Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
continuação da capa
Sociedade
Desigualdade continua
sendo nossa marca
Lançada pelo IBGE agora em junho, a
Síntese de Indicadores Sociais 2002 continua
mostrando o que todas já sabiam: o traço
mais marcante da sociedade brasileira é a
desigualdade. As mulheres ganham menos
que os homens em todos os estados bra-
sileiros e em todos os níveis de escolarida-
de. Elas também se aposentam em menor
proporção que os homens e há mais mu-
lheres idosas que não recebem nem apo- vidade masculina – ainda a maior – e se destacam como a principal causa de
sentadoria nem pensão. aumento da feminina. Em 2001, a taxa mortes no País (28,8% para homens e
Na questão racial tudo ficar pior. Ne- feminina foi de 48,9%, enquanto a mas- 36,9% para mulheres), em todas as re-
gros e pardos recebem metade do ren- culina caiu um ponto percentual, passando giões e estados. A região Sul e o estado
dimento de brancos (sobretudo nas regiões para 72,8%. A taxa de desemprego das do Rio Grande do Sul, em particular,
metropolitanas de Salvador, Rio de Janeiro, mulheres (6,7%) é maior que a dos ho- registram as maiores proporções, sendo
São Paulo e Curitiba). Os homens negros e mens (5,9%). responsáveis por 40% das mortes de
pardos ganhavam, em 2001, 30% a menos mulheres.
que as mulheres brancas e as mulheres Previdência Na média nacional, apenas 46% das
negras, 50% do que recebiam as brancas. Mais da metade da população ocu- gestantes realizaram mais de sete consultas
pada não tem seguridade social. A taxa de durante a gravidez. De modo geral, as
A pobreza é feminina contribuição previdenciária da população proporções são extremamente baixas nos
O levantamento apresenta o perfil da ocupada é de 45,7% (homens – 46,1%; estados do Norte (25,8%) e Nordeste
mulher brasileira: escolaridade, média de mulheres – 45,1%). Entre os 6.174.448 (32,9%) e, mesmo nas regiões mais desen-
filhos, ocupação, rendimento, posição nos empregados, 61,5% têm carteira de traba- volvidas essas proporções estão um pouco
diferentes tipos de família e situação na lho (mulheres - 65,4%; homens - 59,6%). acima de 50%. Em decorrência, as taxas
Previdência. As diferenças entre homens e O percentual de trabalhadores domésticos de mortalidade infantil dos menores de
mulheres são expressivas: mesmo que com carteira assinada aumentou, chegan- seis dias são extremamente altas nas
ambos tenham a mesma média de anos de do a 26,1% em 2001. regiões onde a assistência pré-natal, ao
estudo, os homens ganham mais que as As doenças do aparelho circulatório parto e ao recém-nascido é mais precária.
mulheres.
A população feminina ocupada con-
centra-se entre os rendimento mais baixos: Principais tendências demográficas observadas no País
71,3% das mulheres que trabalham rece-
bem até 2 salários mínimos, contra 55,1% - Redução do ritmo de crescimento da - Redução da fecundidade: a taxa caiu de
dos homens. A desigualdade salarial au- população. 2,7 para 2,4 filhos por mulher, de 1992
menta conforme a remuneração. A pro- - Aumento da proporção de pessoas para 2001. A taxa bruta de natalidade
porção de homens que ganham mais de 5 vivendo em áreas urbanas. também caiu: em 1992 houve 23
salários mínimos é de 15,5% e das mu- nascimentos por mil habitantes e, em
- Maior proporção de mulheres do que 2001, 20,9 por mil.
lheres, 9,2%. de homens: 94,9 homens para cada 100
A proporção de mulheres dedicadas mulheres. - Queda da mortalidade: em 1992 a
aos empregos domésticos (19,2%) e que razão era de 7,5 óbitos para cada mil
- Diferença entre as expectativas de vida habitantes e em 2001, 6,9 por mil.
não recebem remuneração (10,5%) é bem de mulheres e homens: elas vivem em
maior do que a dos homens (0,8% e 5,9%, média até os 72,8 anos de idade, 7,8 - Queda da mortalidade infantil: a
respectivamente). Mais de 70% das ocupa- anos a mais que os homens. participação de óbitos de menores
das concentram-se no setor de serviços. de 1 ano de idade no total de óbitos
- Envelhecimento da população: a registrados caiu de 9,7%, em 1992, para
Em 2001, a população ocupada era de
proporção de pessoas de 60 anos ou 5%, em 2001.
75,4 milhões. Os empregados e traba-
mais passou de 7,9% em 1992 para
lhadores por conta-própria eram 47,8% e 9,1% em 2001 e estima-se que chegue a A íntegra do levantamento está
22,3%, respectivamente. Desde a década 16% em 2030. disponível em www.ibge.gov.br.
de 1990 verifica-se queda da taxa de ati-
folhafeminista 3
Comunicação
folhafeminista
Crioulas, a voz e as letras da resistência
nº 43 junho de 2003 ISSN 1516-8042
Reprodução
A Associação Quilombola de Con-
ceição das Crioulas nasceu em 17 de CONSELHO EDITORIAL
julho de 2000, como representante de Andréa Butto, Francisca Rocicleide da Silva
Conceição das Crioulas, comunidade (Roci), Helena Bonumá, Ivete Garcia,
quilombola com cerca de 3.800 habi- Maria Amélia de Almeida Teles (Amelinha),
tantes, localizada no Distrito de Salguei- Maria Ednalva Bezerra de Lima, Maria
ro, sertão pernambucano. A Associação é Emília Lisboa Pacheco, Maria de Fátima da
formada pelas lideranças das dez asso- Costa, Maria Otília Bocchini, Martha de la
ciações de agricultores e agricultoras da Fuente, Mary Garcia Castro, Matilde
comunidade e é a detentora do título de Ribeiro, Raimunda Celestino Macena e
posse do território de Conceição (16.865 Edição nº 1 do jornal da Associação Tatau Godinho.
hectares). Entre as lutas da Associação Quilombola
estão a regularização fundiária, educação A Folha Feminista, ISSN 1516-8042,
específica e diferenciada, e desenvolvi- tro das Comunidades Quilombolas de é um boletim da SOF na luta feminista.
mento sustentável, a partir das poten- Pernambuco, em maio deste ano, e que Este número tem apoio financeiro
cialidades e tradições locais, sempre na teve como temas Terra, Direitos e Cida- da Christian Aid.
perspectiva do fortalecimento da iden- dania Quilombolas. O encontro teve
tidade quilombola. Trabalho que é desen- como principal objetivo contribuir para EQUIPE EDITORIAL
volvido pelas mulheres da comunidade. o fortalecimento da organização das Diretora Responsável: Nalu Faria
A publicação “Crioulas, a voz da resis- comunidades quilombolas, além de Editora: Fernanda Estima (Mtb 25.075)
tência” é fruto desse trabalho. O jornal foi possibilitar maior intercâmbio, iden- Projeto Gráfico: Alexandre Bessa
feito a partir da construção coletiva das tificar problemas comuns, sensibilizar Diagramação: Márcia Helena Ramos
seções e pautas, além do projeto gráfico. órgãos e autoridades governamentais
Fotolito: Input
O Crioulas tem como objetivos estimular para promoção de políticas públicas.
Impressão: RWC Artes Gráficas
a comunicação interna em Conceição, O primeiro número do Crioulas, com
tiragem de dois mil exemplares, trabalha Tiragem: 1.500 exemplares
promover o encontro entre as gerações,
articular as comunidades quilombolas e muito bem as fotografias e ilustrações das Número avulso: R$1,50
dar visibilidade às suas lutas. matérias e dá destaque às discussões sobre
A publicação nos foi apresentada educação, geração de renda, tradições
quando a SOF participou do II Encon- quilombolas e a questão da água.
Movimentos Sociais em ação no Brasil Rua Ministro Costa e Silva, 36, Pinheiros
A Marcha Mundial das Mulheres, Via Campesina, CUT, CMP, UNE, dentre 05417-080 - São Paulo / SP
outras organizações convocaram os movimentos sociais brasileiros a construir um Tel/fax: 3819-3876
espaço de reflexão e ações conjuntas. Duas reuniões já aconteceram definindo uma Correio Eletrônico: sof@sof.org.br
plataforma política e o modo de funcionamento. Página na internet:
Os eixos de ação desta plataforma são a luta contra o imperialismo (campanhas e http://www.sof.org.br
lutas contra a Alca e OMC, FMI, dívida externa e transgênicos); um projeto de
desenvolvimento sustentável para o Brasil (organizar uma campanha por emprego,
salário e renda); e as reformas do governo (como intervir nas reformas da Previdência,
Tributária e Trabalhista). próximos números
No período de junho a agosto diversas mobilizações ocorrerão. Esses eventos, assim
como a organização constante de ativistas, serão momentos importantes no avanço • LUTA CONTRA A OMC
das lutas postas para todas, já que temos consciência que somente por meio da • POLÍTICAS PÚBLICAS E
mobilização e pressão alcançaremos as mudanças necessárias para mudar os rumos de PERSPECTIVAS DE GÊNERO
nossa sociedade.
folhafeminista 4