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Turma: INF2 - AT

Disciplina: Sociologia

Nome: Nicolas Pereira Dik Lemes

Um exemplo de ambição por ascender socialmente presente em narrativas

audiovisuais pode ser observado no filme sul-coreano ‘Parasita’, lançado em 2019 e

vencedor do Oscar de melhor filme. Na trama temos o contraste entre duas famílias,

uma pertencente a uma classe mais alta, que vive em uma mansão e a outra

pertencente a uma classe mais baixa, que vive em um porão minúsculo de teto baixo e

que inunda quando chove. O contraste entre as duas famílias é visível, e simboliza dois

estilos distintos de vida, os Park sendo milionários que representam o sistema

capitalista, e os Kim que vivem abaixo da linha da pobreza e representam a margem do

capitalismo. Na história, um plano engenhoso dos irmãos Kim faz com que consigam

um emprego na casa dos Park, inicialmente o irmão passa a trabalhar para a família

rica, em seguida a irmã e o resto da família conseguem empregos na mansão dos

Park, porém os meios que a família Kim utiliza para adentrar a residência dos Park e

usufruir desse estilo de vida opulento, não são dos mais éticos, manipulação e

falsificações são os recursos usados pela família Kim para esse feito. O filme retrata

essa busca desenfreada de muitas pessoas a tão desejada ascensão social e que em

muitos casos é buscada a qualquer custo sem quaisquer escrúpulos. A discussão do

filme vai muito além de uma família cometendo crimes para usufruir dos privilégios da
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outra, mas a sensação em relação aos Kim é ambígua, enquanto eles são capazes de

atos terríveis para permanecem ‘parasitando’ os Park, a situação em que viviam

anteriormente era degradante e um absurdo quando comparada aos privilégios da

família Park. É uma história que trata a ascensão social não como algo que se

conquiste através do mérito, puramente, e de forma ética e honesta. Embora o filme

seja um retrato da sociedade sul-coreana, muitos paralelos podem ser feitos com o

Brasil, um país que vêm registrando um aumento de pessoas abaixo da linha da

pobreza e enquanto determinados setores da sociedade se beneficiam com certas

políticas que aumentam o seu lucro, uma outra parcela da sociedade sofre com essas

políticas abusivas que reduzem sua qualidade de vida. A pobreza que avassala o Brasil

não pode ser atribuída a falta de mérito de parte da sociedade, basta observarmos o

nosso entorno para constatarmos que não é a quantidade de trabalho ou o peso

daquele trabalho que determina o quanto ganhamos e se vamos ou não ascender

socialmente. E em uma sociedade em que a pobreza é endêmica, o dia-a-dia das

pessoas pobres é uma luta pela sobrevivência tal como a família Kim que no desespero

por sobreviver após sua casa ter sido alagada, busca na mansão dos Park um

refúgio.O filme também retrata a relação entre as classes mais altas e as mais baixas,

um preconceito de classes e um ódio de classes, algo que também pode ser observado

na sociedade brasileira, dado um contraste tão grande é compreensível que haja uma

certa revolta e sentimento de injustiça por parte da classe menos abastada. Por outro

lado, a classe mais alta, ainda que não seja a mais rica e poderosa, se vê como

superior às classes mais baixas e as trata com certo preconceito. Essa tensão entre
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classes é evidente no longa-metragem e escala a níveis extremos, algo que também

tem seus paralelos históricos, basta pensarmos na revolução francesa, em que

determinados grupos pertencentes a classes mais baixas se revoltaram contra os

abusos promovidos pela nobreza e pelo clero e a injustiça de direitos entre as

diferentes classes da sociedade francesa.

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