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UNIDADE CURRICULAR: Sociologia Geral

CÓDIGO: 41100

DOCENTE: Rosário Rosa e João Aldeia

A preencher pelo estudante

NOME: Jorge Miguel dos Santos Velez Frazoa

N.º DE ESTUDANTE: 2003905

CURSO: [4101] Licenciatura em Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 11 de abril de 2022

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

É, de facto, constrangedor assistirmos a notícias como a deste efólio em

pleno século XXI e no nosso próprio país, país este que tomamos como

desenvolvido e socialmente moderno. A notícia relata diversos problemas que

afetam os imigrantes que vêm à procura de melhores condições e, curiosamente,

acabam no interior de uma situação que nem sequer garante as condições

básicas de vida. Os direitos humanos que são infringidos são de tal ordem

variados que fica difícil enumerá-los a todos. No entanto, a exploração laboral e

a falta de condições de higiene são os problemas mais visíveis quando se lê a

notícia. Por momentos parece que estamos a recuar algures no tempo, quando

a escravatura fazia parte do quotidiano mundial. Contudo, a história da

escravatura está escrita no passado, ou deveria. Como defende Charles Wright

Mills (1926 – 1962) a biografia individual e a história estão relacionadas, no

entanto o espaço e tempo parece estar desfasado, pois estes indivíduos estão a

viver condições sociais que não se coadunam com as estruturas socias da época

em que vivemos. Se estes episódios acontecessem na era da escravatura

poderiam ser considerados “normais”, porque a estrutura social assim o

imponha, no entanto, a escravatura em Portugal foi abolida em 1761, conforme

consta no arquivo nacional torre do tombo.

Para o cidadão mais insensível, ou desatento, pode apenas tratar-se de

alguns indivíduos, são problemas individuais que “apenas” assolam aquela

pequena comunidade de imigrantes. Contundo, no olhar sociológico e,

particularmente, na ótica de Mills, este não é apenas um problema individual.

Estamos perante questões públicas que afetam um conjunto de indivíduos que

estão no interior de uma sociedade com regras que têm que ser cumpridas, logo

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estamos perante um problema social. É curioso que, estes imigrantes, sem terem

essa perceção, juntaram-se em torno dos problemas individuais de cada um e

tornaram-no num problema social, numa questão pública. “… a ansiedade

pessoal dos indivíduos é focalizada sobre fatos explícitos e a indiferença do

público se transforma em participação nas questões públicas.” (Mills, 1982,

p.12).

Mas esta tem que ser a tarefa da sociologia, compreender os fenómenos

e os processos sociais. A imaginação sociológica, como defende Mills, permite-

nos tentar compreender o mundo como um todo, cruzando a biografia individual

com a história, dentro da sociedade, e é essencial ter a capacidade de pensar

fora da realidade individual, pessoal, que nos possa afetar a imaginação

sociológica por fazermos, também nós, parte da estrutura social. Não é possível

dissociar o indivíduo da estrutura social, existe uma relação de simbiose entre

ambos, não é possível compreender o indivíduo e estruturas sociais de uma

forma separada. Por um lado, um indivíduo “dá” as suas características à

estrutura social, porque faz parte dela, por outro lado a estrutura social

condiciona, na forma de pensar, de agir e de se comportar os próprios indivíduos.

Não se pode olhar para o que se passou nas estufas do Alentejo como

um simples fenómeno individual, tem que ser encarado como um problema

social, uma questão pública, que afeta um conjunto de indivíduos numa mesma

sociedade e num determinado momento histórico, “(…) influenciando a forma

como cada um deles e, logo, todos eles em conjunto, podem (ou não podem)

viver as suas vidas.” (Aldeia, 2022, p.2). Este olhar sociológico permite a adoção

de medidas políticas que possam melhorar as condições sociais.

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Bibliogafia:

Aldeia, João (2022), Texto de apoio do tema 1. Universidade Aberta.

Arquivo Nacional Torre do Tombo. Abolição do tráfico de escravos. Disponível


em: https://antt.dglab.gov.pt/exposicoes-virtuais-2/abolicao-do-trafico-de-
escravos/, consultado a 30-03-2022.

Mills, Charles Wright (1982), “A promessa’ in idem, A imaginação sociológica.


Rio de janeiro: Zahar Editores, 9-32. Edição original 1959.

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