consi-

derados os funcionários mais importantes, podendo ser divididos em:

Praefecti praetorio: Seus deveres eram primeiramente militares, co-

mandando a guarda imperial e as tropas de Roma e da Itália, depois lhe foi atri-

buída jurisdição criminal na Itália. Suas funções civis predominavam sobre os

militares.

Praefecti Urbi: Exercia função policial, possuindo jurisdição criminal

desde Roma até 100 milhas dela.


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Praefecti annonae: Assistia o abastecimento de Roma, detendo jurisdi-

ção sobre os delitos a ele relacionados.

Praefectus uigilum: Encarregado do policiamento noturno e do com-

bate a incêndios, com jurisdição sobre delitos relacionados.

Praefectus aerarii: Administram o tesouro público, com jurisdição em

negócios fiscais.

4. O Senado

Divide com o príncipe o poder judiciário, administrando as províncias

senatoriais, cujas receitas destinam-se ao tesouro público (aerarium), sendo que

adotou as funções eleitorais e legislativas do comício, perdendo, todavia, os po-

deres fundamentais que possuía na república.

Durante o período, apesar de ocupar um posto de aparente destaque,

sua atividade foi inspirada e orientada pelo príncipe. Os senadores eram eleitos

entre os ex-magistrados, havendo influência direta do imperador, fazendo com

que apenas pessoas de sua confiança integrassem os cargos.

5. Comícios

O povo reunido em comício perdeu, gradativamente, durante o prin-

cipado, as funções judiciárias, eleitorais e legislativas. O poder de legislar, em-


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bora não tenha sido expressamente anulado, desapareceu graças ao desuso du-

rante o reinado de Nerva. Limitava-se, dessa forma, a aprovar por aclamação a

Lex império, proposta a ele pelo Senado e que conferia poderes ao novo príncipe.

 Fontes do direito no Principado

A lei, os senatos consultos, o costume -ainda muito importante nesse

período- os editos dos magistrados, as constituições imperiais e as respostas dos

prudentes eram os modos de formação do direito.

As leis podem ser rogatae ou datae. Observa-se que, no alto império,

as leges rogatae perdem importância em detrimento das leges datae as quais re-

ferem-se às medidas adotadas pelo imperador em nome do povo.

 A Lex

A Lex é formada por quatro partes: praescriptio, index, sanctio e rogat.

O index possui o nome do indivíduo que teve a iniciativa da lei, a pra-

escriptio contém o nome e o lugar em que a lei foi votada, além da referência aos

títulos dos magistrados que tiveram a iniciativa. A rogat, por sua vez, diz respeito

ao objeto e finalidade da mesma e a sanctio é o fragmento que determina as penas

aos infratores.

 Classificação das leis


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A mais famosa classificação das leis é de Modestino, o qual divide-as

em: imperativas, proibitivas, permissivas e punitivas. As leis também recebem a

denominação, quanto à sactio, de perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas.

 Perfeitas

Leis que, quando infringidas geram a nulidade do ato, não impondo,

portanto, sanção para o infrator. Segundo CRETELLA, um exemplo de lei perfec-

tae é a Lex Voconia que, entre outras coisas, proíbe que determinados cidadãos

instituam uma mulher como herdeira. Ao desobedecer tal dispositivo, não havia

a aplicação de nenhuma sanção, todavia, a disposição era nula.

 Menos que Perfeitas

Minus quam perfectae são as normas que, quando infringidas, apesar

de não anularem o ato, impõe sanção. Segundo CRETELLA, exemplo desse dis-

positivo é a Lex Furia Testamentaria, que impõe ao indivíduo que recebe legado

superior a mil asses a multa de quatro vezes a quantia legada. Buscava-se, por

meio da sanção, evitar a transgressão.

 Imperfectae

Refere-se àquelas cuja violação não ocasiona consequências ao infra-

tor, não possuindo, portanto, caráter coercitivo.


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5. O Direito na Monarquia Absoluta ou Dominato ou Baixo-
Império

Período após o imperador Diocleciano (século IV d.C.), até a morte do

imperador Justiniano. É neste período que surge o direito pós-clássico, havendo

a ausência de grandes jurisconsultos, ocorrendo uma adaptação das leis em face

à nova religião predominante, o Cristianismo. Alguns doutrinadores acreditam

que é neste período que ocorre a formação do direito moderno, que começa a ser

codificado a partir do século VI d.C. pelo imperador Justiniano.

A Constituição Diocleciana-Constantiniana

A Constituição inaugurada por Augusto foi, aos poucos, sendo ero-

dida. A monarquia vai se acentuando, engolfando as antigas instituições republi-

canas, com modificações que serão consagradas nos impérios de Diocleciano e

Constantino, durante a segunda metade do século III.

As ingerências persa e, sobretudo, bárbara do norte da Europa, im-

põem a reorganização militar do império, que não lograria sustentar uma bar-

reira única, coesa e substancial. A sustenção inicial das fronteiras vem pelas mãos

de um conjunto de caudilhos militares, que contribuem, com sua autoridade mi-

litar local, para a fragmentação do vasto território. Os núcleos bárbaros que se

vão instalando no seio das fronteiras colaboram para com o surgimento de um

contingente isolado de pessoas, que não usufruem da cidadania romana, sendo-

lhes vedado, inclusive, o matrimônio.

As dificuldades financeiras decorrentes das guerras civis somam-se

às agruras da manutenção imperial. No campo dos costumes, o cristianismo


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avança, promovendo um verdadeiro cisma entre cristãos e pagãos, no âmago do

Império.

A superação da crise não vem pelas mãos de imperadores descenden-

tes da velha cepa do populus romanus itálico, mas, antes, por imperadores do

ramo ilírico, mais inclinado ao oriente helenístico e persa. O exemplo colhido da

monarquia sassânida império persa pré-islâmico, que ulteriormente será suplan-

tado pelo califado faz com que o controle do império esteja calcado no fortaleci-

mento do poder do imperator, na criação de uma burocracia central e na constru-

ção de uma sólida unidade religiosa.

A chamada constituição diocleciana-constantiniana é marcada, de

uma parte, pela absoluta concentração de poderes nas mãos do imperador e, de

outro, pela cisão do império em Império Romano do Ocidente e Império Romano

Oriental, aquele sediado em Roma conquanto o imperador residisse em Milão ou

Ravena e este sediado em Nicodemia ou Antióquia e, após, em Bizâncio, futura

Constantinopla.

Os eixos da nova constituição eram, pois, a divisão geográfica do im-

pério, que contaria com dois Augustus, e a divisão do poder, fazendo conviver

com cada imperador um Caesar, que parcipava das funções de governo com vis-

tas, bem assim, à sucessão estabelecendo-se uma espécie de tetrarquia dos dois

Impérios.

O Império Absoluto e as Fontes

A concentração de poderes na figura do imperator repercute, de modo

direto, no plano normativo e na diversidade das fontes. A única fonte que sub-

siste são as constituições imperais, que passam a se denominar leges. O direito

antigo, recolhido das leis comiciais, dos senatusconsulta, dos éditos e da dou-

trina, é englobado em uma única categoria, que passa a se denominar ius vetus
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ou, simplesmente, ius, massa normativa, muitas vezes constante apenas de refe-

rências indiretas doutrinárias, que se opõe à ordem emanada do soberano. Teo-

dósio II elimina a distinção entre leges perfectae, minus quam perfectae e imper-

fectae, impondo a sanção de nulidade a todo e qualquer ato contrário à lei.

A manifestação genuína do poder normativo do imperador são as

chamadas leges generales, generales constitutiones, que davam normas destinadas a

todos os súditos. Na elaboração dos documentos, o imperador contava com o

concurso do quaestor sacri palatii e do consistorium principis. As demais formas de

constituições imperiais rapidamente perdem aplicabilidade. Os decretos logo

confundem-se com os rescripta, com a generalização do procedimento per res-

criptum, que substitui a sentença por um rescripto condicional.

A Jurisprudência durante o Dominato

A jurisprudência pós-clássica dista bastante daquela que lhe precede.

O vigor criativo dos juristas e sua relação simbiótica com o desenvolvimento pro-

dução e aplicação do Direito dão lugar a um período de jurisprudência burocrá-

tica, na acepção que lhe dá Schulz. Os doutrinadores ora consagrados ao ensino

e à aplicação do direito passam a integrar o aparato legislativo ligado à autori-

dade imperial.

De sua parte, a advocacia, outrora exercida, com denodo, pelos juris-

tas, torna-se uma atividade coorporativa, com a organização dos collegia advo-

catorum, submetidos à autoridade do magistrado perante o qual se militava. O

prestígio social dos juristas entra em franco declínio, restringindo-se, em parcela

limitada, àqueles que lecionavam nas escolas oficiais do império, com destaque

para as escolas do ramo oriental, em especial para a Escola de Beirute.

De modo geral, pode-se assinalar que a tendência da jurisprudência

pós-classica é a tônica da estabilização e da acomodação dos textos clássicos, para


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lhes filtrar, extirpando qualquer vestígio de incongruências e divergências. Uma

tônica que é fruto do novo perfil das fontes, com a unificação e centralização do

poder normativo e político.

Nasce, neste período, o chamado vulgarismo, como tendência cultural

mais ampla, que estende seus efeitos, de certo modo funesto, no campo jurídico,

de sorte que iniciativas forjadas em setores carentes de formação jurídica come-

çam a granjear espaço no seio do universo normativo e político romano

As compilações

O conjunto das fontes acumuladas durante séculos de trabalho do gê-

nio jurídico romano, a essa altura, formava um imenso corpo de normas, que

congregava as leges e o amorfo e plúrimo ius.

A necessidade de sistematização fazia-se sentir como forma de tornar

mais simples a aplicação e a interpretação deste conjunto de normas. O período

pós-clássico será prolífico na produção de compilações. Dentre as compilações de

constituições imperiais, podemos citar o Codex Gregorianus, compilado por um

professor da Escola de Beirute, contendo constituições do período que abarca os

impérios de Adriano até Dioclecianoy o Codex Hermogenianus, que é compila-

ção oficial das constituições do período Dioclecianoy o Codex Theodosianus, que

compila não apenas constituições imperiais, mas também grandes amostras do

ius vetus, bem como as Novellae postheodosianae, que compilam as constitui-

ções publicadas após o Codex Theodosianus.

Até Justiniano, não temos notícias de antologias e compilações com-

preensivas do ius e das leges em um mesmo corpo, cabendo fazer menção espe-

cial apenas à Consultatio veteris cuiusdam iuris consulti, que não nos chegou em

versão histórica, mas foi citada por Jacques Cujas, em 1577, durante o renasci-

mento. Também se fizeram compilações de leis romanas nos impérios bárbaros


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que se erigiram sobre os escombros do império romano ocidental, com especial

destaque para: a) Edictum Theodorici, publicado na Gália, durante o reinado do

visogodo Teodorico IIy b) a Lex Burgundionumy c) o Breviário de Alaricoy d) a

Lex Romana Wisigothorum, publicada pelo reino visigótico que se estabelece ao

sul da França e na península itálica.

É, ainda, interessante observar que o contingente de interpretações

doutrinárias também foi alcançado pelos ímpetos de simplificação e estabilização

próprios do período. É assim que Teodósio II e Valentiniano III fazem publicar

uma constituição, que viria a ser conhecida como lei de citações, atribuindo valor

às opiniões de Gaio, Papiniano, Paulo, Ulpiano e Modestino. Havendo plurali-

dade de opiniões, o critério a ser utilizado pelo juiz deveria ser o da maioria, salvo

quando a opinião de Papiniano perfilhasse na corrente minoritária, devendo,

pois, esta prevalecer sobre quaisquer outras.

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