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EM MOVIMENTO
Apoio:
Elaine Campos
uma relação de confiança entre nós.
Compreendemos que a igualdade
só existirá de fato se alcançar o conjun-
to das mulheres. Por isso nos definimos
como um movimento feminista anti-
capitalista e antirracista, enfrentando o
conjunto das formas de opressão e dis-
criminação que vivem as mulheres em
relação à sexualidade e à idade.
dicotomias, que opõem razão e emoção, cia e apresentar a proposta de criar uma
objetivo e subjetivo, público e privado. campanha global de mulheres. O primei-
Fazem parte da estratégia da Marcha ro contato no Brasil foi com as mulheres
ações com muita criatividade que par- da Central Única das Trabalhadoras e Tra-
tem da experiência concreta e do conhe- balhadores (CUT). Foram elas que marca-
cimento das mulheres. É fundamental a ram as reuniões para discutir a proposta e
utilização de outras formas de expressão, definir as representantes brasileiras para o
para além da linguagem verbal. A combi- primeiro encontro internacional da MMM,
nação das práticas de educação popular que aconteceu em 1998, em Quebec, e
e dos grupos de reflexão feminista é a teve a participação de 145 mulheres de
base para a construção da MMM. 65 países e territórios. Nesse encontro foi
Não só a globalização de nossas lutas, elaborada uma plataforma com 17 reivin-
mas também a construção de uma força dicações para a eliminação da pobreza e
mundial, com ações enraizadas em cada da violência contra as mulheres. E ali foi
local, poderá ser capaz de garantir um convocada a Marcha Mundial das Mulhe-
processo emancipatório irreversível. res como uma grande campanha a ser
desenvolvida ao longo do ano 2000.
MULHERES EM MARCHA: ANOS 90
A inspiração para a criação da Marcha
Arquivo MMM
1A AÇÃO INTERNACIONAL
Arquivo MMM
2000 RAZÕES PARA MARCHAR
CONTRA A POBREZA E
A VIOLÊNCIA SEXISTA
A convocatória para a campanha rea-
lizada no ano 2000 teve um largo alcan-
ce e deu origem à construção da MMM
como um movimento internacional. A A Marcha das Margaridas reuniu 20 mil mulheres
ação mobilizou milhares de grupos de em Brasília, em agosto de 2000.
mulheres em mais de 150 países e territó-
rios, em atividades de educação popular dia de luta pela erradicação da pobreza,
e manifestações públicas de apoio às 17 com marchas simultâneas em 40 países,
reivindicações mundiais. e atos em frente à sede do Banco Mun-
No Brasil, entre 8 de março e 17 de dial e do Fundo Monetário Internacional,
outubro, foram realizadas atividades em em Washington, nos Estados Unidos. As
todos os estados. O grande momento mulheres denunciaram os efeitos devas-
nacional desta ação foi a realização da tadores do neoliberalismo em seus países
Marcha das Margaridas, proposta pelas e em suas vidas. Em um ato simbólico em
mulheres da Confederação Nacional dos frente à sede da Organização das Nações
FEMINISMO EM MOVIMENTO
Simone Bruno
são: justiça social, democracia, au-
tonomia, igualdade e liberdade.
As Margaridas elaboram plata-
formas políticas pautando: refor-
ma agrária; soberania alimentar;
valorização do trabalho das mu-
lheres; direitos trabalhistas, sociais
e previdenciários; valorização do
salário mínimo; educação e saú-
de pública no campo; combate à “COM ESSA MARCHA
violência;agroecologia e sustenta-
bilidade; economia solidária etc. MUITA COISA VAI MUDAR”:
Em 2019, a Marcha das Marga- UM MOVIMENTO PERMANENTE
ridas tem sua 6ª edição. A Marcha Aqueles eram tempos de pensamen-
acontece em agosto, mas sua pre- to único, o neoliberalismo era forte-
paração e mobilização se inicia mente hegemônico e parecia não haver
muitos meses antes, em um pro- alternativa. As mulheres propuseram
cesso amplo e contínuo por todo ir além do possível e ousaram seguir
o país. A Margarida que os pode- atuando juntas para construir a Marcha
rosos quiseram calar espalhou sua Mundial das Mulheres como um movi-
semente. mento permanente, uma consequência
das novas forças e sinergias mobilizadas
Helena Zelic
em cada local.
FEMINISMO EM MOVIMENTO
FEMINISMO EM MOVIMENTO
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A Campanha Continental contra a ALCA
Elaine Campos
NO BATUQUE DO TAMBOR!
A Batucada Feminista é um instru- clados ou que fazem parte do nosso
mento político de luta que expressa cotidiano. Quando tocamos na batu-
nossa ação feminista. Na MMM, a ba- cada estamos dizendo que queremos
tucada começou no FSM em 2003, a outras práticas e que não aceitamos a
partir da experiência das mulheres do cultura musical machista e preconcei-
Rio Grande do Norte. No 8 de março tuosa que ouvimos todos os dias. Esta-
do mesmo ano, a batucada já apare- mos denunciando o machismo e afir-
ceu em alguns estados. Desde então, mando nossas alternativas coletivas.
somou e inovou uma linguagem pró- Olhando em retrospectiva, é evi-
pria da MMM. dente a influência da política e mesmo
Com a batucada, buscamos demo- da estética da Marcha na configura-
cratizar a fala nas ruas. O ritmo ajuda ção do feminismo massivo que tem
a gerar concentração, unidade e força tomado as ruas em todo o país.
nos momentos de ação coletiva. Tocar
Julia Palandi Gayoso
A ECONOMIA
NA AGENDA FEMINISTA
A Marcha avançou em análises e pro-
postas tendo como referência a econo- 9
(Rede Economia e Feminismo) foi fun- zendo novos sentidos para as práticas de
damental para esse processo coletivo de autogestão e solidariedade. As mulheres
elaboração política. colocam a reprodução da vida na agenda
Mais do que uma proposta teórica, a política da economia solidária. Nos espa-
economia feminista é uma ferramenta ços de encontro e ações da MMM, por
política para construir, na prática, alter- todo o país, nos organizamos para dar
nativas ao modelo hegemônico. Com a visibilidade a essa outra forma de orga-
auto-organização das mulheres, fazemos nizar a economia, garantindo espaços de
uma economia solidária e feminista, tra- comercialização e debate político.
A CAMPANHA
PELA VALORIZAÇÃO
DO SALÁRIO MÍNIMO
A autonomia econômica das mulhe-
res é uma condição para transformar a
vida das mulheres. Mas a autonomia
não é apenas uma conquista individu-
al e passa por mudanças na economia
como um todo.
Por isso, em 2003, a Marcha do Brasil
iniciou uma Campanha pela Valoriza-
ção do Salário Mínimo, como uma estra-
tégia para distribuir a renda, combater a porcentagem é equivalente à dos países
pobreza, diminuir as desigualdades sa- onde há uma distribuição de renda mais
lariais entre homens e mulheres, brancos justa. Ou seja, em nações com uma con-
e negros. centração de renda menor que a nossa,
A campanha propunha dobrar o valor o valor do salário mínimo corresponde à
do mínimo em quatro anos, promoven- divisão de 60% do PIB desses países pelo
do a cada ano um reajuste integral da in- total de trabalhadores.
flação mais um aumento de 19% em seu Durante os governos Lula e Dilma,
FEMINISMO EM MOVIMENTO
valor. Depois, numa segunda etapa, ele- uma política de valorização do salário
var o salário para R$ 730,00 (em 2006). mínimo foi implementada. Ainda que
O cálculo para chegar a esse valor foi a com valores abaixo da proposta da Mar-
divisão de 60% do PIB (Produto Interno cha, a valorização do salário mínimo
Bruto) pelo número dos e das que traba- contribui muito para o enfrentamento a
lham com remuneração – descontando pobreza e para melhorar as condições de
do total as crianças de 10 a 14 anos. Essa vida da classe trabalhadora.
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Isadora Mendes
Arquivo MMM
nização a partir de agendas fragmentadas
CONTRA A POBREZA E A OPRESSÃO e articulamos as dimensões, de classe,
DO CAPITALISMO PATRIARCAL: gênero e raça, em uma luta anti-sistêmica.
VAMOS PROVOCAR UMA Explicitamos em nossas ações que, en-
REVOLUÇÃO MUNDIAL! quanto se reconheciam os direitos das
mulheres nas declarações das conferên-
A luta para mudar o mundo e mudar
cias da ONU, o mercado reorganizava
a vida das mulheres se dá como parte de
a vida das mulheres em nossos países,
um só movimento. Não basta identificar aprofundando a violência e a exploração
que os impactos deste sistema são piores do trabalho das mulheres.
para as mulheres. Partimos de uma análise
de que o capitalismo faz uso de estruturas
patriarcais no seu processo de acumula-
A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
ção, que avança sobre os territórios, o tra- NÃO É O MUNDO QUE A GENTE QUER!
balho e o corpo das mulheres. Não busca- A violência contra a mulher é estrutu-
mos apenas diminuir impactos negativos rante do patriarcado. A ideia geral sobre
deste modelo na vida das mulheres, mas a violência contra as mulheres é que se
sim organizamos uma luta para transfor- trata de uma situação extrema ou lo-
mar as estruturas que organizam todas as calizada, envolvendo pessoas individu-
relações de desigualdade e poder. almente. Mas, na verdade, ela nos toca
Buscamos recolocar a luta anticapi- a todas, pois todas já tivemos medo,
talista e antipatriarcal no momento em mudamos nosso comportamento, limi-
FEMINISMO EM MOVIMENTO
MUDAR O MUNDO
PARA MUDAR A VIDA DAS MULHERES
PARA MUDAR O MUNDO
O capitalismo incorporou a domina-
ção patriarcal como estruturante de seu
12 modelo econômico e de suas práticas,
OFENSIVA CONTRA
A MERCANTILIZAÇÃO DO CORPO
Carolina Caleffi
E DA VIDA DAS MULHERES
As jovens da MMM se colocaram
como objetivo articular e intensificar
as ações que já eram realizadas nos es-
tados. Sua estratégia inclui a reflexão e
elaboração de ações feministas contra
o machismo na sociedade de mercado
e se materializa em colagem de carta-
zes, intervenção em cartazes publicitá-
rios, ações de rua com batucada, deba-
tes sobre letras de música, publicidade
na TV, revistas e padrões de beleza.
A ofensiva, lançada em 2004 como
uma ação permanente, organizou uma
crítica ao controle do corpo e da sexua-
lidade das mulheres pelo mercado, en- Intervenção direta em outdoors, na Av. Paulista,
em São Paulo, como parte das ações do
tendendo que este é também um dos 17 de outubro de 2004.
pilares de sustentação do patriarcado.
Carolina Caleffi
particular.
Arquivo MMM
ção comum entre mulheres, com diferen-
tes experiências e culturas políticas.
A Carta apresenta o mundo que que-
remos construir, baseado em cinco valo-
res: liberdade, igualdade, solidariedade,
justiça e paz.
No dia 8 de março de 2005, durante
uma passeata com a participação de 30
mil mulheres de todo o Brasil em São
Paulo, a Carta iniciou sua viagem ao redor um dos países mais pobres do mundo.
do mundo. Até 17 de outubro, ela passou Enquanto isso, ações foram realizadas
por 53 países e territórios. Nestes países, em 17 de outubro, ao meio-dia, em cada
as Coordenações Nacionais da Marcha meridiano, em uma vigília de 24 horas de
expressaram as suas lutas e propostas em Solidariedade Feminista. A “onda” come-
um retalho de tecido. Estes retalhos foram çou nas ilhas do Pacífico (Nova Caledônia,
sendo costurados em uma Colcha da So- Samoa e outras), foi para a Ásia, Oriente
lidariedade, que foi concluída na última Médio, África e Europa simultaneamente,
parada em Ouagadougou, Burkina Faso, terminando nas Américas.
O 8 de março é uma data muito importante para nós mulheres. Como dia de luta, é resultado
FEMINISMO EM MOVIMENTO
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SEM FEMINISMO
Arquivo MMM
NÃO HÁ AGROECOLOGIA!
A Marcha Mundial das Mulheres
participa da construção do GT de
Mulheres da Associação Nacional
de Agroecologia (ANA), que organi-
za os Encontros Nacionais de Agro-
ecologia (ENA). Até agora foram 4
edições do ENA e, através da luta
das mulheres, cada vez mais o femi-
nismo aparece nesse espaço como
elemento crucial para a prática da
MULHERES LIVRES, agroecologia.
A agroecologia se propõe a atu-
POVOS SOBERANOS ar no enfrentamento da exploração
A defesa da autonomia das mulhe-
das grandes empresas sobre os ter-
res e da soberania dos povos orienta a
ritórios, na produção e consumo de
construção de alternativas ao modelo
alimentos saudáveis a partir do uso
de produção, reprodução e consumo
e manejo sustentável dos agroecos-
capazes de gerar igualdade. Em agosto
sistemas e na promoção de relações
de 2008, as mulheres da MMM e da Via
justas, igualitárias e equilibradas
Campesina Brasil organizaram o Encon-
entre as pessoas e a natureza. Para
tro Nacional de Mulheres em Luta por
modificar as relações, é preciso que
Soberania Alimentar e Energética. Esse
a agroecologia se some na luta femi-
foi um momento no qual afirmamos a
nista para alterar a divisão sexual do
crítica à concepção de desenvolvimen-
trabalho, valorizando e reconhecen-
to baseada na ideia de crescimento eco-
do as atividades produtivas e repro-
nômico ilimitado, onde o mercado e o
dutivas das mulheres, e, mais do que
lucro privado são priorizados em detri-
isso, buscando diminuir a sobrecar-
mento da dignidade e sustentabilidade
ga de trabalho das mulheres, com o
da vida. As mais de 500 mulheres urba-
compartilhamento do trabalho do-
nas e rurais presentes deram visibilidade
FEMINISMO EM MOVIMENTO
méstico e de cuidados.
às alternativas construídas em práticas
Helena Zelic
18
ção marcou as ações regionais na Tur-
3A AÇÃO quia, especialmente pela contribuição
INTERNACIONAL das mulheres dos Bálcãs e das curdas,
SEGUIREMOS EM nas Filipinas e na Colômbia, onde ocor-
MARCHA reram mobilizações diante das bases
ATÉ QUE TODAS militares dos Estados Unidos. O ato de
SEJAMOS LIVRES encerramento da ação em Bukavu, na
República Democrática do Congo, foi
A Terceira Ação Internacional foi rea-
uma experiência única da diplomacia
lizada em 2010. No Brasil, 3 mil mulheres
popular e da solidariedade internacio-
marcharam entre as cidades de Campi-
nal. Dez anos após a entrega das 17 de-
nas e São Paulo. Os quatro campos de
mandas internacionais à ONU, a MMM
ação: Trabalho e autonomia econômica
questionou esta instituição no terreno
das mulheres; violência; bens comuns
em que atua, afirmando que os direitos
e serviços públicos; e paz e desmilitari-
das mulheres inscritos em convenções,
zação – concretizaram a plataforma da
tratados e resoluções da ONU só fazem
MMM.
sentido quando são reais para todas as
Esta ação teve três focos: expressar
mulheres do mundo.
demandas nacionais por meio de mar-
chas e/ou caravanas; marcar o 100º ani-
João Zinclar
FEMINISMO EM MOVIMENTO
internacionais.
A grande contribuição desta ação foi
convidar as mulheres de todos os países
a refletir sobre a militarização da vida
cotidiana e sua relação com o modelo
capitalista e patriarcal, bem como a visi-
bilizar os interesses que existem por trás
dos conflitos. O eixo paz e desmilitariza- 19
Alojamento na ação internacional de 2010
PARA O FEMINISMO, Desde a articulação da Cúpula dos
Povos na Rio+20, a resistência à mercan-
O CAPITALISMO NÃO TEM ECO! tilização e financeirização da natureza
O novo discurso capitalista, que hoje
ganhou cada vez mais relevância, princi-
se traduz nas propostas da “economia
palmente porque as propostas do capita-
verde”, é o mesmo que mercantiliza nos-
lismo verde se ampliaram em nosso país
sas vidas, nossos corpos e nossos terri-
e no mundo. Nosso acúmulo na crítica à
tórios. Resistimos à utilização da nature-
economia verde e na defesa dos comuns
za como um recurso a serviço do lucro
nos orientam nas articulações com os
de empresas, visto como inesgotável ou
movimentos sociais por justiça climática
como mercadorias mais caras à medida
e ambiental. Em 2018, o Fórum Alternati-
que se esgotam, pela má utilização.
vo Mundial da Água (FAMA) foi um ponto
A experiência de invisibilidade e des-
de encontro que unificou a luta contra a
valorização do trabalho das mulheres no
apropriação privada da água, dos bens
cuidado das pessoas é muito similar ao
comuns e dos serviços públicos.
que acontece com a natureza. O tempo
e a energia de cuidar das pessoas, que
Arquivo MMM
esferas gera.
A luta feminista por um novo pa-
Arquivo MMM
24 HORAS DE SOLIDARIEDADE
O que motiva nossa solidariedade in-
ternacional é a compreensão de que to-
das compartilhamos uma história e uma
situação de opressão, ainda que esta se 21
na região Nordeste, que resistem ao agro
e hidronegócio em seus territórios. COLETIVO DE COMUNICADORAS
Em 2014, aderimos à Campanha Rou- O coletivo de comunicadoras é um
pas Limpas, que exerce pressão junto às grupo nacional de mulheres que deba-
marcas transnacionais para que deposi- te e produz a comunicação da Marcha
tem a parte que lhes cabe do seu fundo Mundial das Mulheres. O coletivo foi
de apoio às vítimas do acidente, e a Mar- criado a partir da experiência de comu-
cha de Bangladesh, Turquia e Filipinas nicação colaborativa construída duran-
fizeram manifestações. Em 2015, com as te o 9º Encontro Internacional da Mar-
tags #QuemFezSuaRoupa e #VidasPrecá- cha. Nos nutrimos das experiências da
rias, fizemos ações dentro do Wal Mart, convergência de comunicação dos mo-
supermercado que comercializa roupas vimentos sociais em espaços de alian-
produzidas a partir de trabalho escravo. ças, onde construímos práticas contra-
Nesse dia, denunciamos a proposta de -hegemônicas de comunicação popular.
terceirização irrestrita do trabalho no No coletivo, somos todas comuni-
Brasil, que depois foi ampliada com a cadoras: algumas são especialistas no
reforma trabalhista. Em 2017, algumas assunto, outras não, mas o importante
cidades organizaram rodas de conversa é que todas somos capazes de produzir
e panfletagens, e aconteceu um debate comunicação. Nossa comunicação se
nacional online, que colocou nossa crí- esforça para mostrar a diversidade da
tica ao militarismo e às suas expressões Marcha: regional, geracional, política,
no Brasil. Em 2018, ocupamos a Riachue- a diversidade do campo e da cidade.
lo, marca de roupas que apoiou o golpe Queremos construir uma comunicação
e a Reforma Trabalhista e já foi denuncia- popular, sem cercas, que colabore para
da por trabalho análogo à escravidão. integrar redes, ruas e roçados.
FEMINISMO EM MOVIMENTO
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Arquivo MMM
VIDAS NEGRAS IMPORTAM!
A luta antirracista é essencial para a
luta feminista e anticapitalista: uma não
funciona sem a outra. Por isso, faz parte
da nossa agenda feminista a luta pelo
povo negro vivo, pela desmilitarização
nas periferias, pelo fim da guerra às dro-
gas, que na verdade é a guerra contra os
pobres.
O olhar sobre a raça é transversal em
nossa visão de mundo, uma vez que a his- MARCHA DAS MULHERES NEGRAS
tória das mulheres trabalhadoras no Brasil Em novembro de 2015, diversas or-
é, em sua maioria, a história das mulheres ganizações do movimento negro e
negras, que foram submetidas à escravi- feminista, partidos e movimentos
dão, ao desamparo, à violência, à discrimi- sociais organizaram a Marcha das
nação e, até hoje, ao trabalho precário e Mulheres Negras. Fora cerca de 50
mal-pago, onde são maioria. Além disso, mil mulheres negras marchando em
o Mapa da Violência de 2015 não trouxe Brasília, a partir do lema “contra o ra-
boa notícia: em dez anos, apesar dos as- cismo, a violência e pelo bem viver”.]
sassinatos de brasileiras brancas terem A MMM contribuiu na construção da
diminuído 9,8%, os assassinatos de brasi- Marcha das Mulheres Negras em di-
leiras negras cresceram 54%. Isto significa versos estados. Em estados como São
que o patriarcado avança por dentro do Paulo, as militantes negras da MMM
racismo, e que nossa luta feminista pre- participam na construção das ativi-
cisa alterar a sociedade como um todo dades permanentes da Marcha das
para, assim, garantir que todas as mulhe- Mulheres Negras e em datas como o
res tenham direito a uma vida que vale a 25 de julho, Dia da Mulher Negra La-
pena ser vivida. tino-americana e Caribenha. A MMM
também participa, em vários estados,
POR UMA SEXUALIDADE LIVRE! da construção das marchas de 20 de
FEMINISMO EM MOVIMENTO
Os estados do
país onde a
Marcha Mundial
das Mulheres
está organizada.
Nos demais
estados, temos
contatos
FEMINISMO EM MOVIMENTO
articulados.
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RUMO À 5a AÇÃO INTERNACIONAL!
Arquivo MMM
Em 2020 acontece a 5ª Ação Interna-
cional da Marcha Mundial das Mulheres,
com o lema “Resistimos para viver, mar-
chamos para transformar”! Por todo o
mundo, as mulheres irão compor uma
agenda intensa de ações para confrontar
o contexto atual de recrudescimento do
neoliberalismo e do conservadorismo, e
reforçar o feminismo como resposta co-
letiva e antissistêmica. Unidas por uma
visão global e internacionalista, as mulhe-
res irão fortalecer a luta feminista a partir
de suas realidades e pautas locais.
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