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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH


Licenciatura em História - EAD
UNIRIO/CEDERJ

AD1 – PRIMEIRA AVALIAÇÃO À DISTÂNCIA


DISCIPLINA: HISTÓRIA MODERNA I

Nome:
Matrícula:
Pólo:
Data:

O presente trabalho tem por finalidade produzir um texto onde serão


respondidas as questões da AD, com base no texto de Hespanha, António Manuel.
“A mobilidade social na sociedade de Antigo Regime” e no conteúdo das cinco
primeiras aulas do material didático.
A Idade Moderna é o período histórico que começou com o fim da Idade
Média e a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453, e terminou com
a Revolução Francesa, em 1789. Este é um período de transição do mundo medieval
para o mundo capitalista e burguês. O fato é que nesse espaço de tempo houve uma
enorme transformação, não apenas do continente europeu, mas de todo o globo
terrestre. O aumento do comércio e os descobrimentos foram muito importantes para
esta época. Esse período também entrou para a História como um tempo de
renovações no campo das ideias, nas artes e na cultura. Esse movimento de renovação
foi chamado de Renascimento. Com o aumento da circulação de moeda e os lucros do
comércio entre o Ocidente e o Oriente com artigos exóticos como a tapeçaria e as
especiarias fizeram com que a Europa tivesse um enorme crescimento econômico.
“Essas novas estruturas comerciais geram
transformações na produção agrícola e na
produção artesanal, provocando rupturas
importantes nas estruturas feudais. Além disso, é
preciso lembrar que essas inovações econômicas
se associam a outros processos de transformação
em curso na sociedade, nas relações de poder, na
religião etc.” (Aula 1 – História moderna como
história da transição: as transformações
econômicas e sociais. Pág. 18)

A Hitória Moderna é fruto de inovações que começaram a se desenvolver


ainda na Idade Média. No final deste período o comércio cresceu através das feiras,
das cruzadas e dos burgos. Os burgos garantiram a independência em relação à
autoridades dos senhores feudais, assim puderam enriquecer através da indústria e do
comércio e acabaram conquistando um grande poder político e econômico. O
renascimento do comércio fez nascer uma sociedade de classes. Esta seria a sociedade
que conduziria as alterações sociais no novo período através do desenvolvimento do
nascente capitalismo.
A sociedade de ordens do Antigo Regime era hierarquizada e estratificada em
três ordens: o clero, a nobreza e o povo. O clero tinha a maioria das terra, não pagava
impostos mas recebia do povo. A nobreza dividia-se entre a de toga que era formada
por funcionários e magistrados da burguesia, também da espada que tinha altos
cargos na corte, na administração e no comério marítimo. A nobreza demarcava-se
pelo nascimento, estava isenta da maioria dos impostos. O terceiro estado estavam os
artesão, camponeses, pedintes e os escravos; sustentava o clero e a nobreza, pagava
todos os impostos e trabalhava para o rei nas obras e na guerra. O clero e a nobreza
eram as ordens privilegiadas, já o povo não tinha direitos apenas obrigações e
deveres.

“O exemplo da nobreza servirá ainda para discutir


outra via de aquisição ou perda de status, esta
dependente da vontade própria – as obras. As
Ordenações afonsinas portuguesas (1446) definem
assim os três principais estados da sociedade:
defensores são um dos três estados que Deus quis
per que se mantivesse o mundo, ca assi como os
que rogam pelo povo chamam oradores, e aos que
lavram a terra, per que os homens hão de viver e
se mantêm são ditos mantenedores, e os que hão
de defender são chamados defensores.
Fica claro que a classificação se funda na
diversidade de funções sociais dos agentes, ainda
que este distinto desempenho de funções não
derive das vontades pessoais, mas tenha a ver com
as qualidades e as virtudes naturais de cada um.”
(HESPANHA, 2006, p.135)

Somente depois das transformações sociais, políticas e econômicas que


fizeram cair as bases desta sociedade estamental, foi que a mobilidade social ficou
mais perto da realidade. Através disso, uma maior divisão de trabalho permitiu o
acesso de pessoas em diferentes classes sociais.
A mobilidade social era muito reduzida, deste modo uma pessoa do povo não
pode fazer parte da nobreza. Acima dessa sociedade está o rei que que tinha um poder
de origem divina. A sociedade de ordens está definida de acordo com a monarquia
absolutista, ou seja, todas as ordens obedeciam ao rei, pois somente ele podia fazer
mudaças na posição de cada um na sociedade. A ascenção da burguesia à nobreza foi
permitida quer pelas obras quer por casamentos entre famílias ricas da burguesia e
famílias da nobreza. Isto fica bem claro quando o autor Antônio Manuel de Hespanha
cita em seu texto que “a sociedade de estados não é uma sociedade de castas. Os
equilíbrios estabelecidos podem evolucionar”. Apesar de ser pouca, existia a mobilidade
pois ao contrário sociedade de castas que não há mobilidade social (quem nasce numa
casta não pode passar para outra).
A riqueza não era meio que decidia a mobilidade social legítima pois a mesma
não é o resultado de um processo ilegítimo para adquirir bens, ou seja, para legitimar a
mudança social a própria riqueza precisa se legitimar. A riqueza por si só não garante a
posição social, antes ela precisa ser legitimada pela justiça para ser reconhecida.
O que chamava atenção na sociedade do Antigo Regime era a relação da
riqueza com a honestidade, o acúmulo de bens na tradição evangélica era uma suspeita
de imoralidade. Para o terceiro estado os bens eram apenas para suas necessidades, não
deveria ser acumulado, somente se fosse de acumulo natural, no caso, se houvesse más
colheitas, doenças.
A riqueza não se busca por si mesma, não é seguida por liberdade ou
caridade; é com o tempo que se pode adquirí-la. É vista como ambição ilegítima ou
desonestidade se conseguida com rapidez.
O que fazia a separação da riqueza honesta da riqueza desonesta era a
distinção fundamentada pelos seus fins e meios. A honesta era adquirida por meios e
fins justos, já a riqueza desonesta, a antiga, era incorporada nos equilíbrios da
sociedade.

A esta riqueza se refere o mesmo S.


Tomás, quando diz que “segundo a
opinião vulgar, a excelência das riquezas
faz o homem digno de honra, sendo por
isso que, algumas vezes, a palavra
honestidade se aplica à prosperidade
exterior”; ou os juristas, quando afirmam
que a riqueza induz nobreza.
(HESPANHA, 2006, p.128)

Logo, a riqueza pode ser interpretada de duas formas distintas na sua


valorização. Até mesmo a honesta tem resultado moral equivocado. Por um lado,
revela um perigoso risco de esquecer da ordem natural e das exigências, criando um
amor cruel pela riqueza. Noutro lado, percebe-se uma contradição, pois dá livramento
aos homens que passam por situações difíceis evitando a corrupção a que o povo está
acostumado, dando clareza à nobreza fazendo que tenha uma vida de grandeza e não
de indecência.

REFERÊNCIAS
HESPANHA, António Manuel. A mobilidade social na sociedade de Antigo Regime.
UFF. Tempo, vol. 11, núm. 21, julio, 2006, pp. 121-143. Disponível em:
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=167013395009>. Acesso em: 02/03/17

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