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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CURSO: Ciências Econômicas


DISCIPLINA: Introdução às Ciências Sociais
Professor: Antonio Joreci Flores
Avaliação Bimestra: 01/2021

Aluna: Larissa dos Santos Nobre. Data: 09 de julho de 2021

Comente as questões a seguir, do autor Sérgio B. De Holanda, sobre sua


publicação Raízes do Brasil.

1) Mundo novo e velha civilização:

Para Sérgio Buarque de Holanda, após as navegações e a colonização


dos povos africanos e americanos, a cultura europeia foi difundida entre os
continentes, principalmente na América, no local que hoje se conhece como
Brasil, para ele, o “Mundo Novo”, pois os nativos apresentavam, segundo
relatos históricos, comportamentos semelhantes ou até idênticos ao seus
colonizares, definido como “heranças deixadas pela velha civilização –
Portugal”, tais quais a falta de hierarquia organizadora, a ausência de coesão e
a força externa (tendo resultados nos milênios seguites, com as ditaduras que
afetarão ambos os países). A primeira delas, por exemplo, foi destacada no
seguinte trecho da obra Raízes do Brasil: “À frouxidão da estrutura social, à
falta de hierarquia organizada devem-se alguns dos episódios mais singulares
da história das nações hispânicas, incluindo-se nelas Portugal e o Brasil”
(HOLANDA, 1995, p. 32). Na segunda, de acordo com o autor, as sociedades
se assemelham quanto à ordenação social, visto que são estruturadas de cima
para baixo, através de um poderio centralizado, afirmação que define a
carência desse estado social.
Além dessas, destaca-se o culto à personalidade que, por sua vez, trata-
se em se apegar a uma pessoa mais do que seus título ou posição social,
resultando em uma sociedade desoranizada que precisa uma força exterior
para evoluir seu funcionamento, como era característica da nação portuguesa e
o novo país colonizado.
2) Em que sentido anteciparam os povos ibéricos a mentalidade
moderna?

Como os dois países pertencentes a península ibérica são considerados


os percursores do evento marco da Idade Moderna, “As Grandes Navegações”,
anteciparam o pensamento dos demais territórios europeus incentivando-os a
também tornarem-se um Estado--Nação. Ademais, fomentaram a ideia
contrária às negações do livre arbítrio e a ideia de que as responsabilidades de
um indivíduo e méritos próprios merecem reconhecimento, opondo-se as
teorias defendidas pelos protestantes, "porque, na verdade, as doutrinas que
apregoam o livre-arbítrio e a responsabilidade pessoal são tudo, menos
favorecedoras da associação entre os homens." (HOLANDA, 19XX, p. )

3) O trabalho manual e mecânico, inimigo da personalidade.

Segundo o escritor brasileiro, o trabalho manual e mecânico, na


perspectiva ibérica, era facilmente substituído por “uma digna ociosidade”
(HOLANDA, 19XX, p. 38), isso significa que havia, diante das atividades
funcionais, uma aversão as práticas manuais, já que tais povos detinham de
muita mão de obra escrava para servir as necessidades que surgissem. Esse
estilo de vida refletiu, de acordo com a obra, nos povos americanos, que
adotaram prontamente as características de seus colonizadores.
Conforme Holanda e sua visão weberiana, essas particularidades
provinham das práticas religiosas adotadas pelas duas nações, ou seja, do
catolicismo, diferentemente de outras nações que praticavam, por exemplo, o
protestantismo e que detinham outro tipo de relação com o trabalho,
tornando--se inimigo da personalidade definida pelo cristianismo católico, visto
que o ócio prevalece sobre as atividades produtoras e se fundamenta nas
virtudes da caridade e da propagação do amor.

4) A obediência como fundamento de disciplina.

Tendo em vista que os povos indígenas foram catequizados e


colonizados pelos europeus, também foram eles os responsáveis por moldar as
virtudes e a personalidade desse povo, isso inclui aspectos básicos da
educação do ponto de vista ocidental. Para Sérgio Buarque, a principal
responsável por esse desenvolvimento pessoal foi a Companhia de Jesus –
ordem religiosa que propagava a fé católica – com a aplicação de doutrinas
que buscavam formar a obediência em seus ouvinte, princípio básico da
construção da discplina: a virtude suprema entre todas, para a Ordem de
Cristo, já que era ela o fator dominante para estabelecer o cumprimento das
regras e “domar” o instinto pagão dos nativos, pois eles sempre estavam em
conflito com os portugueses e não aceitavam os dogmas do cristianismo que
lhes era imposto.

“Nenhuma tirania moderna, nenhum teórico da ditadura do


proletariado ou do Estado totalitário, chegou sequer a vislumbrar a
possibilidade desse prodígio de racionalização que conseguiram os
padres da Companhia de Jesus em suas missões.” (HOLANDA,
1995, p. 39)

5) Portugal e a colonização das terras tropicais.

Por serem os pioneiros na descoberta dessas terras e os primeiros do


Velho Continente a lançar-se, com coragem, ao além-mar, a nação portuguesa
viveu um dos períodos mais gloriosos da história lusitana: a dominação de
terras nunca antes conhecida pelo povo europeu. No entanto, ela não foi feita
com um planejamento prévio, pelo contrário, o abandono era tamanho que os
exilados de Portugal foram enviados para essa aventura marítima. Diante
dessas circunstâncias, permitiu-se, posteriormente, a abertura para
questionamentos a respeito de qual melhor país para ser colonizado, estando
Portugal fora da lista, perdendo para nomes como a Holanda, por exemplo.

6) Dois princípios que regulam diversamente as atividades dos


homens.

O escritor brasileiro define Porugal como o melhor país para colonizar as


terras americanas. Dessa forma, descreveu dois conceitos base presente na
realidade de todas as organizações sociais, são eles: o princípio do aventureiro
e o princípio do trabalhador.
O primeiro tem como cerne o desafio e são identificados pelas
sociedades que procuram retornos rápidos e ações imediatas, como a nação
lusitana. Por outro lado, o segundo conceito é fundamentado na disciplina e no
trabalho feito gradativamente, tendo em vista o retorno a longo prazo de modo
sereno. Os dois espíritos destacam-se, nas sociedades, pois eles aparecem de
forma pura no plano das ideias, ou seja, os princípios do aventureiro e do
trabalhador são ideias muito próximas ao conceito dos “tipos ideais”, da teoria
de Max Weber. Eles servem para analisar as divergentes sociedades humanas,
auxiliando a esclarecer que existem a sociedade baseadas na tradição da
aventura, ao passo que são imediatistas e buscam retorno rápido de seus
empreendimentos. Sendo assim, contraria o espírito trabalhador, que busca
seu retorno no esforço.

7) A civilização agrícola.

Para definir uma civilização agrícula faz-se necessário ter condições


específicas de existência rural, como um clima propício e características
tropicais essenciais para o plantio, particularidades essas que o território
brasileiro detinha, mesmo sem ser desbravado em sua totalidade. Para isso,
contava, portanto, com nativos da terra, que conheciam todos os detalhes da
vegetação, como as propriedades do gado. Todavia, historicamente, o país
adotou a prática das lavouras açucareiras e, segundo Holanda (1995, p. 49), tal
civilização não foi tipicamente agrícola por conta da escassez do reino
português e do desinteresse, no momento, das atividades agríolas, que não
tratava esse meio como a principal grandeza a ser explorada.

8) Incapacidade de livre e duradoura associação.

As relações estabelecidas entre os povos, como ressalta o historiador


brasileiro, foi baseada, muitas das vezes, em interesses momentâneos que
favoreciam ao próprio indivíduo do que o outro, ou seja, eram oriundas de uma
solidariedade ligada aos interesses pessoais e aos sentimentos obtidos nessas
relações. Por esse motivo e pela ociosidade de tal povo foi que nenhuma
atividade (trabalho) conseguiu alcançar o progresso e o desenvolvimento,
também pela capacidade de livre e duradoura associação entre os
empreendedores locais. Essas negociações, por sua vez, aconteciam mediante
aos desejos, sentimentos e emoções coletivas, assim como todos os
relacionamentos dessa época. Era fácil perceber quando havia algum
movimento religioso para acontecer, pois todos os envolvidos uniam sem em
prol da festividade em questão e agradavam os interesses populares.

9) A moral das senzalas e sua influência.

O negro sempre teve sua participação no desenvolvimento das áreas


rurais dentro da colônia, enquanto negros e sobretudo, escravos, e essa moral
sobressaía na economia, na administração e nas crenças religiosas, tal
afirmação é visível se observarmos, por exemplo, áreas como a literatura e
arquitetura, visto que a partir do século XVIII expressavam participação ativa no
Rococó e nas demais manifestações artísticas, como as poesias tão bem feitas
que chegaram até na metrópole portuguesa, a saber pelo gosto do exótico, da
sensualidade e dos caprichosos sentimentos, exemplos destacado por Sérgio
Buarque de Holanda.

10)Malogro da experiência holandesa.

Apesar do espírito coordenado e da coesão social dos holandeses, os


Países Baixos não prosperaram nas colonizações por diversos motivos, tal qual
a pouca participação da mãe-pátria, evidenciando seu descontentamento com
as migrações de larga escalas; além disso, outros aspectos foram
fundamentais para o fracasso, isso porque tentaram colonizar regiões do
nordeste brasileiro de uma maneira diferente, isto é, não pretendiam criar
raízes nessa terra, que já pertenciam a Portugal, com a fé instaurada e a língua
portuguesa já muito bem desenvolvida. Sérgio Buarque destaca que o caráter
protestante dos invasores holandeses, outro ponto que não agradava a
população local, afastando cada vez mais os europeus neerlandeses.

Referência: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26. ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 1995
Boa avaliação!

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