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INTROD

UÇÃO À
CIÊNCIA
POLÍTIC
A
[41031]

Nome: Jorge Miguel dos Santos Velez Frazoa

Estudante: 2003905

Turma: 04
Nº de palavras usadas: 1671

I. Diga o que entende por “Poder”.

Poderemos apoiar-nos numa definição genérica para traduzir o significado de


“Poder”. Poder “É todo o conjunto de meios capaz de coagir os outros a um
determinado comportamento” (Lara, 2013: 20). No entanto, resumir o Poder a uma
única definição seria muito redutor, tendo em conta a sua importância na regulação
social. Para perceber o Poder, nomeadamente no contexto das ciências políticas, é
importante, antes de mais, compreender que o fenómeno político “É todo o
acontecimento envolvido na luta pela conquista ou aquisição, manutenção e exercício
do poder” (Lara, 2013: 20). Através desta definição é com natural facilidade que se
entende que o Poder tem uma importância sem igual e que é ele que está no epicentro
do fenómeno político, como a definição assim o classifica.
Tendo o Poder esta importância interessa agora perceber que tipos de Poder
podem existir. É importante distinguir o poder social do poder político e de que forma
estes atuam na sociedade. O poder social diz respeito à força, à hierarquia, à
organização, à coação para a regulação e bom funcionamento das sociedades menores
ou imperfeitas. Estes tipos de sociedades caracterizam-se pelo facto de não estarem
totalmente acabadas, estão incompletas, como por exemplo, um clube de futebol ou uma
empresa. Nas sociedades menores, onde a pessoa singular está inserida, existe a
necessidade de obedecer a uma hierarquia, a um poder, para que se atinja o objeto a que
a respetiva sociedade se propôs. Para isto, é fundamental existir quem ordene e quem
execute, seguindo uma regra, a isto se designa de poder social.
O poder político assenta nas mesmas bases, mas diz respeito ao Estado, às
sociedades maiores. O Estado é o único responsável pelo poder político o que faz com
que seja muitas vezes confundido com a pertença de soberania. No entanto, o poder é
dividido em poder político não soberano, semissoberano e soberano. Logo, pelo facto
do Estado deter o poder político não significa que detenha a soberania. Poderemos então
afirmar que dentro do próprio Estado existem diversos poderes sociais, diversas
sociedades menores, mas só há um poder político.
Após se ter o entendimento sobre o que é o Poder, é necessário compreender que
existem uma pluralidade de meios (Lara, 2017: 238) capazes de impor uma determinada
conduta. São os meios necessários para que o Poder seja exercido. Estes meios são
variados, como por exemplo, os meios humanos, físicos e morais. Esta diversidade de
meios faz com que, consequentemente, existam uma diversidade de poderes,
fundamentando-os. Tais como, por exemplo, o poder paternal, poder físico-muscular e
autoridades religiosas.
Devido à importância na vida política dos povos interessa, para a ciência
política, em particular, compreender dois tipos distintos de poder, são eles o poder
natural e o poder carismático. O poder natural poderá ser resultado da liderança natural
ou espontânea e pode ser definido como a “chefia natural exercida espontaneamente
por um ou mais líderes em relação ao grupo ou sociedade” ou da dominância
voluntária que pode ser classificada como a “chefia deliberada voluntariamente aceite,
exercida por um ou mais líderes em relação ao grupo ou sociedade” (Lara, 2017: 238).
Logo, dentro do poder natural temos uma distinção entre a liderança natural, que é
exercida espontaneamente, e a dominância voluntária, que é voluntariamente aceite.
Já o poder carismático é o resultado da liderança carismática que pode ser
definida como a “chefia espontânea ou natural exercida por um individuo dotado de
qualidades de liderança excecionais e como que sobrenaturais ou de origem divina”
(Lara, 2017: 238). Contrariamente ao natural este Poder não assume distinções, tendo a
dominância carismática o poder coercivo na sua forma carismática de liderar.
Para que o Poder seja exercido de uma forma aceite é necessário ter em conta a
sua legalidade e legitimidade, conceitos que muitas vezes são confundidos pela sua
aproximação, mas que diferem na sua natureza. A legalidade do Poder diz respeito ao
cumprimento da regra jurídica que se encontra em vigor, trata-se do cumprimento
estrito da norma, da Lei, está relacionado com o Direito positivo. Contudo, por um facto
ser legal não significa que seja legítimo, como por exemplo, a pena de morte em alguns
estados dos Estados Unidos da América (EUA) é legal, mas, certamente, não será
legítima.
A legitimidade do Poder centra-se no disposto em regras morais ou religiosas.
Não é a Lei propriamente dita, mas tem que ser tida em conta para o real exercício do
Poder. Questões como crenças e costumes de um determinado grupo social são
relevantes e muitas vezes não estão previstas na legalidade, tendo assim uma
aplicabilidade subjetiva.
Na legitimidade do poder existe uma distinção clássica que pode ser feita. A
legitimidade de origem, de título ou inicial que se traduz na relação de competência
entre a pessoa ou órgão e o poder que através dele se manifesta e a legitimidade de
função de eficácia ou de exercício que é relativa à relação de conformidade entre o
poder em causa e o fim a que se destina (Lara, 2017: 240).
Importa, por fim, contextualizar a legitimidade no contexto político. A
classificação weberiana defende a existência de três fatores de legitimidade relativos à
obediência, são eles a legitimidade legal racional, assente na legalidade e na
razoabilidade da autoridade e das suas decisões, a legitimidade tradicional, que diz
respeito ao historicismo dos costumes tornados indiscutíveis e, por último, a
legitimidade carismática baseada nas características carismáticas de uma chefia.

II. Explique em que consiste a “estratificação social” e desenvolva sucintamente

os “sistemas de estratificação social” presentes no Manual.

As desigualdades sociais são um dos temas que sempre acompanharam as


sociedades, sejam elas mais ou menos complexas. Existe uma panóplia de fatores que
fazem com que haja essa diferenciação social, sejam eles o género, o nível de riqueza, a
estética entre outros. As sociedades são assim dividias em estratos, em camadas. Como
refere Lara (2013) “Para descrever as desigualdades entre conjuntos significativos de
indivíduos de uma sociedade, fala-se de estratificação social.”
Esta estratificação social organiza hierarquicamente a sociedade, como se de
uma pirâmide se tratasse, onde na base estão os indivíduos menos privilegiados e no
topo os com mais privilégios. Tendo em conta esta divisão, a estratificação social
identifica quatro sistemas, são eles: a escravatura, as castas, as ordens e as classes.
A escravatura estará, certamente, na base da pirâmide social pois é considerada
como o extremo da desigualdade onde os indivíduos são comparados a objetos e são
propriedade de outros indivíduos. É curioso perceber que dentro da própria escravatura
existem status diferentes, os escravos domésticos são considerados superiores aos
escravos agrícolas ou industriais. Apesar de já ser pouco comum, ainda hoje existem
escravos em determinadas sociedades.
Da Índia surge a criação do sistema de castas, que foram também adotadas pela
era nazi, entre outras sociedades, onde a pureza da “raça” era definida pelo sistema de
castas. Este sistema de castas assenta na divisão social dos vários grupos que a
compõem, na Índia, por exemplo, esta divisão assenta em dois sistemas, os varnas e os
jatis. Neste sistema indiano existem quatro castas, ou varnas, onde os indivíduos,
devido às suas origens, são integrados nestas castas. No topo da pirâmide estão os
Brâmanes (casta dos sacerdotes), seguidos dos Xátrias (nobres e guerreiros), dos Vaisas
(comerciantes) e dos Sudras (camponeses). Surgem, na base da estrutura, os párias ou
intocáveis que são excluídos da estrutura social por não terem casta. Neste tipo de
sistema é impossível a ascensão social, já o contrário é possível se o indivíduo perder a
casta a que pertence, tendo como limite a base, onde se encontram os párias ou
intocáveis.
Outro tipo de sistema de estratificação social são as ordens. Estas consistem na
organização social tendo por base diferentes obrigações e direitos e pela forma como se
relacionam com o Poder. Neste tipo de sistema o status não era adquirido, mas sim
hereditário. A estrutura social era definida por três ordens distintas. A ordem mais
elevada era a Nobreza (defensores). Em segundo plano aparecia o Clero (oradores). E
por último, na base da estrutura, o Povo (trabalhadores). Contrariamente ao sistema de
castas, as ordens permitiam alguma mobilidade social vertical, através de casamentos
entre indivíduos de diferentes ordens. Este tipo de sistema ainda se encontra em vigor
no Reino Unido, onde a hereditariedade ainda é reconhecida.
Por último, e mais usual nas sociedades ocidentais, está o sistema das classes.
Este sistema, contrariamente aos anteriores, estratifica a sociedade tendo por base o
desempenho individual e muitas vezes ligado ao prestígio individual e patrimonial. Nas
classes existem diversos fatores que contribuem para a atribuição da classe, como a
componente económica, os estatutos adquiridos e os papéis socias. Estes são os
principais pontos que classificam o indivíduo quanto à sua classe social. No entanto,
neste sistema é difícil fazer a distinção entre as diferentes classes, a diferença, por
vezes, é muito ténue e pouco marcada. De qualquer formas as classes estão divididas em
classe alta, média e baixa, respetivamente. Podem ainda ser alvo de subdivisões quando
se atribui o estatuto de classe média-alta, média-média ou média-baixa, dependendo da
forma como o individuo está socialmente “visto” na sociedade. Neste sistema de classes
a mobilidade social é extremamente flexível, permitindo a subida e a descida nas
diferentes classes sociais. Quanto maior for a diferença económica, o estatuto, o
desempenho de papéis sociais de maior relevância, maior será a sua classe.
Não se poderia concluir este tema sem abordar os contributos teóricos que Karl
Marx (1818–1883) e Max Weber (1864-1920) deram e que ainda hoje são válidos. Os
autores debruçaram-se sobre as sociedades ocidentais. Na perspetiva de Marx, por
exemplo, na fase capitalista, as sociedades estavam divididas em duas classes, a
burguesia e o proletariado. A burguesia era a classe mais alta e composta pelos
indivíduos das áreas financeiras, industriais e comerciais. Já o proletariado era
composto pelos operários e os camponeses.
Na atualidade parece que o sistema de classes, especialmente no ocidente, está
em constante evolução, atribuindo novos componentes, fruto das mudanças sociais que
se têm sentido. As classes têm vindo a ser afetadas pelas situações sociais atuais, quer
pela instabilidade profissional ou económica que a atualidade traduz. Isto poderá trazer
novos desafios e alterações nas classes até aqui identificadas.
Bibliografia:
Lara, António de Sousa. 2013. Ciência Política: Estudo da Ordem e da Subversão.
Lisboa: ISCSP.
Lara, António de Sousa. 2017. Ciência Política: Estudo da Ordem e da Subversão.
Lisboa: ISCSP.

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