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Pobreza gera violência?

• Estudo de caso:no início dos anos 1980, o


conjunto habitacional Cidade de Deus, na
Zona Oeste do Rio de Janeiro, tinha se tornado
conhecido como uma das localidades mais
violentas do país. Os meios de comunicação, em
sua maioria, referiam-se à população do local
como “perigosa”, “bandida” e sem
“escrúpulos”. Nessa mesma época, e nessa
mesma localidade, a antropóloga Alba Zaluar
deu início a uma pesquisa que resultou no livro
A máquina e a revolta.
Pobreza gera violência?
• Alba desvincula duas noções que, no discurso do
senso comum, aparecem quase sempre
associadas: pobreza e violência. O indivíduo é
violento porque é pobre, é pobre porque não
tem acesso à educação, não tendo educação não
sabe votar nem exigir seus direitos;
• Segundo a antropóloga, a pobreza não é um
ingrediente óbvio da criminalidade. Se assim o
fosse, todos os pobres seriam
necessariamente criminosos, e todos os
criminosos seriam pobres.
Pobreza gera violência?
• O sociólogo mineiro Edmundo Campos Coelho
também desmitificou essa correlação causal
pobreza-crime. Segundo Coelho os períodos
de crise econômica, quando aumentam as
taxas de desemprego, não são os de maior
aumento da taxa de crimes violentos;
• Para o autor, a associação a ser estudada
era entre crime e impunidade penal. Isso
quer dizer que não punir o criminoso gera mais
crime do que situações de carência ou
desemprego.
Pobreza gera violência?
• Se a explicação para a violência não está na
pobreza, onde estará?
• A desigualdade, e não a pobreza, tende a resultar
em violência no contexto da sociedade de
consumo;
• Alba Zaluar sugere que muitos jovens pobres
optem por fazer parte de redes
criminosas porque elas podem lhes
oferecer prestígio e poder. Essa rede aspira
a um estilo de vida em que ganham destaque
bens de consumo cujo acesso dificilmente
poderia ser alcançado por esses jovens e seus
familiares.
Pobreza gera violência?
• Alba Zaluar nos lembra, ainda, que a chance de
morrer precocemente não é exclusiva dos
jovens que aderem à rede criminosa: todos
os que moram em zonas “dominadas” pela lógica
da guerra – ou seja, pelos narcotraficantes –
estão igualmente expostos à chance de morrer
de forma violenta e arbitrária;
• A antropóloga observou na Cidade de Deus que,
dependendo da idade do entrevistado, as
concepções de “trabalho” variavam
significativamente: para os adultos
trabalhadores, ser “trabalhador” e “provedor do
Bibliografia
• BOMENY, Helena et aliae. Tempos modernos,
tempos de sociologia. São Paulo: Editora do
Brasil, 2010.

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