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Resumo Mulheres e Caças às Bruxas – Silvia Federici

Disciplina: Corpo poder cultura e direitos humanos


Discentes: Karoline Schoroeder e Luise Hergoz

Um pouco de Silvia Frederic


Silvia Federici nasceu em 1942, é natural de Parma, na Itália, mas vive nos
Estados Unidos da América. Ela é uma historiadora, professora e ativista feminista.
Nos anos 70, foi uma das reivindicadoras do trabalho doméstico realizado pelas
mulheres. Na década de 80 trabalhou, por vários anos, como professora na Nigéria.
Atualmente é professora emérita em Hofstra, Universidade em Nova York.
A autora escreveu também outros dois livros sobre temas semelhantes: O Calibã
e a Bruxa e O Ponto Zero na Revolução.
O livro “O Calibã e a Bruxa” traz uma pesquisa sobre a campanha de terrorismo
contra as mulheres que foi disfarçada de caça as bruxas durante a transição do feudalismo
para o capitalismo na Europa.
O livro “O Ponto Zero na Revolução” fala sobre o que é o trabalho doméstico
não remunerado, reconstrói os caminhos do feminismo anticapitalista e anticolonialista
durante os primeiros anos das mobilizações por salários para o trabalho doméstico.
Nesse sentido, no livro “Mulheres e Caça as Bruxas” a autora retoma os assuntos
do Calibã e atualiza o olhar sobre a caça as bruxas na atualidade e o quanto isso é
assustador.
Assim, o objetivo do livro é entender as causas imediatas dessa violência contra
as mulheres conhecendo suas origens e desvendando de que maneira se somam novas e
tão perversas formas de exploração a essa opressão histórica que as mulheres sofrem.
A autora separou o livro em duas partes, a primeira sobre a relação entre a caça
às bruxas e o processo contemporâneo de cercamento e privatização das terras, em que a
formação de classe proprietário de terras passou a existir e a produção agrícola passou a
ser um empreendimento comercial e a formação de uma população de pedintes ameaçava
o desenvolvimento de ordem capitalista.
E segundo discutiu sobre a relação entre a caça às bruxas e o crescente
cerceamento do corpo feminino por meio da ampliação do controle estatal sobre a
sexualidade e a capacidade reprodutiva das mulheres. E, nesta segunda parte, apresenta
um mapa com as formas de violência e investiga as relações dessas violências com a nova
forma de acumular capital. Além de fazer uma análise da caça às bruxas na Europa no
século 16 e 17 e ainda apresenta informações sobre a violência sistêmica contra as
mulheres hoje.
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Disciplina: Corpo poder cultura e direitos humanos
Discentes: Karoline Schoroeder e Luise Hergoz

A Federeci menciona ainda, que desde quando o seu artigo “Caças às bruxas,
globalização e solidariedade feminista na África dos dias atuais” foi publicado pela
primeira vez, cresceram os registros de assassinatos cometidos sob a alegação de bruxaria.
Ainda fala que na Tanzânia ainda existe a morte de mulheres por bruxarias, que mulheres
são golpeadas por facões, enterradas ou queimadas vivas. Bem como na República
Centro-Africana, as prisões estão cheias de mulheres em que foram acusadas de serem
bruxas, em 2016 e muitas dessas mulheres foram executadas, sendo queimadas vivas por
soldados que seguiam os passos dos perseguidores de bruxas do século 16.
Ainda, com a tecnologia podemos baixar documentos em que incentivam a caça
às bruxas e como identificar a bruxa, os computadores são usados por pessoas para
desmascarar seus alvos – as bruxas.
Portanto é recomendado analisar as novas caças às bruxas, assim como outras
formas recentes de violência contra as mulheres. Por conta disso, não podemos deixar
com que se repita a história de caça às bruxas como já vêm acontecendo em determinados
cantos do mundo.

Parte um: Revisando a acumulação primitiva do capital e a caça às bruxas


na Europa

Por que falar outra vez em caças às bruxas?


A caça às bruxas limitou as mulheres de suas atividades, como práticas médicas,
forçando-as a serem submissas ao controle patriarcal.
As mulheres no novo mundo tiveram seus recursos cortados com a nova
construção do Estado Rural e isso fez com que elas ficassem submissas àquele que tem
mais condições que elas.

Caças às bruxas, cercamentos e o fim das relações de propriedade comuna


Com o cerceamento das terras inglesas, ou seja, a privatização das terras, surge
o capitalismo agrário, no final do século 15. Ainda a autora atribui a caça às bruxas ao
causas do desenvolvimento do capitalismo, essa privatização das terras apenas contribuiu
com a caça às bruxas.
A classe camponesa em que eram cercados de terras comum desalojaram a
população de agricultores e colonos das terras comuns, em que dependiam daquela terra
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para sobreviver, a autora foca mais no cerceamento dos ingleses por ser o mais claro nas
diferentes dificuldades, principalmente a monetária, em que os homens e mulheres
tiveram neste período.
Desta forma, se impôs aluguéis extraordinários e diversas tributações.

Que indícios temos de que o cercamento de terras foi essencial na produção


de caças às bruxas?
Com o cerceamento de terras, as mulheres mais velhas, foram as mais
prejudicadas, pois não tinham de onde tirar seu sustendo, ainda mais quando já viúvas e
sem filhos, não tinha quem auxiliá-las. Por decorrência disso, a caça às bruxas na
Inglaterra, deve predomínio rural.
Entretanto, na economia rural inglesa as viúvas e pobres tinham subsistência
garantida (em que doava parte de suas terras e se fosse incapaz de próprio sustento dava
para o membro mais jovem da família em troca da garantia do seu sustento. Assim como
os pobres que tinham alguns direitos como dormir na igreja quando não tinham lugar para
ficar.

A pobreza, no entanto, não era a causa imediata das acusações de bruxaria


As bruxas então eram mulheres em que resistiam à exclusão social. Em que
ameaçavam, lançavam olhares reprovadores e amaldiçoavam quem se recusava a ajudá-
las. Acredito que eram mulheres amarguradas por estarem naquela situação e estarem
sofrendo uma injustiça, uma forma de rejeitar a marginalização.
As bruxas, as vezes eram curandeiras e que realizavam a “magia” através dos
seus partos, tratamentos com ervas, por conta disso era populares na comunidade, e isso
assinalava como perigo para elas, pois isso fazia com que elas tivessem de poder em suas
mãos, através dessa autonomia. O seu conhecimento pelas ervas medicinais não é levando
em consideração ou a sua prática de fazer feitiço, pois elas tinham poder sobre isso e
ameaçava o novo capitalismo que estava surgindo.
E esse cerceamento de corpos se iniciou o capitalismo, pois as mulheres nestes
períodos, participavam de muitos protestos, ainda arrancavam cercas que circundavam as
propriedades comuns. E percebeu-se neste momento em que as mulheres eram
necessárias para a procriação de novos trabalhadores para este novo sistema capitalista.
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A morte das “bruxas” era vista pela sociedade como lição para que desse um fim
para aqueles que gostariam de seguir o mesmo caminho. E, muitas mulheres aprenderam
a lição conforme este movimento de caça às bruxas foi avançando, e fez que até mesmo
com que muitas mulheres contribuíssem com as acusações de bruxarias, contudo, muitas
ficavam no papel passivo em que eram forçadas pelos homens a testemunhar, por meio
de procedimentos legais.
Ainda percebemos que com o início do capitalismo, além das bruxas serem o
perigo para esse novo modelo social, algumas crenças e práticas socio/culturais típicas da
sociedade europeia pré-capitalistas também foram excluídas, por ser grandes ameaças
para essa nova ordem econômica.
Ainda a autora fala que com o início do capitalismo, afastou o ser humano do
animal, pois este novo sistema acreditava que o animal era a encarnação daquela
instintividade incontrolável que o capitalismo devia reprimir para ter trabalhadores
disciplinados.
O capitalismo reestruturou a ordem social e colocou a mulher no lugar não
racional, a mulher passou a ser um ser dócil, domesticada e instrumental, ou seja,
responsável pela reprodução dos novos trabalhadores. As mulheres foram obrigadas a
aceitarem este lugar e serem lideradas por homens pois teriam a proteção que as salvariam
do carrasco ou da fogueira.

A caça às bruxas e o medo do poder das mulheres


Neste capítulo podemos observar em que Federici ressaltou em que a bruxa era
normalmente a mulher mais velha em que dependia da ajuda dos vizinhos, e que era uma
mulher amargurada e que ameaçava as pessoas que não a ajudasse. Muitas das acusadas
ainda eram de mulheres que tinham um grau de poder na sociedade por conta de seu
trabalho de curandeira, parteira e feitiços para encontrar objetos bem como adivinhações,
tendo essa uma autonomia perante a sociedade.
Nenhuma autoridade política ou religiosa do século XVI expressou esse
sentimento de maneira tão grosseira quanto Lutero, mas a limitação da sexualidade
feminina ao casamento e à procriação, bem como a obediência incondicional da esposa,
foram instituídas em todos os países – independentemente do credo religioso – como pilar
da moralidade social e da estabilidade política.
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Para capitalistas, a sexualidade feminina foi historicamente representada como


perigo social, ameaça à disciplina do trabalho, poder sobre as outras pessoas e obstáculo
à manutenção das hierarquias sociais e às relações de classe. E para aquelas mulheres em
que moram sozinhas, em gral, praticavam prostituição.
Dessa forma, não foram poupados esforços para retratar a sexualidade feminina
como algo perigoso para os homens e humilhante para as mulheres, de modo a reprimir
seu desejo de usar o próprio corpo para atraí-los. Nunca, ao longo da história, as mulheres
foram submetidas a tão grande agressão, organizada internacionalmente, aprovada pelas
leis, abençoada pelas religiões. Com base nas evidências mais frágeis, em geral nada além
de uma denúncia, milhares foram detidas, desnudadas, tiveram o corpo totalmente
depilado e, então, perfurado com longas agulhas por toda parte na busca da “marca do
diabo”, em geral na presença de homens – do carrasco aos notáveis e aos sacerdotes da
localidade. E isso não representou, de forma alguma, o fim de seus tormentos. As
crueldades mais sádicas já inventadas foram infligidas ao corpo da mulher acusada, que
serviu de laboratório ideal para o desenvolvimento de uma ciência da dor e da tortura.
Surge, desse modo, novo modelo de feminilidade em que as mulheres tiveram
de se conformar para serem socialmente aceitas durante o desenvolvimento da sociedade
capitalista: a feminilidade assexuada, obediente, submissa, resignada à subordinação ao
mundo masculino, aceitando como natural o confinamento a uma esfera de atividades que
foram completamente depreciadas no capitalismo.
Portanto, as mulheres passaram a conhecer sias obrigações sociais e punições
casos não cumprissem as ordens do capitalismo. E as classes sociais mais baixas
aprendiam como funcionava o poder do estado e o que aconteceria se resistissem a ele.

Sobre o significado de gossip


Quando duas mulheres estão conversando deixou de ser algo útil e se
transformou num termo em que era uma conversa fútil, uma conversa que se nasceria
uma discórdia. Construir um significado para uma palavra ao qual tinha um sentido
positivo, para um sentido depreciativo com a amizade das mulheres, fez com aumentasse
a destruição da sociabilidade feminina na idade média.
A palavra gossip, no início era usado no sentido positivo, como companhia na
hora do parto, também era utilizado para amizade feminina, o termo tinha conotação
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emocionais, ou seja, era utilizado para unir as mulheres na sociedade inglesa pré-
moderna.
Contudo, as mulheres começaram a serem vistas muito tempo com suas amigas,
em tavernas para beber e se divertirem, tendo uma vida autônoma, além de seus maridos.
Aqui neste período, até o século XIV, as mulheres ainda tinham sua autonomia e
liberdade, pois conseguiam realizar diversas atividades sem seus maridos. Contudo a
posição social da mulher começou a deteriorar no século XVI, em que começou as
acusações das mulheres por bruxaria e de agressões contra as esposas tidas como
rabugentas e dominadoras. E foi, a partir deste momento que se começou a ter uma visão
negativa do termo gossip, no sentido de conversas fúteis, e as mulheres tiveram o seu
poder na sociedade enfraquecido.
E no final do século XVI, a mulher não poderia expressar nenhuma
independência de seu marido, sendo punida se demonstrasse a independência como uma
briga por exemplo.
A mulher tinha que ser obediente e caso não cumprissem as regras impostas pela
sociedade, sofreria punições, como ser colocado instrumentos em que rasgavam sua
língua quando tentasse falar algo. E, ainda a mulher que fosse punida com este
instrumento podia ser conduzida pela cidade em uma humilhação pública para aterrorizas
as demais mulheres. As mulheres, portanto, não tiveram opções, a não ser obedecer a
essas ordens, para não sofrer cruéis punições.
Na Inglaterra em 1547, ainda foi realizado um decreto em que a mulher era
proibida de se encontrar com amigas para tagarelar e era obrigação dos maridos em
manter as suas esposas em casa. A caça às bruxas, ainda fez com que as mulheres
passassem a umas a acusar as outras, mesmo sendo famílias e amigas, em razão das
torturas que eram feitas com as acusadas.

5- A fofoca e a formação do ponto de vista feminino


Gossip, nos dias de hoje, é considerado uma conversa informal, sobretudo, uma
conversa danosa o sujeito principal da conversa, em que é capaz de arruinar reputações,
a famosa “roda de conversa feminina”.
É dessa forma que as mulheres têm sido silenciadas e até hoje excluídas de
muitos lugares onde são tomadas decisões, privadas da possibilidade de determinar a
própria experiência e forçadas a encarar os retratos misóginos ou idealizados que os
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homens fazem delas. Estamos, no entanto, recuperando nosso conhecimento. Como uma
mulher disse recentemente em um encontro para discutir o sentido da bruxaria, a mágica
é: “Sabemos que sabemos”.

Parte dois Novas formas de acumulação de capital e a caça às bruxas em


nossa época

6- Globalização, acumulação de capital e violência contra as mulheres: uma


perspectiva internacional e histórica
Neste capítulo, Federici traz evidências em que está começando uma nova caça
às bruxas, em razão do aumento severo de assassinato das mulheres. E nesta segunda
parte ela busca encontrar as novas formas de violência no contexto histórico e investiga
o impacto do desenvolvimento capitalista durante a história na vida das mulheres e na
relação dos gêneros. Além de analisar as estratégias de resistências, criadas por mulheres
em todo o mundo para acabar com elas.

Capitalismo e a violência contra as mulheres


Com a construção do capitalismo se instaurou a guerra contra as mulheres,
ocasionando diversas mortes na Europa e no Novo Mundo, nos séculos XVI e XVII.
Apontando as mulheres como bruxas, foi um meio em que preparam as mulheres
para ficarem dentro de suas casas e trabalharem neste ambiente e que não evoluíssem
financeiramente, o que levou a dependência econômica das mulheres pelos homens. E fez
com que as mulheres fossem vistas apenas para a procriação dos novos trabalhadores.
Podemos observar ainda que esta estrutura social existe até os dias atuais, contudo, as
mulheres têm sido fortemente resistente e aos poucos estão conseguindo realizar uma
transformação do mercado de trabalho.
A violência contra as mulheres passou a ser normalizada. Ainda, o
comportamento sexual feminino, nos anos 20 e 30 eram considerados problemas mentais
e poderiam ocasionar até mesmo esterilização. E esse procedimento de esterilização das
mulheres foi executado até 1960. A violência contra as mulheres se dá quando se
realizavam a lobotomia para a cura da depressão, pois este tipo de cirurgia era ideal para
as mulheres que trabalhavam em casa, pois supostamente não precisa de cérebro para
realizar os trabalhos domésticos.
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Ou seja, a violência doméstica existiu muito forte e por conta desse enraizamento
das sociedades para com a violência contra as mulheres ainda é normalizado este tipo de
violência.
O capitalismo está sendo mais cruel nos dias de hoje para que se tenha a
consolidação de seu poder, sendo mais agressivo e atacando diretamente as mulheres,
pois querem atingir apenas o capital e que para isso enfrentam qualquer coisa que estejam
na sua frente, e aqui acredito que Federici se refere a mulher como uma grande mulher e
em razão disso o capitalismo tenta silenciar as mulheres.
Este tipo de violência está “ensinado em manuais”, pois precisa ser planeja e
executada com garantia de que sejam impunes, assim como ocorre com as grandes
empresas que poluem por exemplo, temos como exemplo o caso da barragem da Vale, e
essas empresas acabam que por poluindo o meio ambiente e acabam por não serem
punidas por suas ações, e as pessoas que percebem isso são silenciadas por pessoas de
cargos superiores por meio de ameaças e punições. As mulheres neste sistema capitalista,
são desvalorizadas, principalmente às mulheres idosas que são consideradas inúteis.
A caça às bruxas volta nos anos 1990, especialmente na África e na Índia. Na
África, a Federici relata que as vítimas são mulheres mais velhas que tem um pedaço de
terra, e as acusações sobre elas são de pessoas mais jovens da comunidade bem como de
sua família, em que veem as idosa como usurpadoras do que deveriam pertencer a eles e
não a ela.
Contudo, há outras formas de acumulação de capital influenciam a violência
contra as mulheres, como desemprego, trabalhos precários e queda da renda familiar. E
os homens acabam por descarregar a suas frustações nas mulheres e em busca de
recuperar o poder social acabam por explorar a mão de obra feminina, desvalorizando
ainda o corpo da mulher.
E o trabalho da mulher é considerado mão de obra barata, consigo aceitam em
busca de melhorar a renda familiar e acaba por desvalorizar seu trabalho. Além de muitas
mulheres terem que vender seus corpos para se ter o capital. Contudo, o papel da mulher
de ser apenas do lar e como reprodutora da nova geração não deixou de existir, mas não
é mais uma condição suficiente para a aceitação social. E a gravidez passou a ser uma
desvantagem para a mulher pois é o momento em que ela é mais vulnerável, pois não
querem dar emprego a uma pessoa gravida pois já não vai realizar o trabalho de maneira
correta.
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Mas as mulheres deixaram de ser submissas dentro de casas para seus maridos e
sofrer a violência direta, e tem que trazer capital para a sua família, entretanto agora são
submissas a diversas pessoas, e assim, ainda acabam sendo vulneráveis aos abusos do
capitalismo.
A misoginia é agravada pelo racismo, e que os casos de mulheres negras recebem
pouco atenção da mídia quanto de mulheres brancas.
A violência doméstica e pública se sustenta, pois, as mulheres muitas vezes não
denunciam os abusos que sofrem em razão do medo de serem rejeitadas pela família ou
por serem sujeitadas a mais violência.

Caça às bruxas, globalização e solidariedade feminista na África dos dias


atuais
Hoje, a literatura sobre o retorno da caça às bruxas no cenário mundial cresceu,
bem como as reportagens sobre assassinatos de bruxas, não só na África, mas também na
Índia, no Nepal e na Papua Nova Guiné.
O caça às bruxas na África deve ser compreendida em decorrência da crise do
processo da reprodução social causada pela liberalização e pela globalização econômica
africana. Com isso, Federici entende os caças as bruxas na atualidade como assassinatos
por dotes. Essas acusações sociais se dão pelo processo de alienação social produzidos na
economia global e da propensão dos homens descarregarem nas mulheres suas frustações
econômicas de acompanhar o capitalismo.
Ainda reflete que as feministas deveriam levar a julgamento as grandes
instituições que tornaram isto possível, como o governo africano, o banco mundial, o
fundo monetário internacional e seus apoiadores, em que as políticas destruíram
economias locais e recolonizaram o continente africano, ocasionando esta nova caça às
bruxas. Ainda deveriam levar em consideração o julgamento as Nações Unidas, em que
não apoiam efetivamente os direitos das mulheres, mas tratam a liberalização econômica
como objetivo de desenvolvimento.

Caça às bruxas e globalização na África dos anos 1980 aos dias atuais.
Nos anos 90, se teve um aumento na violência contra as mulheres na África,
ainda a autora relata que mais de 3.000 mulheres estão exiladas hoje em Gana, em campos
de bruxas, sendo forçadas a fugir das suas comunidades por conta das ameaças de morte.
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Podemos perceber que os agressores das “bruxas” são homens jovens, normalmente
solteiros, e que agem como mercenários sob ordens de familiares das “bruxas” ou de
pessoas interessadas (nas terras dessas mulheres), pois essas mulheres velhas estavam em
suas terras eram culpadas por seus infortúnios. Dessa forma, se aposentar não se tornou
algo tranquilo e sem um negócio arriscado.
A caça às bruxas se tornou um problema global e não mais africano. E podemos
observar que a caças as bruxas começou com o período colonial ao qual se introduziu na
sociedade o mercado e o que alterou as relações sociais, criando gomas de desigualdade.
Antes deste período as Bruxas eram punidas, entretanto não eram assassinadas. E o ponto
de vista mais convincente para a questão do caça as bruxas é a reação da crise social
produzida pela reestruturação liberal das políticas econômicas da África.

Caça às bruxas como caça às mulheres


As mulheres em Gana, após serem acusadas vão para “campos das bruxas”,
muitas até vão voluntariamente, são aquelas que são idosas e não podem contribuir com
seus serviços para a sociedade.
Em 1997, em Gana, se teve a epidemia da meningite, e as mulheres mais velhas
foram brutalmente atacadas e acusas de serem responsáveis por essa epidemia. Os homens
que foram mortos neste período ou estão sendo suspeitos de bruxaria foram mortos nos
lugares das mulheres por não serem encontradas. Hoje em Gana, as crianças são
incentivadas a apedrejar idosas acusadas de bruxaria.
No Congo, as mulheres que mais sofrem violência, são as agricultoras que
moram sozinhas, e as que moram nas cidades são as mulheres que são vendedoras nas
ruas e os homens se sentem ameaçados com elas, pois acreditam que elas estão
competindo com eles.
Ou seja, percebemos que há ataques contra as mulheres que reflete na
desvalorização da posição e identidade das mulheres. Ainda, observamos que as mulheres
para autora são consideradas pessoas muito fortes, e por decorrência este medo dos
homens se sermos superiores a eles, dessa forma o que lhe restaram foram nos silenciar e
nos punir quando não obedecer a norma desta sociedade patriarcal.

Caça às bruxas e ativismo feminista: reconstruindo os bens comuns


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Federeci, ainda fala, que as feministas poderiam contribuir para o fim do caça às
bruxas com tipos diferentes de investigação ao qual analisasse as condições sociais que
produzem essa caça, o que geraria um apoio social pelos direitos humanos.
Na verdade, do ponto de vista da aldeia africana e das mulheres que foram
vítimas da caça às bruxas, podemos dizer que o movimento feminista também está em
uma encruzilhada e deve decidir “de que lado se encontra”. As feministas dedicaram
muitos esforços, durante as duas últimas décadas, a conseguir um espaço para as mulheres
nas instituições, dos governos nacionais às Nações Unidas.
Nem sempre, entretanto, fizeram esforço idêntico para “empoderar” as mulheres
que suportaram a maior parte do impacto da globalização econômica na prática,
principalmente as mulheres rurais. Dessa forma, enquanto muitas organizações feministas
comemoraram a Década das Nações Unidas para a Mulher, elas deixaram de ouvir os
gritos das mulheres que, nos mesmos anos, foram queimadas como bruxas na África e
não perguntaram se “poder das mulheres” não é uma expressão vazia quando idosas
podem ser torturadas, humilhadas, ridicularizadas e mortas impunemente pela juventude
de suas comunidades.

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