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Aluno: Dyllan Soares RA: 743913

Prof. Thales H. N. de Andrade Matéria Elites Instituições e Política

Visando discutir a estabilidade das sociedades, Pareto discute neste


texto a mobilidade social tal como ocorre em relação às elites. Ou seja, qual a
relação entre o fluxo de indivíduos governados para governantes, com a ordem e
progresso.
O primeiro elemento a partir do qual Pareto elabora sua discussão é
uma tentativa de cientificar a questão com a ideia da possibilidade de qualificar em
graus habilidades, ou características que - independente de julgamentos morais -
poderiam ser encontrados em maior ou menor quantia nos membros da elite. Apesar
de não ser levada a frente no texto isso mostra qual vai ser de certa maneira uma
grande preocupação do texto - a pureza das elites.
A partir da constituição da elite governante - em oposição aos
não-governantes - as sociedades são divididas em dois: os governantes e os
governados. Em toda atividade existe certos requisitos que lançariam a frente alguns
indivíduos, a partir de suas variações pessoais. Nem toda atividade tem uma
finalidade política, no entanto. Desta maneira para a discussão avançada pelo
Pareto no que diz respeito aos elementos políticos alguns indivíduos terão os dons
necessários, outros não.
Não é, como em Mosca, evidente ao lermos o texto que a elite para
Pareto se trate exatamente de um grupo de pessoas. De certa maneira parece ser
necessária para uma discussão sobre elite tomar eles enquanto um conjunto, mas
não há uma discussão aprofundada ao longo das páginas sobre o assunto.
O que podemos dizer com maior medida de certeza é que a elite não
se perpetua para sempre muito menos da mesma maneira, sofrendo mudanças
constantes. Estas mudanças, apesar de necessariamente serem de um âmbito
temporal, e portanto, histórica, não são discutidas enquanto tais. São elaboradas
visando as circulações entre membros dos governantes e governados.
Assim há uma considerável preocupação no desenrolar do texto, não
propriamente em definir ou elaborar métodos de conferir quem é elite, mas discutir
alguns dos efeitos deste circulação, pautada na ideia de que existiam membros da
elite governante que não detém as qualidades necessárias para estar nesta
categoria.
Ao analisarmos dadas elites devemos estar atentos a proporção entre
os membros das elites que efetivamente tenham as qualidades "requeridas" por uma
dada sociedade e a velocidade da circulação entre seus membros e os de fora.
Em certas sociedades com fortes laços familiares a ascensão de um
pessoa à elite governante traga consigo os seus próximos, em outras mais
atomizadas a sua ascensão é apenas sua.
Mesmo entre este último caso é importante verificar os requisitos dos
novos membros, pois, ao contrário de profissões específicas, ser membro da elite
governante não é resultado de uma prova e sim de uma processo de oferta e
demanda dos requisitos "necessários" para que se mantenha o equilíbrio e paz
social.
Para além disto, visando o equilíbrio e paz, como estado ótimo,
independente de julgamento moral sobre qual tipo de sociedade estabelecida​, s​ eria
importante, os qualificados a fazer tais estudos, os cientistas sociais, quais
influências estão adentrando a elite governante, pois muitos novos valores -
religiosos, por exemplo, - são incorporados. Muitas vezes movimentos sociais são
associados à circulação de elites, segundo Pareto.
Sem discutir ideologia neste texto o autor, no entanto, menciona que
para assegurar sua posição social os membros da elite recorrem a retóricas para
mobilizar parcelas da população. Sob o nome de "derivações", Pareto fala de
teologias que surgem com a circulação de elites, duas grandes são importantes
sobre se deve ou não ser utilizada a violência. A questão, apesar de ser considerada
uma bobagem pelo autor, ilustra como é pensada a circulação das elites.
Alguma medida de mobilidade social parece ser desejável, pois leva a
progresso civilizatório - e portanto justificaria a circulação -, por outro lado, é
fundamental que não há um rompimento social que rasgaria a sociedade, portanto,
uma derivação de uma teologia que defende que a violência contra uma classe ou
status​ social não deve ganhar força.

Referência: PARETO, Vilfredo "As elites e o uso da força na sociedade", In:


SOUZA, A. (org.) Sociologia Política I. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966. p. 70-
88

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