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PRÁTICA PARA A MEDITAÇÃO NA MORTE DO EGO

1. ASANA

Se coloca o corpo numa posição cômoda. No ocidente acostumamos nos sentar


numa cadeira ou numa cômoda poltrona, tendo em conta que os pés devem estar
bem apoiados e a coluna vertebral reta.

2. RELAXAMENTO

Neste passo devemos relaxar nossos três cérebros: motor (corpo físico),
emocional e mental. Para isso utilizamos a vontade e a imaginação unidas em
vibrante harmonia, combinadas com a respiração. Podemos imaginar uma potente
luz azul, ou dourada, ou amarela que vai relaxando todo nosso corpo físico, de tal
maneira que quando inspiramos nos enche de harmonia, paz, tranquilidade,
compreensão, força, impulso espiritual, amor e luz. Ao expirar saem do corpo
todas as forças negativas como tensões, angustias, medos, problemas, e
qualquer força antagônica que nos esteja causando desordem ou desarmonia.

Logo fazemos o mesmo no centro e cérebro emocional, cujo epicentro está


localizado no plexo solar, harmonizando totalmente este lugar e retirando todas
as emoções negativas como a tristeza, angustia, medo, depressão, etc. E por
último podemos nos concentrar na região entre as duas sobrancelhas, e relaxar o
cérebro e centro intelectual, deixando que passem os pensamentos sem
conversar com eles, sem rechaçá-los, sem participar de suas atividades,
simplesmente observando-os e deixando que passem um após o outro, até que
de forma natural, por não darmos mais energia a eles, vão se desvanecendo e
desaparecem. Para todo este processo podemos nos ajudar com uma boa música
clássica ou harmoniosa, com perfumes, aromas ou essências e também podemos
pôr uma vela acesa já que o fogo representa o Espírito no mundo das formas.
Evidentemente que o dito anteriormente não é absolutamente necessário, nem
devemos depender disso. Neste ponto é importante esclarecer que em toda
prática de meditação é necessário um pouco de sono (físico) para poder
estabelecer o nexo entre o mundo físico e os mundos internos. A meditação sem
sono (físico) pode danificar o cérebro.
Por outra parte também gostaria de esclarecer que sobre a meditação e suas
variantes foram escritos milhares de livros com centenas de técnicas de muitos
passos e nomes muito estranhos. Em minha opinião pessoal a maioria das vezes
não fazem mais que confundir a pessoa que anela aprender a meditar, porque se
faz uma teoria de algo que é iminentemente prático.

A meditação é um estado de consciência. Nos dizia o V.M. Lakhsmi que meditar


é compensar. Durante o dia se produz em nós uma descompensação devido ao
sono da consciência. Isto se deveria compensar com a meditação, isto é, voltar
ao ponto de equilíbrio natural.

Em minha opinião, qualquer técnica de meditação poderia se resumir em quatro


frases:

1) Controle do corpo físico.

2) Controle da mente.

3) Experiência da Alma.

4) Experiência do Espírito.

Se não relaxamos o corpo físico e não o controlamos totalmente, não podemos


passar aos passos que seguem. Ademais disso, se conseguimos um bom
relaxamento mas em qualquer momento movemos o corpo, um braço ou um pé,
etc., isso é o suficiente para nos impedir o avanço aos passos seguintes. Ao
realizar um movimento como o citado teríamos que começar o relaxamento ou a
prática novamente do zero. Uma vez que o corpo físico está sob controle e já não
incomoda nem é impedimento, podemos passar ao segundo passo onde se deve
controlar a mente. Se a mente não se torna serena, se não fica passiva, sem
pensamentos, sem pensar, não é possível avançar aos passos 3 e 4.

Se conseguimos com êxito o controle do físico e da mente estamos prontos para


vivenciar os passos 3 e 4 que são as experiências da Alma e do Espírito, nesta
ordem. Isso depende da concentração e consciência que tenhamos na prática de
meditação. Se produz então um contato direto com nossa consciência e com
nosso Ser Interno, permitindo-nos obter informação e experiências dos mundos
internos.

3) RETROSPECÇÃO

Neste passo, sem perder a autoconsciência, vemos através da tela de nossa


mente todos os eventos do dia que vivemos, porém de maneira retrospectiva, ou
seja, do presente para o passado, desde o momento em que começamos a prática
até o início do dia.

Este passo tem como objetivo reconhecer os eventos deste dia nos quais nos
identificamos com algum agregado psicológico. Dessa maneira escolhemos
algum evento em que se haja manifestado o ego em que estamos trabalhando,
ou algum outro ego que queiramos ou necessitemos trabalhar.

Em resumo, neste passo escolhemos um evento para trabalhar um ego,


estudamos cada recordação sem nos identificar com ele.

4) ANÁLISE

Neste passo, utilizando a mente superior, isto é, utilizando o intelecto de maneira


consciente (sem divagar, sem conversar com os pensamentos ou nos colocar a
opinar sobre as imagens mentais), bem concentrados em nosso trabalho,
realizamos uma análise intelectual para ter clareza nós mesmos sobre os
aspectos do ego que estamos trabalhando. Poderíamos dizer que neste passo
analisamos a informação que obtivemos do evento através da retrospecção, e a
informação que obtivemos do ego através da auto-observação no momento que
se manifestou.

Alguns segundos de auto-observação podem representar horas de análises. Daí


a importância que deveria ter a auto-observação para um aspirante à morte
mística. Na análise temos como objetivo descobrir e dar-nos conta de certas
facetas e comportamentos do ego, como por exemplo, com que outros egos se
associam geralmente para se expressar, em que horas do dia tem suas
expressões mais fortes, em que lugares se manifesta, com que pessoas.

Também analisamos como se expressa através dos 5 centros psíquicos da


máquina humana, como os toma, como controla o corpo físico nos momentos que
consegue se apoderar do mesmo. Dessa forma podemos nos dar conta como e o
que pensa o ego através do centro intelectual, o que sente o ego, quais são suas
emoções através do centro emocional, como se move através do centro motor,
quais são seus movimentos, a postura do corpo, a expressão da cara, como
estava o olhar, os braços, as pernas, etc. Também nesta parte existe a
possibilidade de analisar se houve expressões dos instintos e da parte sexual a
partir dos centros correspondentes.

Na análise devemos estudar sobretudo qual é a origem, a causa deste ego;


podemos nos remeter até antes, até anos anteriores de nossa vida, quiçá até os
anos da infância, para tratar de encontrar como começou a se manifestar este ego
em nossa atual existência.

Acontece que em geral o ego tem sua causa numa existência anterior, e em
determinada idade, quando já existe a personalidade, o ego começa a se
manifestar. Também há egos “novos” que criamos na presente existência. O ego
“nasce” ou começa a se manifestar através de certos fatos que nos dão
informações falsas sobre a vida, sobre a realidade e sobre o caminho. O ego se
“constrói” com falsas informações que nós logo vamos fortificando e dessa
maneira o ego vai “engordando” até ter uma presença muito forte em nosso
interior.

Se com a análise nós conseguimos descobrir as falsas informações a partir das


quais este ego começou a manifestar em nossa atual existência, estaremos pondo
as bases para uma rápida desintegração.

Descobrir essas bases falsas do ego é como pôr dinamite em seus fundamentos,
é como dinamitá-lo e fazê-lo explodir em pedaços.

5. COMPREENSÃO

Neste passo, logo de haver recolhido toda a informação possível sobre o ego que
estamos trabalhando através da análise intelectual, utilizando a informação que
nos subministrou a auto-observação no momento da manifestação do ego,
passamos a uma etapa mais profunda na qual já não vamos trabalhar com a
mente, com o intelecto.
Nesta etapa da prática, vamos utilizar nossa consciência, com o objetivo de tentar
compreender o ego, de tentar capturar o fundo significado deste ego que estamos
trabalhando.

Muitas pessoas se perguntarão como se faz isto. Na prática, o que se deve fazer?
O V.M. Samael diz que a compreensão do ego consiste num processo introspetivo
de si mesmo.

“Introverter-nos é indispensável durante a meditação de fundo. Neste estado se


trabalhará no processo da compreensão do eu ou defeito que se quer desintegrar.
O estudante gnóstico se concentrará no agregado psicológico e o manterá na tela
da mente. Antes de tudo é indispensável ser sincero consigo mesmo”.

Muitos irmãos da senda se perguntarão: o que significa compreender o ego, em


palavras simples?

Compreender o ego e seu fundo significado consiste em entender o dano que


causa a nós, à nossa vida, ao nosso corpo, à nossa consciência e aos nossos
semelhantes.

É entender que se não tivéssemos essa força em nosso interior, teríamos certos
benefícios; nossa vida e nosso caminho esotérico seria mais fácil, mais feliz, sem
tanta dor, e viajaríamos sem tantas malas, sem tanta bagagem, mais leves e,
portanto, poderíamos avançar mais rápido e mais livres.

6. AUTO–JUÍZO

Nesta parte da prática, vamos ajuizar, submeter a juízo ao agregado psicológico


que estamos trabalhando.

Para isso sentamos ao defeito em estudo no banco dos acusados e apelando a


uma parte de nosso próprio Ser interno, que se conhece com o nome de Kaom
Interior ou polícia do karma, trazemos a juízo todos os danos que causou a nossa
consciência, a nosso corpo, a nossa vida e aos nossos semelhantes.

Neste momento, mentalmente podemos fazer toda a lista de todos os erros que
cometemos por causa deste ego, todas as vezes que pecamos por causa deste
ego, todas as vezes que sofremos, que fizemos sofrer a nossos seres queridos, a
nossos semelhantes.
Se a prática foi realizada corretamente, neste ponto da mesma deveríamos sentir
um sincero e forte arrependimento de haver criado e de carregar este monstro
psicológico em nosso interior.

E não só isso, senão que também deveríamos sentir um forte anelo de não ter
mais essa força egóica desordenada dentro de nós, deveríamos sentir a
necessidade espiritual de que essa força do ego seja desintegrada, seja
aniquilada e que nunca mais use nosso corpo, que não siga nos causando danos
físico, moral e espiritual.

O arrependimento é correto quando realmente nos fatos demostramos que não


cometemos mais o erro que personifica este ego. O arrependimento sincero e
correto se vê nos fatos, não nas intenções.

Se conseguimos sentir tudo isso estamos prontos para passar ao sétimo e último
passo.

7. ELIMINAÇÃO (ORAÇÃO)

Neste passo, depois de descobrir, analisar, compreender e ajuizar o ego, sentindo


um arrependimento sincero e uma forte necessidade de eliminar essa força egóica
de nosso interior, invocamos com o coração e com palavras simples à Divina Mãe
particular de cada um de nós, Devi Kundalini.

Em última instancia ela é a única que pode eliminar o ego. Como dissemos
anteriormente ela elimina cadáveres, cadáveres do ego, egos aos quais já lhes
extraímos a essência, a consciência, através da meditação.

Aqui podemos imaginar se quisermos (não é estritamente necessário) que a


Divina Mãe se dirige com sua lança até o agregado psicológico que se encontra
no banco dos acusados, e ali lhe pedimos com palavras simples e sem nenhuma
fórmula predeterminada que elimine este ego que compreendemos, que o reduza
a poeira cósmica.

Podemos imaginar que a Mãe o executa com a lança e que o queima,


desintegrando-o e reduzindo-o a cinzas, a poeira cósmica. Logo, dessas cinzas a
mesma Mãe Divina, recolhe um formoso bebê, representação da essência que se
liberou, que se encontrava enfrascada neste ego. Este bebê-essência vai se unir
à essência-consciência que já se encontra livre ao nível de nosso coração,
aumentando dessa maneira nossa porcentagem de consciência livre.

Nos ensinava o V.M. Lakhsmi Daimon que ao desintegrar o ego se libera a


essência aprisionada no mesmo. Essa essência liberada é por assim dizer, frágil,
vulnerável e facilmente pode voltar a cair nas garras do ego, permitindo sua
ressurreição.

Para que isso não aconteça, nós como humanos devemos impregnar vontade a
essa essência recém liberada, para que não volte a ser aprisionada. A vontade se
impregna à essência, traçando-nos o objetivo de não voltar a cometer nunca mais
este erro e logo conseguirmos nos sustentar em fatos este propósito. Dessa
maneira a essência liberada, somada à vontade, se convertem em consciência,
que já o ego não pode voltar a aprisionar.

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