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São tantos os aspectos sociais que tangem a sociedade brasileira e que são
retratados nesse filme, que poderiam ser facilmente usados para a elaboração de uma
monografia complexa e mais detalhada. Mas aqui vamos tentar nos ater as ideias
centrais do filme sem divagar muito, que são o racismo e a desigualdade entre as
classes sociais.
Mas a questão do racismo por si só já está muito melhor do que aquilo que já
foi um dia. Em teoria, hoje, um adolescente negro qualquer poderia tranquilamente
adentrar o Shopping Jardim Cidade na cidade de São Paulo e visitar qualquer loja como
a Chanel, Dior, Carolina Herrera, Brooksfield, dentre outras tantas sem o menor
problema, sem se quer despertar a atenção de olhares:
“Nós dois estávamos tomando chá num restaurante, conversando, e meu filho
estava com o uniforme do Sion (colégio que fica próximo ao shopping), portanto
não estava mal vestido. Chegou uma segurança, uma senhora, dizendo:
‘Senhor, este menino está te incomodando?’. Respondi que não, e perguntei o
motivo. ‘É porque temos ordens de não deixar mendigos importunarem os
clientes’, ela respondeu. Então eu disse: ‘Você está chamando meu filho de
mendigo por ser negro?’.” (HARTMANN e FREITAS, 2017)
Bem, vamos esquecer toda essa questão racial e nos atermos mais
precisamente à ideia mais central ainda do filme que é a desigualdade social. A
gritante diferença entre a população mais pobre e a parte mais rica. E isso com certeza
não se trata de racismo e não tem relação nenhuma com o racismo. Racista
provavelmente é aquele que pensa de maneira diferente da minha no que se refere ao
racismo.
“O percentual aumentou nos últimos 10 anos. Em 2004, 73,2% dos mais pobres
eram negros, patamar que aumentou para 76% em 2014.” (UOL ECONOMIA,
2015)
Afinal, quanto vale uma vida? A resposta é: depende. Essa vida seria de um
negro pobre? Ou de um branco pobre? Ou ainda de um negro rico? Quem sabe um
branco rico. De maneira crescente e respectiva fica fácil entender como essa resposta
é variável para nossa sociedade.
“Na noite do dia 14 de março, quando seu carro transitava pela Rua Joaquim
Palhares, no Estácio, Rio de Janeiro, Marielle foi abordada por um grupo de
homens armados em outro veículo e levou quatro tiros na cabeça.” (BETIM,
2018).
Até agora não se sabe, ou não se divulga, a qual organização pertenciam esses
homens: PM (Polícia Militar), PC (Polícia Civil), PF (Polícia Federal), CM (Comando
Vermelho), ADA (Amigos dos Amigos), TCP (Terceiro Comando Puro)... O que se sabe é
que o seu cliente, provavelmente rico e branco, está muito satisfeito e que o futuro
das famílias desses capitães-do-mato está garantido.
Referências
GAMA, Aliny, Vítimas de trabalho escravo no Piauí dormiam com porcos, diz
ministério, 2015. Disponível em: https://economia.uol.com.br/empregos-e-
carreiras/noticias/redacao/2015/07/28/vitimas-de-trabalho-escravo-no-piaui-
dormiam-com-porcos-diz-mpt.htm. Acesso em: 15/04/2018.
ABEL, João, Pais acusam Starbucks de racismo por confundir menina negra com
pedinte, 2017. Disponível em:
http://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,pais-acusam-starbucks-de-
racismo-por-confundir-menina-negra-com-pedinte,70001902795. Acesso em
15/04/2018.
UOL ECONOMIA, Negros representam 54% da população do país, mas são só 17% dos
mais ricos, 2015. Disponível em:
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2015/12/04/negros-representam-54-
da-populacao-do-pais-mas-sao-so-17-dos-mais-ricos.htm. Acesso em: 15/04/2018.
BETIM, Felipe, Marielle Franco, um mês depois: muitas incógnitas, muita indignação e
nenhum culpado, 2018. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/13/politica/1523616356_309777.html.
Acesso em: 15/04/2018.