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Análise:
2) Em algumas cenas do filme, podem-se notar certas coisas ligadas à cultura indiana, que
apesar de não ter o mesmo sentido e significado para nós, na cultura deles é algo normal, como
por exemplo, as roupas, joias e maquiagens utilizadas lá. Apesar de parecer exagero aqui no
Brasil, na Índia, quanto mais extravagância melhor. Também pode ser percebido o exemplo das
castas que mesmo não sendo aceita por todos, acabam por segui-lá.
3) A indústria cultural no filme reforça a crença de que “qualquer um pode chegar lá” e impede
o indivíduo de pensar em sua própria vida ao contemplar a vida dos “vencedores” que
protagonizam o espetáculo “Show do Milhão”, um programa de televisão do tipo de perguntas e
respostas. Além disso, tal indústria apresenta diversas formas de opressão de que a população
“favelada” é vítima. A opressão se manifesta não apenas na condição material, mas também nas
diversas formas de preconceito, discriminação e violência, não apenas física, mas também
psicológica.
Ninguém na televisão, dos produtores ao público, acredita que Jamal tem a mínima chance
de acertar as perguntas do programa. Mas ele acerta uma após a outra, e seu prêmio em dinheiro
vai aumentando rodada após rodada. Antes que ele chegue à pergunta final, os produtores do
programa tentam descartar-se dele nos bastidores e o acusam de ser um fraudador. Um favelado
jamais poderia ter acertado as perguntas sem algum tipo de expediente ilícito. Favelado não é
gente, não pode vencer nunca.
A televisão suprime a brutalidade do real e a dissolve na superficialidade do estereótipo. O
público do programa inevitavelmente desenvolve uma empatia por Jamal e torce por ele, mas
nem sequer desconfia dos horrores pelos quais ele passou para chegar até ali, desde sua
infância distante até a tortura policial ali mesmo, às vésperas da pergunta final.
4) O filme se passa na cidade de Mumbai, que é a representação de qualquer cidade em
desenvolvimento do mundo. Como parte do sistema neoliberal, a divisão do capital se concentra
somente em poucas mãos. As classes altas se tornam cada vez mais influentes e poderosas
enquanto que oferecem serviços que pouca gente pode usufruir devido aos seus baixos salários.
Os bairros antigos desapareceram à medida que grandes edifícios habitacionais foram criados
para acomodar a população, mas poucos podem pagá-los e, portanto, novos bairros de miséria
aparecem nas novas periferias da cidade. A concentração da riqueza em mãos de uns poucos
não fez mais do que aumentar a diferença entre os ricos e pobres, piorando suas condições de
vida.
Esse processo pode ser observado tanto no plano de fundo do filme como nas próprias
ações dos seus protagonistas. Eles, seres provenientes dos estratos mais baixos, não podem ter
trabalhos dignos e honestos devido a sua falta de preparação. Dedicam-se, então, aos roubos
durante sua infância e quando crescem, tomam caminhos tão diferentes quanto contraditórios.
Carregam mensagens diferentes e opostas, mas os dois são vítimas de um sistema que
concentra o capital nas mãos de muito poucos.
5) A sociedade de massa tem uma atitude passiva diante da mensagem que recebe; e o tipo
de comunicação que predomina é aquele transmitido pelos veículos de comunicação de massa.
Já o público opina, por meio de palmas, críticas e discussões.
De modo geral, o grupo de indivíduos que se comporta como massa tende a ser
manipulado, pois, na maioria das vezes, reage de forma espontânea, impensada, sem ter
consciência de grupo; o que não ocorre no filme “Quem quer ser um milionário”, já que eles
tentam seguir por caminhos diferentes da realidade enfrentada pela maioria, como o protagonista
que tentou a sorte para mudar de vida e ainda teve atitude ativa e não passiva como ocorre na
sociedade de massa. A realidade presente no filme é o retrato do fracasso da civilização
capitalista, como o desemprego, subemprego, trabalho informal, biscates, mendicância,
prostituição, doenças, fome, violência e crime.