Você está na página 1de 3

Trabalho de sociologia

Filme: “Quem quer ser um milionário?”

Análise:

1) Ao longo do filme pode-se perceber a influência da sociedade nos comportamentos dos


personagens Jamal Malik e Salim Malik, dois irmãos que apesar da pobreza em que foram
criados, a mãe sempre tentava protegê-los da melhor maneira possível. Porém após a morte da
mesma, o comportamento dos filhos acaba mudando, Jamal se esforça para viver uma vida
honesta, que apesar de ter sido criado perante crime e trapaças, precisa de um milagre para
conseguir achar seu amor perdido, já seu irmão Salim, acaba entrando na vida do crime enquanto
cresce, agindo como empregado do "marido" de Latika (amor verdadeiro de Jamal).

2) Em algumas cenas do filme, podem-se notar certas coisas ligadas à cultura indiana, que
apesar de não ter o mesmo sentido e significado para nós, na cultura deles é algo normal, como
por exemplo, as roupas, joias e maquiagens utilizadas lá. Apesar de parecer exagero aqui no
Brasil, na Índia, quanto mais extravagância melhor. Também pode ser percebido o exemplo das
castas que mesmo não sendo aceita por todos, acabam por segui-lá.

3) A indústria cultural no filme reforça a crença de que “qualquer um pode chegar lá” e impede
o indivíduo de pensar em sua própria vida ao contemplar a vida dos “vencedores” que
protagonizam o espetáculo “Show do Milhão”, um programa de televisão do tipo de perguntas e
respostas. Além disso, tal indústria apresenta diversas formas de opressão de que a população
“favelada” é vítima. A opressão se manifesta não apenas na condição material, mas também nas
diversas formas de preconceito, discriminação e violência, não apenas física, mas também
psicológica.
Ninguém na televisão, dos produtores ao público, acredita que Jamal tem a mínima chance
de acertar as perguntas do programa. Mas ele acerta uma após a outra, e seu prêmio em dinheiro
vai aumentando rodada após rodada. Antes que ele chegue à pergunta final, os produtores do
programa tentam descartar-se dele nos bastidores e o acusam de ser um fraudador. Um favelado
jamais poderia ter acertado as perguntas sem algum tipo de expediente ilícito. Favelado não é
gente, não pode vencer nunca.
A televisão suprime a brutalidade do real e a dissolve na superficialidade do estereótipo. O
público do programa inevitavelmente desenvolve uma empatia por Jamal e torce por ele, mas
nem sequer desconfia dos horrores pelos quais ele passou para chegar até ali, desde sua
infância distante até a tortura policial ali mesmo, às vésperas da pergunta final.
4) O filme se passa na cidade de Mumbai, que é a representação de qualquer cidade em
desenvolvimento do mundo. Como parte do sistema neoliberal, a divisão do capital se concentra
somente em poucas mãos. As classes altas se tornam cada vez mais influentes e poderosas
enquanto que oferecem serviços que pouca gente pode usufruir devido aos seus baixos salários.
Os bairros antigos desapareceram à medida que grandes edifícios habitacionais foram criados
para acomodar a população, mas poucos podem pagá-los e, portanto, novos bairros de miséria
aparecem nas novas periferias da cidade. A concentração da riqueza em mãos de uns poucos
não fez mais do que aumentar a diferença entre os ricos e pobres, piorando suas condições de
vida.
Esse processo pode ser observado tanto no plano de fundo do filme como nas próprias
ações dos seus protagonistas. Eles, seres provenientes dos estratos mais baixos, não podem ter
trabalhos dignos e honestos devido a sua falta de preparação. Dedicam-se, então, aos roubos
durante sua infância e quando crescem, tomam caminhos tão diferentes quanto contraditórios.
Carregam mensagens diferentes e opostas, mas os dois são vítimas de um sistema que
concentra o capital nas mãos de muito poucos.

5) A sociedade de massa tem uma atitude passiva diante da mensagem que recebe; e o tipo
de comunicação que predomina é aquele transmitido pelos veículos de comunicação de massa.
Já o público opina, por meio de palmas, críticas e discussões.
De modo geral, o grupo de indivíduos que se comporta como massa tende a ser
manipulado, pois, na maioria das vezes, reage de forma espontânea, impensada, sem ter
consciência de grupo; o que não ocorre no filme “Quem quer ser um milionário”, já que eles
tentam seguir por caminhos diferentes da realidade enfrentada pela maioria, como o protagonista
que tentou a sorte para mudar de vida e ainda teve atitude ativa e não passiva como ocorre na
sociedade de massa. A realidade presente no filme é o retrato do fracasso da civilização
capitalista, como o desemprego, subemprego, trabalho informal, biscates, mendicância,
prostituição, doenças, fome, violência e crime.

6 e 7) Um conteúdo democrático e reflexivo que pode ser apresentado é o tratamento


relacionado às classes sociais e suas relações entre si. A sociedade indiana é dividida em castas:
os Brâmanes, a mais alta na hierarquia e integrada por professores, legisladores e sacerdotes; os
Xátrias a que pertencem os reis e guerreiros; os Vaixás, formadas por comerciantes; e os Xudras,
a mais baixa, composta por agricultores, prestadores de serviços e alguns grupos artesãos.
Abaixo dela, estão os “intocáveis”, chamados de Dalits.
No filme “Quem quer ser um milionário”, encontramos quatro delas. O personagem
principal, Jamal, se encaixa na casta dos Xudras, já que prestava serviços a alguns Brâmanes e
até Xátrias. Com isso, podemos encontrar várias visões sobre assuntos distintos no filme,
podendo compará-las entre si.
A relação existente entre estas castas levam muitas vezes alguns "intocáveis" que tentam
sair dessa condição serem agredidos e mortos, poucos são os casos de sucesso. O sistema é tão
enraizado na cultura deles que está presente em todos os momentos. Para se arranjar um
casamento, por exemplo, ambos devem pertencer à mesma casta. A família define tudo e muitas
vezes a pessoa que irá casar nem conhece o pretendente, são os casamentos arranjados. As
amizades também são definidas pelo sistema e quando uma pessoa é apresentada a outra, eles
sempre querem saber o sobrenome, pois assim já sabem a que casta pertence.
Banheiros também separados para donos e empregados nas empresas. Caso tenha uma
pessoa no elevador e tem um faxineiro esperando, ele não entra, mas espera o elevador voltar e
estar vazio. Ou quando algum entregador está com alguém no elevador, eles olham sempre para
o chão, nunca há uma troca de olhares, nada.
Alguns templos também possuem filas VIPs e dependendo do status social de cada
pessoa, passa na frente tranquilamente. Nas empresas sempre há alguém servindo chá, água,
café e esse "funcionário" é o faz tudo para eles, está sempre servindo e é o último para tudo, até
para comer. Até mesmo alguns processos seletivos em escolas são feitos por castas

8) Ao escolher um favelado como protagonista, “Quem quer ser um milionário” tem a


oportunidade de retratar as diversas formas de opressão de que essa população é vítima, não
levando muito em conta a relação etnorracial e a diversidade sexual, mas sim as condições
desumanas vividas pela população apresentada, junto com a desigualdade econômica e social. A
opressão se manifesta não apenas na condição material, mas também nas diversas formas de
preconceito, discriminação e violência, não apenas física, mas também psicológica.

Você também pode gostar