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Estados de Consciência

Professora Silvia Cristina Alves


Consciência
Conceito de consciência

É o conhecimento das sensações, dos pensamentos e dos


sentimentos que experimentamos em dado momento.

É nossa compreensão subjetiva tanto no ambiente a


nosso redor quanto de nosso mundo interno particular,
inobservável às pessoas de fora.
 Na consciência desperta, estamos despertos e conscientes de nossos pensamentos,

emoções e percepções. Todos os outros estados de consciência são considerados estados

alterados de consciência.

 A meditação é um entre os diversos métodos que as pessoas podem usar para alterar seu

estado de consciência.

 Dormir e sonhar ocorrem de forma natural: o uso de drogas e a hipnose, são métodos de

alterar o estado de consciência.


 Os primeiros psicólogos como William James (1890) colocavam a consciência como centro

dos estudos psicológicos, mas depois defenderam que ela estava fora dos limites da

disciplina por não ser explicada de forma científica.

 A consciência era estudada pelos filósofos.

 Os psicólogos contemporâneos alegam que várias abordagens permitem o estudo científico

da consciência.

 Atividade neuronal como um todo x determinados conjuntos neuronais e rotas neuronais.


Sono e sonhos
Mitos
Estágios do sono
Primeiro estágio do sono: Estado de transição entre a vigília e o sono, caracterizado por ondas
cerebrais relativamente rápidas de baixa amplitude.

Segundo estágio do sono: constitui cerca de metade do sono total daqueles que estão com 20 e
poucos anos, sendo caracterizado por um padrão de ondas mais lento e mais regular.

Terceiro estágio do sono: as ondas cerebrais tornam-se mais lentas, com cristas mais altas e vales
mais baixos no padrão de ondas.

Quarto estágio do sono: o padrão é ainda mais lento e regular, e as pessoas são menos responsivas
à estimulação externa.
Sono REM

Sua frequência cardíaca aumenta e torna-se irregular, sua pressão arterial sobe e sua

frequência respiratória aumenta. O mais característico desse período é o movimento dos

olhos de um lado para o outro, como se eles estivessem assistindo a um filme repleto de

ação. Esse período do sono é chamado de sono de movimento rápido dos olhos, ou sono

REM, e contrasta com os estágios um a quatro, que são coletivamente chamados de sono

não REM (ou NREM). O sono REM ocupa pouco mais do que 20% do tempo total de sono dos

adultos.
Existem boas razões para acreditar que o sono REM desempenha um papel crucial no

funcionamento humano cotidiano. Pessoas privadas do sono REM – por serem acordadas

toda vez que começam a exibir os sinais fisiológicos desse estágio – apresentam um efeito de

rebote quando podem repousar sem perturbação. Com esse efeito de rebote, as pessoas privadas

de sono REM passam muito mais tempo no sono REM do que o fariam normalmente Além disso, o

sono REM pode influenciar a aprendizagem e a memória, permitindo-nos repensar e recuperar

informações e experiências emocionais que tivemos durante o dia.


Porque dormimos

 Uma explicação, baseada em uma perspectiva evolucionista, afirma que o sono permitiu que
nossos ancestrais conservassem energia à noite, hora em que era relativamente difícil obter
alimentos. Consequentemente, eles eram mais capazes de ir em busca de alimentos durante o
dia.

 Uma segunda explicação é que o sono recupera e revigora o cérebro e o corpo. Por exemplo, a
atividade reduzida do cérebro durante o sono não REM pode dar aos neurônios uma chance de
reparar-se. Além disso, o início do sono REM interrompe a liberação de neurotransmissores
chamados monoaminas e, assim, permitem que as células receptoras obtenham algum repouso
necessário e aumentem sua sensibilidade durante os períodos de vigília.

 Por fim, o sono pode ser essencial por auxiliar o crescimento físico e o desenvolvimento
cerebral nas crianças. Por exemplo, a liberação de hormônios do crescimento está associada ao
sono profundo.
Quantas horas de sono precisamos?

Em cada faze de desenvolvimento humano temos necessidades


de sono diferentes. Elas variam de pessoa para pessoa.

O neném e o adolescente precisam de mais horas de sono, pois


o hormônio do crescimento age no sono profundo.

Crianças, adultos e idosos também têm ciclos diferentes.


Privação de sono

As pessoas sentem-se cansadas e irritáveis, não conseguem se concentrar e

apresentam perda de criatividade, mesmo após pouca privação. Elas também

manifestam um declínio na capacidade de raciocínio lógico. Entretanto, depois

de poderem dormir normalmente, elas se recuperam de modo rápido e são

capazes de se desempenhar nos níveis pré-privação em apenas alguns dias

(Babson et al., 2009; Mograss et al., 2009).


Função e significado do sonhar

A neurociência explica a função e a fisiologia do sonhar, mas o


significado é explicado pelas teorias da psicologia.

O fato de os sonhos terem ou não um significado e uma função


específicos tem sido analisado pelos cientistas durante muitos anos,
e eles desenvolveram três teorias alternativas
Teoria da realização de desejos inconscientes. Teoria de Sigmund Freud segundo a

qual os sonhos representam desejos inconscientes que os sonhadores querem que se


realizem.

Conteúdo latente dos sonhos. Segundo Freud, os significados “disfarçados” dos


sonhos, ocultos por temas mais óbvios.

Conteúdo manifesto dos sonhos. Segundo Freud, o enredo aparente dos sonhos.
Teoria dos sonhos para sobrevivência. Teoria segundo a qual os sonhos permitem que informações
cruciais para nossa sobrevivência diária sejam reconsideradas e

reprocessadas durante o sono.

Os sonhos representam preocupações sobre nossa vida diária, ilustrando incertezas, indecisões, ideias e
desejos. Os sonhos são vistos, então, como compatíveis com a vida cotidiana. Em vez de serem desejos
disfarçados, como Freud propôs, eles representam preocupações fundamentais originadas de nossas
experiências diárias (Winson, 1990; Ross, 2006; Horton, 2011).

A pesquisa respalda a teoria dos sonhos para sobrevivência, indicando que alguns sonhos permitem que
as pessoas concentrem-se e consolidem memórias, principalmente os sonhos que tratam de lembranças
de “como fazer” relacionadas a habilidades motoras
A teoria da síntese de ativação. Concentra-se na energia elétrica aleatória que o cérebro produz
durante o sono REM, possivelmente como resultado de alterações na produção de determinados
neurotransmissores. Essa energia elétrica estimula aleatoriamente memórias armazenadas no cérebro.

Uma vez de temos que entender nosso mundo mesmo quando estamos dormindo, o cérebro toma essas
memórias caóticas e, então, entrelaça-as para formar um enredo lógico, preenchendo as lacunas para
produzir um cenário racional.

A teoria da síntese de ativação foi refinada pela teoria da modulação da informação de ativação (AIM).
De acordo com a AIM, os sonhos são iniciados na ponte do cérebro, a qual envia sinais aleatórios para o
córtex. Áreas do córtex envolvidas em determinados comportamentos de vigília estão relacionadas ao
conteúdo dos sonhos.
Transtornos do sono

Insônia

Ela pode ser resultado de determinada situação, tal como rompimento de um


relacionamento, preocupação com a nota em uma prova ou perda de um emprego.
Alguns casos de insônia, contudo, não apresentam causa óbvia.

Algumas pessoas com insônia lembram-se de sons que ouviram enquanto estavam
dormindo, o que lhes dá a impressão de que estavam despertas durante a noite
(Semler & Harvey, 2005; Yapko, 2006).
Apneia do sono

Condição na qual a pessoa tem dificuldade para respirar durante o sono. O resultado é um sono

perturbado, interrompido e uma perda significativa do sono REM, pois a pessoa é constantemente

acordada quando a falta de oxigênio torna-se grande o suficiente para isparar uma resposta de

despertar. Algumas pessoas com apneia acordam-se até 500 vezes durante uma noite, embora elas

possam nem ter consciência de que se acordaram. Como seria de esperar, esse sono conturbado resulta

em fadiga extrema no dia seguinte. A apneia do sono também pode desencadear a síndrome da morte

súbita do lactente, que produz a morte misteriosa de bebês aparentemente normais durante o sono

(Gami et al., 2005; Aloia, Smith, & Arnedt, 2007; Tippin, Sparks, & Rizzo, 2009; Arimoto et al., 2011).
Terrores noturnos

São despertares repentinos de sono não REM acompanhados de extremo medo, pânico e forte
excitação fisiológica. Ocorrendo geralmente no quarto estágio do sono, os terrores noturnos
podem ser tão assustadores que a pessoa desperta gritando.

Embora eles inicialmente produzam grande agitação, as vítimas conseguem voltar a dormir
com relativa rapidez. São muito menos frequentes do que os pesadelos e, diferentemente
dos pesadelos, costumam ocorrer durante o sono não REM de ondas lentas. Os terrores
noturnos ocorrem com mais frequência em crianças entre as idades de 3 e 8 anos
(Lowe,Humphreys, & Williams, 2007).
Narcolepsia

É o sono incontrolável que ocorre por períodos curtos enquanto a pessoa está

acordada. Qualquer que seja a atividade – travando uma conversa animada,

exercitando-se ou dirigindo –, o narcoléptico repentinamente adormece. Pessoas

com narcolepsia passam diretamente da vigília para o sono REM, pulando outros

estágios do sono.
Soniloquismo e Sonambulismo

Duas patologias do sono comumente inofensivas. Sabe-se relativamente pouco sobre elas.
Ambas ocorrem durante o quarto estágio do sono e são mais comuns em crianças do que
em adultos. Os sonâmbulos e soníloquos têm uma vaga consciência do ambiente à sua
volta, e um sonâmbulo pode ser capaz de caminhar com agilidade em torno de obstáculos
em uma sala lotada. A menos que um sonâmbulo perambule em um ambiente perigoso, o
sonambulismo oferece pouco risco. E a ideia comum de que é perigoso acordar um
sonâmbulo? É apenas superstição (Baruss, 2003; Guilleminault et al., 2005; Lee-Chiong,
2006; Licis et al., 2011).
Ritmos Circadianos
O fato de que oscilamos entre a vigília e o sono é um exemplo dos ritmos circadianos do corpo.

Do latim circa diem ou “aproximadamente um dia”) são processos biológicos que ocorrem

regularmente em um ciclo aproximado de 24 horas. Dormir e caminhar, por exemplo, ocorrem

naturalmente ao ritmo de um marca-passo interno que funciona em um ciclo de cerca de 24

horas. Várias outras funções corporais, como temperatura corporal, produção de hormônios e

pressão arterial, também seguem ritmos circadianos (Saper et al., 2005; Beersma & Gordijn,

2007; Blatter & Cajochen, 2007).


Os ciclos circadianos são complexos e envolvem uma variedade de comportamentos.

Por exemplo, a sonolência ocorre não apenas à noite, mas também durante o dia em padrões

regulares: a maioria de nós sente sonolência no meio da tarde – independentemente

de termos ingerido um almoço pesado. Fazendo da sesta vespertina um hábito cotidiano,

as pessoas em muitas culturas aproveitam a inclinação natural do corpo para dormir nessa

hora (Wright, 2002; Takahashi et al., 2004; Reilly & Waterhouse, 2007).

O núcleo supraquiasmático controla os ritmos circadianos. Entretanto, a quantidade relativa

de luz e sombra, que varia com as estações do ano, também influencia a regulação dos

ritmos circadianos.
Algumas pessoas experimentam transtorno afetivo sazonal, uma forma de depressão

grave em que sentimentos de desespero e desesperança aumentam durante o

inverno e desaparecem durante o resto do ano. O transtorno parece ser resultado da

brevidade e obscuridade dos dias de inverno. A exposição diária a luzes brilhantes

por vezes é suficiente para melhorar o humor dos que sofrem desse transtorno

(Golden et al., 2005; Rohan, Roecklein, & Tierney Lindsey, 2007; Kasof, 2009;

Monteleone, Martiadis, & Maj, 2011).


Devaneios

São fantasias que as pessoas constroem enquanto estão acordadas. Diferentemente dos sonhos que

ocorrem durante o sono, os devaneios estão mais sob o controle das pessoas. Portanto, seu conteúdo

com frequência está mais relacionado a eventos imediatos no ambiente do que o conteúdo dos sonhos.

Embora possam incluir conteúdo sexual, os devaneios também se relacionam a outras atividades ou

eventos que são relevantes para a vida de uma pessoa.

Os devaneios são uma parte típica da consciência vígil, ainda que nossa consciência do ambiente ao

redor diminua enquanto devaneamos.


Devaneios

O cérebro está surpreendentemente ativo durante o devanear. Por exemplo,

diversas áreas do cérebro associadas à resolução de problemas complexos são

ativadas durante os devaneios. Na verdade, devanear pode ser a única hora em

que essas áreas são ativadas simultaneamente, o que sugere que devanear pode

levar a insights sobre problemas com os quais estamos nos debatendo (Fleck et

al., 2008; Kounios et al., 2008).


Hipnose

É um estado de transe de suscetibilidade elevada às sugestões

dos outros. Em alguns aspectos, elas parecem estar dormindo. Porém, outros

aspectos de

seu comportamento contradizem essa noção, pois as pessoas atentam para as

sugestões do

hipnotizador e podem pôr em prática sugestões bizarras ou tolas.


Alguns psicólogos acreditam que a hipnose representa um estado de consciência

que difere significativamente dos outros estados. Nessa visão, sugestionabilidade

alta, habilidade aumentada para recordar e construir imagens e aceitação de

sugestões que claramente contradizem a realidade supõem que ela é um estado

diferente. Alterações na atividade elétrica no cérebro também estão associadas

à hipnose, reforçando a ideia de que se trata de um estado de consciência

diferente da vigília normal (Hilgard, 1992; Fingelkurts, Fingelkurts, & Kallio,

2007; Hinterberger, Schöner, & Halsband, 2011).


A hipnose representa um estado de consciência dividida. Segundo o conhecido

pesquisador da hipnose Ernest Hilgard, a hipnose produz uma dissociação ou

divisão da consciência em dois componentes simultâneos. Em uma corrente da

consciência, as pessoas hipnotizadas estão seguindo os comandos do

hipnotizador; porém, em outro nível da consciência, elas estão agindo como

“observadores ocultos”, conscientes do que está acontecendo. Por exemplo,

sujeitos hipnóticos podem parecer estar seguindo a sugestão do hipnotizador de

não sentir dor, mas, em outra corrente da consciência, eles podem estar

realmente conscientes da dor.


No outro lado da controvérsia, estão os psicólogos que rejeitam a noção de que a hipnose

é um estado significativamente diferente da consciência desperta normal. Eles argumentam

que padrões de ondas cerebrais alterados não são suficientes para demonstrar uma diferença

qualitativa, porque nenhuma outra mudança fisiológica específica ocorre quando as pessoas

estão em transe. Além disso, existe pouco respaldo para a afirmação de que os adultos são

capazes de recordar memórias de fatos da infância com precisão quando estão hipnotizados.

A falta de evidências sugere que não existe qualquer aspecto qualitativamente especial no

transe

hipnótico (Hongchun & Ming, 2006; Wagstaff, 2009; Wagstaff, Wheatcroft, & Jones, 2011).
Algumas situações onde a hipnose é
utilizada
 Controle da dor

 Redução do tabagismo

 Tratamento de transtornos psicológicos

 Auxílio no cumprimento de leis

 Melhoras no desempenho atlético


Meditação

Técnica para reajustar a atenção que ocasiona um estado alterado de consciência.

Consiste na repetição de um mantra – um som, uma palavra ou sílaba – muitas


vezes. Em algumas modalidades de meditação, o foco está em uma imagem, chama
ou parte específica do corpo. Qualquer que seja a natureza do estímulo inicial, o
segredo para o procedimento é concentrar-se nele de forma tão completa que
aquele que medita torna-se inconsciente de qualquer estimulação externa e
alcança um estado diferente de consciência.
Uso de drogas

As drogas influenciam o sistema nervoso central de formas diferentes, dependendo


do seu princípio ativo.

Drogas psicoativas: influenciam as emoções, percepções e o comportamento de uma


pessoa.

Drogas aditivas: produzem dependência fisiológica ou psicológica, sendo que sua


retirada acarreta intenso desejo pela droga no qual, em alguns casos, pode ser
irresistível.
Estimulantes

 Cafeina

 Nicotina

 Taurina

 Anfetamina (Benzedrina – Dexedrina)

 Cocaína
Depressoras

 Alcóol

 Barbitúricos (Nembutal – Seconal – Gardenal)

 Flunitrazepam
Narcóticos

 Heroína

 Morfina
Alucinógenos

 Maconha

 Ecsrasy (MDMA)

 LSD
Referências
Referência Básica
FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2015, capítulo 4.

Bibliografia complementar:
MYERS, D.; DEWALL, N. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2017, capítulo 3.
 
GLEITMAN, H.; REISBERG, H.; GROSS, J. Psicologia. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009,
capítulo 8.
 
Bibliografia para aprofundamento:
WEITEN, W. Introdução à Psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thompson,
2002, capítulo 5.

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