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ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO
HOSPITAL MODERNO
RESUMO: A proposta da nova estrutura organizacional do hospital baseia-se em estruturas funcionais, geográficas
ou de produto sob forma de gerência. Os gerentes, encarregados de decisões em suas áreas específicas, com-
põem o Conselho Técnico-Administrativo no qual as decisões gerais serão tomadas por consenso, formando uma
estrutura empresarial participativa.
ABSTRACT: A new organizational structure for hospitaIs is proposed based on functional or geographical specialized
areas. The manager of each specialized area is responsible for specific decisions in his own area and ali of them
integrate a body to discuss technical and administrative matters and where general decisions are assumed.
I<EY WORDS: hospital, organizational structure, participa tive management, specialized hospital areas,
consensual decision.
80 RAE - Revista de Administração de Empresas São Paulo, v. 38, n. 1, p. 80-90 Jan./Mar. 1998
ESTRUTURAORGANIZACIONAL DO HOSPITAL MODERNO
© 1998, RAE - Revista de Administração de Empresas / EAESP / FGV, São Paulo, Brasil. 81
as sondas que permitem as angioplastias com tão, com facilidade, a importância de se bus-
condições de superar processos capazes de car um relacionamento harmonioso entre a
acarretar infartos do miocárdio. A operação administração do hospital e seu corpo clíni-
dos diferentes setores de apoio fica hoje de- co, a fim de que "o hospital e os médicos pos-
finitivamente vinculada ao desenvolvimen- sam revigorar sua colaboração e o controle
to dos recursos de informática, cuja atuação de como os recursos do hospital podem ser
se estende natural e obrigatoriamente tam- usados no atendimento dos doentes". 2
bém aos setores de apoio clínico. Outro contingente profissional que mui-
Para atingir plenamente seus objetivos, o tas vezes envolve dificuldades comportamen-
hospital precisa estruturar de maneira extre- tais é representado por integrantes do Serviço
mamente racional todos os diversos setores de Enfermagem. Inegavelmente sua contribui-
referidos. Aqui começam as dificuldades, ção para o atendimento do doente é de extre-
porque a estrutura define tentativamente as ma relevância; a esse fato acrescenta-se a cir-
relações que deverão desenvolver-se entre as cunstância de que se trata, na prática, do úni-
pessoas e os grupos que convivem na orga- co grupo profissional que permanece no hos-
nização hospitalar. É natural e compreensí- pital durante as 24 horas do dia. Tais fatos
conduzem muitas vezes ao desenvolvimento
de mentalidade que confunde competência e
dedicação com autonomia e insubordinação.
As normas de conduta resultantes de Outra observação preliminar que deve ser
códigos formais passam a ser feita refere-se à presença da informática no
contexto do hospital, qualquer que seja a es-
justapostas às relações informais,
trutura organizacional que venha a ser ado-
definindo novos padrões de tada. "Na Era da Informação, conexões são
comportamento no interior das muito mais numerosas e reais do que em épo-
cas passadas. Muito mais pessoas e tecno-
instituições hospitalares. logias desempenham papéis e funções de li-
gação do que no passado. Conexões inte-
gram toda a equipe, seus membros e seus lí-
vel que tensões e conflitos surjam e se esta- deres, além das fronteiras, cruzando níveis
beleçam entre pessoas que trabalham no hos- e aproximando propósitos. Todos os partici-
pital, por ser esse um fato quase inevitável pantes integram-se numa rede de trabalho."?
em qualquer ambiente de trabalho. Em cada A informação, processada por meio da
situação, há indivíduos que, por sua perso- moderna tecnologia, é mais eficiente e per-
nalidade ou atividades que exercem, assu- mitirá que o administrador tenha melhores
mem papéis de liderança ou influência. É condições de trabalho para as ações de plane-
uma situação natural, aceita pelos outros, e jamento e execução, bem como para evitar
que influencia diferentes grupos, envolvidos ações repetitivas e improdutivas no hospital.
em diferentes relacionamentos. É essencial, A administração conjunta do fluxo de infor-
contudo, que o ambiente não se transforme mações, da utilização dos recursos físicos,
num teatro lírico, em que algum Pavarotti materiais e humanos, desde o ponto de ori-
pretenda dominar todo o elenco. gem das unidades produtivas e das unidades
No hospital ocorrem tensões de natureza administrativas até o ponto de destino e con-
grupal e profissional, envolvendo, por exem- sumo, bem como o acompanhamento desse
plo, o corpo clínico, os médicos que traba- trajeto e desses procedimentos, em todos os
lham no hospital. Trata-se de profissionais seus passos, por meio da tecnologia eletrôni-
com os quais muitas vezes é difícil trabalhar, ca, auxiliará no controle das tarefas de geren-
principalmente por serem formados - ou de- ciamento, permitindo acompanhamento es-
formados - ao longo dos anos de sua prepara- treito do desempenho institucional. A facili-
ção acadêmica para estar capacitados a exer- dade de realizar cálculos rápidos, com grande
cer, a cada momento, decisões que envolvem volume de dados, e seu armazenamento por
2. GOLDSMITH, J. A radical prescription
for hospitais, Harvard Business Review,
a vida e a morte das pessoas. Daí sua dificul- efeito comparativo fazem com que o uso da
p.l 04·11, mai./jun.1989. dade em repartir seu poder, em aceitar nor- informática seja fundamental nessas tarefas.
3. LlPNACK, J. The age af netwark. USA:
mas de disciplina coletiva, em ouvir suges- Os programas administrativos de folha de
Omnio, 1994. p.70·1. tões ou recomendações. Compreende-se en- pagamento, de controle de almoxarifado e de
ENTIDADE
MANTENEDORA'
Diretrizes Desempenho
Orçamentos
,
CONSELHO
I,
Assessorias
I
1----
.
L.
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ADMINISTRATIVO
I
GEMNCIA GERtNCIA
I I
GER~NCIA
T
GER~NC:IA
1
GERtNGIA
MÉDICA DE ENFERMAGEM DEHOTELARlA OU DE MATERIAIS FINANCEIRA
APOlO
- COrpf) Clínico - Pac, Crítico OPERACIONAL - Dlstrlbuiçlo - Tesouraria
- serviço Medico - Pac. Externo - Farmácia - Contabilidade
- Diagnóstico ' - Pac. Interno - SAIPA - Almoxarifado - Execuqlo do
- Tratamento - centro Cirúrgico - Serviço de - Compres Orçamento
- Serviço de - centro Obatétrléo Nutrlçlo e - Esterillzaçlo I
Fisioterapia Dietética de Materiais
- Serviço de I - Higiene e Umpaza I I
PsicolOgia I - Lavanderia I
- Comissões' I - Serviço Social I
T - Transporte I I
I - Segurança' I
GER~NCIA
I - Zeladorlà I
PATRIMONIAL I I I I
E I I : I I
ENGENHARIA
DE PROCESSO I : I I :
-Prédio
~--r-----I------r-----T----I
- Instalações I I I I I
- Equipamentos
- Informatlzaçlo I I I I I
- Planejamento I I I I I
I I I I I
GER!NSIA I I I I I
DE RECURSOS I I I I I
HUMANOS
I I I I I
- Quantlflcaçio ---r-----i------r-----T----i
-Seleçlo
- Treinamento
I I I I I
-Coord: PaT I I I I I
I I I I I
GER~NCIA I I I I I
DE I I I I I
-
MARKETING ___ L ~ L l ~
- Publicidade
-Convênios
- Comunidade
1. EM NíVEL GLOBAL
2. GERÊNCIA MÉDICA
3. GERÊNCIA DE ENFERMAGEM
6. GERÊNCIA FINANCEIRA
mundo, qualquer que seja a atividade a que debates durante uma assembléia geral, a im-
se dediquem. Todas elas estão em busca de plantação do chamado Plano de Opções de
modelos que permitam maior integração de Ações para Funcionários. A experiência tem
seus funcionários, por estarem todas mostrado que, ao lado da participação nos
convencidas de que essa é a melhor forma resultados econômicos, ponderáveis ganhos
de garantir melhores resultados. E quando se na eficácia e na eficiência da empresa po-
fala em modelos participativos não se está dem ser alcançados pela motivação dos em-
falando apenas de participação nos resulta- pregados decorrente de uma estrutura
dos econômicos, já que isso é apenas conse- organizacional que permita sua integração
qüência de uma estru turação realmente na própria vida da empresa.
integradora. A base fundamental do novo estilo agora
Na mais poderosa economia da Europa, proposto para a organização do hospital si-
desde a criação da República Federal da tua-se na estrutura matricial, associada a es-
Alemanha, após a 2ª Guerra Mundial, a So- truturas funcionais, geográficas ou de produ-
ciedade Trabalhista de Parcerias na Econo- to, com a conseqüente eliminação da figura
mia (AGP) empenha-se em conseguir a par- centralizadora e geralmente autocrática do su-
ticipação do trabalhador na vida da empre- perintendente ou diretor geral. Em substitui-
sa. Na AGP agrupam-se hoje mais de 500 ção a essa figura sugere-se a imagem de um
empresas adotand o diferentes modelos conjunto de gerentes, formando um Conse-
participati vos, desde a gigante da mídia lho Técnico-Administrativo. Este estará vin-
Bertelsman, com 58 mil empregados, até pe- culado a um Conselho Superior ou Diretor,
quenas empresas com 20 ou 30 funcioná- que representa a entidade mantenedora do hos-
rios. Embora a participação nos resultados pital, qualquer que seja a formação jurídica
não seja a única nem talvez a mais impor- assumida por esses mantenedores. Desse Con-
tante forma de presença do empregado na selho Superior o Conselho Técnico-Adminis-
vida da empresa, ela é sem dúvida aspecto trativo recebe diretrizes gerais a serem aten-
que assume relevância/interesse/preocupa- didas e a proposta orçamentária a ser execu-
ção para o dirigente/proprietário e cativa a tada; em troca, deverá oferecer informações
opinião pública. Há poucas semanas a minuciosas sobre o desempenho de toda a ins-
Volkswagen alemã autorizou, após longos tituição, na periodicidade desejada.