Você está na página 1de 7

O OBSTÁCULO É O CAMINHO

RYAN HOLIDAY

Enfrentando os problemas

Reflita sobre a seguinte situação: você está altamente empenhado em seus


projetos e, subitamente, se depara com obstáculos que lhe impedem de prosseguir.
Nesse caso, qual seria a sua reação?

Evidentemente, quando estamos diante de um desafio, é natural que sintamos


um misto de emoções que, eventualmente, nos impossibilite de ver as soluções
adequadas que poderíamos adotar.

A angústia, a raiva, o medo e, sobretudo, a frustração tendem a se incorporar em


nossa mente, de tal forma que, não raro, nos levam a desistir de nosso foco. Holiday
ressalta que, nos dias atuais, nossos maiores obstáculos podem ser encontrados “no
interior”.

Dito de outra forma, eles são frutos de nossas tensões e negatividade. Muitas
vezes, desejamos culpar alguém por nossas derrotas. Tal atitude precisa ser extirpada
da rotina de quem busca aprender com as dificuldades.

Para o autor, só conseguimos enxergar possibilidades e superar os obstáculos


quando promovemos mudanças em três áreas centrais de nossas vidas:

● a forma como percebemos os problemas;

● o modo como os abordamos;

● a maneira que utilizamos nossa criatividade e energia para converter


adversidades em vantagens.

Essa transformação pode ocorrer mediante o emprego da força de vontade, da


ação consciente e da percepção. Com efeito, esses são os elementos mais importantes
explicados por Holiday para “destravar infinitas possibilidades”.
Percepção

O conceito de percepção transcende, segundo o nosso autor, a simples avaliação


ou discernimento. Para que seja eficaz, ele deve ser direcionado e não sujeito às
amarras emocionais.

Um indivíduo que deseje aprender com seus problemas, precisará compreender


que a percepção pode tanto ser uma fraqueza quanto uma força. Ou seja, se
vislumbrarmos uma determinada situação com um viés puramente emocional,
certamente nos distanciaremos de nossos objetivos.

Holiday argumenta que para obter uma percepção adequada, a objetividade e a


autodisciplina são virtudes indispensáveis. Isso implica em trabalhar a autoconfiança,
analisar os eventuais erros e estudar acerca do que realmente se quer.

Portanto, o modo como você assimila o projeto e seus obstáculos ditará,


também, o seu comportamento. Nesse sentido, sensação de impotência, medo e
desespero são reações normais de quem nota que algo não ocorre conforme o
planejado.

Entretanto, o que diferencia você de alguém que sabe apreciar as dificuldades é,


precisamente, o tempo dedicado a esses sentimentos. Nesse ponto, uma autoconfiança
cautelosa é crucial.

Obviamente, não se trata de pensar que você é infalível ou que será capaz de
resolver tudo simples e rapidamente. De fato, o que o autor enfatiza é a necessidade de
entender que é possível encontrar meios de escapar dos erros, por mais que eles
persistam em sua vida.

Isso pode ser alcançado das mais diversas formas: fazendo novos projetos,
alterando sua rotina, ajustando suas metas, dentre outras. Ao deixar as emoções
tomarem o controle de sua visão a respeito de uma determinada situação, você perderá
a percepção objetiva, ficando menos racional.

No que lhe concerne, a percepção emocional é inútil, uma vez que compromete a
sua capacidade de ação e vontade de buscar caminhos alternativos. Lembre-se de que
quanto mais elevados forem os seus objetivos, maior será a quantidade de pessoas
com as quais terá de se defrontar.

Controle as suas emoções, reconheça o seu poder, os seus conhecimentos e o


seu valor. Para tanto, o equilíbrio deve ser tido como uma habilidade e um atributo que
lhe ajudará nesse processo de aprender a agir, com a “cabeça fria”, sobre os problemas
cotidianos.

Vale destacar que isso não implica ser indiferente. Essa expressão, segundo a
abordagem do autor, refere-se à serenidade e à coragem. Para que isso ocorra, é
necessário visualizar os problemas “de fora”.

Como fazer isso? Tente se ausentar deles por alguns instantes. Resolva-os como
se não fossem seus. Essa é uma metodologia eficiente para se livrar das ações
baseadas em percepções emocionais perante os obstáculos.

Há, sobre um dado contexto, 2 tipos generalizantes de olhares:

● aquele que percebe: esse tipo não é útil. As pessoas com essa visão projetam
unicamente os contratempos e os problemas. Não enxergam soluções, pois
estão sendo controladas por suas emoções – o que as impedem de ver as
possíveis saídas;

● aquele que observa: essa é a visão mais inteligente, pois considera o problema
na totalidade. Os indivíduos com esse tipo de olhar estão livres de exageros e
distrações. Não permitem que o “lado emocional” se abale, mantendo-se hábeis,
fortes e preparados para olhar os obstáculos com sabedoria e tratá-los com
serenidade.

Uma das principais falhas que desestabilizam emocionalmente as pessoas


consiste em reunir todas as dificuldades em uma “única caixa”. Essa medida gera
ansiedade, indicando a falsa necessidade de resolver todas as questões de uma vez.

Para evitar esse grande empecilho a qualquer solução, mantenha o foco no que,
efetivamente, pode ser mudado e que está em suas mãos.
Inteligência emocional

Frequentemente, manifestamos inteligência emocional e, assim, não somos


facilmente abalados, mantendo estratégias e projetos ativos. Contudo, nem sempre
temos a paciência necessária para executar.

Não há problemas em se sentir desanimado, o que você não pode fazer, sob
nenhuma hipótese, é desistir dos seus sonhos. Para colher cada fruto de suas ações, é
preciso canalizar a sua energia para o que é realmente importante.

Guarde as suas estratégias e sonhos para as pessoas que podem fazer algo em
seu benefício. Se estiver sozinho, assuma as responsabilidades e a determinação
necessária para concluir o que começou.

Para que isso ocorra, a organização é indispensável. Em termos práticos, uma


mente desorganizada perde a concentração com facilidade e, em pouco tempo, você
não terá a mínima ideia de por onde e nem como começar.

Ação

Após desenvolver a sua nova percepção, será necessário entrar em ação. Logo,
você deve estudar a fonte dos erros e “arregaçar as mangas” com coragem, ousadia e
criatividade.

Uma valiosa dica de Holiday é: “nunca evite a ação”. Os problemas são seus e
somente você poderá resolvê-los. Nesse cenário, é altamente recomendável
implementar as melhores estratégias para concretizar cada solução planejada. Entre as
principais características para superar os obstáculos, destacam-se:

● o foco nas oportunidades;

● a visão estratégica;

● a astúcia;

● o pragmatismo;
● a resiliência;

● a persistência.

Convém não demorar para agir. Lembre-se de que cada dificuldade lhe
fortalecerá para as próximas que surgirão. Quanto mais procrastinar, mais apático você
se tornará. O melhor é, segundo o autor, “cortar esse mal pela raiz”.

Compreenda, ainda, que antes de tomar qualquer atitude, você precisa assumir
os seus erros. Não obstante, essa responsabilização não pode ser relacionada à
impotência e ao fracasso – apenas os indivíduos estagnados agem assim.

O fracasso e a ação são ambos os lados de uma mesma moeda. O medo é a


única coisa que os diferencia. Esse sentimento desmotiva, paralisa e o deixa mais
tolerante justamente quando é necessário se revoltar.

Holiday utiliza a expressão “revolta” como sinônimo de “inconformismo”. Nunca


se conforme com os obstáculos, tampouco com as derrotas. Não permita que o medo
dite as regras.

Substitua quaisquer temores pelos processos de superação e aprendizagem.


Evidentemente, isso é mais fácil “falar do que fazer”. Não se esqueça de que as
condições externas dificilmente são favoráveis às pessoas que sonham alto. Para isso,
seja persistente e forte, abraçando a resiliência.

Força de vontade

Pode acontecer que, mesmo após o ajuste na percepção e o direcionamento das


ações, você fique desmotivado perante a estagnação de uma crise. Esse é o momento
ideal de utilizar o seu “poder interior”.

Segundo o autor, essa força é a sua vontade, isto é, o desejo de lutar, até mesmo,
nas ocasiões em que tudo parece impossível. A força de vontade requer altas doses de
resiliência e flexibilidade.
Dessa forma, ainda que você desenvolva a visão de observador e implemente
estratégias perfeitas e projetos invejáveis, se não alimentar o desejo de seguir em frente
e a esperança, tudo o que fizer será em vão.

Essa faculdade lhe ajudará a contextualizar cada problema, simplificando a


visualização de soluções pertinentes e que, anteriormente, pareciam inexistentes. Os
sonhadores, os visionários, os líderes devem aprender a “abrir mão”.

Isso significa se abster de luxos, da fama, de sempre estar “em primeiro lugar”.
Quem se baseia nesses valores tende a cair assim que lida com as primeiras crises.
Holiday elucida que tal abstinência só é possível quando trabalhamos o anseio de
transpor barreiras e de vencer.

Em outras palavras, a vontade é a verdadeira disciplina da alma. Diferentemente


da ação e da percepção, ela está sob o seu controle. Você pode enunciar o “veredito
final”. Trata-se da decisão, da sentença inapelável de manter a firmeza de caráter e de
continuar trilhando os caminhos que levam você aos seus sonhos.

Esteja preparado para o pior

Essa não é uma disposição pessimista, mas, antes de tudo, uma demonstração
de sabedoria. Além do estabelecimento de metas é imprescindível considerar a
possibilidade de que algo dê errado na fase de execução.

Há uma infinidade de motivos que podem interferir no andamento dos seus


projetos, não é mesmo? Dessa maneira, estar preparado implica ter condições de reagir
a situações como falhas na comunicação ou sobrecarga dos membros da equipe.

Caberá a você, visionário, atuar para que tudo corra bem. Conforme mencionado,
a autoconfiança cautelosa é indispensável. Para o nosso autor, o excesso de calma não
é recomendável.

A imagem proposta por Holiday é a do “campo de batalha”, com lutas travadas


contra tudo que impeça o seu progresso – ainda que involuntariamente. Assim que
começar a lutar com afinco por algo, será necessário elaborar táticas que possam
livrar-lhe de eventuais armadilhas.

Afinal, você economiza energia e tempo ao antecipar pensamentos negativos,


mantendo-se equilibrado quando as “tempestades” surgirem no horizonte. A
concretização desses princípios depende, em grande medida, de quanto amor é
colocado em cada tarefa.

Tanto nas dificuldades quanto nas facilidades, dissemine os seus melhores


sentimentos em todos os estágios. As boas intenções se concretizam apenas quando
incorporamos nossas emoções.

Nesse contexto, o autor defende o estabelecimento do que chama de “amor fati”.


Esse conceito designa o carinho aos projetos em curso, independentemente das falhas
ou dos acertos.

Conclusão

Cumpre ressaltar, por fim, que a maioria das pessoas entra no “modo desespero”
diante dos obstáculos. O autor, contudo, nos convida a assumir uma postura diferente:
enxergar os problemas como uma oportunidade de melhorar e se testar.

No caminho, você se tornará um ser humano melhor, tanto para si quanto para
seus colegas de trabalho, amigos e familiares. Para tanto, é imprescindível enxergar
com clareza, agir corretamente e, sobretudo, aceitar o mundo tal como ele é.

Você também pode gostar